DECRETO N. 14.746 – DE 23 DE MARÇO DE 1921
Approva a segunda parte do Regulamento para os exercicios, o emprego e o tiro da Artilharia
O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, usando da autorização que lhe confere o art. 48, n. 1, da Constituição, resolve approvar a segunda parte do Regulamento para os exercicios, o emprego e o tiro da Artilharia, que com este baixa, assignado pelo Dr. João Pandiá Calogeras, Ministro de Estado da Guerra.
Rio de Janeiro, 23 de março de 1921, 100º da Independencia e 33º da Republica.
EPITACIO PESSÔA.
João Pandiá Calogeras.
O Regulamento para os exercicios, o emprego e o tiro da Artilharia, comprehende tres partes:
I – Regulamento para os exercicios da Artilharia (já approvado com o caracter provisorio).
II – Emprego da Artilharia em campanha e no combate.
II – Regulamento de tiro da Artilharia (em preparação).
Introducção
I
A) Na batalha moderna são factores predominantes do sucesso a manobra e a potencia dos fogos.
O ataque de frente de uma posição mantida por um inimigo que até o ultimo momento dispõe de fogos bem ajustados contra o terreno do assalto, está fatalmente condemnado ao mallogro. Para obter bom exito é necessario que o assaltante, por seus proprios fogos, anniquile a resistencia material ou moral do adversario e assim o prive de servir-se utilmente de seus meios de defesa.
O defensor esforça-se por escapar á superioridade dos fogos do assaltante e dispôr de seus proprios fogos, dissimulando seus orgãos de resistencia, escalonando-os em todas a profundidade de seu dispositivo e assegurando o jogo dos seus elementos, a despeito do fogo inimigo, pela construcção de trincheiras, deante das quaes estabelece rêdes de defesas accessorias (arame farpado), si conta com tempo e meios.
O assaltante procura, geralmente, em uma phase de preparação de duração variavel com as circumstancias, o prévio enfraquecimento do adversario pelo fogo. Esta phase póde ser reduzida ou mesmo supprimida, si o assaltante quer obter as vantagens da supreza, si está seguro de possuir no momento do ataque e no ponto escolhido uma superioridade de fogos sufficientes (1) e, si não fôr mistér destruir as defesas inimigas.
A acção dos fogos do assaltante é indispensavel no momento decisivo do assalto. Muitas vezes, ao ser lançado o ataque, toma a fórma de uma cortina de fogos, movel, densa e profunda, cortina que se desloca na frente do assaltante e se fixa quando elle se detém. Na continuação do ataque e em certas circumstancias póde consistir em concentrações poderosas e sucessivas contra os differentes pontos de apoio constituidos pelos nucleos da resistencia inimiga.
B) A artilharia é por excellencia a arma de fogos longinquos e poderosos.
Para della obter o effeito maximo é indispensavel empregal-a em massas. Para isso convém:
1º, conduzir a um terreno dado e estabelecer em posição um numero consideravel de peças, o que suppõe mobilidade do material;
2º, realizar em seguida, contra objectivos determinados, poderosos concentrações de fogos, o que suppõe mobilidade e potencia dos fogos.
C) A mobilidade do material permitte realizar:
a) a manobra estrategica, para as concentrações e os deslocamentos de grande amplitude, particularmente de artilharia (2), de um theatro de operações a um outro, muitas vezes bem afastado;
b) a manobra tactica, para os deslocamentos de amplitude reduzida e as concentrações de unidades em um ponto determinado do campo de batalha.
E’, em particular, pela manobras tactica, de toda ou de parte de sua artilharia, que o Commando relaiza o maximo de seu esforço em differentes pontos do campo de batalha.
A manobra estrategica faz-se por estradas, quando as condições o permittem, ou por via-ferrea.
A manobra tactica deve ser realizada mesmo fóra das estradas. Póde ser sensivelmente influenciada pela natureza do terreno e o estado do solo. Quanto mais facil fôr, tanto maior possibilidade terá o Commando de redobrar seus ataques, com curtos intervallos, contra pontos muito differentes do campo de batalha.
D) A mobilidade e a potencia dos fogos, permittem á artilharia, desde que esteja em posição, desenvolver ao maximo sua acção no campo de batalha moderno. Uma e outra resultam da mobilidade dos planos de tiro em todos os sentidos e dos progressos realizados na fabricação dos materiaes e explosivos.
Dotada de materiaes de tiro rapido de diversos calibres, dispondo de grandes campos de tiro, de grandes alcances, a artilharia póde graduar seus tiros ao infinito e adaptal-os a todas as missões.
________________
(1) – Superioridade de fogos e de meios, não sómente de artilharia, mas tambem de infantaria: como, por exemplo, emprego em massa de carros blindados.
(2) – Os Regimentos de artilharia pesada de exercito e eventualmente a artilharia destinada á defesa de costas, constituem normalmente a reserva geral de artilharia que é repartida, segundo as necessidades do momento, entre os Exercitos.
E) Os effeitos do fogo são de ordem material e moral.
Sob o aspecto material os fogos de artilharia visam a destruição do pessoal inimigo (abrigado ou descoberto) e a de seu armamento.
Esta missão é primordial, tanto na defensiva, como na offensiva. Todavia a artilharia é tambem empregada na destruição de obstaculos passivos; neste caso sua missão mais importante é abrir brechas por onde os assaltantes irromperão na posição inimiga.
Sob o aspecto moral, a efficacia dos fogos de artilharia mede-se por effeito de massa.
Os fogos disseminados inquietam o inimigo, mas não o paralysam.
Muito ao contrario, entreter o inimigo em uma inseguridade constante, graças a curtas e compactas concentrações de fogos, crear zonas de fogos onde projectis de todos os calibres se succedam com rapidez e precisão, é o meio mais seguro de enervar o inimigo, soterral-o em seus abrigos e finalmente, demoralizal-o.
Assim sendo, na direcção do combate de todas as armas, o commando deve ter preoccupação constante de «manobrar pelos fogos» depois de ter, si foi mistér, manobrado com o material.
II
A) As condições de emprego e a manobra dos fogos de artilharia variam ao infinito. Dependem antes de tudo da missão recebida pelo Commando e do objectivo que tem em vista.
Travar um combate de objectivos limitados ou uma batalha visando resultados longinquos, conservar uma posição defensiva, preparar um contra-ataque, lançar um assalto, perseguir um inimigo batido, correspondem a differentes modalidades na utilização da artilharia. Dar-se-ha o mesmo quanto á natureza dos materiaes e o dispositivo que se tem de empregar e adoptar no terreno, á determinação das munições ou de sua carga, assim como ao genero de tiro que se deve executar.
A natureza do terreno, as condições atmosphericas, os meios de observação, a extensão das organizações defensivas inimigas e ainda muitos outros elementos, influem poderosamente no dispositivo e na manobra dos fogos de artilharia. E’ por isso que não se póde separar a technica da artilharia do seu emprego tactico. Salientar esse contacto intimo, indicar a todos os escalões do Commando as possibilidade que uma technica esclarecida faz nascer no campo de batalha, realizar um perfeito accôrdo entre as missões recebidas e os meios de executal-as, tal é o fim do presente regulamento.
B) Ao Commando que dirige o combate, cabe regular o emprego da artilharia como o das outras armas.
O Commando é o unico responsavel pelas ordens dadas. A artilharia a ellas se subordina, embora dahi resulte seu proprio sacrificio. Mas os commandantes de artilharia, conservando livre o emprego dos meios, no ambito das instrucções recebidas, devem esforçar-se por dar á sua arma o melhor rendimento, reduzindo-lhe as perdas ao minimo. Atttingirão esse resultado por sua habilidade manobreira, pela exploração das propriedades do material e pelo auxilio incessante que prestarão ao commando, esclarecendo-o sobre as possibilidades de sua arma.
C) As ordens do Commando teem por objecto assegurar a unidade de acção sendo a convergencia de esforços para um mesmo fim a melhor garantia do sucesso.
Mas, é necessario prever as fluctuações incessantes da situação, as difficuldades que muitas vezes se oppõem, no correr do combate, á transmissão instantanea das informações e ordens. Estas ultimas nem sempre chegarão em tempo util e algumas terão deixado de ser opportunas antes da hora fixada para sua execução.
Essas condições, inherentes á proprio natureza do combate, exigem de todos os chefes subordinados:
– vigilancia constante,
– iniciativa,
– resolução,
e espirito de solidariedade amplamente desenvolvido.
Esta solidariedade deve desenvolver-se entre todas as armas e em todos os escalões de commando. O chefe deve auxiliar o subordinado em sua tarefa, eleval-o em suas responsabilidades, offerecer-lhe um interessante apoio moral. Por sua vez o subordinado deve a todo instante informar seu chefe sobre a evolução do combate, suppril-o em sua decisão, penetrar em seu pensamento no momento da execução. Emfim, os combatentes, qualquer que seja a arma a que pertençam, são camaradas de combate. Teem o dever de informar-se mutuamente, dar o apoio reciproco de seus esforços, realizar o accôrdo mais completo na applicação de seus meios e fornecer os recursos que possam faltar a qualquer um delles.
TITULO I
Principios de emprego e organização da artilharia
CAPITULO I
PROPRIEDADE E MISSÕES DA ARTILHARIA
Papel da artilharia no combate
1. A artilharia, em união com as outras armas, tem em mira a destruição do adversario.
Seu papel não deve ser concebido isoladamente, mas no quadro da manobra, onde sua acção se combina com a das outras armas, principalmente com a da infantaria. E’ effectivamente necessario que, «um fogo efficaz, intenso, abra caminho á infantaria, acompanhe e proteja constantemente sua acção». (3).
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(3) Os paragraphos entre aspas são extrahidos, do R. G. U.
2. As propriedades particulares da artilharia consistem principalmente:
– no seu poder de destruição;
– no seu alcance;
– na mobilidade de seus planos de tiro, que lhe permitte actuar, não apenas directamente em sua frente, mas tambem em proveito das unidades vizinhas, e ralizar rapidamente effeitos de massa pela concentração de fogos;
– na faculdade de entrar em acção e combater relativamente a coberto das vistas e muitas vezes dos fogos do adversario.
Em opposição a essas propriedades, a artilharia em marcha ou agrupada, possue grande vulnerabilidade, pois:
– só agindo por seus fogos, é importante para responder immediatamente;
– sendo muito visivel, presta-se por isso a uma surpreza pelo fogo inimigo e não se póde dispersar immediatamente para evitar perdas.
3. A artilharia é a arma de destruição por excellencia. Todavia é a arma de destruição exclusivamente pelo effeito dos fogos, já porque falta o tempo ou os meios necessarios, já porque se quer assegurar o beneficio da supreza. A artilharia connima, então, a neutralização do pessoal, cuja actividade anniquilla ou reduz. Aliás, é de notar que uma neutralização prolongada conduz a effeitos de destruição, si a densidade do tiro é sufficiente.
II
Missões da artilharia
4. A missão geral da artilharia é
1º Em uma acção offensiva:
«abrir caminho á infantaria, destruindo os obstaculos antepostos á sua marcha, a artilharia e as organizações do inimigo (contra-bateria, preparação de artilharia)»;
«preceder e cobrir essa infantaria com seus fogos, não só para proteger-lhe a progressão, como para preserval-a dos contra-ataques do inimigo (fogos de apoio da infantaria, acompanhamento, protecção ou concentração contra objectivos successivos)»;
– «neutralizar pelo fogo e pela fumaça os elementos escapos aos fogos de destruição (fogos de neutralização, contra-bateria, protecção)»;
– «perturbar os reabastecimentos e a reconstituição do inimigo, actuando contra suas communicações e retaguarda (fogos de inquietação e interdicção)».
2º Em uma acção defensiva:
«quebrar o dispositivo inimigo, quer antes do ataque (contra preparação), quer no momento em que elle se desencadeia, fogos de deter (barragens, concentrações)»;
«contra-bater a artilharia inimiga (contra-bateria)»;
«contribuir, em caso de ataque, para o rapido restabelecimento do equilibrio das forças, em proveito da defesa».
3º Em qualquer occasião opportuna:
– «dirigir contra o inimigo fogos susceptiveis de prejudical-o ou causar-lhe perdas, tendo em conta as munições disponiveis, assim como a importancia ou o interesse do objectivo».
Esta missão geral transforma-se, para os executantes, em uma série de missões particulares, cuja importancia relativa varia constantemente com as circumstancias do combate.
Dessas missões particulares as principaes são:
– destruição do pessoal,
– contra-bateria,
– destruição das organizações,
– inquietação,
– interdicção,
– neutralização do pessoal e dos orgãos de fogo,
– fogos de cegar com projectis fumigenos,
– acompanhamento,
– protecção,
– contra preparação e barragens (fogos de deter),
– fogos contra carros de assalto.
(O appendice n. 1 ao presente regulamento fornece os dados technicos caracteristicos desses fogos.)
III
Repartição das missões entre os differentes materiaes
6. No emprego das unidades de que dispõe, o Commando deve levar em conta a aptidão de cada material ás differentes missões, conferida por suas propriedades particulares.
Sob este aspecto a artilharia distribue-se entre as seguintes categorias:
1ª. Artilharia leve – Caracteristicos: pequeno calibre, tiro rapido, trajetoria tensa (4), fraca potencia, alcance podendo attingir 11.000 metros, grande mobilidade tactica.
Seu principal papel é o apoio directo á infantaria por meio de fogos executados contra o pessoal, os carros blindados etc. Póde igualmente participar de outras missões, taes como: contra-bateria contra objectivos não protegidos ou fracamente protegidos, destruição das defesas accessorias, interdicção, inquietação, neutralização, fogos de cegar com projectis fumigenos.
Considerando os meios de transporte utilizados subdivide-se em:
– Artilharia montada (A. M.) (baterias de 75 das divisões de Infantaria), de grande mobilidade tactica apta para seguir o combate da infantaria em todas as circumstancias e em quasi todos os terrenos.
– Artilharia a cavallo (A. C.) (baterias de 75 das divisões de Cavallaria), apta a seguir o combate da Cavallaria.
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(4) Excepto como emprego de carga reduzidas.
– Artilharia de dorso (A. Mth.) (baterias de 75 de montanha) apta para acompanhar o combate em paiz montanhoso e ficar á disposição immediata da infantaria como artilharia de acompanhamento, mui particularmente nos periodos de engajamento de aproveitamento do sucesso.
2ª. Artilharia curta – Comprehende os calibres 105 e 155 curtos (5). Caracteristicos: tiro mergulhante; alcance podendo attingir 12 kilometros (para o 155 c.); grande ou média potencia conforme o material; rapidez de tiro, 2 a 5 tiros por minuto, e mobilidade tactica muito real, mesmo para o 155 (em 2 vituras).
E’ particularmente apta para a destruição das organizações inimigas. Convém perfeitamente, em seus limites de alcance, aos tiros de contra-bateria e eventualmente aos de neutralização e interdicção.
Emprega-se tambem no tiro contra pessoal, quer para protecção dos ataques, quer contra tropas assaltantes desenfiadas ou protegidas.
3ª. Artilharia pesada longa – (A. P. L.) – Comprehende os calibrs de 120 e 155.
Caracteristicos: material atirando com grande velocidade inicial e susceptivel de utilizar velocidades reduzidas, grande alcance (13 a 15 kilometros) velocidade de tiro vizinha de 4 a 3 tiros por peça e por minuto.
Todos esses materiaes são susceptiveis de realizar acções de contra-bateria, interdicção e inquietação nos limites de seu alcance.
Deve-se emprehender de preferencia com o 155 a destruição das baterias inimigas protegidas.
O 120 tem uma mobilidade sufficiente para poder ser attribuido organicamente á artilharia divisoria.
O 155 longo tem mobilidade nitidamente inferior ao 155 curto.
7. No emprego dos differentes materiaes convem levar em larga conta as possibilidades de reabastecimento de munições.
Em particular, a artilharia pesada (sobretudo o 155 curto ou longo) só deve entrar em acção contra objectivos importantes que necessitem o emprego deste material.
O transporte de um tiro de 155 (cerca de 50 kilogrammos) corresponde quasi ao de 5 tiros de 75.
8. Dos caracteristicos expostos resulta a maior ou menor aptidão dos differentes materiaes para as missões que incumbem á artilharia. Mas os canhões de todos os modelos podem sempre cooperar, mesmo com efficacia reduzida, no conjunto dessas missões: a artilharia nunca poderá ficar inactiva pretextando não dispôr do material mais apropriado para a acção que lhe é determinada ou que as circumstancias exigem.
__________________
(5) O 155 curto é designado sob o nome de Artilharia pesada curta (A. P. C.).
