DECRETO N

DECRETO N. 5.957 – DE 15 DE JULHO DE 1940

Aprova o 1º volume e o 3º da 1ª Parte do Regulamento para os Exercícios e o Combate da Cavalaria e a 3ª Parte do mesmo Regulamento

O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere a Constituição,

decreta:

Artigo único. Ficam aprovados o 1º volume e o 3º da 1ª Parte do Regulamento para os Exercícios e o Combate da Cavalaria, bem como a 3ª Parte do mesmo Regulamento, que com este baixa, assinado pelo General de Divisão Eurico Gaspar Dutra, Ministro de Estado da Guerra.

Rio de Janeiro, 15 de julho de 1940, 119º da Independência e 52º da República.

GETULIO VARGAS.

Eurico G. Dutra.

REGULAMENTO PARA OS EXERCÍCIOS E O COMBATE DA CAVALARIA

Instrução – 1ª parte – 1º volume – Preparação técnica – Métodos e processos gerais de instrução

TÍTULO I

Noções preliminares

CAPÍTULO I

Definições

9. Os termos militares teem sentido preciso que deve ser rigorosamente observado, tanto na linguagem corrente como nas ordens e nos documentos de qualquer natureza.

10. Denominam-se :

Turma – A reunião, sob as ordens de um graduado ou sargento, de certo número de homens, especialistas de transmissões, sepadores, padioleiros, enfermeiros, etc.

Cavalos de mão – As montadas dos elementos que apearem para o combate.

Cavalos de muda – Os cavalos de reserva dos oficiais e da tropa. Os grupos de cavalos de muda, assim como os cavalos indisponíveis marcham e estacionam com o trem de estacionamento da unidade.

11. Denominam-se:

Dispositivo – A repartição dos diferentes elementos de uma tropa no terreno, cada um com papel particular a desempenhar para alcançar determinado fim.

Formação – Disposição regular das diferentes frações de uma unidade em ordem unida ou dispersa.

Linha – Conjunto da tropa com os elementos dispostos uns ao lado dos outros, quaisquer que sejam suas formações e intervalos.

Fileira – A formação em que os homens estão colocados na mesma linha, uns ao lado dos outros, tendo todos a frente voltada para o mesmo ponto afastado.

Coluna – A disposição de uma tropa, cujas frações estão umas atrás das outras.

Coluna por um – É a coluna composta de homens colocados uns atrás dos outros; conforme o número dessas colunas justapostas, tem-se a coluna por dois, tres ou quatro.

Fila – É uma disposição idêntica à coluna por um, mas fazendo parte de uma formação em coluna ou em linha.

A fila diz-se quebrada quando, em relação às outras da mesma tropa, não se acha completa.

Chefe de fila – É o primeiro homem da fila; cerra-fila é o último.

Cerra-filas – O graduado colocado geralmente à retaguarda de uma tropa, tendo a missão de zelar pela correção da marcha e dos movimentos, e pela disciplina em geral.

Homem-base – O sargento, cabo ou soldado pelo qual uma tropa regula a marcha ou o alinhamento.

Em linha ou em coluna, o homem-base é o chefe da fila ou coluna-base.

Em linha de colunas, o homem-base é o da coluna-base.

Unidade-base (ou de direção) – Aquela pela qual as demais unidades regulam a marcha ou o alinhamento.

Direita (esquerda) – A extremidade direita (esquerda) de uma tropa quando se faz face à direção para a qual ela está voltada.

Flanco – Lado direito (ou esquerdo) de uma tropa.

Frente – Espaço compreendido entre a direita e a esquerda de uma tropa.

Profundidade – Espaço compreendido entre a testa do primeiro e a cauda do último elemento de qualquer formação.

Distância – Espaço compreendido, entre dois elementos colocados um atrás do outro.

Intervalo – Espaço que separa, no sentido da frente, os elementos contínuos.

Ala – Designação dada as metades (direita e esquerda) de uma tropa em batalha. Chama-se tambem ala uma sub-divisão do Regimento.

Alinhamento – Disposição de cavaleiros ou elementos de tropa em linha reta e com a mesma frente.

