DECRETO N. 9.337 – DE 17 DE JANEIRO DE 1912
Approva o regulamento de exercicios para infantaria
O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil resolve approvar o regulamento que com este baixa, organizado pela repartição do Grande Estado Maior do Exercito, de exercicios para infantaria, ficando revogadas as disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1912, 91º da Independencia e 24º da Republica.
Hermes R. DA Fonseca.
Antonio Adolpho da F. Menna Barreto.
Regulamento de exercicios para infantaria approvado por decreto n. 9.337, desta data
INTRODUCÇÃO
I
DA INSTRUCÇÃO
1. O regulamento tem por fim estabelecer as prescripções relativas á instrucção tactica da infantaria.
2. A instrucção da tropa deve visar sua preparação para a guerra; mas as necessidades das paradas e outras formaturas no tempo de paz obrigam as tropas a aprender outros exercicios, os quaes devem ser reduzidos ao estrictamente necessario.
3. Na guerra só dá resultado o que é simples. Só se deve pois ensinar e applicar formações simples, praticando-as até que a tropa saiba executal-as com precisão e com a mais completa segurança.
4. O exito do combate depende da cooperação de todas as armas, devendo cada uma esforçar-se por desenvolver e fazer brilhar suas propriedades especiaes.
5. A infantaria é a arma principal de combate e por isso tem a seu cargo os deveres mais importantes no campo de batalha, sendo a que decide a acção; as outras armas devem ter como regra geral o dever de auxilial-a em todos os momentos; para que ella possa cumprir sua missão.
A infantaria póde combater em qualquer terreno, em qualquer estação do anno e com qualquer tempo; e assim, ainda que lhe falte a cooperação das outras armas, ella póde, sósinha, preparar o combate e executal-o.
6. O objectivo principal do combate de infantaria é dominar o inimigo pelo fogo e romper suas linhas, ou dispersal-o pelo ataque.
A acção do fogo occupa uma grande parte da duração do combate, e é o meio necessario e o mais importante de que dispõe a infantaria; mas a decisão final é dada pelo ataque a bayoneta.
7. A guerra exige uma disciplina perfeita e o concurso de todas as energias.
A disciplina é a vida do exercito; é ella que na guerra faz com que se movam e lutem de accôrdo para o mesmo fim; – todos estão sujeitos a ella, desde o general até o soldado –, e de sua solidez depende a victoria.
8. A infantaria, cuja missão em combate é a mais penosa, deve ser temeraria, ao mesmo tempo que soffredora e de sangue frio; e nos momentos em que os horrores do combate chegam ao cumulo, ella deve lembrar-se que o inimigo está nas mesmas, ou peiores condições; assim ella saberá supportar e resistir com serenidade e energia, e verá o inimigo renunciar á luta.
9. Os exercicios de escola não vão além da companhia; no batalhão e unidades superiores a instrucção tem por fim principal o ensino e a pratica dos movimentos de conjuncto que convenham ás diversas situações na guerra, e do combate em combinação com as outras armas.
10. A pratica constante dos mesmos exercicios fatiga o corpo e o espirito. Deve-se por consequencia procurar a variedade, tendo porém o cuidado de não prejudicar o espirito de constancia e tenacidade que é preciso incutir no soldado.
A duração e natureza dos exercicios devem ser medidas segundo uma progressão criteriosa, de harmonia com a força dos homens; do contrario, póde-se comprometter os resultados por causa de um excesso de fadiga.
11. Os exercicios serão tanto mais proveitosos quanto mais variados forem os terrenos em que se os executar; para elles é preciso aproveitar todas as circumstancias e todas as estações.
Os exercicios com effectivo de guerra têm uma importancia especial; mesmo na companhia são muito uteis para auxiliar a instrucção dos commandantes de pelotão, e ainda dos commandantes de esquadra, para o que se constituirá um ou dous pelotões com o effectivo de guerra, ficando o resto da companhia em esqueleto com os officiaes e graduados.
A partir do batalhão, e especialmente nas grandes unidades, deve-se fazer exercicios em que a profundidade das columnas de marcha seja igual á do pé de guerra, augmentando-se para isso as distancias entre as unidades.
E’ tambem necessario fazer exercicios de municiamento ás tropas que estão combatendo.
12. A instrucção deve ser dada com methodo, indo do mais facil para o mais difficil, sem precipitação, e prestando-se a maior attenção até aos mais insignificantes detalhes.
13. E’ dever de todo o chefe economisar as forças de seus subordinados, e para isso deve mandar descançar, sempre que não haja necessidade de conservar a tropa firme.
14. A infantaria deve ser exercitada no combate á noite, ao qual se acostumará pela pratica frequente.
15. A tropa estará bem instruida, quando souber fazer tudo que a guerra exige e não tiver de esquecer no campo de batalha nada do que aprendeu no campo de exercicio.
II
DO COMMANDO
16. O commando se faz:
por meio do vozes;
por toques de corneta;
por signaes;
por meio de ordens.
17. As vozes se dividem geralmente em:
Voz de advertencia, ou preparatoria, que define o movimento a executar;
Voz de execução.
O tom da voz deve ser animado e proporcional á tropa a que se dirige.
A voz de advertencia deve ser prolongada e pronunciada com bastante clareza; a de execução deve ser energica e curta; entre as duas deve-se deixar um espaço de tempo sufficiente para que todos se inteirem do que devem fazer.
As vozes dadas sem energia dão logar a uma execução sem vigor. Ellas podem ser precedidas da indicação: esquadra, companhia, pelotão, etc. Em instrucção, quando se trata de unidades não constituidas, emprega-se a indicação – escola.