IV
Factores que influem no rendimento da artilharia
9. Não basta assegurar á artilharia todo o seu rendimento, adaptar escrupulosamente seu emprego á manobra geral, attribuir os differentes materiaes ás missões a que são mais especialmente apropriados e prever seu reabastecimento. E’ necessario ainda assegurar:
– a potencia e a precisão da artilharia pela sua repartição no terreno, o estudo dos objectivos, a escolha dos mecanismos de tiro e dos projectis a empregar, a observação dos tiros executados;
a acção subitanea da artilharia pela preparação dos fogos e a organização das ligações.
As indicações que podem servir de guia a este respeito são formuladas no regulamento do Tiro da Artilharai e nos titulo IV e V do presente regulamento.
CAPITULO II
ORGANIZAÇÃO DA ARTILHARIA
I
Repartição organica da artilharia
10. As divisões (de infantaria ou de cavallaria) são dotadas de artilharia como orgão constitutivo. E’ a artilharia organica das divisões (artilharia divisionaria).
Além dessa o Alto Commando dispõe de uma reserva geral de artilharia (6) que elle distribue entre os Exercitos. Os Exercitos podem assim constituir uma dotação propria ou reforçar as artilharias organicas das divisões empenhadas.
II
Necessidade de coordenação
11. O alcance da artilharia, a mobilidade de seus planos de tiro conferem-lhe a aptidão de actuar, não só em proveito das unidades que normalmente apoia, como das unidades vizinhas.
Assim, pois, em cada escalão, o commando da artilharia, além de sua acção sobre as tropas que estão directamente sob suas ordens, tem a missão essencial de coordenar o emprego da artilharia dos escalões subordinados.
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(6) Regimentos de artilharia pesada de exercito e canhões retirados eventualmente da artilharia de costa.
III
Attribuições do commando da artilharia nos diversos escalões
12. O General Commandante da Artilharia do Exercito exerce a fiscalização directa do emprego technico de toda a artilharia do Exercito.
E’ ao mesmo tempo Director do Material Bellico do Exercito e nesse titulo transmitte as instrucções do Commando e dá as ordens ao Commandante do Grande Parque de Exercito relativamente ao remuniciamento e aprovisionamento de material das grandes unidades do Exercito. (Ver Regulamento para Organização Geral dos Serviços nos Exercitos.).
Tem organicamente sob suas ordens a artilharia pesada do Exercito.
E’ encarregado, por delegação permanente do General Commandante do Exercito, de coordenar, quando necessario, o emprego das artilharias divisionarias entre si e com a artilharia do Exercito.
Prepara os planos de emprego da artilharia pesada de Exercito e os submette ao General Commandante do Exercito. Dirige-lhe as proposições que julga uteis, concernentes:
– á repartição de toda ou de uma parte da artilharia pesada de Exercito entre as artilharias divisionarias;
– á repartição, entre a artilharia pesada do Exercito e as artilharias divisionarias, das unidades não organicas postas á disposição do Exercito;
– ao reforçamento eventual da artilharia pesada de Exercito com grupos de artilharia pesada longa, retirados temporariamente das divisões com o fim de organizar a luta intensificada em certas partes da zona dos ataques do Exercito;
– ás retiradas temporarias de artilharia de certas D. I. que serão feitas, excepcionalmente, para reforçar outras;
– ás posições que se achem na zona de acção das D. I. e que devem ser reservadas á artilharia pesada de Exercito;
– á repartição das missões e zonas de acção entre a artilharia de Exercito e as divisionarias; ás ligações e ás relações a estabelecer entre ellas;
– á cooperação da artilharia do Exercito com às artilharias dos exercitos vizinhos;
– aos deslocamentos da artilharia de Exercito;
– ao funccionamento do serviço meteorologico;
– á entrega, á disposição das artilharias divisionarias e da artilharia de Exercito, das munições necessarias para manter completa sua dotação e attender suas necessidades futuras;
– ao funccionamento geral do reabastecimento de munições (Parque de Artilharia de Exercito) e localização dos depositos avançados de Exercito;
– á manutenção, conservação e substituição do material de artilharia.
Emfim, tem sob sua direcção o serviço de informações da artilharia de Exercito e regula, em particular, a repartição e o emprego dos orgãos de referencia por observação terrestre (e pelo som).
E’ assistido de um Estado-Maior.
13. O General commandante de artilharia divisionaria tem organicamente sob suas ordens:
– a artilharia leve da divisão;
– a pesada da divisão;
– a de montanha (ou de acompanhamento immediato) da divisão.
– o parque de artilharia da divisão.
No combate, commanda o conjunto das baterias da divisão e das unidades postas á sua disposição. Dirige o seu emprego, tanto sob o ponto de vista tactico como technico. (7)
Estabelece os planos de emprego da artilharia da divisão, segundo as instrucções do general commandante da divisão.
Assegura:
– a organização em agrupamento da artilharia de que a divisão dispõe:
– a repartição das missões entre os differentes agrupamentos, das zonas de acção normaes e eventuaes, dos objectivos, dos observatorios e das posições, das ligações e relações a estabelecer entre elles;
– a repartição, si fôr mistér, entre as unidades de infantaria, das baterias de acompanhamento immediato – ou seu agrupamento, si o general commandante da divisão conserva ou passa de novo a dispor dessas baterias.
Propõe ao general commandante da divisão as mudanças de posição e estabelece as condições de execução; em caso de urgencia, elle mesmo as determina.
Assegura a distribuição das munições postas á disposição da divisão.
O general commandante da artilharia divisionaria é assistido por um estado-maior. Durante o combate mantem-se ao lado do general commandante da divisão.
14. O Tenente-Coronel Commandante da artilharia de uma divisão de cavallaria exerce junto ao commandante dessa divisão as mesmas funcções do commandante da artilharia de uma divisão de infantaria.
TITULO II
Marchas e estacionamentos
15. O Regulamento para o Serviço em Campanha (Titulo III) estabelece as diversas prescripções a que se devem conformar as tropas das differentes armas nas marchas e estacionamentos.
Todavia as seguintes disposições são especies á artilharia executando marchas longe do inimigo.
_________________
(7) Com as devidas restricções quando se tratar, por exemplo, da artilharia posta á disposição do commandante de um destacamento de segurança (R. S. G., pag. 41).
CAPITULO UNICO
PRINCIPIOS DE ORGANIZAÇÃO DAS MARCHAS
16. A artilharia marcha enquadrada nas columnas de infantaria (eventualmente nas de cavallaria) ou isoladamente.
No primeiro caso, regula, seu movimento (velocidade altos, etc.) pelo da infantaria (ou pelo da cavallaria).
Sempre que as circumstancias o permittirem, é vantajoso fazer a artilharia marchar isoladamente e mesmo fraccional-a em elementos que tenham igual velocidade de marcha. Constituem-se, então, columnas differentes segundo os calibres, pois as artilharias de caibre differentes, em geral, não teem a mesma velocidade de marcha.
Além da acceleração do deslocamento que dahi resulta, esse processo diminue ainda em proporções sensiveis a fadiga dos homens e dos animaes de tracção.
Nas estradas ou sendas a andadura normal da artilharia hippomovel é o passo. Todavia, unidades dotadas de material ligeiro, em particular a artilharia a cavallo, podem marchar a trote. O emprego desta andadura exige cavallos em bom estado, bem treinados, boas estradas ou bom terreno, sem grandes rampas; póde diminuir a fadiga dos animaes, que ficam menos tempo atrellados e tambem a dos homens, que chegam mais cedo ao fim da etapa. Quando a marcha é feita a trote, este deve ser seguido de um percurso a passo, de duração no minimo igual á do percurso na primeira andadura.
As velocidades de marcha que as differentes categorias de artilharia podem attingir e a extensão realizavel das etapas são indicadas no seguinte quadro:
Materiaes |
Velocidade horaria
|
Extensão das etapas |
Observação | ||
| A passo | Alternando: trote e passo |
Média | Maxima |
|
| KM. | Km. | Km. | Km. |
Alguns materiaes de artilharia pesada podem ser puxados a bois. Neste caso a velocidade admitida será de 3.500 m, com etapas médias de 20 Km., podendo attingir habitualmente a maxima de 25 Km. |
Artilharia leve (8)...................... | 5 a 6 | 7 | 20 a 30 | 40 |
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Artilharia a cavallo................... | 6 | 8 | 25 a 35 | 50 |
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Artilharia pesada hippomovel 153 C e 120 L.................. outros materiaes..............
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5 4
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__ ___
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20 a 30 20 a 25 |
40 30 |
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Artilharia de montanha............. | 5 | ___ | 20 a 25 | 40 |
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Em caso de necessidade imperiosa, póde-se exigir de certas unidades um esforço superior.. A extensão das etapas depende, então, do pessoal e dos animaes, do terreno e das condições atmosphericas. Uma etapa isolada póde attingir 60 Kilometros para a artilharia hippomovel e 30 Kilometros para a de tracção a bois.
EXECUÇÃO DAS MARCHAS
17. Formação de marcha e fraccionamento das columnas – Em regra geral, as viaturas marcham em columna de peça, pela direita da estrada, deixando livre o transito pelo lado esquerdo. Toda columna, de artilharia que marcha isoladamente deve ser fraccionada em elementos de uma dezena de viaturas no maximo, conservando um ou dous metros de distancia entre estas e 50 metros entre as fracções da columna.
Andaduras, incidentes de marcha – As partidas e as paradas bruscas são causadas de fadiga consideravel para ao animaes. A regularidade da marcha deve ser mantida com todo o rigor permittido pelo perfil da estrada. Estas condições exige que a andadura da testa de cada fracção seja perfeitamente regulada. As distancias perdidas devem ser recuperadas progressivamente.
Si uma viatura é obrigada a parar, deve encostar a direita tanto quanto possivel; o resto da columna continua a marchar desviando-se della.
O logar das viaturas ausentes é conservado na columna por occasião dos altos seguintes. Essas viaturas, reparado o accidente que as retardou, intercallam-se entre as duas unidades ou fracções de unidades para retomar seu logar no primeiro alto, marchando a trote si são hippomoveis; as de tracção a bois entrarão em seu logar quando lhes for possivel. Só as viatura de reconhecimento podem entrar em seus logares durante a marcha.
Altos – As columnas mixtas, de infantaria e artilharia, em regra, fazem um alto de 10 minutos no fim de cada tempo de marcha de 50 minutos; é o alto horario. As columnas isoladas de artilharia fazem um alto de 10 minutos de duas em duas horas mais ou menos; o primeiro deve ser feito na primeira hora de marcha e destina-se á ajustagem, ao exame das ferraduras, á arrumação da carga, etc.
Quando a etapa de uma columna de artilharia excede de 30 kilometros, é geralmente interrompida por um grande alto de algumas horas.
Durante os altos, as columnas reconstituem-se no lado direito da estrada; as viaturas cerram a dous metros de distancia; os animaes de sella ficam entre as viaturas, voltados para a esquerda; o pessoal do lado direito da estrada. Verifica-se, então, o estado das ferraduras, do arreiamento, do material de artilharia.
Fiscalização da marcha – Os officiaes são distribuidos ao longo das columnas de modo que exerçam a vigilancia nas melhores condições; frequentemente deixam avançar as viaturas que commandam para verem-nas desfilar. Os chefes de viaturas marcham no logar de onde melhor possam exercer a fiscalização, geralmente na altura da parelha tronco.
Ha em toda columna um cerra fila, bem orientado sobre o itinerario que se tem de seguir, que vela para que nenhum elemento fique retardado sem motivo e dá ás viaturas immobilizadas as necessarias indicações para que voltem a entrar na columna.
Os cerra–filas das columnas são acompanhados de um ou varios cavalleiros.
18. Marchas á noite – Durante á noite as columnas marcham sempre a passo. A vigilancia deve ser ainda mais constante e mais activa do que durante o dia; os graduados velam para que os conductores não durmam e para que cada viatura marche constantemente no trilho da que a precede.
Collocam-se balisadores nas encruzilhadas para indicar as direcções que se tem de seguir. Quando se produz um alongamento, cada commandante de elemento esforça-se no sentido de retomar o contacto com o elemento precedente.
TITULO III
A artilharia ao entrar em acção
CAPITULO I
PRINCIPIOS
I
Desdobramento da artilharia
19. O emprego da artilharia no combate é determinado pela situação tactica, necessidade da ligação das armas e pelo terreno.
20. Situação tactica – A repartição inicial depende do papel attribuido á artilharia na manobra.
O combate offensivo ou defensivo apresenta-se sempre sob a fórma de uma succesão de esforços escalonados. A artilharia deve, a todo instante, estar disposta de modo que possa actuar com o maximo de potencia contra o objectivo occasional de ataque ou a zona de terreno que se tem de defender. Além disso deve estar prompta para intervir sem demora na phase seguinte do combate (avanço ou recúo).
Estas condições impõem um escalonamento no terreno. Este escalonamento estende a zona de acção e efficaz da arlharia, reparte os perigos, facilita os reabastecimentos e os deslocamentos e supprime o tempo morto durante estes. Além disso força o inimigo a dispersar seus fogos e por outro lado assegura a continuidade na execução das missões.
«Na manobra offensiva, durante o periodo de engajamento, a artilharia entra em jogo, successivamente, de accôrdo com as necessidades apontadas pela infantaria.»
A artilharia de contra-bateria póde agir contra as baterias inimigas que pertubem os movimentos da infantaria. Durante essas acções preliminares o conjunto da artilharia preparará sua entrada em acção afim de ficar em condições de apoiar os ataques do grosso.
Para ter acção contra a maior extensão possivel dos objectivos, sem deslocamento do dispositivo, torna-se necessario collocar, inicialmente, a maior parte das bacterias tão para a frente quanto o permittam as informações colhidas sobre o inimigo e as condições technicas do emprego do material. A intenção offensiva autoriza, aliás, essa ousadia.
«Na manobra defensiva, sendo a missão principal da artilharia apoiar a defensiva na posição de resistencia, a localisação respectiva deverá ser escolhida atrás dessa mesma posição. Apezar do escalonamento que deverá ser realizado na medida do possivel, essa condição difficultará frequentemente a participação de uma parte valiosa da artilharia de campanha na defesa da posição e de pontos avançados, especialmente no caso em que a posição principal de resistencia for estabelecida fóra do alcance efficaz da artilharia de companha adversa.»
Nessa situação as barragens serão executadas pela metralhadoras de infantaria, operando com tiro directo ou indirecto. Serão reforçados, nos pontos de ataque particularmente perigosos, pelas barragens feitas além da posição de resistencia e pelas baterias de campanha que possam atirar alcançando os pontos considerados, ou por outras baterias de campanha que recebam missões temporarias. Em certos casos as barragens poderão ser igualmente feitas por baterias de artilharia pesada.»
O escalonamento do dispositivo deve ser realizado, pela artilharia de todos os caibres, tendo em vista forçar o inimigo a dispersar seus fogos e, por outro lado, assegurar a continuidade na execução das missões, isto é, permittir passar, sem interrupção na acção da artilharia, a defesa das posições successivas, e agir contra o terreno em que o inimigo tiver tomado pé.
O dispositivo da artilharia deve ser dissimulado ao inimigo, de modo que desoriente seus orgãos de observação e referencia e por consequencia, restrinja a efficacia de seus tiros de contra bateria.
O resultado será obtido disfarçando cuidadosamente as posições, dando ás baterias o desenfiamento compativel com sua missão e, sobretudo, estabelecendo medidas de precaução, susceptiveis de enganar o inimigo sobre a localização das baterias e seus systemas de fogo.
Frequentes deslocamentos de baterias ou fracções de baterias, na posição de resistencia, constituem um meio seguro de prejudicar o plano de contra-bateria do inimigo e incita-o a dispender suas munições em pura perda contra posições occupadas.
21. ligações – As necessidades de ligação com a infantaria ou com os observatorios influem sobre a escolha das posições de certas unidades. Tal é o caso das baterias incumbidas do acompanhamento da infantaria, da defesa contra os carros blindados, de certas missões de tiros contra objectivos fugazes.
22. terreno – As fórmas e a natureza do terreno, os recursos em mascaras e cobertas, o estado do solo e das communicações, influem sobre a distribuição da artilharia.
E’ de notar que certas regiões são inaccessiveis a materiaes de peso elevado.
II
Reparação da surpreza
23. O desdobramento de uma massa de artilharia tendo em vista uma poderosa acção offensiva, deante de uma frente seriamente mantida e, sobretudo, organizada, deve antes de mais procurar a surpreza, que é uma das mais seguras garantias do sucesso.
A surpreza só se realizará si a artilharia do ataque não se desvendar senão no ultimo momento.
As precauções do seu transporte para a frente de ataque são essenciaes e devem conformar-se com as seguintes regras:
– Evitar as unidades que têm de entrar em acção agrupem-se nas proximidades da frente; regular, ao contrario, seus movimentos de tal sorte que entrem directamente em linha no fim da marcha.
– Executar á noite as ultimas etapas e durante o dia tomar todas as precauções nos acontanamentos e bivaques para dissimular sua occupação á observação aerea.