Escalão – Os elementos constitutivos de uma unidade dispostos em profundidade. O primeiro escalão dessa Unidade é o que fica mais avançado. Não ha obrigatoriedade de alinhamento. Os escalões podem ser desbordantes.

Escalonamento – Formação dos elementos de uma unidade em diversos escalões, que se devem manter distintos, sem ficar adstritos a qualquer alinhamento ou continuidade.

Unidades sucessivas – As unidades colocadas umas atrás das outras, separadas por qualquer distância, paradas ou em marcha, segundo o mesmo eixo ou eixos paralelos pouco afastados uns dos outros.

Unidades justapostas – As unidades dispostas ao lado umas das outras, no mesmo escalão, quaisquer que sejam os intervalos que as separem, e podendo não se achar estritamente à mesma altura.

Quincôncio ou xadrez – Formação em que os diferentes elementos se dispõem em profundidade e largura, de maneira que os elementos de uma fileira ou escalão se colocam nos intervalos da fileira ou escalão precedente.

Evoluções – Os movimentos executados pela tropa para passar de uma formação a outra.

Ruptura – A passagem de uma formação em linha para outra em coluna ou de uma coluna para outra coluna de menor frente.

Desenvolvimento – A passagem de uma formação em coluna para uma formação em linha ou para outra coluna de maior frente.

Reunião – O agrupamento atrás do chefe dos elementos dispersos de uma tropa, quaisquer que sejam suas situações e suas formações anteriores.

Se o chefe não tiver indicado a formação, a reunião se fará o mais depressa possivel na ordem de chegada dos elementos.

Reunião articulada – Dispositivo que comporta largos intervalos a distâncias entre as frações de uma unidade, de modo que esta se mantenha pronta para atuar em várias direções.

12. Denominam-se :

Forrageadores – Cavaleiros de uma mesma tropa, dispersos em linha, sem preocupação de alinhamento.

Atiradores – Cavaleiros a pé, dispersos em linha.

Exploradores – Cavaleiros isolados ou em pequenos grupos operando em marcha, com a missão de observar e informar. Chamam-se tambem exploradores os cavaleiros das esquadras não armadas de fuzil-metralhador.

Estafeta – Cavaleiros cuja missão é transmitir uma comunicação verbal ou escrita (ordem, parte, informação. etc.).

Vedeta – Cavaleiro postado em um local determinado, cuja missão é observar e informal. Pode ser simples ou dupla (um ou dois cavaleiros).

Sentinela – Cavaleiro armado e postado com uma missão de polícia.

Agentes de ligação – Oficiais ou excepcionalmente graduados enviados por uma autoridade para junto de outra participando da mesma ação, afim de assegurar a continuidade de suas relações. Esses agentes podem pedir ou fornecer, em nome das autoridades que representarem, todas as informações ou explicações que julgarem úteis; – transmitir e acompanhar a execução de ordens dadas pelo chefe superior que os envia; – transmitir informações ao chefe de que dependem.

Agentes de transmissão – Oficiais, graduados, soldados, animais, portadores de ordens, informações e partes (excepcionalmente verbais).

Exploradores de terreno – Cavaleiros destinados ao reconhecimento do terreno imediatamente à frente de uma tropa, do ponto de vista da sua viabilidade.

Patrulha – Pequeno elemento movel, destacado de uma tropa, com missão de segurança.

Reconhecimento – Pequeno elemento movel de descoberta que pode ser desfacado diretamente pelo comando ou por um destacamento de descoberta, para colher informações, verificar outras ou manter o contacto.

 Posto – Pequeno elemento fixo, destacado de uma tropa, com missão de segurança.

13. Denominam-se:

Objetivo de tiro – O elemento inimigo ou a posição localizada com precisão no terreno, contra os quais são dirigidos os projetis.

Direita (esquerda) de um objetivo – A parte desse objetivo que o observador vê à sua direita (esquerda).

Tiro com pontaria direta ou simplesmente tiro direto – Aquele em que todas as operações de pontaria são feitas visando diretamente o objetivo.