18. Tanto no combate como nos exercicios, emprega-se os signaes seguintes, para os quaes o chefe póde préviamente chamar a attenção por meio do apito:
Attenção – Silvo de apito ou braço direito levantado verticalmente;
Avançar – Abaixar o braço (préviamente levantado na posição de attenção), na direcção da marcha, conservando-o horizontalmente nessa direcção alguns momentos;
Alto – Abaixar o braço, préviamente levantado;
Estender – Elevar os braços á frente do corpo até a altura dos hombros e depois abril-os horizontalmente. Quando as circumstancias o exigirem, indicar em seguida com o braço estendido a direcção da marcha da linha de atiradores;
Reunir – Descrever um circulo com o braço levantado acima da cabeça;
Deitar – Levantar ambos os braços verticalmente e immediatamente abaixal-os ao longo do corpo;
Levantar – Elevar verticalmente ambos os braços, tendo-os estendido antes, ao longo do corpo.
Esses signaes podem tambem ser feitos com a arma. Todos os outros exigirão uma convenção prévia em cada caso particular.
Quando fôr feito um signal a uma unidade constituida, seu chefe executa a ordem immediatamente.
19. A grandes distancias póde-se ganhar tempo e poupar fadiga, dando ordens e fazendo communicações por meio de bandeirolas. (Regulamento de signaleiros.)
20. Como durante o fogo real raras vezes se pode empregar os signaes normaes empregar-se-ha em combate os seguintes, que devem ser conhecidos de todos os officiaes e que se póde fazer, mesmo na posição de deitado, com bandeirolas, braços, gorro, etc., empregando-se o alphabeto Morse. (Regulamento de signaleiros)
a a a ·–·–·– Avançar.
t t t – – – Alongar o tiro de nossa artilharia (quando feito da linha avançada de combate para a retaguarda).
m m m – – – – – –- Pede-se munição (quando feito da linha avançada para a retaguarda).
O mesmo Segue-se munição (quando feito da retaguarda).
ppp ·--·--·--·--· Alto.
c c c –·–· -·-·- Vamos dar o assalto (da linha avançada para a retaguarda).
O mesmo O assalto está eminente (da retaguarda para a linha avançada).
A cada signal se responderá a letra e (·) que quer dizer dizer – entendido – ; no caso de duvida se responderá com a lettra r (·–·) que quer dizer – repita.
Para o uso de outros signaes, é preciso combinação prévia em cada caso especial.
20. As vozes de commando em tom alto, os toques de corneta e o apito são expressamente prohibidos, quando possam revelar a presença ao inimigo.
21. Quando os meios acima indicados não são sufficientes, emprega-se as ordens, verbas ou escriptas; ellas devem ser claras, simples e exactas. O encarregado da transmissão de uma ordem verbal deve repetil-a logo que a recebe, e esforçar-se por empregar as mesmas palavras quando a transmittir; na volta se apresentará dizendo simplesmente – dada a ordem –, se não tiver outra communicação a fazer.
22. O portador de uma ordem não diminue a andadura ao passar por um superior, de qualquer graduação, e justifica seu procedimento dizendo, em voz alta, ao passar: – ordem a tal unidade ou a Fulano.
PRIMEIRA PARTE – A ESCOLA
I – A COMPANHIA.
A) Ordem unida
I
Instrucção individual
GENERALIDADES
23. O ensino individual minucioso e severo é a base de toda a educação militar.
24. Sómente por um solido preparo dos individuos é que se poderá obter a convergencia necessaria dos esforços collectivos.
Uma instrucção má ou incompleta dos recrutas faz sentir effeitos durante todo o tempo de serviço; as faltas que se deixa passar no começo da instrucção fazem quasi sempre sentir depois suas funestas consequencias; demais, é impossivel remediar os erros do ensino individual nos exercicios de conjuncto.
25. Nos exercicios relativos á gymnastica deve-se procurar obter flexibilidade, agilidade e uma boa posição de preferencia á exactidão e velocidade na execução dos movimentos.
26. Quando algum movimento não fôr correctamente executado, para o repetir, far-se-ha tomar a posição anterior, mandando-se: – Primeira fórma.
27. Para fazer sahir de fórma, se mandará: – Fóra de forma.
Instrucção sem arma
POSIÇÃO MILITAR
28. Firme! O soldado fica immovel e em silencio.
Os calcanhares tão unidos quanto o permitta a configuração physica, as pontas dos pés voltadas para fóra, de modo que fiquem um pouco menos abertos que o angulo recto.
O peso do corpo distribuido igualmente sobre os calcanhares e as plantas dos pés; os joelhos ligeiramente estendidos.
A parte superior do corpo levantada, tornando o peito saliente, com os hombros na mesma altura e um pouco para trás, mas sem esforço. Os braços naturalmente cahidos, os cotovellos ligeiramente curvos e um pouco para a frente.
As mãos tocando levemente a parte superior da coxa com as palmas e as pontas dos dedos; estes, unidos e curvos naturalmente, correspondendo o maior á costura das calças.
O pescoço desembaraçado das espaduas; a cabeça alta, o queixo ligeiramente approximado do pescoço e o olhar fixo para a frente.
29. A’ voz ou toque de – sentido – que tem por fim chamar a attenção da tropa, o soldado tomará a posição de firme.
30. Si fôr dada uma voz de advertencia, sem que antes se tenha mandado sentido ou firme, o soldado por si mesmo tomará essa posição.
31. Descançar. A essa voz o soldado leva um dos pés um pouco para a frente, conservando o outro na linha. Fica dispensado de conservar a immobilidade e a correcção de attitude; não poderá fumar, nem conversar, sem permissão, a qual lhe será dada com a voz de – A’ vontade.
A’ voz – sentido – ou firme, o soldado retoma a posição do n. 28.