– Por occasião da chegada das unidades deve-se ainda evitar que as operações preliminares para a collocação em bateria (reconhecimentos, trabalhos topographicos) possam ser percebidas pelo inimigo. Os reconhecimentos devem, pois, ser executados ao abrigo das vistas e não dar logar a uma circulação a pé, a cavallo ou em automovel, mais intensa que de ordinario.
– Si for possivel, as operações topographicas da preparação dos tiros serão executadas antes da chegada das baterias por um pessoal especial (officiaes orientadores dos grupos) a que é confiado o estabelecimento das direcções-referenciaes e dos pontos referenciaes de posição.
No ataque de uma frente organizada e quando se dispõe de tempo, é muitas vezes necessario dotar de uma certa protecção a artilharia do ataque. Mas, deve-se evitar a execução prematura de trabalhos no terreno, operações que viriam denunciar as intenções que se têm em vista. Basta preparal-os pelo transporte antecipado de materiaes, dispostos em depositos disfarçados, com os quaes as baterias, ao chegarem ás posições, construirão os necessarios abrigos de material ou de pessoal.
O transporte de maior parte das munições deverá muitas vezes ser executado com antecedencia. Vistas serão depositadas nas futuras posições de artilharia ou em depositos vizinhos, onde as unidades possam completar suas provisões com rapidez. Estes depositos são cuidadosamente dissimulados.
25. As regras acima applicam-se na medida do possivel, em todas as operações offensivas ou defensivas da guerra de movimento.
III
Desdobramento de uma massa de artilharia para o ataque de uma posição de longa data organizada
26. A preparação de uma acção offensiva contra uma frente de longa data organizada comprehende, no que concerne a artilharia:
– o transporte das munições e dos materiaes de construcção;
– a preparação topographica dos tiros, a organização dos meios de observação e de transmissão;
– a localização dos canhões;
– a chegada do pessoal das baterias;
– eventualmente algumas regulações.
A operação que exige mais tempo e o transporte das munições.
Sua duração é funcção da importancia dos abastecimentos que se tem de constituir, da capacidade da rêde de estradas, dos meios de transportes de que dispõe.
O material de artilharia póde, ao contrario, ser levado ás posições em tempo relativamente curto. Com cuidadosa preparação topographica dos tiros, conhecido o regimen das boccas de fogo e com taragem prévia das munições, pode-se levar o material ás posições no ultimo momento; os tiros executados antes do dia do ataque exigem, no maximo, algumas regulações ou verificações, em numero muito reduzido.
CAPITULO II
RECONHECIMENTOS
I
Attribuições das differentes escalões de commando
27. Os reconhecimentos preparam a entrada em acção da artilharia; asseguram, sem perda de tempo nem falsos movimentos, a occupação do terreno, aproveitando os recursos que elle oferece.
Os reconhecimentos comprehendem:
– estudos ou reconhecimento dos objectos;
– reconhecimento dos observatorios;
– reconhecimento do terreno que se vae occupar;
– estudo das transmissões;
– primeiras operações de preparação de tiro.
Os reconhecimentos são executados com tanto maior rapidez quanto mais repetidas forem as operações.
As posições de baterias devem permittir o desempenho tactico da missão confiada ás mesmas.
Preenchida esta condição, cumpre:
a) proporcionar as baterias um campo de tiro tão extenso quanto possivel;
b) permittir a dissimulação ás vistas e a protecção contra os tiros;
c) facilitar as ligações e o exercicio do commando e permittir-lhes a realização em tempo conveniente;
d) prestar-se ao remuniciamento e á installação do pessoal nas melhores condições.
A importancia relativa que convém attribuir ás condições acima expostas será determinada pela situação em cada caso particular.
Os postos de commando da artilharia devem permittir:
1º, commandar de um modo seguro;
2º, conhecer a situação a todo o momento;
3º, estar em ligação facil com o commandante da infantaria que a artilharia tiver a missão de apoiar. Quando as circumstancias o permittirem, os postos de commando da infantaria e da artilharia de apoio directo devem ser juxtapostos.
Os postos de observação devem permittir o desempenho do papel que lhes é confiado o qual será exposto em um dos capitulos seguintes. Attendendo a essa consideração, escolhe-se o observatorio nas proximidades de um accesso desenfiado, podendo ser facilmente vencido, para que o transito não corra o rico de chamar a attenção do inimigo.
As posições dos orgãos de remuniciamento devem corresponder ás seguintes condições geraes:
– estar em communição facil com as baterias;
– achar-se fóra da zona de fogos denso da artilharia inimiga;
– estar nas proximidades de estradas, caminhos ou sendas;
– ter sahidas para varias direcções;
– ter agua dos orgãos de remuniciamento são, além disso, funcção da posição dos depositos, centros ou orgãos de entrega das munições.
Os armões teem sua posição geralmente indicada na columna de munições do grupo. Em certas circumstancias (avanço ou recúo), podem approximar-se das baterias. Sua posição dever ser escolhida de maneira que se furtem o mais possivel ás vistas e aos effeitos dos projectis.
28. Os reconhecimentos dos commandantes de artilharia de Exercito e de artilharia divisionaria são effectuados, em regra, no terreno. Em caso de impossibilidade podem ser substituidos, na totalidade ou em parte, por um estudo na carta. Permittem determinar, inspirando-se na situação tactiva e nas intenções do commando:
– a repartição das missões dos objectivos ou das zonas de acção, entre os agrupamentos;
– as regiões em que deverão ser procurados os observatorios, eventualmente a designação de alguns delles aos differentes agrupamentos ou como observatorios de commando;
– as regiões designadas aos agrupamentos para a procura das posições de bateria, de columnas ligeiras, etc.;
– a ordem relativa ás transmissões;
– a organização do reabastecimento.
29. Os reconhecimentos dos commandantes de agrupamentos lucram sempre em ser preparados por um estudo na carta, mas são sempre executados no terreno. Servem para determinar do mesmo modo:
– as missões, objectivos ou zonas de acção dos grupos;
– as regiões em que serão procuradas as posições dos grupos, das columnas ligeiras, etc.;
– as posições aproximadas dos observatorios terrestres e sua repartição geral, a organização em conjunto da observação no agrupamento;
– os principaes itinerarios de accesso;
– o posto de commando do agrupamento;
– a ordem relativa ás transmissões no agrupamento;
– a organização do reabastecimento.
No correr do reconhecimento o commandante de grupamento esforça-se por conhecer a situação relativa ás unidades empenhadas; entra em relação com as unidades de artilharia vizinhas e com a infantaria que deve apoiar.
30. Os reconhecimentos dos commandantes de grupo determinam a seguir:
– si fôr mistér, uma repartição, entre as baterias, das missões, dos objectivos ou da zona de acção do grupo; aliás, cada bateria deve estar, quando possivel, em condições de operar no conjuncto da zona de acção de grupo;
– as posições approximadas das baterias;
– as posições dos principaes observatorios;
– a organização da observação no grupo;
– os accessos á posição;
– o posto de commando do grupo;
– as posições das columnas ligeiras, dos armões;
– as linhas telephonicas a construir pelas baterias ou pelo grupo;
– a posição da antenna;
– as condições de occupação da posição;
– a organização do reabastecimento.
Os reconhecimentos do grupo são completados por uma preparação topographica (estabelecimento de uma ou varias balizas que assignalem a posição e, seguidamente, de uma ou diversas direcções-referencias) executada pelo official orientador do grupo.
Além disso, si a posição deve ser organizada antes de ser occupada, o commandante do grupo faz o estudo dos trabalhos que se devem executar e estabelece o orçamento dos materiaes necessarios.
O commandante de grupo, como o commandante de agrupamento, entra em relações com as unidades vizinhas (infantaria e artilharia) e com a infantaria que apoia.
31. Os commandantes de baterias reconhecem ou determinam:
– os objectivos;
– as posições exactas das peças;
– a posição do observatorio;
– as vias de accesso á posição das baterias;
– o modo de occupação da posição;
– as disposições, no terreno, das munições, petrechos etc., e os trabalhos que se tem de executar.
II
Instrucções que deve dar a uma unidade que entra em acção
32. Antes de chegarem as unidades que vão entrar em acção, deve-se ter feito, segundo as circumstancias, um estudo mais ou menos profundo dos objectivos, do terreno e das condições de engajamento. Todo chefe deve procurar informar o melhor possivel os escalões subordinados e facilitar-lhes sua tarefa no reconhecimento. Por seu lado, o subordinado deve esforçar-se, não só por completar por si mesmo os dados insufficientes que lhe tiverem sido fornecido sobre certos pontos, mas tambem recolher informações de ordem geral, uteis a seus chefes e ás unidades vizinhas, dando-lhes conhecimento. Deve, ainda, indicar o mais cedo possivel áquelles e a estas, sob a fórma de esboço (ou decalque), as possibilidades de acção que as posições escolhidas facultarão a suas baterias.
O trabalho de reconhecimento prosegue em todos os escalões depois do engajamento e em todo o correr do combate.
33. resumo da instrucção e das indicações que cada autoridade deve communicar ao escalão subordinado:
a) Instrucções do commandante da artilharia de Exercito e do commandante da artilharia divisionaria aos commandantes de agrupamentos;
Instrucção geral – Informações sobre as tropas inimigas. Situação das tropas amigas. Unidades vizinhas, de infantaria e de artilharia. Intenções do Commando. Communicação de ordem concernente á acção da infantaria.
Organização do commando – Subordinação do agrupamento. Composição da artilharia de Exercito ou da artilharia divisionaria. Organização dos agrupamentos estabelecidos no mesmo terreno do agrupamento em questão ou em suas proximidades.
Missão – Objectivos. Zona de acção do agrupamento. Autoridade de infantaria com quem o commandante do agrupamento deve entender-se para execução da missão. Objectivos e zonas da missão. Objectivos e zonas de acção dos agrupamentos vizinhos.
Observação – Informações sobre os observatorios; observatorios já occupados e em condições de serem utilizados pelo agrupamento; regiões onde podem ser encontrados outros observatorios. Esquadrilha (localização e indicativo); balões si houver.
Posição – Regiões onde devem ser procuradas as posições de baterias e de columnas ligeiras de munição; posições reservadas a outros agrupamentos.
Ligações e transmissões – Agentes de ligações que se devem destacar. Linhas telegraphicas existentes e linhas que se devem estabelecer. Eixos de transmissões e centros telephonicos. Centros de informações. transmissões opticas. Convenções de signalização, foguetes, etc.
Organização do tiro – Indicações sobre as direcções-referencias e caminhamentos estabelecidos na região. Coordenadas dos pontos notaveis (posto aercologico, si foi estabelecido); fornecimento de cartas, photographias da aviação, etc.
Remuniciamento – Organização do serviço. Posição dos sentros de distribuição ou depositos avançaos. Informações e pedidos que se tem e dirigir. Recursos dos deposito em munições do differenres typos.
Organização das posições – ecentualmente trabalhos de projecções que se precisam executar. Recursos em ateriaes de construcção e de desfarce.
Condições de entrada em acção – intervallos de tempo em que o agrupamento deve poder intervir. Inicio da abertura do forgo.
Circulação – Informações sobre as vias de accesso; seu valor; seu desenfiamento. Informações sobre o regimen dos tiros de interdicção e de inquietação do inimigo. Indicações locaes relaticas á circulação.
Informações diveersas – Bebedouros utilizaveis na região; agua potavel, etc.
b) Instrucções do commandant de agrupamento aos commandantes de grupos:
Analogas ás instrucções acima.
c) Instrucções dos commandantes de grupo aos commandantes de bateria:
Analogas ás instrucções anteriores, comprehendendo, além dellas, indicações:
– das directrizes das baterias;
– do campo de tiro designado ás baterias;
– dos trabalhos topographicos executados pelo official orientador do grupo.
O emprego e cópia das cartas em uso (com a precaução de indicar a carta empregada) [e muito vezes commodo e expedito para os pormenores da maior parte dessas informações.
III
Funccionamento do reconhecimento do grupo
34. Não há um typo incariavel de reconhecimento. Conforme as circumstancias exijam um a entrada em acção mais ou menos rapida das baterias e permittam um estudo do terreno, prévio e maid ou menos profunco, faz-se participar do reconhecimento este ou aquella pessoal, que se fracciona ou não emdifferentes escalões.
As operações de reconhecimento do grupo geralmente podem ser executadas na seguintes condições, dadas a titulo de indecação.
O pessoal dos reconhecimentos comprehende:
– o commandante do grupo;
– o official orientador;
– o official telephonista;
– os capitães commandantes de baterias, cada um delles acompanhado de um sargento;
– um agente de transmissão do grupo, portador dos instrumentos de reconehcimento do grupo, e um de cada bateria:
– o agente de transmissões da columna de munições;
– eventualmente, esclarecedores.
Este pessoal póde ser acompanhado a certa distancia, pelas ciaturas telephonicas e de T. S. F.
O commandante do grupo, auxiliado pelos commandantes de baterias, reconhece a posição e dividi-a em zonas attribuidas ás diferents bateriaes. Fixa as condições de occupação e estabelece as posições do P. C. do grupo, dos armões da columna ligeira, etc.
Depois, acompanhado pelo official telephonista e por um agente de ligação, vae procurar observatorio que lhe premittam reconhecer os objectivo do grupo. Conforme o tempo de que dispuzer, poderá limitar-se á procura de um só obsercatorio geral (em muitas circumstancias o reconhecimento do observatorio precederá utilmente o das posições das baterias) que funccionará até nova ordem dirigida ao conjunto das baterias, ou poderá determinar de maneira mais minuciosa o systema de observação do grupo.
O commandante do grupo dá aos commandantes de bateria suas instrucções erferentes á localização dos observatorios, indica-lhes seus objectivos e reparte entre as baterias e o grupo, o modo de accupação e os trabalhos de utilização dos obeservatorios, assim como o estabelecimento das linhsa telephonicas incumbidas de prestar-lhes serviços.
Dirige-se em seguida, eventualmente, ao commandante da infantaria que deve apoiar (9), emquanto o official telephinista reconhece o itinerario das linhas que se deve estabelecer para o grupo.
O officiael orientador executa, sobre a posição e depois nos observatorios, as operações topographicas para o conjunto do grupo.
Os commandante de baterias fixam as posições de suas peças, reconhecem as vias de accesso e enviam a suas unidades a ordem de tomar posição.
A seguir estudam as minucias da posição (direcçõe e campos de tiro das peças, local do P. C., disposições das munições, abrigos que é preciso construir, cozinhas etc.), chegadas as baterias dão as instrucções aos officiaes, aos chefes de peças e ao topographicas do official orientador; estabelecem suas baterias em regimen de vigilancia e vão reconhecer seus objectivo segundo as ordem dadas pelo commandante do grupo. Aliás, este reconhecimento dos objectivos, em certos casos, poderá preceder a occupação da posição ou, pelo menos, a entrada em vigilancia.
O agente de transmissões da columna ligeira leva-lhe as instrucções de commandante do grupo.
O reconhecimento do posto de soccorro é exucutado desde o momento da chegada da columna ligeira.
35. nos reconhecimentos evita-se com o maior cuidado despertar a attenção do inimigo. A circulação na posição reconhecida é reduzida ao minimo estrictamente necessario Dissimulam-se em todas as paradas os cavallos e as viaturas.
_________________
(9) Obrigatorio para o grupo de apoio directo e devendo-se fazer sómente na medida do possivel para os outros grupos (75 ou artilharia pesada) que trabalham em proveito de infantaria.
CAPITULO III
OCCUPAÇÃO DO TERRENO
I
Marcha de approximação
36. Emquanto não está imminente o combate a artilhalharia marcha pelas estradas ou caminhos.
Seu logar na columna depende da situação. Em razão do grande alcance dos canhões modernos convém collocal-a, o mais possivel, á retaguarda dos elementos mais avançados, para que não se exponha a ficar, em formação de marcha de estrada, sob o fogo do inimigo. Não descurando essa precaução devem-se tomar todas as providencias para que a artilharia possa intervir rapidamente no ataque; principalmente seus elementos de reconhecimento devem vir tanto quanto possivel para as testas das columnas.
Desde que se espere proximo tomada de contacto, a artilharia deve estar em condições de intervir sem tardança para apoiar a vanguarda. Uma parte de seus elementos é lançada para a frente; os reconhecimentos entram em jugo; as baterias escolanam-se e marcham por lances, de coberta em coberta, promptas a occupar posições de onde possam apoiar a infantaria, de objectivo em objectivo. Certas unidades entram em bateria.
As unidades tratam de procurar previamente os itinerarios que teem de seguir, procedendo a reconhecimento relativos á viabilidade e ao desenfianmento.
Toda a tropa, cujo chefe se lança para a frete, deve poder seguil-o sem errar. Para isso o chefe indica-lhe a direcção demarcha, o ponto que tem de ser attingido, a velocidade que tem de ser observada. E’ necessario por vezes balisar o intinerario.
Durante a marcha as unidades são muitas vezes autorizadas a dobrar, com suas columnas, a infantaria que encontram em seus caminho.