Tiro indireto – Aquele cujo objetivo não é visivel da posição de tiro.

Tiro com pontaria indireta – Aquele cujas operações de pontaria são executadas visando um ponto de pontaria distinto do objetivo.

Tiro amarrado – Aquele em que se assegura a permanência da pontaria, quaisquer que sejam as condições de visibilidade (noite, correção, fumaça, etc.), quer com o auxílio de pontos de referência tomados na vizinhança da arma, quer por meio de um processo técnico que garanta a direção e inclinação da arma.

Diz-se que o tiro é:

– de frente, quando a linha de tiro é sensivelmente perpendicular à direção da frente inimiga, qualquer que seja, aliás, seu dispositivo de ataque ou de defesa;

– de escarpa, quando a linha de tiro é obliqua à frente do objetivo;

– de flanco, quando a linha de tiro se dirige para um dos flancos do objetivo;

– de revés, quando a linha de tiro se dirige para as costas do adversário, perpendicular ou obliquamente;

– de enfiada, quando dirigido no sentido da maior dimensão de um objetivo. Este tiro pode ser ao mesmo tempo de frente, de escarpa, de flanco ou de revés, conforme a posição em que se apresenta o objetivo;

– rasante, quando em toda a sua extensão, as trajetórias não excedem, acima do terreno, à altura de um homem de pé;

– mergulhante, quando a zona perigosa se restringe sensivelmente à zona de pontos de chegada dos projetis.

14. Denominam-se:

Fogos de flanqueamento – Os executados mediante tiros mais ou menos paralelos à linha que deve ser interditada.

Barragem de fogos – A combinação de fogos que tem por fim concentrar projetis, sem solução de continuidade, sobre uma faixa de terreno precisamente determinada.

Tiro de neutralização – O que tem por fim impedir ao adversário o uso eficaz de suas armas.

Tiro de interdição – O executado sobre vias de comunicações e portos de passsagem; obrigatória do inimigo.

Tiro de inquietação – O que tem por objetivo perturbar a observação, os movimentos (reabastecimentos, trabalhos, substituições)e o estacionamento do adversário.

Plano de fogos – O conjunto meticulosamente coordenado dos tiro de todas as armas (de cavalaria, de infantaria, de artilharia e de aviação), empenhadas em uma determinada operação.

O plano de fogo de uma unidade é o conjunto coordenado dos tiros das armas e engenhos de que ela dispõe.

Consideram-se as distancias de tiro para as armas de cavalaria:

a) pequenas – até 400 metros;

b) médias – de 400 a 1.500 metros;

c) grandes – de 1.500 a 2.400 metros;

d) muito grandes – de 2.400 metros até o alcance máximo das armas.

15. Denominam-se :

Manobra – Uma combinação de esforços com um objetivo preciso.

Zonas de ação – Faixas de terreno atribuidas a uma unidade para o cumprimento de uma missão.

Ação ofensiva – Ação de conjunto que tem por fim expelir o adversário do terreno e prosseguir na destruição de suas forças.

Eixo de transmissão – Itinerário que canaliza todas as comunicações (ordens, informações, partes) na zona do ação de uma unidade.

Nele se escalonam os centros de transmissões e se vêm ligar às unidades subordinadas para as suas relações com a unidade superior e eventualmente entre si.

Centros de transmissões – Elementos escalonados no eixo de transmissões, providos de meios de transmissões apropriados às circunstâncias.

Centro avançado de informações – Orgão de grande unidade, geralmente justaposto a um centro de transmissões, incumbido de coordenar as informações provenientes da frente, e de transmiti-las às autoridades interessadas, bem como encaminhar, eventualmente para os escalões avançados ordens e informações oriundas da retaguarda.

Aproximação – O movimento de uma tropa que avança em zona exposta aos fogos de artilharia e dos aviões.

Formação de aproximação – A que toma a tropa, na aproximação a pé ou a cavalo, para diminuir a sua vulnerabilidade.

Tomada de contacto – Ações de uma tropa cujo fim é precisar a frente de marcha do inimigo ou a primeira linha em que ele oferece resistência contínua.