Marchas
32. Fazem-se a passo ordinario ou habitual, e a passo sem cadencia.
33. Ordinario – marche. Leva-se o pé esquerdo para a frente, assentando-o, primeiramente com o calcanhar, sem bater, a 75 centimetros do pé direito, cujo calcanhar se eleva, fazendo o peso do corpo recahir sobre o pé esquerdo.
Leva-se em seguida o pé direito pára a frente, collocando-o na mesma distancia e da mesma maneira que o esquerdo.
Continua-se assim a marchar, avançando em linha recta, perpendicular á linha dos hombros e sem cruzar as pernas; a cabeça deve se conservar levantada e os braços oscillar naturalmente.
A grandeza do passo conta-se de um calcanhar ao outro, e a velocidade é de 114 passos por minuto, podendo ser augmentado até 120, quando for necessario.
34. Marcar passo. Si o soldado está parado, figura a marcha, sem avançar, sem levantar muito os joelhos, e sem bater com os pés; si já está em marcha, firma no terreno o pé que está avançado, une o outro a esse e continúa com ambos, do modo acima.
35. Em frente. A essa voz, o soldado retoma a marcha, avançando o pé que estiver levantado.
36. Trocar passo. O soldado leva o pé que está atrás para o lado do que acaba de tocar o chão, e torna a partir com este ultimo pé; este movimento deve ser feito com vivacidade e o soldado deve executal-o, independente de ordem, para acertar o passo com o dos camaradas.
37. Sem cadencia. Estando a tropa em marcha no passo ordinario, para dar-lhe maior commodidade se mandará: – Sem cadencia; o soldado tomará o passo que mais convier á sua conformação e ao terreno, e marchará mais á vontade, sem as exigencias da cadencia, mas sem atrasar-se na marcha, e conservando attitude correcta.
Para passar desse passo ao ordinario se dará a voz: – Passo ordinario.
38. Alto! O pé em movimento completa o passo iniciado, e o outro vae unir-se-lhe com vivacidade.
MOVIMENTOS ACCELERADOS
39. Accelerado-marche. A’ voz de advertencia, o soldado levanta os ante-braços, encostando-os levemente ao corpo e formando com os braços um angulo proximo do recto; as mãos fechadas sem esforço com o pollegar para cima e um pouco voltadas para dentro.
A' voz de execução, corre-se naturalmente partindo-se com o pé esquerdo e movendo-se os braços um pouco para a frente e para a rectaguarda, junto ao corpo.
A grandeza do passo será, conforme o terreno, de 75 a 80 centimetros e a velocidade de 170 por minuto.
40. Si a tropa estiver marchando sem cadencia, se mandará, antes da voz de accelerado, passar ao passo ordinario.
A voz Alto ou Passo ordinario deve ser precedida da indicação: escola, companhia, etc. A essa indicação o soldado diminue progressivamente a velocidade, e á voz – Alto – ou Passo ordinario, elle leva ao terreno o pé que estava adeantado, tras o outro para o lado deste e pára, ou segue na cadencia do passo ordinario.
41. Marche-marche. Os soldados correm com a maior velocidade que lhes fôr possivel, mas sem debandar: dahi passarão para o passo sem cadencia á voz – Ao passo ou estacionarão á voz – Alto. Quando, porém, se tenha designado o ponto a attingir, os soldados farão alto ou seguirão no passo sem cadencia, independente de vozes, logo que alcancem aquelle ponto.
VOLTAS
a) A pé firme
42. Direita-volver. A’ voz de execução se voltará para o lado indicado, de um quarto de circulo, sobre o calcanhar do pé direito e a planta do pé esquerdo; terminada a volta, une-se rapidamente o pé esquerdo ao direito.
Para volver á esquerda – esquerda-volver – se procederá de modo identico, mas sobre o calcanhar esquerdo e a planta do pé direito.
43. Meia volta-volver. A’ voz de execução, volve-se pela esquerda sobre o calcanhar esquerdo e a planta do pé direito até mudar a frente para a rectaguarda; terminada a volta, une-se rapidamente o pé direito ao esquerdo.
44. Oitavos á direita (esquerda)-volver. Executa-se do mesmo modo que direita (esquerda)-volver, mas a volta é apenas de 45º.
b) Em marcha
45. Direita (esquerda)-volver. A’ voz execução deve ser dada ao assentar em terra o pé direito (esquerdo); a rotação se fará sobre a planta do pé que assentar no terreno, dando o passo seguinte já na direcção determinada, e continúa-se a marcha.
46. Oitavos á direita (esquerda)-volver. Executa-se segundo os mesmos principios, porém a rotação é apenas de 45º.
47. Meia volta-volver. A voz de execução deve ser dada ao assentar o pé esquerdo; dá-se mais um passo com o pé direito e gyra-se vivamente pela esquerda sobre as plantas dos dous pés até mudar a frente para tectaguarda, e continua-se a marcha.
Instrucção com a arma
POSIÇÃO
48. Sentido ou firme com a arma descansada. O fuzil na vertical, com a bandoleira para a frente, a coronha no chão junto do pé direito pelo lado de fóra, com o bico do couce na altura da ponta do pé. O braço direito estendido de modo que os cotovellos fiquem na mesma altura. A mão direita segura a arma, entre o polegar por trás do cano, e os outros dedos ligeiramente curvos e unidos, ficando o index e o médio sob a bandoleira.
Essa é a posição inicial, isto é, a posição em que o soldado colloca a arma quando entra em fórma. A’ voz de descansar, a arma conserva-se na mesma posição, e somente á vóz – A’ vontade – ella póde ser deslocada, devendo, porém ficar sempre apoiada ao terreno.