As columnas ligeiras de munição seguem os respectivos grupos.
II
BATERIAS EM ACÇÃO
37. As bateiras tomam posição levando em conta as circumstancias e o terreno, conforme as indicações dadas no regulamento de exercicios para artilharia (baterias atreladas).
III
Preparo das posições
38. Logo que uma posição é occupada, emprehende-se o seu preparo que continua, progressivamente, nas interrupções do tiro.
Os trabalhos são executados na seguintes ordem de urgencia:
– trabalho destinados a facilitar a execução do tiro;
– construcção dos postos telephonicos, dos P. C. o de abrigos rapidos para o pessoal (a principio simples trincheiras de bombardeio);
– constucção de abrigo rapidos para as munições;
– melhoramentos dos abrigos do pessoal e de munições á medida que se dispõe dos mateiraes necessarios.
As derrubadas de mata, com o fim de ampliar o campo de tiro, são estidado préciamente, mas só eexcutadas no ultimo momento, afim de não darem indicios prematuros da occupação da posição.
39. Os trabalhos deverão ser conduzidos com o maximo cuidado para não attrahirem a attenção do inimogo. Organizações, de baterias não dissimuladas, por falta de cobertas ou de meios de disfarce, são mais prejudiciaes do que uteis.
TITULO IV
A artilharia no combate
40. O apparelhamento da artilharia no combate comprehende:
– a procura de informações pela observação;
– sua transmissão;
– seu aproveitamento pelo fogo;
– a manobra pelo movimento, reclamada pela mudanças de situação.
CAPITULO I
A OBSERVAÇÃO
I
Objecto da observação – Meios de assegural-a
41. A observação na artilharia tem por objecto:
– a vigilancia do campo de batalha, o reconhecimento e o estudo dos objectivos ( procura de informações, acima referida);
– a regulação e veruficação dos tiros.
42. Para assegurar esta observação dispõe-se:
– de observatorios terrestres;
– do avião;
– do balão (quando os balões do Exercito são susceptitiveis de utilização (10);
– dos orgãos de referencia pelo som (11).
Os observatorios terrestres, por sua fixidez e pala faculdade que possuem de utilizar instrumentos de medidas precisas, são as mais seguras informações em todo seu campo util de visibilidade; seu funccionamento é permanente (excepto limitação proveniente de circumstancias atmosphericas).
O avião permitte procurar informações em regiões desenfiadas e fornece photagraphias cujo estudo faculta a discriminação de indicios que escapam á vista do observatorio; com elle obtem-se regulações rapidas e segudas, pela determinação do ponto médio.não póde ser entretanto, continuamente empregado.
O balão amplia as vistas do observatorio terrestre, sem favorecer as visadas veticaes do avião, e não permitte o emprego de instrumentos de midida.
Os caracteristicos desses meios definem as circumstancias em que será vantajoso dar preferencia a em delles. Haverá, porém, geralmente vantagem em pol-os em acção simultaneamente para confrontar os resultados obtidos.
II
Organização da observação terrestre
43. A procura de informações e a verificação dos efeitos do tiro constituem incumbencia de todos os commandantes de artilharia; a regulação do tiro compete aos commandantes de baterias.
Em geral os diferentes escalões de commando não teem necessidade de informações da mesma natureza. Os meios de que dispõem não lhes permittem assegurar simultaneamente, e no mesmo gráo, as tres missões: vigilancia, regulação e verificação. Assim o trabalho de observação é descentralizado, repartindo-se as missões entre os differentes escalões de commando que continuam a verificar os resultados, auxiliando-se mutuamente.
44. Cada commandante de artilharia faz, como regra, accupar um posto de observação que tanha vista sobre o conjunto de sua zona de acção, ou pelo menos sobre a maior parte della.
_________________
(10) Nas operações, que se poderão realizar no territorio do Brasil deve-se prever que o emprego do balão só poderá occorrer em condições enpeciaes ao passo que a utilização do avião será a regra commum.
(11) Os orgãos de referencia pelo som quando as circumstasncias são favoraveis, fornecem informações que os outros meios são importantes para obter. Mas sua installação é relativamento longa e delicada e no Brasil, parece que actualmente, não se devem esperar resultados satisfatorios; effectivamente é necessario dispor de cartas e cartas directrizes de uma precisão absoluta.
Os observatorios dos commandantes de agrupamentos e de escalões superiores teem por fim principal a procura dos objectivos importantes e uma verificação de conjunto da execução dos tiros. São estabelecidos em pontos culminantes do terreno, permittindo amplas vistas e transmissões seguras e continuas com o posto de commando correspondente.
Os observatorios das baterias servem essencialmente para a regulação dos tiros. Na ecsolha desses observatorios a necessidade de ver nitidamente os objectivos domona qualquer outra consideração. Poder-se-há, excepcionalmente, por exigencia de transmisões, admittir que no começo da acção se occupem posto de observação dotados de vistas menos perfeiras. Mas assim que melhorarem os meios de transmissão, taes postos soffrerão o necessario deslocamento.
Os observatorios dos grupos devem actuar na zona de acção do grupo, para vigilancia do campo de batalha e verificação do tiro. Essas obrigações indicam-lhes, geralmente, posições intermediarias relaticamente aos observatorios dos agrupamentos e das baterias.
45. Um dispositivo de observação completa, tal como acaba de ser descripto, exige pessoal numeroso e consideraveis recursos. Para obviar esse inconceniente, muitas vezes será possivel reunir em um só observtorio os de differentes commandos: é assim que podem funccionar em commum em observatario de artilharia divisionaria e de agrupamento; do memso modo um observatorio de agrupamento e de grupo etc.
Mas importa que uma ordem particular relativa ás observações fixe a este respeito as attribuições de cada escalao e que a totalidade das missões, confiadas é observação, seja assegurada pela repartição dos encargos e meios.
46. Normalmente, cada unidade regula seus tiros com seus proprios meios. Póde accidentalmente utilizar um observatorio differente do seu para observação de um determinado tiro, enviando para ahi um observador, si este póde chegar em tempo util; no caso contrario, a observação é feita pelo pessoal do obsercatorio considerado.
III
Organização da observação aerea
47. Para a observação aerea a artilharia ecorre:
– ás esquadrilhas organicas das grandes unidades:
– aos balões de observação (12)
As esquadrilhs das grandes unidades e os balões são simultaneamente incumbidos de missões que interessam ao Commando, á infantaria e á artilharia.
48. A ordem da D. I. relativa á aeronautica indica os aviões (eventualmente o balão) que deverão trabalhar por conta dos differentes agrupamento de artilharia.
A artilharia estabelece, por entendimento directo com a aeronautica, as condições em que esta collaborará na observação dos tiros.
_________________
(12) Ver a nota n. 1 do art. 42.
Para determinar as missões e estabelecer os programas de tiro, ochefe da esquadrilha ou o commandante do balão comparece, quando possivel, ao P. C. do commandante da grande unidade ou do commandante da artilharia a cuja disposição se acha. Quando for viavel, haverá vantagem em enviar um official observador experimentado para junto do P. C. de artilharia de certos elementos subordinados. Estes official deve poder emittir fundamentada opinião sobre a natureza das missões, exigidas, segundo as circumstancias. Quando são muito difficeis as ligações com a terra, principalmente na guerra de movimento, um observador pode ficar dastacado durante muito dias em P. C. de agrupamento de artilharia, assegurando as ligações e auxiliando a transmissão de ordens e informações.
49. Os tiros com observação aerea fazem-se nas condições estabelecidas na «Instrucção para regulação dos tiros de artilharia com auxilio da observação aerea».
As obrigações do observador em avião ou em balão para com a artilharia, são as mesmas de um obsernador terrestre; o commando do tiro não lhe é conferido, mas é dever da artilharia aproveitar convenientemente as informações que recebe do observador.
50. Afim de dar observação por avião todo o rendimento, a preparação do tiro e eventualmente sua regulação (cantra objectivo auxiliar ou com auxilio de balão), são feitas tão precisamente quando possivel antes de chegada do avião.
Além disso, deve-se-há empregar, de preferencia, os meconismos mais rapidos, compativeis com o resultado almehado.
Effectivamente, é necessario não perder de vista que a duração do vô, de um avião é limitada e que, além disso, as condições atmosphericas e as defesas aereas do inimigo podem ainda reduzil-a
IV
A observação no grupo
51. Como regra, a observação terrestre é assegurada pelos commandantes de unidades.
Entretanto, a revogação desta regra seria admissivel quando se tratasse de certo commandantes de unidades que tivessem de preparar numerosos tiros na carta.
Além disso, quando o combate se prolonga, a continuidade da observação exige para este serviço um pessoal de substituição. Os commandantes de grupos ou de bateria estabelecem então, segundo os casos, uma escala de serviço em que concorrem os officiaes e um certo numero de sergantos escolhidos que tenham recebido uma instrucção especial.
O observador é acompanhado de um ou mais observadores auxiliares, de um telephonista e eventualmente de um signaleiro.
Si um observatorio de bateria funcciona como observatorio de grupo, o pessoal de observação do grupo concerre no serviço de observação das baterias.
V
Transmissão e centralização das informações
52. Uma informação só rem calor quando é communicada o tempo a autoridades que psssam utilizal-a immediatamento ou aproveital-a ulteriormente, além disso, há interesse em communicar sem demora os resultados da observação aos obsevatorios vizinhos que podem, então, completal-o ou verifical-os.
Instrucções estabelecidas para todos os escalões indicam o destino que se deve dar ás informações colhidas.
53. Em um sector organizado, em periodo de estabilização, deve-se determinar aos P. C. das unidades de que dependem os observatorios, em horas fixadas pelo commando, a transmissão escripta (ou sob a fórma de mensagem telephonica) do resumo das observações que apresentem um interesse geral.
As informações são contralçizadas em todos os escalões.
No Exercito, onde deve funccionar um serviço de informações de artilharia (s. I. A.), são cotejadas as informações provenientes da aeronautica, da infantaira, dos interrogatorios de prisioneiros ou de qualquer outra fonte; ellas dão logar ao estabelecimento de um boletim de informações que é dirigido a todas as inidades.
CAPITULO II
I
Objecto da ligação e das transmissões – Meios de transmissão
54. As ligaçõe consistem:
– de parte do commando, em seguir as operações dos escalões subordinados e aperceber-se de suas necessidade:
– de parte dos escalões sobordinados, em informar ao commando sobre suas operações e suas necessidades e, eventualmente, provocar ordens;
– de parte de todo commanante de unidade, em tomar contacto com as unidades vizinhs, para com ellas manter estraira cooperação;
– da parte de cada arma, em trabalho em estreita união com as outras.
As transmissões teem por objecto permittir a diffusão rapidas das ordens, partes, informações e pedidos.
Constituem uma rêde que liga a frente á retêguarda e entre si unidades vizinhas de infantaria e de artilharia. O papel das transmissões transversaes é capital; duplicam as transmissões em profundidade e, além disso, permittem aos escalões subordinados, quando succede interromperem-se as ligações em profundidade, continuar a actuar em ligações com seus vizinhos, substituindo durante o tempo necessario a iniciativa do commando pela desses mesmos escalões.
55. Os meios de transmissão utilizados pela artilharia são os seguintes:
Entre elementos de artilharia:
– o agente de transmissão (estafeta, motocyclista cyclista, mensageiro);
– o telephonico;
– a signalização optica;
– a T. S. F.
Entre a artilharia e a infantaria:
– o agente de trandmissão;
– o telephonico;
– a signalização optica;
– os siganes por foguetes;
– a T. S. F. (da infantaria para a artilharia);
– eventualmente a T. P. S.
Entre a artilharia e a avisção:
– a T. S. F. (transmissão do avião para a terra);
– a signalização por meio de paineis (de terra para o avião);
– as mensagens lastradas e, eventualmente, os signaes por foguetes (do avião para a terra).
As condições de emprego desses meios serão regulados por uma instrucção especial para as ligações e transmissões destinada ás tropas de todas as armas.
II
Funccionamento da ligação
56. As ligações da artilharia com o commando e com a infantaria, assim comi as ligações interiores da artilharia, são obtidas:
– pela juxtaposição permanente dos postos de commando ou pelo contacto pessoal que temam entre si os differentes chefes;
– pela expedição permenente ou temporaria de officiaes de ligação e pelos destacamentos de ligação;
– pelo emprego das transmissões.
Nas grandes unidades, em regras, o official de ligação é destacado pela autoridade superior para junto do escalão subordinado (13).
Antes da sua partida o official de ligação recebe instrucções cobre as disposições tomadas por seu chefe e suas intenções ulteriores. Chegado a seu posto, deve antecipar-se aos pedidos da autoridade junto a qual é destacado, prestar-lha expontaneamente as informações que lhe possam ser uteis Deve em caso de urgencia ou si as transmissões foram interrompidas, estar em condições de agir por iniciativa propria, substituindo mamentaneamente seu chefe directo. Reciprocamente, a autoridade que o recebe tem o dever de facilitar-lhe a missão.
_________________
(13) Nas transmissões interiores da artilharia é applicada a regra inversa a unidade subodinada destaca um agente de ligação para junto da unidade superior.
57. A artilharia só actua efficazmente quando está em ligações intima com a infantaria em proveito da quel trabalha.
Esta ligação é estabelecida:
– por cantacto frenquente entre os officiaes de infantaria e os de artilharia, cujos P. C. devem ser estabelecidos nas proximidades uns dos outros, sempre que isso estabelecidos e comtanto que o commando da infantaria e o da artilharia sejam exercidos nas melhores condições;
– pela remessa de «destacamento de ligação» para junto da infantaria destacamentos cujo funccionamento é regulado pelas Instrucções para a Ligação e as Transmissões
III
Organização das transmissões
58. Em narcha, as transmissões entre os escalões de commando que não estão juxtapostos são asseguradas por agentes de transmissão. Quando se inicia o combate as linhas telephonicas, os postos opticos e a T. S. F. devem estar installaos. Para obter um bom rendimento dos meios de que se dispõe, é necessario coordenar em cada escalão as minucia desta organização. As indicações fuguram em uma «ordem relativa ás ligações e transmissões», completa progressivamente á medida que a frente se estabelece.
59. Cada grande unidade installa sucessivamente, no correr de sua progressão, centros de informações ao longo de uma linha denominada «eixo de transmissão».
As primeiras transmissões que a artilharia tem de estabelecer, comprehendem:
Para os agrupamentos:
– a ligação com o centro de informaçõe da divisão para as inidades divisionarias, ou o centro de informações mais vizinho para as unidades de exercito;
– a ligação com o agrupamento vizinho e a infantaria apoiada.
Para os grupos:
– a ligação com o agrupamento;
– a ligação com um observatorio;
– a ligação com a infantaria apoiada e, no limite dos meios disponiveis, com um centro de informações, os agrupamentos ou grupos vizinhos.
Para ás baterias:
– a ligação com o P. C. do grupo e um observatorio.
Os meios empregados differem segundo as circumstancias; mas em todo caso procede-se o mais cedo possivel ao estabelecimento das linhas telephonicas, systema de transmissão esse que dá o melhor rendimento.
60. AS transmissões interiores da artilharia, indicadas no quadro seguinte, são effectuadas por agentes de transmissão, sempre que as autoridades correspondentes estejam separadas e que as communicações telephonicas não estejam estabelecidas.
Autoridade que destaca o agente de transmissão. | Autoridade que recebe ao agente de transmissão. | Categoria do agente de transmissão. |
Observação |
Regimento ou agrupamento de uma Artilharia Divisionaria. | Commandante da Artilharia Divisionaria. |
Official |
Sargento (14) |
Grupos |
Agrupamento |
Official o sargento | Sargento (14) ou mesmo soldado. |
Baterias e columnas ligeiras de munições do grupo. |
Grupos |
Sargento |
|
Regimento ou agrupamento de artilharia pesada de Exerctito. | Commandante da Artilharia de Exercito ou Commandante de Artilharia Divisionaria a que o grupo está provisoriamente attribuido. |
Official |
Sargento (14) |
(14) Uma vez que as communicações telephonicas estejam asseguradas.
As relações com as unidades visinhas obrigam igualmente a destacar temporariamente agentes de transmissão, sempre que as circumstancias o exigem e que as disponibilidades em pessoal o permittem. Esta medida é, por exemplo, applicavel entre as artilharias divisionarias visinhas ou entre os agrupamentos de artilharia pesada de Exercito e as artilharias divisionarias correspondentes.
Quando o agente de transmissão é um official, desempenha simultaneamente o papel do official de ligação já referido. Em particular, aproveita os deslocamentos exigidos pela transmissão de ordens e communicações para informar-se sobre a situação; fica, assim, em condições de fornecer a seus chefes um elemento de apreciação que lhes permittirá modificar sua decisão, si tal for necessario.
O official de ligação tem ainda o dever de acompanhar os pormenores de execução das ordens dadas pelo chefe que o enviou.