Objetivo – Parte da posição inimiga que deve ser atingida pela tropa atacante. Pode ser precedido de vários objetivos intermediários, previamente determinados e denominados 1º, 2º, 3º, etc., objetivos para distingui-los do objetivo final.

Ataque – Ações ofensivas de uma tropa encarregada de se apossar de um objetivo determinado.

Carga – Acometida do inimigo por uma tropa montada, a arma branca, ou por uma tropa blindada.

Formação de ataque – É a formação que a tropa toma no decorrer de uma ação ofensiva, a partir do momento em que deve atuar pelo fogo; é tambem aquela em que a tropa montada ou blindada carrega. Chama-se igualmente formação de combate.

Tropas empenhadas – As que, na execução de uma missão de combate, se encontram sob o fogo das armas portáteis do inimigo.

Tropas reservadas ou reservas – As tropas que ainda não receberam missão de combate e que ficam à disposição do comandante da unidade considerada ou de unidade superior.

Escalão de combate – O conjunto de todos os elementos empenhados. Chama-se tambem um dos escalões em que se fraciona a vanguarda.

Escalão de fogo – O conjunto de pelotões do primeiro escalão dos esquadrões encarregados de executar o combate.

Base de partida – A faixa de terreno, mais ou menos organizada, cujo limite anterior é definido precisamente e na qual se estabelece o primeiro escalão antes de ser iniciado o ataque.

Bases de fogos – Conjunto dos meios de fogo de infantaria ou cavalaria, destinado a facilitar o desembocar da base de partida ou o reinício do ataque, a apoiar a progressão do escalão de fogo e, eventualmente, a deter o adversário em caso de revés.

Lanço – O deslocamento de uma tropa entre duas paradas sucessivas. A amplitude dos lanços pode variar conforme a proximidade do inimigo, a intensidade do seu fogo e os acidentes do terreno.

Assalto – Em um ataque, o lanço que leva à abordagem da posição inimiga.

Passagem de linha ou de escalão – O ultrapassar numa linha de terreno previamente determinada, dos elementos do primeiro escalão de uma unidade empenhada, por elementos dos escalões seguintes.

16. Designa-se, por:

Ação defensiva – A ação de conjunto que tem por fim repelir os ataques inimigos e manter a posse do terreno.

Posição – Todo o terreno organizado ou não, ocupado por uma tropa encarregada de o defender. Um terreno não ocupado, mas de ocupação e defesa prevista, é igualmente denominado posição. A posição diz-se organizada quando os trabalhos puderam ser completamente executados.

A posição diz-se sumariamente organizada, quando os trabalhos são de organização ligeira.

Contra-ataque – Ação de fogo e de movimento contra um inimigo que ataca ou que acaba de se apossar de parte duma posição.

– Do ponto de vista da organização do comando, adota-se a seguinte correspondência entre as divisões da frente e as unidades habitualmente encarregadas de sua defesa:

Setor..............................................................................................................................................Divisão

Sub-Setor......................................................................................................................................Brigada

Quarteirão................................................................................................................................Regimento

Sub-Quarteirão .....................................................................................................Esquadrão ou pelotão.

CAPÍTULO II

Meios de comando

17. O chefe transmite sua vontade à tropa por meio de :

– vozes ou gestos, separados ou simultaneamente empregados;

– sinais óticas ou acústicos;

– ordens escritas ou verbais;

Empregam-se vozes de comando, sempre que isso é possivel, quando a execução deve ser simultânea e imediata.

Os gestos substituem as vozes de, comando, quando a distância ou o ruído não permitem que o chefe se faça ouvir ou quando ha interesse de manobrar em silêncio.

Muitas vezes é necessário empregar simultaneamente voz e gesto.

VOZES

18. A voz de comando consta, geralmente, de:

– voz de advertência, que define o movimento;

– voz de execução, que lhe determina a realização.

Os comandos devem sempre ser pronunciados de forma nitida e em tonalidade proporcional à tropa comandada.

As vozes de advertência pronunciam-se pausadamente; as de execução, em tom firme e breve, mais breve a pé do que a cavalo.