49. Ajoelhar. Colloca-se o pé esquerdo cerca de um passo adeante do direito, ao mesmo tempo que se faz um oitavo á direita e põe-se o joelho direito em terra. A arma é levada perpendicularmente para a frente á direita do joelho direito, mantida pela mão direita proximo á caixa do mecanismo. A mão esquerda fica apoiada sobre o joelho esquerdo.
Levantar. O soldado levanta-se, auxiliando-se da mão esquerda e perfila-se vivamente unindo o pé direito ao esquerdo, trazendo a arma para a posição do numero 48.
50. Deitar. O soldado, primeiro afasta com a mão esquerda as cartucheiras para os lados e ajoelha (n. 49), passando ao mesmo tempo a arma para a mão esquerda que a segura pelo seu centro de gravidade, com o cano um pouco levantado, inclinando o corpo para deante. Colloca então a mão direita no terreno e deita-se para deante. Os pontos de apoio successivos do corpo são o joelho esquerdo, a mão direita e o cotovello esquerdo. Esses movimentos são executados seguidamente e sem interrupção. A arma fica apoiada sobre o ante-braço esquerdo pela haste da coronha, entre as braçadeiras superior e inferior, com a cano voltado para a esquerda e segura pela mão direita na altura dos fechos.
Levantar. Pega-se o fuzil com a mão esquerda, com a bocca do cano um pouco levantada, dispõe-se o peso do corpo de modo a utilizar a mão direita, que se apoia no terreno, encolhendo a perna esquerda e approximando-a o mais possivel do corpo, sem levantar o busto acima do solo. Auxiliado pela mão direita, o soldado levanta-se vivamente, colloca o pé esquerdo para deante, unindo-lhe o direito. A mão direita toma a arma e descansa-a junto á ponta do pé direito.
51. Os soldados da primeira fileira devem, antes de deitar, e os da segunda depois de levantados, dar um passo largo em frente.
52. Depois de ajoelhados ou deitados, os soldados não poderão mover-se mais, sem voz de commando.
MANEJO DA ARMA
53. No manejo da arma sómente os braços e as mãos entram em acção; a parte superior do corpo fica perfilada e immovel. E’ prohibido bater sobre a arma ou com ella no sólo para fazer ouvir o manejo.
Os diversos tempos de que se compuzer um movimento serão executados com rapidez e precisão, seguindo-se sem interrupção e sem precipitação.
A arma nunca deve estar segura ao mesmo tempo pelas duas mãos; os movimentos das mãos se succederão tão rapidamente quanto possivel.
54. Hombro-arma. O soldado com a mão direita ergue o fuzil e o conduz verticalmente ao lado esquerdo, voltando o cano para frente apoiando a soleira na palma da mão esquerda, com o pollegar por cima do talão, e unindo a arma a articulação do braço esquerdo; este estará naturalmente estendido.
Retira a mão direita, e leva a esquerda para a frente e para cima, escorregando o fuzil sobre o hombro, até que o braço esquerdo forme com o ante-braço um angulo pouco maior que o recto, ficando o cotovello esquerdo unido ao corpo; a arma fica inclinada no hombro, perpendicularmente á linha das espaduas.
55. Apresentar-arma. Estando em hombro-arma, a mão esquerda leva a arma, voltando-a á direita, para a frente do corpo; ao mesmo tempo a mão direita vae empunhal-a pelo delgado, com o pollegar voltado para o corpo. A mão esquerda irá então segurar a arma na altura da alça de mira, de modo que a extremidade do dedo pollegar estendido ao longo da alça toque o alto da lamina e ajudada pela mão direita volta o cano para o corpo, ficando os quatro dedos da direita unidos e estendidos sobre a face direita da coronha e o pollegar pela face esquerda. A arma deve ficar com a braçadeira inferior na altura da golla e em posição vertical, em frente á linha dos botões da tunica. O braço esquerdo ficará quasi em angulo recto.
56. Hombro-arma. O soldado, com as duas mãos, gyra o fuzil, voltando o cano para a frente, e ao mesmo tempo que a mão direita o conduz ao lado esquerdo, unindo-o á articulação do hombro, a mão esquerda deixando a posição em que estava, vae receber a soleira na palma, como está indicado no numero 54, e o movimento se completa como na segunda parte deste numero.
57. Descansar-arma. O soldado, ao mesmo tempo que faz escorregar o fuzil sobre o hombro baixando o braço esquerdo em toda extensão, irá com a mão direita auxiliar esse movimento, pegando a arma na altura da alça de mira sem prender a bandoleira. Em seguida a mão esquerda larga a arma, que a direita traz á posição inicial.
58. Em bandoleira-arma. A’ vóz de advertencia, o soldado levanta a arma e dá com as mãos a extensão necessaria á bandoleira; á vóz de execução, a mão esquerda fica segurando a arma abaixo da braçadeira superior, emquanto o soldado enfia o braço direito entre a arma e a bandoleira, ficando aquella no hombro direito, mantida verticalmente pela mão direita que segura na bandoleira com o braço estendido.
59. Descansar-arma. A mão esquerda vem segurar a arma acima da bandoleira, emquanto o braço direito, retirando-se da posição em que estava, vem segurar a arma e a conduz á posição inicial, retirando-se logo a mão esquerda.
Hombro-armas. Estando em bandoleira a arma, o soldado executa o que foi indicado para descançar, mas em vez de levar a arma ao chão a conduz ao hombro, como está indicado no numero 54.
ARMAR, CRUZAR E DESARMAR BAYONETA
61. Póde-se armar bayoneta estando a arma em qualquer posição e durante todos os movimentos, á voz de commando ou ao toque respectivo, mas sempre á vontade. Logo que a bayoneta estiver armada, a arma voltará á posição primitiva.
Nos exercicios em tempo de paz, não se armará bayoneta, bastando fazer exercicios individuaes desse movimento.