IV
Estabelecimentos da rêde telephonica em uma frente organizada
61. Em uma frente organizada e quando se dispõe do tempo necessario, as transmissões telephonicas utilizadas pela artilharia comprehendem as seguintes installações:
– de uma rêde de commando, construida e conservada pelo Exercito e pelas divisões, ligando os differentes escalões de commando até aos regimentos ou agrupamentos inclusive;
– de uma rêde de tiro, construida e conservada pelo Exercito (e pelas divisões), comprehendendo principalmente centraes avançadas, nas proximidades dos agrupamentos de artilharia, e centraes de observação, nas proximidades da zonas dos observatorios, ás quaes se ligam as unidades de artilharia para poderem utilizar todos os meios de observação que lhes são necessarios (balões, observatorios terrestres distinctos dos seus proprios observatorios);
– de uma rêde construida e conservada pelos corpos de tropa, ligando os differentes escalões de commando com seus observatorios, com a infantaria apoiado e, quanto possivel, com as unidades de artilharia vizinhas.
62. O trabalho de estabelecimento e conservação da rêde dos corpos de tropa é repartido entre todos os escaIões, proporcionalmente aos recursos em pessoal e material telephonico. Na falta da instrucções especiaes, cada unidade liga-se ao escalão superior.
Na generalidade dos casos, as disposições seguintes asseguram uma distribuição equitativa, dos encargos no grupo;
As baterias ligam-se:
– ao P. C. do grupo;
– ao observatorio da bateria.
O grupo liga-se:
– ao P. C. do agrupamento, ao observatorio do grupo,
– á infantaria apoiada (linha dobrada por uma de infantaria) (15).
– á rede de tiro,
– ás unidades vizinhas.
CAPITULO III
CONDUCTA DO COMBATE
A – PRINCIPIOS GERAES
I
Organização do commando no campo de batalha, repartição das missões
63. Em razão dos meios supplementares de artilharia que podem ser attribuidos provisoriamente ás grandes unidades e ás unidades de ataque, é necessario assegurar a organização do commando e a constituição dos agrupamentos no quadro de conjunto dos liames organicos normaes e esforçar-se por evitar a desagregação de unidades de artilharia.
No campo de batalha o Commando é organizado segundo modalidades differentes, conforme o gráo de independencia que póde ser util conferir aos differentes escalões hierarchicos, e que varia com a situação tactica, e as condições materiaes (natureza do terreno, desenvolvimento dos meios de ligação, existencia de cartas mais ou menos precisas, etc.).
Quando o commando é centralizado em um escalão elevado da hierarchia, a direcção do combate caracteriza-se por, uma concentração de todos os esforços para o mesmo fim. Neste caso a artilharia póde ser empregada com a maxima instantaneidade, e com toda a potencia de que é capaz.
É claro que esta centralização não supprime a iniciativa dos escalões subordinados, que teem o dever de actuar sem esperar ordens em todos os casos urgentes e até quando cesse a ligação com o escalão superior.
Quando, ao contrario, o commando é descentralizado entre os diversos escalões hierarchicos, esta descentralização assegura um aproveitamento mais rapido das informações; porém, os effeitos de massa da artilharia, cujo desencadeiamento rapido é particularmente efficaz, podem ainda ser obtidos com facilidade. Aliás, a descentralização jamais deve ser considerada como abdicação, mesmo parcial, do commando; si este intervem menos directamente na execução, consagra, entretanto, toda sua actividade á coordenação dos esforços, á previsão das necessidades e á organização da acção nas phases seguintes do combate.
A organização do commando é grandemente funcção do valor e da rapidez das transmissões. Si as transmissões são seguras, ha vantagem em augmentar as prerogativas dos escalões superiores, permittindo-lhes rapida colheita de informações e transmissão de ordens sem tardança; si estão sujeitas a uma interrupção, é necessario, ao contrario, confiar a decisão aos escalões subordinados, unicos em condições de actuar em tempo util segundo o desenvolvimento do combate.
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(15) – Obrigatorio para os grupos de apoio directo.
64. As missões que incumbem á artilharia no combate foram definidas no Titulo I (ns. 4 e 5) . Grupam-se nas seguintes categorias principaes:
a) destruição dos obstaculos que se oppõem á manobra da infantaria;
b) acompanhamento e protecção da infantaria;
c) contra-bateria;
d) tiro contra as communicações inimigas.
a) As missões da primeira categoria exigem uma collaboração estreita com a infantaria; estão, pois, normalmente a cargo da artilharia do primeiro escalão de commando, que dispõe de tropas de todas as armas, isto é, da artilharia divisionaria.
Entretanto, com o fim de obter fogos de enfiada ou de escarpa, susceptiveis do melhor rendimento, póde haver algumas vezes vantagem em proceder á destruição dos obstaculos que se oppõem á manobra da infantaria de uma divisão, empregando a artilharia de uma divisão vizinha ou a artilharia de um agrupamento. Neste caso, o commando da artilharia de Exercito intervem, por ordem do commando do Exercito, na missão de destruição normalmente confiada á artiIharia divisionaria.
b) As missões do apoio directo da infantaria (acompanhamento e protecção) estão sempre a cargo da artilharia divisionaria. Para este fim são organizados agrupamentos. trabalhando cada um na zona de uma unidade de infantaria determinada e a pedido desta infantaria;
c) A contra-bateria exerce-se de certa fórma independentemente do combate da infantaria. Ha vantagem em organizal-a sobre frente, tão ampla quanto possivel, frente que só terá por limite o alcance do material de que se dispõe. Para esta organização o commandante da artilharia de Exercito deve assegurar a concordancia da acção da artilharia das divisões e da artilharia de Exercito. Em geral a artilharia de Exercito incumbe-se das baterias inimigas mais afastadas ou auxilia as baterias das divisões incumbidas da contra-bateria, quando estas são insufficientes relativamente á importancia e ao numero das baterias inimigas.
Aliás, será muitas vezes vantajoso, quando as frentes attribuidas ás D. I. são vastas ou quando as zonas de acção dessas D. I. são claramente separadas por grandes intervallos ou por obstaculos de terreno, dotar provisoriamente a artilharia divisionaria de um certo numero de grupos da artilharia pesada de Exercito. Essas artilharias divisionarias assim reforçadas poderão tomar á sua conta toda a contra-bateria correspondente á frente de suas divisões. Neste caso o commandante da artilharia de Exercito só intervirá para assegurar a concordancia das acções de contra-bateria das divisões vizinhas.
Quando as D. I,. operam em frentes estreitas, póde haver notorio interesse em dar uma parte das missões de contra-baterias á artilharia pesada longa do Exercito, eventualmente reforçada pelos grupos de artilharia pesada longa de certas D. I. (16). A artilharia mantida ás ordens do commando do Exercito póde receber missões especiaes ou trabalhar momentaneamente por conta das divisões, em tarefas bem determinadas.
d) As communicações inimigas interessam um escalão de commando tanto mais elevado quanto mais distantes estão as frentes do combate: a missão de actuar contra ellas é distribuida consequentemente entre as artilharias de Exercito e a artilharia das divisões.
As differentes missões attribuidas ás baterias ou aos grupos nos differentes agrupamentos não presuppõem uma especialização exclusiva e permanente. Podem variar durante um mesmo combate.
Essas considerações definem as missões que devem ser confiadas á artilharia divisionaria e á artilharia de Exercito, sempre que as transmissões existentes permittam centralizar o commando e assegurar assim no mais alto gráo o exito da manobra dos fogos.
65. A quantidade de artilharia utilizada tornará por vezes muito pesado o exercito do commando no interior dos escalões da artilharia divisionaria e da artilharia de Exercito.
Dahi resulta a necessidade de articular por seu turno esses escalões em agrupamentos, cuja organização obedecerá ás seguintes regras:
a) reunir sob o mesmo commando unidades que tenham missões analogas, de modo que se facilite a procura e a exploração das informações, assim como a applicação dos meios de observação. Esta condição não impõe a unidade de calibre, muitas vezes será vantajoso dispôr de materiaes differentes em um mesmo agrupamento, permittindo graduar os effeitos de potencia segundo os objectivos, que podem ser da mesma natureza mas de uma protecção muito desigual;
b) respeitar os liames organicos cuja manutenção é indispensavel ao bom rendimento das unidades, regimentos ou grupos, constituir, em toda a medida do possivel, o nucleo ou a totalidade de cada agrupamento com um regimento cujo commandante disponha de um estado-maior e dos meios de enquadramento necessarios;
c) constituir agrupamentos com tres ou quatro grupos, no maximo, organização que assegura melhor rendimento na transmissão das ordens.
Esta condição póde em certos casos conduzir a uma articulação intermediaria dos agrupamentos em sub-agrupamentos, cuja constituição obedece ás mesmas regras;
d) Adaptar os agrupamentos ao dispositivo das grandes ou pequenas unidades em cujo proveito trabalham;
e) poder prestar-se com facilidade ás circumstancias do combate. (A distribuição em agrupamentos nada tem de definitivo; deve ser susceptivel de modificações segundo o desenrolar dos acontecimentos).
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(16) Todavia os grupos de artilharia pesada longa das D. I. devem ser empregados nas zonas de acção de suas respectivas D. I., afim de se poder realizar a descentralização, desde que este se torne util.
66. Os principios acima referidos, para a repartição das missões entre a artilharia dos differentes escalões e para a articulação em agrupamentos, conduzem geralmente á organização seguinte (17):
Artilharia divisionaria
1º «Agrupamentos de apoio directo, constituidos de um ou diversos grupos, cada um delles correspondendo a um dos regimentos de infantaria empenhados, e mantendo com elle relação intima por meio do destacamento de ligação. Trabalhando em zona normal na frente attribuida ao regimento de infantaria, ficam promptos a attender, mediante a iniciativa de seus chefes, ao primeiro appello transmittido pelo destacamento de ligação»
2º «Agrupamentos destinados a contra-baterias e a missões eventuaes. São organizados com artilharia pesada e eventualmente com artilharia leve, de maneira que attenda ás missões principaes confiadas á artilharia divisionaria; destruição ou protecção, contra-bateria, missões eventuaes».
«Toda a artilharia pesada da divisão póde ser collocada sob um commando único»
«Igualmente podem-se constituir, para missões definidas, agrupamentos mixtos, compostos de artilharia pesada e leve, particularmente para contra-bateria».
«Todos os agrupamentos (pesados, mixtos e leves) devem ser articulados de maneira que permittam eventualmente a concentração do conjuncto ou possivelmente, da maior parte delles, contra o objectivo designado pelo commandante da divisão. Para tal fim lhes são assignaladas zonas de acção eventual (Titulo IV, ns. 69 e 70)».
«O commandante da artilharia além disso, designa, eventualmente, as secções ou baterias de campanha (excepcionalmente peças isoladas) que ficam á inteira disposição dos commandantes de regimento ou de brigada como artilharia de acompanhamento immediato».
«Quando uma divisão dispõe de baterias de artilharia de montanha, as missões de acompanhamento da infantaria lhe são confiadas com vantagem. Esta noção de artilharia de acompanhamento applica-se com particularidade aos periodos de engajamento e de aproveitamento do exito».
Artilharia de Exercito
Esta constitue Agrupamentos de artilharia pesada adaptados ás zonas de acção das divisões e prolongamento a acção de sua artilharia contra a artilharia e as communicações do inimigo.
67. Além das missões normaes, a artilharia de cada escalão é empregada em reforçar, segundo as necessidades, a artilharia dos demais.
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(17) Estabelecida pelo general da D. I e pelo commandante do Exercito por proposição do commandante da artilharia da divisão e do commandante da artilharia do Exercito.
E’ effectivamente, indispensavel que se obtenha toda a densidade de fogo possivel contra um objectivo perigoso ou prejudicial que, pelos meios normaes, seria insufficientemente batido.
Assim, a artilharia do Exercito póde cooperar com as artilharias divisionarias na destruição de organizações ou para reforçar os tiros de defesa executados contra o pessoal inimigo os agrupamentos das grandes unidades vizinhas, pertencentes ao mesmo escalão, prestam-se auxilio mutuo.
68. Essas obrigações determinam a organização das transmissões para que os reforços possam ser rapidamente pedidos e obtidos. Ellas influem igualmente sobre a escolha dos P. C. dos differentes escalões de commando.
Estes devem ser collocados de maneira que permittam, nas condições mais seguras, o commando das unidades subordinadas, as relações com a autoridade superior e a vigilancia do campo de batalha.
Sob a reserva de que essas obrigações sejam satisfeitas, haverá sempre vantagem em juxtapôr:
– um P. C. de agrupamento de apoio directo com o P. C. da infantaria apoiada;
– um P. C. de agrupamento de artilharia de Exercito com um P. C. de artilharia divisionaria ou com um P. C. de um agrupamento de artilharia pesada, divisionaria.
A posição dos commandantes de grupo e de bateria, aos quaes incumbe sobretudo uma missão technica de direcção de fogo, é normalmente junto ás suas unidades, ou, segundo as circumstancias, nos postos de observação.
II
Zona de acção normal e zona de acção eventual
69. Toda unidade de artilharia que entra em acção, recebe da autoridade de que depende directamente (commando de tropa de todas as armas ou de escalão superior de commando de artilharia) uma missão definida.
São-lhe objectivos:
– os attribuidos normalmente á unidade e contra os quaes ella póde abrir fogo a pedido da infantaria para os grupos de apoio directo e para os outros nas condições da missão que lhe tiver sido dada;
– os attribuidos eventualmente á unidade para reforçar a acção das unidades vizinhas, e contra os quaes só deve agir por ordem do commando que tenha autoridade para fazel-o.
Os primeiros estão contidos em uma zona que constitue a de acção normal da unidade; os segundos na de acção eventual. As zonas de acção normal das diversas unidades são, pois, limitrophes e não se superpõem.
Do que precede resulta que, nos limites de alcance do material, qualquer ponto do campo de batalha está situado em uma zona de acção normal e em varias zonas de acção eventual.
A zona de acção normal de cada D. I., em regra, corresponde á frente desta divisão e é limitada em profundidade por uma linha correspondente aos objectivos que sua artilharia bater efficazmente. Nesta zona a artilharia devisionaria é incumbida de todas as missões.
Além das zonas de acção normal das divisões estende-se a zona de acção da artilharia de Exercito até o limite de alcance das peças de que dispõe.
As zonas de acção eventual de cada D. I. são constituidas pelas partes das zonas de acção normal das D. I. vizinhas e da artilharia de Exercito que podem ser batidas até o limite do alcance das peças.
70. As posições das unidades são estabelecidas de modo que lhes seja permittido agir immediatamente contra seus objectivos ou suas zonas de acção normal, e, sem deslocamento do material, sobre sua zona de acção eventual.
As unidades organizam a observação sobre os objectivos de sua zona de acção normal e, si é possivel, de sua zona de acção eventual. Si não podem realizar esta ultima condição, informam-se, servindo dos meios de observação pertencentes a outras unidades que possam ser utilizadas. Tomam todas as disposições para poderem pedir esse concurso.
As baterias preparam o tiro contra seus objectivos ou os pontos principaes de sua zona de acção normal. Ulteriormente, si dispõem do tempo necessario, preparam o tiro contra alguns pontos de sua zona de acção eventual.
III
Papel dos differentes escalões de commando no combate
71. O commandante da artilharia divisionaria ou o da artilharia de Exercito distribue as missões entre os agrupamentos sob suas ordens (18). Mantém exacto conhecimento da execução dos tiros e intervem, sempre que for necessaria uma rectificação. Dá-se a conhecer aos commandantes e agrupamentos a organização do remuniciamento; reparte entre elles as munições que lhes são destinadas, orienta-os sobre os recurso ulteriores do remuniciamento, provoca as instrucções do commando relativas aos deslocamentos da artilharia exigidos pelo desenvolvimento do combate, e faz os agrupamentos executarem os reconhecimentos necessarios, ordena pessoalmente os deslocamentos em caso de urgencia; mantém-se em estreita ligação com as artilharias vizinhas; transmitte ao commando as informações que lhe chegam, relativas á evolução do combate, vindas de sua ligação com a infantaria ou vindas dos observatorios de artilharia.
72. O commadante de agrupamento opera do mesmo modo no interior deste. Além disso, procura assegurar-se de que as informações transmittidas por observação áerea (indicações que recebe em sua antenna) chegam aos grupos a que se destinam: verifica si ellas se segue a execução dos tiros pedidos ou as rectificações que exigem. Torna-se-lhe necessario assegurar por meio de sua antenna, a ligação com o avião de um grupo cujo posto receptor tenha cessado.
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(18) Essas missões são definidas pelo commandante da D. I. ou do Exercito.
Momentaneamente de funccionar. Si certa missão dada a um grupo não póde ser por este desempenhada, a confia a outro grupo, é si for mister, previne o avião interessado.