62. Armar-bayoneta. Com a arma descançada ou de joelhos, a mão esquerda segura o punho do sabre com a palma voltada para o corpo tirando-o da bainha e colloca o encaixe da presilha na presilha, inclinando para isso, com a mão direita, o cano um pouco para a frente do corpo. Calca-se fortemente a bayoneta no encaixe, até ouvir funccionar a mola do retém.
Partindo da posição de hombro – arma ou em marcha, traz-se a arma á posição da primeira parte de descançar – armas, e em seguida armar-se bayoneta.
Deitado, o soldado armará bayoneta como lhe fôr mais commodo.
63. Cruzar – bayoneta. O soldado faz um oitavo á direita, leva o pé direito á retaguarda uns 70 centimetros, e traz a arma vivamente para a frente com a mão direita, segurando-a pelo delgado, de modo que este fique de encontro á cartucheira direita, a bocca do cano na altura dos olhos, e na frente do hombro esquerdo. A mão esquerda segura a arma pela haste, na altura da alça de mira, por baixo.
64. Desarmar – bayoneta. O movimento se executa á vontade e em geral partindo da posição de arma descançada no terreno. A mão direita segura a arma na altura da braçadeira superior, inclinando-a um pouco para a frente do corpo, e com o dedo pollegar comprime o botão da mola do retém. A mão esquerda tira o sabre e o mette na bainha; que o soldado olha, por um movimento inverso ao do n. 62.
CARREGAR E ATIRAR
65. O carregamento da arma deve ser exercitado com frequencia e cuidado, para que o soldado o possa fazer com presteza e segurança em todas as posições.
Nesses exercicios convem manejar a arma com toda a cautela. Os movimentos para abrir e fechar o ferrolho e o funccionamento do registro de segurança só serão executados com cartuchos.
Antes de começar a carregar a arma, abre-se, por ordem de quem dirige o exercicio, uma cartucheira, que será fechada sem outra indicação logo que elle terminar.
CARREGAR
6. Quando se tenha de atirar logo depois de carregar, a voz será: Para atirar – carregar!
Estando a arma descarregada, á voz – Carregar! o soldado volve um oitavo á direita, deslocando o pé direito cerca de meio passo para a direita, na nova posição. Toda a parte superior do corpo acompanha o movimentos dos pés; os joelhos ligeiramente estendidos; o peso do corpo igualmente distribuido sobre os calcanhares e as plantas dos pés.
Durante o oitavo á direita, a mão direita levanta a arma, ficando a bocca do cano na altura dos olhos e a coronha um pouco acima da cartucheira da direita. A mão esquerda recebe a arma proximamente pelo seu centro de gravidade, com o pollegar pela esquerda e ao longo do fuste. O soldado olha então para o ferrolho, voltando a cabeça e com o pollegar e o index da mão direita segura o pomo da alavanca, ficando a segunda phalange do index sobre o corpo da alavanca.
A mão direita faz então gyrar a alavanca para a esquerda puxando o ferrolho para trás de uma só vez e em seguida vae, por baixo do fuzil, á cartucheira, tirando um carregador cheio, entre os mesmos pollegar e index. Introduz o carregador na abertura superior da caixa da culatra e com o pollegar, que irá deslisando junto á lamina, fará pressão com um impulso firme, sobre o cartucho superior, até que todos tenham entrado no deposito.
A mão direita segura de novo a alavanca como para abrir, fechando a culatra pelos movimentos inversos e volta a segurar a arma pelo delgado, de modo que o dedo index fique em baixo e no interior do guarda-matto e adeante da tecla do gatilho. A cabeça volta á sua primitiva posição, repousando levemente o braço direito sobre a face externa da coronha.
Quando em duas fileiras, á voz – Para atirar – os homens da retaguarda dão um passo para a direita e em frente, ficando proximos e nos intervallos dos da primeira.
67. Na posição de Hombro – arma, a essa mesma voz de advertencia, executa-se o movimento determinado no n. 63 para a arma, fazendo a segunda fileira, simultaneamente, um passo á direita em frente. A’ voz – Carregar!, como no n. 66.
68. Quando de joelhos, á voz de advertencia, os homens da primeira fileira sentam-se sobre o calcanhar direito e os da segunda avançam direitos em frente approximando-se um meio passo dos chefes de filas. O movimento correspondente á voz de execução é o mesmo do n. 66.
ATIRAR
a) Modo de preparar a alça
69. Suppondo a lamina deitada sobre as bases lateraes do tubo supporte e o cursor preso pelos biseis do espelho ás canneluras do resalto da mola, se procederá da maneira seguinte:
1º Segurando o fuzil na posição de – preparar – de maneira que a mão esquerda o sustente, firmando-o pela haste na altura da alça, comprime-se a presilha do cursor com o dedo index da mão direita, ao passo que se apoia o pollegar contra a face esquerda da lamina; ao mesmo tempo faz-se recuar o cursor para desligar os biseis do espelho das canneluras do resalto da mola.
2º Levanta-se a lamina até que seu pé venha apoiar-se contra o batente, no tubo do supporte da alça.
3º Reproduz-se o prescripto sob o numero 1 até que a aresta superior do espelho coincida com um dos traços indicativos da distancia para a qual se quer preparar a alça, dispondo em altura conveniente o entalhe de mira, o que se obtem quando o numero correspondente fica acima da aresta.
Abandonando nessa posição a presilha, o cursor se firmará por intermedio do dente da presilha alojado em um dos engasadores da lamina.