73. O commandante do grupo distribue os objectivos entre suas baterias e, na ausencia de instrucções do commando, fixa o consumo de munições destinadas aos tiros de efficacia. Fiscaliza a execução dos tiros e determina as rectificações necessarias. Reparte entre as baterias as munições que lhes são destinadas e, si houver necessidade, determina permutas e entregas para equilibrio de munições no interior do grupo. Transmitte ás suas baterias as informações colhidas que lhes possam ser uteis, dirige igualmente essas informações ao grupamento de que depende, á infantaria e ás unidades vizinhas com os quaes está em ligação.
74. O commandante da bateria executa os tiros segundo as ordens do commandante do grupo e por iniciativa propria os que apresentam caracter urgente. Transmitte a seu commadante de grupo todas as informações que obtem.
75. Todos os esforços devem ser empregados para a manutenção das ligações e das transmissões (interiores, com o Commando, com a infantaria).
Entretanto, todos os chefes devem prever que a qualquer momento podem ser interrompidas suas transmissões com os elementos subordinados. Convém dar-lhes, portanto, além das missões precisas que o momento exige, instrucções geraes que lhes permittam agir por iniciativa propria até que sejam restabelecidas as transmissões. Os chefes devem ainda prever os casos em que, sem que o saibam, os subordinados possam achar-se em face de uma responsabilidade grande demais para elles, cumpre então, allivial-os préviamente, prescrevendo-lhes a attitude que devem observar em determinadas circumstancias.
IV
Deslocamento da artilharia no correr do combate
76. O desenvolvimento do combate exige deslocamentos da artilharia, durante a acção, na propria zona do campo de batalha.
No principio da progressão, a artilharia mantida em posição poderá assegurar certas missões de protecção, mas, logo depois, o movimento só poderá ser apoiado pelas baterias que tiverem sido lançadas para a frente. Como a acção da artilharia deve ser continua e proporcionar á infantaria, a cada momento, uma protecção sufficiente, é indispensavel que a artilharia progrida por sua vez, escalões e quasi sem interrupção.
Durante esses movimentos a artilharia constitue um objectivo especialmente vulneravel, fica reduzida a impotencia e perde-se, momentaneamente, o beneficio de seus fogos. Importa, pois, reduzir seus deslocamentos ao minimo e organizal-os de modo que ella fique sempre em condições de preencher as differentes missões que lhe incumbem, quaesquer que sejam os movimentos da infantaria. Obter-se-há isto pelo escalonamento inicial do dispositivo, o approveitamento completo do campo de tiro e do alcance do material, e a amplitude dada aos lances executados.
Aliás, o commando não deverá perder de vista que a todo deslocamento de artilharia corresponde outro de munições, de execução sempre mais lenta do que o das peças. Mais vale um pequeno numero de grupos abundantemente providos de munições, que numerosas baterias insufficientemente remuniciadas e obrigadas a economizar seus projectis no momento em que se julga poder contar com seu apoio effectivo.
B – PARTICULARIDADES CONCERNENTES AS DIFFERENTES FORMAS DE COMBATE
77. A conducta do combate, cujos principios geraes foram expostos, apresenta, segundo sua fórma offensiva ou defensiva, as caracteristicas seguintes:
I
Acções offensivas
78. Nas acções offensivas a organização e o emprego de artilharia constituem objecto de minuciosas previsões.
O desdobramento da artilharia realiza-se conforme as indicações do titulo III, ns. 20, 23 e 26.
As posições das baterias, cuja missão e acompanhar immediatamente com seus fogos a progressão dos tropas de assalto, devem ser procuradas, quanto possivel no eixo dos ataques.
Em certos casos muito excepcionaes, póde haver interesse em conservar inicialmente algumas baterias atreladas em reserva.
79. A acção dos fogos da artilharia na offensiva desenvolve-se nas seguintes condições:
«A artilharia apoia a infantaria de vanguarda quando esta conquista ou toma posse do terreno. Entram em jogo successivamente, de accôrdo com as necessidades apontadas pela infantaria, a artilharia de acompanhamento immediato e, depois, si for necessario, parte do agrupamento da artilharia de apoio directo ou todo elle. Nesta phase, a artilharia de contra-bateria póde agir contra as baterias inimigas que perturbam os movimentos de infantaria e cuja posição foi referida especialmente por aviões.»
«Desde que a infantaria começa sua approximação, a artilharia mantem-se em condições de intervir para apoial-a, tomando sob seus fogos a artilharia e a infantaria inimigas. Os commandantes de corpos de infantaria fixam as missões de sua artilharia, de acompanhamento immediato, si porventura lhes foi associada, e lhe regulam os deslocamentos.»
«Cada commandante de agrupamento de artilharia de apoio directo, que trabalho em zona normal corresponde á de um regimento de infantaria, segue attendamente a progressão desta arma, mantendo relações intimas com o respectivo commandante por meio do destacamento de ligação. Conforme as instrucções do commandante da artilharia da divisão, elle desloca, segundo as necessidades, os grupos ou baterias, por escalões e amplos lances preparados e reconhecidos, conservando aquelIa autoridade ao corrente dos seus movimentos e do que intenta fazer.»
«Nesta phase, assegurando sempre sua missão e suas ligações junto á infantaria, permanece sob as ordens do commandante da D. I. por intermedio do commando da artilharia da divisão.»
«O commandante da artilharia divisionaria define, as missões e regula os movimentos dos agrupamentos de artilharia leve ou pesada que reservou para contra-bateria e missões eventuaes diversas.»
«Durante o ataque propriamente dito, a artilharia de acompanhamento immediato, si houver, toma sob seus fogos, por ordem dos Commandantes de regimento (19) ou pedido dos commandantes de batalhão, os obstaculos que embaraçam a infantaria e que esta com os meios proprios não consegue reduzir.»
«A artilharia de apoia directo ajusta seus fogos ás manobras da infantaria. O resto da artilharia leve e a pesada, auxiliadas pela aviação esforçam-se por neutralizar as baterias em acção.»
O commandante da artilharia divisionaria, guarda á sua disposição algumas baterias para as missões evantuaes e os objectivos fugazes, isto é, de um modo geral, os objectivos que não estão comprehendidos nas missões de apoio directo e de contra-bateria. Todavia, é vantajoso não deixar estas baterias sem emprego; ellas executam por conseguinte tiros de super-posição contra os objectivos das baterias de acompanhamento, emquanto não lhes é designado um objectivo eventual.
Antes do assalto e em presença de um inimigo forte, os ataques comprehendem primeiramente uma preparação pelo fogo de artilharia, para destruir os obstaculos (trinceiras e defesas accessorias) e para desconcertar e anniquilar os orgãos de fogo de artilharia e de infantaria do inimigo.
Si a surpreza é um dos elementos principais do ataque, a preparação pela artilharia, póde ser reduzida ao minimo e mesmo não durar mais do que alguns minutos; sobretudo quando ha poucas ou nenhumas defesas accessorias, ou si a presença de carros de assalto permitte por seu emprego completar a destruição dos obstaculos.
«A primeira phase do assalto tem por fim levar a infantaria, sob a protecção immediata dos fogos de artilharia, até ao objectivo situado á maxima distancia de efficacia da artilharia de apoio, em posição ao partir aquella para o assalto.»
«Os fogos de artilharia consistirão, portanto, em fogos de acompanharem e de protecção.»
"Os de acompanhamento da artilharia, segundo as circumstancias, as disposições do inimigo e as disponibilidades em munições. tomarão a fórma de barragem rolante ou fogos contra objectivos successivos, feito á, frente das tropas de assalto, alternados, si fôr conveniente, com fogos de varrer.
„A cobertura do ataque será completada, no limite das possibilidades da artilharia, por fogo de protecção que obedecem ás seguintes modalidades: de cegar, contra os observatorios; da neutralização dos flanqueamentos; de interdicção contra as zonas de accesso e caminhos possiveis de contra-ataques; barragens fixas durante os altos; e de inquietação.“
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(19) Em certos casos, dos Commandantes de Brigadas.
Para coordenar cuidadosamente os movimentos da infantaria e os systemas de fogos da artilharia contra a frente de ataque, póde ser estabelecido um horario, tendo por base a velocidade de marcha da infantaria no decurso de cada um dos seus lances e a duração dos altos em cada um dos objectivos intermediarios.
Convenções especiaes, baseadas no emprego de signaes simples com o auxilio de foguetes, completadas pela T. S. F. e ligações por avião, permittem introduzir no horario todas as modificações uteis ou podem mesmo substituir esses horarios.
"A segunda phase do assalto é assignalada pela obrigação imposta á artilharia de se deslocar e de reorganizar seus fogos, afim de poder conservar seu apoio á infantaria.“
«A partir desse momento é preciso tornar ás condições do ataque: descentralização do commando, repartição das forças e das missões, formação de agrupamento de ataque comprehendendo infantaria e artilharia e operando em união intima por meio dos destacamentos de ligação."
"A artilharia de apoio directo, progredindo por escalões e lances amplos, segundo as instrucções geraes recebidas do commando da artilharia divisionaria, mantem-se constantemente com condições de apoiar sua infantaria. Para esta phase de acção ha o maior interesse em pôr á disposição da infantaria a artilharia de acompanhamento, caso tal medida não tenha sido anteriormente tomada.“
O acompanhamento consistirá em concentrações successivas sobre as differentes linhas de fogo inimigas ou si esta não podem ser determinadas com bastante precisão, em barragens de acompanhamento (barragens variaveis com os objectivos e de densidade gradual) nos pontos em que a infantaria emprega esforços, e podendo-se deslocar, a pedido das tropas de infantaria (por foguetes ou T. S. F.), por lances de uma certa amplitude. Essas barragens constituem cortinas, ao abrigo das quaes a infantaria manobra com auxilio de seus proprios meios (metralhadoras, petrechos de acompanhamento).
O commandante da artilharia divisionaria regula o movimento da artilharia que reservou para si e tambem da pesada, segundo as missões fixadas pelo commandante da divisão.
Na perseguição, a artilharia continuará durante o maior tempo possivel a progredir por escalões, de posição em posição de maneira que possa constantemente apoiar as fracções de infantaria mais avançadas.“
Quando as tropas do ataque dispões de carros de assalto, o melhor meio de protegel-as é subtrahil-as ás vistas da artilharia inimiga. Com esse fim a artilharia crea em torno dellas um enjaulamento de fumo que consiste em estabelecer uma barragem de projectis fumigenos em todos os pontos de que possam ser vistos, a 500 a 600 metros do objectivos do ataque.
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(20) Materiaes destinados a facilitar a passagem de valas, trincheiras e outros obstaculos (feixes de lenha, pranchões, passadeiras).
80. Os deslocamentos da artilharia por escalões e o avanço dos remuniciamentos são operações que se devem minuciosamente prever.
As ligações e transmissões durante o combate devem obedecer a uma organização ao mesmo tempo rapida e completa. Recommenda-se para asse fim o emprego da T. S. F.
81. A iniciativa dos deslocamentos da artilharia pertence ao commando.
No avanço, é necessario levar para a frente apenas a quantidade de boccas de fogo que se tem certeza de poder remuniciar. As deixadas á retaguarda alcançam as da frente assim que as condições de remuniciamento o permittem.
Na entrada em acção da artilharia, quando as circumstancias o permittem, deve-se collocar as unidades menos moveis na frente das do mesmo calibre de deslocamento mais facil; as primeiras ficam assim por mais tempo em situação de actuar de suas primeiras posições.
82. A boa execução dos deslocamentos deslocamentos exige uma preparação minucioso, consistindo em um meticuloso reconhecimento dos itinerarios (no terreno e eventualmente na carta), na maior escala possivel, a preparação e o transporte para a frente dos materiaes necessarios para facilitar a passagem de pontos difficeis, cujo emprego é previsto no decurso do movimento.
83. Durante a maior parte do tempo dessa progressão será impossivel ao general commandante da artilharia de Exercito participar directamente da direcção do combate; as unidades cujo emprego tiver reservado serão, então, repartidas entre as artilharias divisionarias.
II
Acções defensivas
84. Nas secções defensivas o dispositivo da artilharia, deve corresponder ás condições de escalonamento expostas no titulo III, n. 20.
"As acções dos fogos da artilharia na defensiva teem por fim quebrar os dispositivos do inimigo, seja entes do ataque (contra-preparação), seja no momento em que elle se desencadeia (barragens, concentrações). Visam igualmente contra-bater a artilharia inimiga.“
A repartição da artilharia deve assegurar a cobertura das differentes posições de defesa e permittir apoiar os contra-ataques.
Os objectivos são repartidos entre os differentes agrupamentos por zonas de acção normal e eventual. Esta disposição permitte abertura immediata do fogo contra todo objectivo que fôr assignalado e as concentrações.
As posições dos agrupamentos são determinadas por suas missões tacticas. As missões principaes da artilharia leve serão os fogos de deter (barragens e contra-preparação), eventualmente, a interdicção e a inquietação; as da artilharia pesada, a contra-bateria, a contra-preparação, a destruição, a interdicção e a inquietação longinqua.
Quando o afastamento da posição principal de resistencia em relação ás primeiras linhas inimigas não permitte á maior parte da artilharia executar todos os fogos de defesa certas barragens poderão ser executadas por baterias de campanha que receberão missões temporarias na frente da posição de resistencia e mesmo por baterias de artilharia pesada.
„O fogo de barragem é a arma de parada elementar que se deixa á disposição do commandante da pequena unidade tactica.“
„A contra-preparação de artilharia é a medida poderosa de defesa, cujo emprego é ordinariamente reservado ao general commandante da divisão.“
A artilharia manter-se-ha prompta a recuar seus fogos de modo que bata o terreno em que o inimigo venha tomar pé. Mas esperará ser claramente orientada nesse sentido, afim de não prejudicar a infantaria nos seus contra-ataques. Haverá, pois, necessidade de estabelecer uma combinação de signaes para regular o deslocamentos do fogo.
85. Si as tropas são obrigadas a retirar, a artilharias, deve permanecer em condições de apoiar a infantaria a cada momento. E’ esta obrigação, e não a approximação do inimigo, que decide da opportunidade de seus deslocamentos.
Certas unidades devem ser conservadas em posição até ao momento em que estas forem abordadas; seu sacrificio é resolutamente admittido pelo commando. No ultimo instante, quando não lhes resta mais esperança de desembarcar-se do inimigo, inutilizam o material.
Outras, ao contracto, são deslocadas, mesmo que estejam ainda em condições de actuar, porque a interrupção momentanea de sua actividade deve permittir mais tarde uma intervenção mais util de seu fogo.
86. A iniciativa desses deslocamentos pertence ao commando. Todavia sendo precarias e intermittentes as transmissões durante o combate, importa que o executantes estejam de antemão inteiramente ao par das intenções do commando, afim de com ellas conformar suas decisões.
Nessa ordem de idéas é muitas vezes possivel indicar préviamente aos elementos subordinados quaes os movimentos que se devem executar, em funcção das differentes situações hypotheticas da, infantaria que combate deante delles. As unidades empenhadas no combate são de facto, differentemente mantidas ao corrente da situação geral: mas podem e devem sempre informar-se relativamente á situação da infantaria visinha.
Neste caso serão dadas instrucções escriptas aos escalões inferiores, grupos e baterias.
87. Inversamente ao que occorre no combate offensivo, no escalonamento inicial da acção defensiva devem-se collocar mais para a frente as unidades de maior mobilidade que serão as primeiras a deslocar-se.
TITULO V
Segurança
CAPITULO I
SEGURANÇA EM MARCHA E EM ESTACIONAMENTO
I
Protecção da marcha
88. A segurança da artilharia enquadrada em um columna de infantaria ou de cavallaria incumbe ás tropas que com ella marcham. Si as circumstancias exigem, intercalla-se uma fracção de infantaria entre dous grupos successivos de artilharia.
89. Quando a artilharia marcha isolada. destaca esclarecedores para desembaraçar seu movimento e proteger seus flancos.
O serviço dos esclarecedores é organizado pelos grupos. Normalmente é executado por 3 esclarecedores montados por bateria (1 sargento, 1 cabo, 1 clarim), postos ás ordens do official orientador do grupo.
90. Os esclarecedores deslocam–se por lances successivos, de um a outro ponto de observação, de modo que possam ter vistas, com opportunidade sobre as regiões donde mais provavel surgir um perigo para a columna.
Muitas vezes é vantajoso operar por patrulhas de dois homens: um delles reconhece ou observa e o outro, por meio de signaes préviamente combinados, ou verbalmente, faz a ligação com o chefe dos esclarecedores.
Quando a columna tem de atravessar uma localidade, um bosque ou um desfiladeiro, enviam – se patrulhas para explorar os arredores, contornar a orla e reconhecer a sahida antes que a columna penetre no desfiladeiro.
II
Guarda dos acantonamento, acampamentos e bivaques
91. Nas proximidades do inimigo, em regra, a artilharia não acantona isoIada em uma localidade. Incumbe, então, á infantaria ou á cavallaria estacionada com ella o serviço de segurança. As baterias são encarregadas sómente da guarda do material.
Si, por excepção, a artilharia acantona em uma localidade em que não se acham tropas de infantaria, eIIa guarda as sahidas. Em cada sahida é estabelecida uma barricada, junto a qual installa-se um posto, commandado por official ou sargento de effectivo sufficiente para ahi manter uma sentinella dupla. A artilharia estabelece–se, então, em acantonamento de alerta.
Como no Brasil o acampamento é a regra geral, serão adoptadas disposições, obedecendo ás mesmas directrizes, modificadas de accôrdo com as circumstancias e o terreno.
III
Protecção contra os aviões inimigos
92. Durante as marchas, quando são assignalados os aviões Inimigos, as columnas cerram, si é possivel, contra as arvores que margeam as estradas ou procuram as sombras que ellas projectam; si as circumstancias o permittem, a columna detem-se, de preferencia, ao longo de uma coberta.
Na falta de arvoras ou cobertas, o que será o caso geral em certas regiões da America, é preciso contentar-se em de-ter a marcha, das columnas e evitar qualquer movimento emquanto estiver presente o avião.
Quando se tem de fazer um alto durante a marcha deve-se evital-o em terreno descoberto, a dispôr as viaturas espalhadas no terreno.
93. Nos acantonamentos e bivaques, desde que se entra na zona de incursão da aviação inimiga, não mais se formam parques regulares. Si existem diversas cobertas, as viaturas são por ellas distribuidas. Dar-se-ão ordens para que o pessoal fique immovel e a abrigado das vistas do avião desde que este seja assignalado. Estabelece-se um systema especial de vigilancia. A’ noite as luzes e os fogos são mascarados ou apagados. Si a permanencia no acantonamento ou no bivaque deva ser prolongada, procede–se á construcção de abrigos de bombardeio, Sempre que for possivel constroem-se nas proximidades de acantonamento trincheiras, que em caso de alarma servirão de abrigo contra o bombardeio.
CAPITULO II
SEGURANÇA DO COMBATE
I
Segurança no combate em campo raso
94. A segurança da artilharia no combate provém principalmente da vizinhança de tropas de outras armas.
No caso em que esta segurança não é absolutamente garantida, a artilharia recebe um apoio espacial. Cabe ao chefe de qualquer fracção de artilharia isolada provocar o destacamento desse apoio, dirigindo-se ao Commando ou ao commandante da infantaria mais proxima.
O commandante da artilharia dá ao do apoio instrucções relativas á sua missão; este resolve sobre ns meios que se devem empregar.
95. Os recursos proprios dos grupos são igualmente postos em acção para protege-os. Sem se afastarem muito, os esclarecedores observam o terreno de onde possa surgir qualquer perigo, de modo que previnam com tempo as baterias. Metralhadoras incumbidas da defesa contra aviões são dispostas de modo que concorram para a defesa da posição os serventes recebem indicações sobre as disposições que devem ser tomadas no caso de um ataque approximado.
Tomam-se medidas analogas para a protecção dos armões, das columnas de munições, etc.
II
Segurança da artilharia em posição em uma frente organização.
96. Em uma frente organização a segurança da artilharia resulta de sua situação em relação á posição principal de resistencia.
As unidades cuja posição não está englobada nas organizações da infantaria, procedem, por seus proprios meios, a uma organização summaria de sua defesa approximada.
Esta organização tem por fim pol-as ao abrigo de uma surpreza; é, pois, concedida de modo que possa ser occupada instantaneamente e defendida, exclusivamente com os recursos effectivos de unidade. Consiste em collocar uma defesa accessoria (rêde de arame farpado) e cavar atraz dessas rêdes e nas proximidade das praças, alguns elementos de trincheiras de occupação rapida. Si o terreno o permitte, a rêde é estabelecida a uma distancia do material sufficiente para pol-o fóra do alcance das granadas de fuzil. Completa-se a defesa, com a utilização das metralhadoras das baterias, collocadas quanto possivel em posição de onde possam agir, seja contra os aviões voando baixo, seja contra o terreno circumvizinho, e com granadeiros protegidos por uma coberta disposta a uma distancia conveniente de rêde.
Esse dispositivos são disfarçados quanto possivel para não desvendar a presença das baterias. Além disso, devem permittir a evacuação do material.
As baterias asseguram a defesa de seus flancos com as armas portateis.
Todos os homens recebem instrucções precisas sobre o modo por que devem proceder em caso de ataque approximado, afim de que ao primeiro signal cada um corra a seu posto.
97. Esses trabalhos assim executados no terreno cream um certo numero de pontos de apoio utilizaveis pela infantaria. O Commando póde, então, prescrever o reforçamento de alguns delles com o fim de tornal-os, uteis á infantaria. Dá á artilharia as instrucções necessarias e fornece-lhe auxilio de trabalhadores de infantaria.
III
Como procede a artilharia em caso de ataque approximado
98. Por seus observadores e sua ligação com a infantaria a artilharia é informada do desenvolvimento do combate; desde que se produz um ataque inimigo ella completa seu systema de segurança destacando esclarecedores.
99, No caso de se produzir a abordagem e si, por circumstancias excepcionaes, o material tiver que ser abandonado sem esperança de rehavel-o, será todo inutilizado por homens para isso designados sob a direcção de um official.
O pessoal não empregado nesta operação occupar-se-ha da defesa da posição, continuação a combater nas fileiras da infantaria.
IV
Defesa contra os carros de assalto
100. O canhão constitue um seguro meio de defesa; sempre provou ser efficaz quando empregado por unidades conservando seu sangue frio. O emprego de fuzis especiaes de balas perfurantes póde igualmente dar resultados satisfatorios.
Todas as baterias podem ser chamadas para participar na lucta contra os carros de assalto. Para esse fim o Commando reparte as missões entre as baterias, levando em conta que o objectivo principal da defesa continúa sendo a infantaria inimiga; si esta é detida, o ataque dos carros terá apenas um resultado limitado.
Essas missões podem comprehender:
1º– Fogos de interdiccão contra os centros de reabastecimento dos carros e seus itinerarios reconhecidos;
2º– Fogos de concentração contra a zona de reunião dos carros;
3º– Fogos de barragem preventiva, estabelecidos préviamente nos pontos de passagem provavel dos carros;
4º – Fogos de barragem regressiva estabelecidos deante e muito proximo dos carros em movimento;
5º– Fogos de demolição, alvejando directamente os carros que se apresentem a distancia conveniente.
Esses ultimos são executados por peças especiaes se dellas se dispuzer, os 75 de montanha, assim como por peças de campanha conduzidas a um ponto de onde possam bater, com tiros directos, uma área de algumas centenas de metros de profundidade. O emprego destas ultimas peças é de alta importancia e dos mais efficazes no combate, onde quer que seja empregado.
O Commando designa as baterias que se devem manter promptas para attender a esta eventualidade; essas devem preparar cuidadosamente o deslocamento das peças e a adaptação das novas posições, assim como a constituição do remuniciamento necessario.
Nenhum official ou chefe de peca deve hesitar em atirar com pontaria directa, contra todo carro de. assalto inimigo que se apresente a pequena distancia.
V
Protecção que a artilhara da aos carros
101. O canhão inimigo é um adversario perigoso dos carros de assalto.
As condições indispensaveis ao exito de uma acção em que se empregam carros de assalto, serão, pois as seguintes:
– neutralização especialmente efficaz da artilharia inimiga.
– a cegueira, dos observatorios terrestres que tenham vistas sobre o terreno do ataque;
– o conveniente emprego das granadas fumigenas.
A acção dos fogos de cegar executados contra os observatorios assume uma importancia toda, especial durante a marcha de approximação.
No combate, o emprego de projectis fumigenos cobrindo com uma cortina opaca os objectivos successivos, contribue efficazmente para furtar os movimentos dos carros ás vistas do inimigo.
A destruição ou neutralização dos orgãos de defesa approximada do inimigo cabe á artilharia (agrupamento de acompanhamento immediato, de apoio directo ou disponivel, ou unidades para esse fim postas temporariamente á disposição dos commandantes de infantaria).
O commandante da artilharia da D. I. designa, segundo as instrucções do da D. l., as unidades especialmente incumbidas de protecção dos carros. Esta missão não é exclusiva, nas as unidades designadas devem estar promptas para desempenhal-a ao primeiro appello. Para iso, devem ter observatorios approximados e preparar os elementos de seus fogos contra a zona provavel em que se revelarem os petrechos de defesa contra os carros. Além disso, em proveito dellas trabalha um avião especial, que voa, sobre o terreno de combate dos carros e assignala as peças de defesa approximada que muitas vezes escapam á observação terrestre.
Rio de Janeiro, 23 de Março de 1921. – João Pandiá Calogeras.
APPENDICE
Indicações sobre os fogos de artilharia
(A indicações numericas abaixo referidos correspondem a tiros bem executados e bem observados). (Material moderno, de 75, 120 L., 155 C. e 155 L.)
I
DESTRUIÇÃO DA ARTILHARIA INIMIGA
1. Deve-se procurar a destruição das baterias inimigas sempre que as circumstancias (informações precisa sob e a posição, meios de observação, e de remuniciamento, etc.) o permittam.
2. Calibres que se tem de empregar, conforme o gráo de proteção das baterias a destruir;
– baterias são protegidas – 75, 105, 120, 155;
– baterias pouco protegidas – 120, 155;
– baterias protegidas – 155.
O 75 póde ser efficaz contra artilharia em casamata, quando alveja as canhoneiras, o que até 5.000 metros, se póde facilmente obter. Si a casamata é alvejada normalmente, o numero de tiros para alcançar o alvo com dous projectis e de 100 a 3.000 metros; de 200 a 2.000 metros; em média 150 por peça inimiga que se tem de destruir.
3. Consumo médio de munições necessarias para assegurar a destruição das baterias:
O numero de prujectis necessarios á destruição de uma bateria é proporcional ao valor do desvio provavel.
Em regra não se deve tentar a destruição sempre que o desvio provavel em alcance exceda de 50 metros.
75)
105) 500 a 800 tiros, conforme a distancia.
120)
155 L.) 400 a 600 tiros, conforme a distancia.
155 C. – 300 a 400 tiros, conforme a distancia.
4. Destruição dos ninhos de baterias.
A destruição dos ninhos de baterias deve ser obtida pela concentração de tiros de zona, effectuada por differentes baterias.
Cada bateria que participa do tiro recebe como objectivo, uma porção de terreno occupado pelo ninho de bateria e escolhido de modo que comprehenda uma ou varias das posições que se presumem occupadas pelas inimigas. Fixa-se a frente e profundidade da zona confiada á bateria, levando em conta as indicações que se possue relalivamente á situação do objectivo.
Esses tiros são tanto mais efficazes:
– quanto maior é o calibre e o alcance das peças em pregadas; o que permitte a acção de escarpa;
– quanto mais subitanea e brutalmente são executados; de modo que produzam ao mesmo tempo um consideravel effeito moral;
– quanto melhor a regulação e a verificação que os precedeu; o que permitte remediar a incerteza da preparação dos tiros.
Essas regulações ou verificações são executadas contra pontos bem definidos do terreno, e que podem estar situados fóra da zona que constitue o objectivo da bateria.
II
NEUTRALIZAÇÃO DA ARTILHARIA INIMIGA
5. A neutralização completa as destruições consideradas insufficientes e suppre as que não puderam ser effectuadas. Será portanto empregada em larga escala para impor ás baterias insufficientemente damnificadas e ás que não tiverem sido alvejadas pelos fogos de destruição.
A neutralização póde ser obtida com granadas explosivas.
A neutralização com granadas explosivas deve comprehender uma acção a principio violenta. seguida de um tiro lento para manter o pessoal em seus abrigos. A acção violenta recomeça. Si a bateria inimiga tenta novamente atirar.
Para que esta acção violenta se possa produzir desde o começo, os elementos do tiro devem ser determinados préviamente com o maior cuidado, e verificados, quando necessario, contra um objectivo auxiliar ou um alvo-testemunha, de modo que se evite a regulação na occasião do tiro.
A densidade de tiro é de particular importancia. Ha, portanto, vantagem no emprego de materiaes de tiro rapido.
III
DESTRUIÇÃO DAS REDES DE ARAME
6. Nas rêdes de arame devem abrir-se largas brechas e não passagens estreitas.
7. Artilharia leve.
O fogo de destruição das rêdes exige em regra um tiro de precisão. As quatro peças da bateria são empregadas na abertura de uma mesma brecha; para isso reguladas em direcção de modo que os planos de tiro fiquem intervallados de 5 a 6 metros na altura das rêdes. A bateria fará, assim, uma brecha de cerca de 25 metros.
Para fazer uma brecha de materia em terreno horizontal, em uma rêde de 15 a 20 metros de profundidade, os consumos provaveis são em média os seguintes:
Toneladas
A 2.500 metros ................................................................................................................................ | 600 |
A 3.000 metros ................................................................................................................................ | 700 |
A 4.000 metros ................................................................................................................................ | 800 |
A 5.000 metros ................................................................................................................................ | 1.000 |
A 7.000 metros ................................................................................................................................ | 1.200 |
Si a rêde tem mais de 30 metros de profundidade, esses consumos deverão ser augmentados de 400 tiros por 30 metros de augmento de profundidade.
Si o terreno sóbe para o lado do inimigo, esses numeros podem ser reduzidos.
Si, ao contrario, desce, esses numeros de devem ser multiplicados pela relação entre o angulo e o declive do terreno. Neste caso, o emprego de carga reduzida permitte augmentar o angulo de quéda e, portanto, diminuir o consumo necessario.
A granada que se emprega é a explosiva.
8. – Artilharia pesada.
A artilharia pesada só deve ser empregada contra rêdes que, por seu desenfiamento ou por sua distancia, não possam ser batidas pelo 75.
A 3.000 metros obtem-se, com 50 granadas alongadas ou 30 F. A. (ferro acerado) de 155 curto, uma brecha de 4 a 5 metros de largura em uma rêde de 20 metros de profundidade.
Ha igualmente interesse em concentrar os meios, operando por baterias para obter uma brecha ampla, e não por peças isoladas.
Assim, com 200 granadas longas ou 300 F. A. obtem-se uma brecha de 20 a 25 metros de largura e a desorganização das trincheiras que se acham immediatamente á retaguarda da rêde.
Entre 10.000 e 11.000 metros é necessario contar com 600 granadas longas ou 800 granadas F. A para uma brecha de bateria com tiro observado.
IV
DESTRUIÇÃO DOS ABRIGOS DE METRALHADORAS
9. A artilharia leve, em geral, não póde bater esses abrigos. Desloca muitas vezes os abrigos de terra e toros (21), mas, deve sobretudo procurar destruir as metralhadoras por meio de tiros contra as setteiras.
Para obter esse resultado é necessario empregar uma centena de granadas explosivas em tiros de precisão e com espoleta sem retardo.
O 155 C é particularmente apropriado á destruição desses abrigos.
Em geral, são necessarios 2 tiros de 155, no alvo, para desorganizar um abrigo de 3 ordens de toros.
Para obter esse resultado é preciso atirar:
– 70 a 80 tiros de 155 L;
– 80 a 100 tiros de 155 L.
V
DESTRUIÇÃO DAS TRINCHEIRAS
10. Contra as trincheiras alvejadas de frente o 75 é do pequeno effeito. Si, porém, as obras de communicação são alvejadas de enfiada ou de escarpa, um consumo de 10 granadas explosivas por metro corrente dá importantes resultados.
Deve-se procurar obter grandes angulos de queda, empregando a carga reduzida ou augmentando a distancia de tiro.
O canhão mais adequado á destruição de trincheiras é o 155 C.
Não procurar a destruição uniforme de toda a trincheira, mas a dos pontos mais importantes: no de communicações, abrigos, P. C., posições de metralhadoras, flanqueamentos, etc. Para obter este resultado, deve-se atirar contra cada um desses pontos, com tiro observado, 80 a 100 granadas longas de 155 C. (a distancias vizinhas de 5.000 metros).
Escolhendo esses pontos a 30 metros uns dos outros, em trincheira alvejada de frente, a 50 ou 60, quando batida de enfiada, a destruição é obtida em boas condições. Isto exigirá um consumo médio de:
– 3 tiros de 155 longos com retardo por metro corrente de trincheiras alvajada de frente;
– 3 tiros por metro corrente de frente de trincheira aljada de enfiada;
– com a granada F. A. o consumo deve ser augmentado de um quarto.
________________
(21) Vêr a Instrucção para a Organização do Terreno, II parte.
O tiro de enfiada, é, pois, visivelmente mais economico do que o de frente. Todavia pode-se preferir ao de enfiada um tiro ligeiramente de escarpa, mais facil de realizar.
Si se trata de largas trincheiras, convém augmentar os consumos. Aliás, é util notar que o tiro de tempo com shrapneIl, produzirá importantes effeitos contra o pessoal que occupa essas trincheiras, mesmo que o tiro seja normal ao traçado geral.