Deve-se cohibir todo o esforço violento sobre a alça porque o menor deslocamento que por esse ou qualquer outro motivo venha a experimentar o cursor, será causa de desvios de pontaria, prejudiciaes á certeza do tiro.
b) Execução do fogo
70. Sobre (indicar o alvo) a (tantos) metros – apontar. O soldado collocará a alça na graduação correspondente, fará oitavo á direita (se ainda não tiver feito) e levará o pé direito proximamente meio passo á direita, conduzirá o fuzil com ambas as mãos, apoiando a soleira contra o hombro direito, servindo-se principalmente do esforço da mão direita e levantando o mesmo tempo o cotovello direito á altura do hombro, de modo que a soleira repouse no concavo formado entre o pescoço e os musculos do hombro.
Apoiará o index da mão direita sobre a tecla do gatilho, conservando o braço esquerdo em posição natural sem constrangimento, sustentando na palma da mão a arma mais ou menos no centro de gravidade, por baixo da bandoleira, com o dedo pollegar estendido ao longo do fuste e os outros curvo pelo lado opposto, abraçando a arma para regular a direcção e conserval-a firme.
Manterá o peso do corpo igualmente distribuido sobre as plantas dos pés, não dobrando a espinha dorsal, nem torcendo os quadris.
Inclinará a cabeça para a frente até que a face direita toque ligeiramente a coronha da arma, e fará a visada, fechando o olho esquerdo e buscando o alvo com o direito, pela ranhadura da alça e o ponto de mira.
Quando o soldado estiver de joelho, fará a pontaria, apoiando o cotovello esquerdo na côxa ou joelho do mesmo lado. Si estiver deitado, collocar-se-ha de bruços, com os cotovellos apoiados no terreno; a ponta do pé esquerdo apoiará no terreno, ficando o peito do pé direito sobre o esquerdo, fazendo-se então a pontaria, como foi indicado. Nessa posição, deverá haver todo o cuidado em não encostar o couce da arma á clavicula.
71. Fogo. Para fazer fogo, o soldado conservando o corpo immoveI e a respiração suspensa, comprime a tecla do gatilho com o dedo index até encontrar a resistencia do escape; dahi em diante actuará suave e progressivamente sobre ella, até que o tiro parta, sem que elle possa precisar com exactidão o momento do disparo.
Depois de fazer fogo, retira immediatamente o dedo do gatilho levanta a cabeça e abre os olhos, permanecendo na mesma posição até a voz de carregar ou retirar-arma.
O intervallo entre as vozes de apontar e fogo deve ser maior nos tiros feitos de joelhos ou com alças elevadas do que nos feitos de pé ou com pequenas alças. A voz de fogo é levemente alongada.
72. Carregar. Dada essa voz com a arma apontada, ella será conduzida á posição do n. 66.
Si ainda houver cartuchos no deposito, a arma será carregada, abrindo e fechando a culatra; si não houver, proceder-se-ha como no n. 66.
73. Cavalaria, em direcção obliqua á esquerda! Alça 700! Fogo á vontade! Cessar fogo! Carregar!
A’ primeira dessas vozes todos volvem ao lado indicado, tendo os homens da segunda fileira avançado um pouco para o lado opposto.
A’ voz de fogo á vontade atiram e carregam as armas independentemente de outra ordem.
Cessar fogo. O tiro cessa immediatamente; os homens que tiverem acabado de atirar não carregam mas a arma, e os que estiverem carregando terminam o movimento.
Todos descançam as armas.
Carregar. Os movimentos interrompidos pela voz de cessar fogo são terminados, carregando as armas os homens que não as tiverem carregado, ficando todos na posição do n. 66 promptos a atirar.
74. De joelhos, a primeira fileira atira com a arma apoiada e a segunda a braços livres.
75. Retirar-Arma! Travar-Arma! Querendo retirar a arma quando os soldados estiverem apontando, dar-se-ha a voz Retirar-Arma!
A’ voz de advertencia, abre-se o olho esquerdo e estende-se o dedo index, e á de execução, levanta-se a cabeça, olhando para a frente e leva-se a arma á posição do numero 66.
76. Travar – Arma! A’ voz de advertencia o soldado abaixa a cabeça para ver a culatra. Quando a alça fôr superior a 500 metros, colloca-se o cursor na parte mais baixa da lamina que se deitará, utilizando o dedo pollegar e o médio. A mão direita vae ao apparelho de segurança pegando a aza entre a phalange superior do pollegar e a média do index. A’ voz de execução, volta-se a aza do apparelho de segurança para a direita; a cabeça e a arma tornam á posição do numero 66.
77. Descançar – Arma! Os soldados fazem um oitavo sobre o calcanhar esquerdo, voltando-se para a frente, emquanto a mão esquerda levanta a arma approximando-a do hombro direito. A mão direita vae segural-a acima da esquerda, descançando-a no terreno com o bico correspondendo á ponta do pé direito. O braço esquerdo volta á posição de sentido. A segunda fileira, simultaneamente com esses movimentos da arma, colloca-se no seu logar primitivo, cobrindo os chefes de fila.
Quando de joelhos, á voz Descançar – Arma! os atiradores levantam-se, e os da segunda fileira cobrem rapidamente os chefes de fila.
CARREGAR E TRAVAR
78. Quando não se tenha de atirar logo depois de carregar a arma, os movimentos se executarão á vontade, á voz Carregar e Travar, de accôrdo com os ns. 66 e 76. A segunda fileira não se deslocará, continuando a cobrir os chefes de fila.
Quando a arma estiver travada, voltará á posição precedentemente occupada. Em marcha, proceder-se-ha do mesmo modo, quando se tenha de carregar e travar as armas.
79. Quando deitados os atiradores, esses movimentos só se executarão em ordem dispersa.
O atirador deitado volta-se um pouco sobre o lado esquerdo, elevando o corpo sobre o cotovello. A mão direita vae á cartucheira, por entre a arma e o corpo e tira um carregador. Carregada e travada, repousa-se a arma pela aste, sobre o ante-braço esquerdo apoiado no terreno e com a bocca do cano para a esquerda.