11. Zona de segurança.
A zona de segurança reservada na frente da infantaria durante os tiros de destruição executados pelo 155 C., como regra, deve ser superior a 400 metros.
Todavia, quando a tropa dispõe de abrigos ou de escavações sufficientes para protegel-a dos estilhaços projectados á retaguarda, este limite póde descer até 200 metros.
Quando são executados fogos de escarpa ou de enfiada esses numeros podem ser reduzidos.
VI
Destruição das localidades
12. A destruição das povoações comprehende:
– a demolição dos porões;
– o incendio e a demolição das casas;
– a destruição de trabalhos especiaes executadas pelo inimigo.
Para a maior parte dos porões o 155 C.; atirando com grandes angulos de puéda, póde bastar, si se empregam espoletas com retardo.
A destruição de casas importantes é obtidas com granadas explosivas com espoleta de retardo. (155 C. e 155 L.)
Os trabalhos especiaes do inimigo são demolidos como se disse ao tratar da destruição de trincheiras e abrigos.
Consumo previsto para 100 metros quadrados de grupos de casas (e não de superficie total de povoação);
– 8 tiros para destruir porões;
– 4 tiros para destruir casas.
VII
Manutenção das destruições
13. Quasi todas as destruições methodicas que precedem um ataque comprehendem uma intermittencia de tiros. exigida pela descontinuidade das observações (consequencia da bruma, falta de luz á noite, condições atmosphericas impedindo o vôo dos aviões de observação, etc.). É’ necessario que durante essas interrupções o inimigo não consiga fazer reparações.
Para isso bate-se systematicamente a frente dos objectivos destruidos com rajadas irregulares (75; 105, 120L.), com tiros percutentes de espoleta instantanea ou com tiros de tempo (shrapnelIs ou granadas explosivas).
O consumo previsto será de cerca de 300 tiros por 1.000 metros de frente durante um periodo de 12 horas.
VIII
Destruição das vias ferreas
14. Nas vias ferreas os pontos que convém mais destruidos são:
– as obras de arte (pontes ou pontilhões);
– trechos em aterro;
– dependencias das estações (depositos de agua, casas das agulhas, etc.).
Emprega-se a granada de grande capacidade, com espoleta de retardo.
O calibre e o consumo de munição serão determinados em cada caso particular.
Os tiros serão de preferencia de enfiada, e feitos com canhões longos ou obuzes atirando com grandes cargas.
No tiro de enfiada deve-se contar com o seguinte consumo minimo:
– Ponte – 155 C – 300 a 400 tiros;
– Linha em aterro – 155 L. – 600 tiros;
– Agulhas – 155 L. – 400 tiros;
– Dependencias das estações – 155 C ou 155 L – 200 tiros.
Para tiros de frente, elevar ao quadrupulo o consumo.
IX
Fogo de interdicção contra as communicações
15. Os materiaes que se empregam, segundo a distancia, são o 75, o 120 L, o 155 L. Prefere-se tanto quanto possivel o calibre minimo que proporcione o alcance desejado.
Os fogos de enfiada ou de escarpa sob angulos muito agudos, são mais vantajosos.
Durante o dia a interdicção é assegurada pela permanencia da observação (aerea ou terrestre) e designação prévia das baterias que devem actuar por indicação do observador.
Durante a noite é necessario atirar contra a estrada ou encruzilhada visada, empregando salvas ou rajadas irregulares espaçadas.
Consumo de munição:
– 80 tiros (approxidamamente) por hora com o 75;
– 50 tiros (approximadamente) por hora com o 120 L.
Si o objectivo é tomado de enfiada, bate-se por partes uma certa extensão de estrada de cada vez.
X
FOGOS DE ACOMPANHAMENTO
16. Estes fogos teem por fim apoiar directamente o ataque da infantaria, prendendo ao sólo os defensores da zona atacada, impedindo-os de installar meltralhadoras em quaesquer pontos do terreno (planicies, escavações, crateras de projectis, etc.) e assegurando ao atacante uma mascara atrás da qual poderá progredir cerrando contra os projectis.
Podem ser constituidos:
a) por um systema completo de barragens rolantes descontinuas, estabelecidas deante de organizações bem defendidas pelo inimigo, e que a infantaria não pode dominar com seus proprios petrechos de fogo, ou deante de pontos sobre os quaes é necessario empregar esforços. Essas barragens teem um alto effeito moral no momento da partida, arrastando para a, frente a infantaria que procura acompanhal-as de perto.
Mas, em virtude das resistencias locaes, que no fim de um tempo mais ou menos curto deteem fatalmente a infantaria, e tendo em vista o grande consumo de munições que representam, é necessario que tenham apenas uma duração muito limitada. Detem-se além de cada um dos objectivos intermediarios em que a infantaria deve interromper a progressão, só a pedido da infantaria (destacamentos de ligação, foguetes, etc.) ou de accôrdo com as previsões do horario, dahi partem novamente; estabelecem-se por fim immediatamente além do objectivo para permittir que a infantaria se installe;
b) por fogos de concentração executados na frente da infantaria contra objectivos precisos e successivos.
Esses fogos podem ser deslocados a pedido da infantaria (signaes convencionaes) ou, ao contrario, regulados préviamente no tempo e no espaço. A infantaria amolda sua manobra aos fogos que a protegem na frente.
As barragens rolantes, com granadas explosivas percutente e com projectis fumigenos de 75, de cadencia variavel, deslocam-se com a velocidade da infantaria designada pelo commando. Essas barragens deverão ser graduadas e organizadas conforme a idéa de manobra, logicamente adaptadas ás condições do terreno e proporcionadas ás possibilidades de resistencia do inimigo.
Quando não se dispõe de numero sufficiente de baterias, ou si a provisão de munições não permitte o consumo consideravel de projectis necessarios á execução das barragens rolantes propriamente ditas, os fogos de acompanhamento não poderão ter o mesmo caracter de continuidade no tempo e no espaço. Nesse caso, deverão ser conduzidos com agilidade, mais frequentemente por concentrações exigidas pelas manobras da infantaria.
As barragens de fogos de acompanhamento são vantajosamente completadas por fogos de varrer, com granadas de tempo, de 75, algumas vezes com shrapnells de 155, destinados a attingir as crateras, onde os defensores podem abrigar metralhadoras promptas a se desvendarem no momento da chegada das tropas de assalto. O limite curto desses tiros corresponde ao limite longo da barragem rolante.
Quando as barragens rolantes são substituidas por fogos contra objectivos successivos executados na frente da tropa de assalto esses podem ser alternados com os de varrer.
17. O commando póde prescrever que, além do objectivo, os fogos de acompanhamento enjaulem certas partes do terreno para permittir que destacamentos de infantaria executem reconhecimentos ou incursões. Depois da execução desses reconhecimentos ou dessas incursões, os fogos fixar-se-hão de novo immediatamente além do objectivo ou do terreno, ou ainda acompanharão a infantaria em sua progressão para o objectivo eventual.
18. Os dados seguintes podem servir de base ao estabelecimento dos fogos de companhamento;
a) largura do feixe efficaz contra o pessoal (granada de 75):
– granada explosiva percutente (tiro de ricochete) – cerca de 15 metros;
– granada explosiva de tempo J – cerca de 20 metros;
– shrapnell de tempo – cerca de 20 metros.
b) rapidez do tiro de uma peça de 75 – A cadencia do tiro rapido do 75 não deve exceder, para evitar prematura inutilização do material, a velocidade de seis tiros por peça e por minuto. Esta cadencia não póde ser excedida e nem mesmo attingida, sinão excepcionalmentee durante periodos muito curtos.
Para tiros de duração superior a 5 minutos, a cadencia deve ser reduzida, de modo que se deem ao material os cuidados necessarios á sua conservação. Não se deve exceder de 100 tiros por hora com o mesmo canhão.
A velocidade póde ser dupla empregando-se cartas reduzidas.
c) Densidade dos fogos – Os fogos de acompanhamento moveis devem ter a densidade maxima compativel com a quantidade de material e de munição de que se dispõe e com a duração do ataque. Para que sejam efficazes, sua densidade não deve ser inferior, no ataque de um terreno organizado, a 2 tiros por 15 metros de frente e por minuto. Todavia, contra terrenos fracamente organizados, ha muitas vezes interesse em diminuir esta densidade em provento dos fogos de varrer.
d) Zona de segurança – A profundidade da zona de segurança, que se deve reservar á retaguarda da linha contra a qual se executa o tiro de 75, é, em terreno horizontal, a seguinte:
| Distancia | Zona de segurança |
Percutente .......................................... Granada explosiva de 75. de tempo.............................................. | (2.000m (5.000m (2.000m (5.000m | 200m 250m 200m 300m |
Shrapnell, de tempo, 75...................................................................... | (2.000m (5.000m | 200m 350m |
O terreno é ascendente para o lado do inimigo, esses numeros podem ser reduzidos no caso do tiro percutente.
Si o terreno é descentente, devem ser augmentados, sobretudo si se tarta de tiro de tempo com shrapnell a pequenas distancias.
No caso do terreno ser descendente, ha interesse em empregar a carga reduzida ou augmentar a distancia do tiro, de modo que se augmente o angulo de quéda.
XI
FOGOS DE PROTECÇÃO
19. Os fogos de protecção executam-se contra objectivos determinados e desenvolvem-se além dos de acompanhamento numa profundidade tão grande quanto possivel. Applicam-se contra todos os pontos do terreno que se prestam a reuniões e ao emprego dos fogos de infantaria da defesa e sobretudo aos de flanqueamento. Na continuação do combate, têm sobretudo, por fim, evitar o perigo dos contra-ataques. Consistem geralmente em fogos de frente, de escarpa ou de enfiada, deslocando-se por lances de ampIitude variavel. São suspensos no momento em que vão ser alcançados pela barragem rolante e transportam-se então para os objectivos seguintes.
Os deslocamentos podem ser effectuados como verdadeiros fogos de varrer.
São executados por baterias de 75 não incumbidas do acompanhamento e pelo 155 C.
Sua densidade varia com a natureza dos pontos que devem ser batidos.
XII
FOGOS DE DETER
20. Os fogos de deter são defensivos; seu fim é deter os ataques inimigos antes de penetrarem nas linhas amigas.
A devesa age, pois:
1º – durante a preparação inimiga, pelo fogo de contra-preparação, dirigido contra o assaltante agglomerado em regiões favoraveis:
2º – no momento do ataque, pelos fogos de barragem defensiva, ou de concentração.
Esses constituem os fogos de deter.
21. Fogos de contra-preparação – Como regra são iniciados por ordem do commandante da divisão, durante a preparação inimiga.
É necessario que sejam perfeitamente preparados e só iniciados quando houver probabilidade de attingir o pessoal das tropas atacantes.
Os objectivos devem constituir materia de um estudo profundo, pois não se trata de crear uma zona continua de fogos. O tiro deve ser adaptado á configuração do terreno situado na frente das linhas e baseado no resultado das observações e dos reconhecimentos feitos relativamente aos itinerarios e aos pontos de reunião do inimigo, a seus habitos e seus preparativos; póde, pois, ser mais denso em tal ponto, mais disseminado em tal outro ou desprezar em absoluto certas partes das organizações inimigas.
Esse fogo não deve constituir objecto de um programma rigido, estabelecido por periodos de tempo fixados préviamente e visando bater as mesmas zonas.
Convem executado ao mesmo tempo em profundidade e largura.
No estabelecimento do plano de contra-preparação, deve-se ainda distinguir o caso de ataque geral do de ataques parciaes contra esta ou aquella parte da frente, de modo que se utilize a concentração do fogo, que assegura o maximo de efficacia.
A contra-preparação comprehende:
a) Para a artilharia de campanha – tiros de efficacia, violentos, percutentes e de tempo, de preferencia de enfiada, de duração limitada (1 a 3 minutos), contra certas organizações inimigas de primeira linha e contra as provaveis zonas de partida dos ataques. O commando fixa o numero e a duração dos periodos de fogo;
b) para a artilharia pesada curta – concentrações violentas e curtas contra as posições provaveis das reservas, os pontos de reunião das tropas de ataque, seguidas de tiros continuos e mais lentos, visando os abrigos, os P. C., os cruzamentos de estradas ou sendas;
c) para o 120 L. e o 155 L. – fogos de contrabateria e fogos de interdicção contra vias de accesso á retaguarda.
22. Fogos de barragem, defensiva – Teem por fim deter o ataque inimigo no momento preciso em que é lançado impedir a chegada dos reforços e das reservas destinadas a alimental-o.
Esses fogos são executados por metralhadoras e petrechos de infantaria, pelas baterias de campanha e em alguns casos pela artilharia pesada, curta.
O fogo de barragem da artilharia não deve ser continuo, mas adaptado ao terreno, utilizando-se as informações que se possuem sobre a actividade inimiga. Apresentará o aspecto de um fogo descontinuo combinado com os fogos da infantaria, pelo qual a artilharia actua contra os pontos de ataque particularmente perigosos.
Tudo deve estar organizado para que a barragem possa, em caso de necessidade, succeder automaticamente ao fogo do contra-preparação, e sobre tudo ser lançada instantaneamente quando pedida pela infantaria.
Cada bateria tem um sector distincto. Sempre que é possivel, ha interesse em estabelecer uma correspondencia entre a frente de acção das unidades de infantaria e a zona de barragem das unidades de artilharia.
O fogo de barragem deve ser estabelecido tão perto das linhas amigas quanto o permita a segurança da infantaria (ver appendice I, § 18).
As barragens executadas de enfiada, podem-se approximar, a todas as distancias, até 70 a 80 metros das linhas amigas.
Estabelecida a barragem, ha por vezes vantagem em deslocal-a progressivamente de maneira a fizal-a nas provaveis zonas de partida de ataque das tropas inimigas.
Densidade do fogo – A principio dar a maior velocidade possivel ao fogo. O regimen do tiro é, depois, modificado de accôrdo com as circumstancias e os pedidos da infantaria. Como regra – primeiro, cadencia rapida; em seguida cadencia lenta, obtida fazendo atirar sómente 2 ou 3 peças por baterias emquanto as outras esfriam ou são limpas. As peças que atiram, augmentam sua velocidade de tiro de modo que possam manter a cadencia prévista para a bateria.
Para que o tiro seja efficaz necessario não descer abaixo de 2 tiros por 15 metros de frente e por minuto. Mas, é necessario não exceder a velocidade de 6 tiros por peça e por minuto (excepto o caso de emprego de cargas reduzidas, com as quaes se póde, sem inconveniente, manter a cadencia de oito tiros por peça em cada minuto), nem a de 100 tiros por peça e por hora.
Na guerra de movimento póde-se admittir para esses fogos uma duração média de tres minutos, repetindo ou continuando o fogo segundo os mesmos principios a pedido da infantaria, feito por meio de signaes convencionaes (foguetes, T. S. F. ou T. P. S., etc.).
XIII
FOGOS DE PROJECTIS FUMIGENOS
23. O projectil fumigeno produz uma fumaça opaca e relativamente persistente. No nevoeiro assim formado a direcção e o commando de uma tropa ou de carros blindados, são difficeis de assegurar. Essa névoa é igualmente efficaz para cegar os observatorios, os centros de resistencia, os orgãos de flanqueamento.
A humidade, os accidentes do solo e a vegetação que o cobre favorecem sua formação.
Com os projectis fumigenos deve-se procurar ter arrebentamentos acima do solo; de conformidade com isso devem ser escolhidas as espoletas.
As regras de emprego desses projectis são as seguintes:
– Si o solo é de consistencia média, para crear uma mascara de 200 metros de frente é necessario empregar cerca de 500 tiros de 75 por hora, si o vento tem velocidade inferior a tres metros; cerca de 800 tiros si de oito metros. O tiro deve ser deslocado para o lado de onde vem o vento (moderadamente, si o vento é forte, pois neste caso a nuvem tende a dissipar-se com rapidez).
– Para cegar os observatorios, os centros de resistencia, os orgãos de flanqueamento, é começar por começar por um tiro rapido de granada explosiva percutente ou de shrapnell, afim de forçar o inimigo a abrir-se e impedil-o de deslocar – se. Em seguida, executa-se um tiro rapido de 40 projectis fumigenos para formar a nuvem; a partir desse momento esta deve ser mantida regularmente. Quando possivel, observação aerea verifica si a nuvem apresenta alguma lacuna.
– Quando se trata de mascarar por um tiro de acompanhamento os movimentos das tropas ou dos carros blindados, si o vento vem da frente, o tiro com o projectil fumigeno deve preceder o tiro de granadas explosivas em uma extensão de cerca de dous garfos. (Afim de evitar-se a dissolução dos vapores que constituem a nuvem, é conveniente que as granadas explosivas não arrebentem no interior della).
O consumo de munição é o que acima foi indicado.
Rio de Janeiro, 23 de março de 1921. – João Pandiá Callogeras.