DESTRAVAR A ARMA QUANDO CARREGADA
80. Destravar – Arma! A’ voz de advertencia, executa-se o determinado no final do n. 66 e nos ns. 67 e 68. A voz Arma! segura-se com o pollegar e o index da mão direita a aza do registro de segurança, voltando-a para a esquerda, indo essa mão empunha a arma pelo delgado, com o dedo index na posição do mesmo numero.
DESCARREGAR
81. Descarregar – Arma! O soldado, depois de voltar para a esquerda a aza do registro de segurança, abre e fecha successivamente a camara, bastando para isso um movimento de vae-vem do ferrolho, até esvasiar completamente o deposito, tendo o cuidado de que os cartuchos ao sahir não caiam no solo. Retirado o ultimo cartucho, elle se assegura, ilhando, si o deposito está vasio, fecha lentamente a camara, comprime a tecla do gatilho para desarmal-o, e volta á posição inicial.
OUTROS MOVIMENTOS COM A ARMA
82. As sentinellas descobertas, quando por ellas passar algum official desde 2º tenente até capitão, e o soldado isolado, sempre que encontrar um official de qualquer patente, farão:
Braço-arma, para o que collocarão a arma no braço direito alongado, o cano para trás encostado á articulação do hombro, a mão abraçando a arma pelo delgado.
83. As sentinellas cobertas, que se conservam, com arma descançada, levantarão a mão direita até junto á primeira braçadeira para fazer continencia aos officiaes subalternos e capitães; para os outros, depois de levar a mão áquella posição, estenderão o braço para o lado direito, ficando, porém, a arma sempre encostada ao chão; quando com esse movimento possam impedir ou difficultar a passagem do official, volverão préviamente á direita.
84. Nos funeraes, a tropa, depois de fazer as descargas e quando o feretro se approximar, tomará a posição de:
Em funeral-arma. Estando de arma descançada, o soldado levanta-se com a mão direita, vindo a esquerda segural-a entre a alça e a caixa do mecanismo, faz gyrar a arma de modo que o cano fique para cima, a bocca para o terreno, e a coronha para a retaguarda, entre o corpo e o braço; a mão direita vae segural-a por baixo entre a alça e a caixa.
85. Em marcha, a tropa de infantaria não faz continencia com a arma, e apenas olhará á direita ou á esquerda, á voz respectiva.
86. Sempre que a arma estiver descançada, á voz de advertencia para a execução das voltas a pé firme ou para os pequenos deslocamentos por passos para os lados, frente ou retaguarda, o soldado suspenderá a arma sem voz especial para isso, curvando um pouco o braço direito, assim como descançará de novo a arma, uma vez terminada a volta ou o deslocamento.
87. Sempre que se tiver de inciar a marcha, á voz de advertencia o soldado fará hombro-arma e á de alto descançará a arma.
Quando se marcha com a arma no hombro, o cotovelo esquerdo conserva-se levemente apoiado ao corpo, e o braço direito oscilla livremente.
Nas marchas á vontade o soldado póde passar a arma para o hombro direito.
88. A’ voz Accelerado-marche, suspende-se a arma (numero 86); quando se passa para a cadencia ordinaria ou passo sem cadencia, leva-se a arma o hombro; á voz Alto, descança-se a arma.
89. Quando se quizer que a tropa faça alto e ajoelhe ou deite-se, supprime-se a voz de alto, e manda-se simplesmente ajoelhar ou deitar.
Identicamente, estando a tropa ajoelhada ou deitada, e querendo que ella avance, não é necessario mandar préviamente levantar; se mandará apenas Ordinario-marche ou Accelarado-marche; os soldados se levantarão e seguirão a marcha.
Carga ou assalto
90. Para atacar, a tropa arma bayoneta, parte em accelerado, e á voz – Carga, a primeira fileira cruza bayoneta e todos se lançam sobre o inimigo com a maior resolução e violencia, gritando e preparando-se para lutar corpo a corpo.
A’ voz – Alto, as armas ficam na posição de cruzar bayonetas.
Manejo da bandeira
91. Na posição de sentido, com a arma descançada, a bandeira assenta pelo conto no sólo, junto á ponta do pé direito; a mão direita, na altura do hombro, segura a haste conjunctamente com o panno.
Quando a tropa faz hombro-armas, o porta-bandeira faz deslizar a haste pelo hombro direito, onde a inclina, ficando o panno enrolado.
Quando a tropa apresenta armas ou as põe em funeral, a bandeira é coIlocada verticalmente no porte, com o panno desfraldado, e a mão direita segurando a haste na altura do hombro.
Manejo de espada
92. Em regra geral, nos exercicios de uma fracção constituida, igual ou superior á secção, e armada com o fuzil, durante a marcha com passo cadenciado atravessando localidades, os officiaes desembainham as espadas.
No combate, porém, a espada deve ser tirada o mais tarde possivel, quando a tropa marcha ao assalto.
93. Sempre que as praças estiverem desarmadas, ou simplesmente com cinturão e sabre, os officiaes conservarão as espadas nas bainhas.
94. O official, tendo a espada na bainha, e na posição de firme ou sentido, segura a espada, fóra do gancho, pelo punho, com a guarnição um pouco adiante da côxa; em marcha, suspende a espada pelo gancho, ficando a guarnição para a frente.
95. Quando o official tem a espada desembainhada, ella toma, as seguintes posições conforme a das armas da tropa:
Quando em hombro-armas, a espada ficará segura pelos copos, com as costas da mão para a frente, o pollegar pela esquerda e os outros dedos pela direita, a lamina com o dorso sobre a articulação do braço direito, e o gume para a frente.
Durante as marchas o braço direito oscilla naturalmente e a mão esquerda segura a bainha.
A’ voz Sentido! ou quando se tenha de fazer continencia, a mão direita, rapidamente auxiliada pela esquerda, passa a segurar a espada pelo punho, ficando o dedo pollegar pela parte posterior e as seguintes unidos, de modo que o indicador e o maximo fiquem pela anterior.
Quando a tropa tem a arma descançada, o official deixa cahir a ponta da espada para o chão, sem voltal-a, junto a ponta do pé direito e pelo lado exterior; a mão direita segura em cheio o punho.
Para Apresentar-Espada! a mão direita conduz a espada verticalmente á frente do corpo, o dedo pollegar estendido ao longo do punho, o fio da espada para a esquerda e a mão na altura do segundo botão de cima da farda.
Feito isso, deixa-se descair a espada com a ponta para baixo e o fio para a esquerda, estendendo o braço até que o punho fique unido á coxa e a ponta na direcção do pé direito.
O primeiro movimento executa-se á vóz de Apresentar – Arma! para a tropa e o segundo é feito lentamente.
Os officiaes conservam assim as espadas até á vóz Hombro – Arma! voltando-as verticalmente á frente do corpo e depois ao lado direito.
96. Os officiaes montados apoiam a espada na parte superior da coxa, segura pelo punho e com os dedos minimo e anelar juntos e por traz do capacete do pomo. O dorso da lamina fica apoiado na articulação do hombro e o fio voltado a frente.
Para fazer as continencias, os officiaes montados levam a espada á frente correspondendo ao meio do peito, e a abatem abaixando a ponta, de modo que a mão direita fique atraz da côxa, a lamina verticalmente atraz da espora direita e o fio voltado para o cavallo.
97. Os ajudantes, os officiaes não combatentes, os aspirantes sem commando, as sargentos-ajudantes, etc., não desembainham a espada. Nas occasiões das continencia e nas marchas em revista, levam a mão direita á pala do gorro ou kepi.
Esgrima de bayoneta
98. A esgrima de bayoneta tem por fim ensinar o soldado a servir-se de sua arma nos combates corpo a corpo, que se seguem ao assalto, e no combate approximado contra a cavallaria.
99. Os movimentos se fazem partindo da posição de guarda. Elles são simples e compostos; os compostos nunca devem comprehender mais de dous ou tres movimentos simples (marchas, paradas, ataques ou respostas) judiciosamente combinados.
A esgrima de bayoneta será sempre ensinada individualmente; quando os movimentos estiverem bem conhecidos, serão executados contra manequins.
100. Os movimentos de marcha serão executados sem sobresalto, com os pés rasantes ao sólo e com uma rapidez crescente. Nos ataques, a arma deve ser dirigida contra o peito do homem a pé, contra um dos flancos do cavalleiro ou contra o peito do cavallo.
POSIÇÃO DE GUARDA
101. A. guarda é tomada partindo da posição de Cruzar bayoneta.
Em guarda. O soldado retira o pé direito 0,m 20, curva os joelhos e divide igualmente o peso do corpo sobre as duas pernas.
Descançar. A’ esta vóz o soldado desfaz a curvatura dos joelhos e traz a arma para a frente do corpo com os braços estendidos .
Em guarda. O soldado retoma a posição do numero 101.
102. Descançar – Arma! O soldado une os calcanhares e volve á frente primitiva; ao mesmo tempo a mão direita vae segurar o fuzil entre a alça da mira e a braçadeira inferior, proximo a esta, levando-a á posição de – Firme – com a arma descançada.
MOVIMENTOS DE PERNAS
103. Estando o soldado em posição de – Em guarda – o instructor mandará:
Guarda á direita (esquerda). A esta vóz o soldado gira sobre o calcanhar esquerdo, levantando levemente a ponta do pé, volve á direita (esquerda) e leva o pé direito para traz á sua posição.
104. Um passo em frente – marche! A’ vóz de – Marche – o soldado traz o pé esquerdo á altura do direito e leva vivamente este ultimo a 0m,50 para a frente.
Um passo á retaguarda – marche! A’ vóz de – Marche – o soldado traz o pé esquerdo á altura do direito e leva vivamente este ultimo a 0m,50 para a retaguarda.
Passo duplo á retaguarda – marche! A’ vóz de – Marche – o soldado lança o pé direito 0m,50 para a frente do pé esquerdo e leva vivamente este ultimo á sua posição.
Passo duplo á retaguarda – marche. A’ vóz de – Marche – lança o pé esquerdo a 0m,35 para a retaguarda do pé direito e leva este ultimo rapidamente á sua posição.
ATAQUE
106. Apontar – arma! A’ vóz de – Arma – o soldado leva o pé esquerdo 0m,20 mais á frente, estende o joelho direito, inclina o corpo para a frente e lança a arma vivamente com ambas as mãos, para deante, com a bandoleira para baixo.
A’ vóz de – Em guarda – volta á posição numero 101.
DEFESA
107. A’ direita (esquerda) parar! A’ vóz de – Parar – o soldado levanta a bocca da arma sem desmanchar a posição da mão direita; faz opposição com a arma á direita (esquerda) para demonstrar a parada.
A’ cabeça – parar! A’ vóz de – Parar – o soldado eleva a arma com ambas as mãos, os braços estendidos, a arma cobrindo a cabeça, com a alavanca virada para o corpo e na altura da cabeça, as extremidades dos dedos da mão esquerda não passando além dos bordos do fuste, a bayoneta ameaçadora e levemente inclinada para a esquerda.
Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1912. – Antonio Adolpho da F. Menna Barreto.