Neste último caso, prolonga-se a voz para que o cavaleiro não atue bruscamente sobre meu cavalo.

Os comandos empregados para determinar a execução dos flexionamentos e de certos movimentos da escola do cavaleiro a cavalo pronunciam-se sem inflexão especial.

Nos exercicios preparatórios para o combate e nos exercícios de combate, todas as vozes são de execução.

GESTOS

19. Os comandos por meio de gestos fazem-se a braço livre ou empunhando arma.

Atenção – Braço direito estendido verticalmente acima da cabeça, mão aberta, palma voltada para a esquerda. Todos os outros gestos são precedidos deste.

Em frente – Da posição atenção, baixar vivamente o braço estendido até a posição horizontal e na direção da marcha.

Este gesto segue sempre os de ao trote ou ao galope e serve de sinal de execução.

Ao trote – De posição de atenção, baixar e levantar verticalmente várias vezes o braço com a mão fechada, sem que desça abaixo do ombro.

Ao galope – Da posição de atenção, braço esticado, descrever vários circulos verticais.

Diminuir a andadura – Da posição de atenção, baixar lenta e completamente o braço, estendido para a direita, com a palma da mão voltada para baixo. O mesmo gesto, empregado na marcha ao passo, significa Alto!

Mudar de direção – Da posição de atenção, o braço estendido, executar o gesto – Em frente! e descrever um arco correspondente à conversão desejada. Termina-se indicando nitidamente a nova direção com uma enérgica flexão do antebraço.

Preparar para apear – A tropa parada, executar o sinal de diminuir a andadura.

A pé – Repetir o gesto anterior.

Os dois gestos podem ser feitos sem intervalo.

Meia-volta – Com o braço na posição de atenção fazer o molinete horizontal.

Em batalha – Da posição de atenção, balançar o braço estendido à direita e à esquerda.

Forrageadores – Estender o braço para a frente e agitá-lo horizontalmente, várias vezes.

Reunir – Descrever com o braço um circulo acima da cabeça.

Avançar os cavalos de Mão – Elevar os braços lateralmente, repetidas vezes, acima dos ombros.

Empunhando arma, os gestos devem ser feitos do mesmo modo, só se alterando, na medida do necessário, o que diz respeito à posição da mão.

20. Sinais acústicos:

a) Toques de corneta

Os toques de corneta são empregados de acordo com a respectiva "Ordenança”.

Nos exercícios de conjunto e em manobras, somente o diretor pode ordená-los.

b) Apitos

Em marchas, manobras e em combate, utiliza-se o apito para determinar:

Atenção – Um silvo longo. (Todos se voltam para o chefe, para poderem ver seus gestos e ouvir seus comandos ou ordens.)

Em frente – Dois silvos longos.

Ao trote ou acelerado – Sucessão de silvos curtos, em grupos de dois.

Ao galope – Sucessão de três silvos curtos.

Á direta – Um silvo longo seguido de um silvo curto.

Á esquerda – Um silvo longo seguido de dois curtos.

Meia-volta – Três silvos longos sucessivos.

Reunir – Trinado prolongado.

Começar o fogo – Silvos longos alternados com silvos curtos.

Cessar o fogo – Silvos longos separados por dois silvos curtos.

No caso de aparecimento de avião inimigo ou suspeito, uma série  de silvos longos significa tomar posições de alerta; uma série de três silvos curtos significa fim de alerta.

Contra gases – Várias séries de três silvos curtos significam tomar as disposições de alerta; uma série de três silvos longos significa fim de alerta.

21. Sinais óticos – Fazem-se:

– com os diferentes paineis;

– com bandeirolas;

– com projetores;

– com artifícios lançados por pistolas sinalizadoras, B. F. e foguetes.

Os aviões fazem tambem sinais óticos.

22. Ordens verbais ou escritas.

As ordens escritas são empregadas, em princípio, no regimento e unidades superiores. Fio esquadrão e em unidades menores, empregam-se, o mais das vezes, as ordens verbais. Quando é possivel, devem confirmar-se por escrito as ordens verbais.

O modo pelo qual as ordens devem ser dadas e transmitidas está indicado na 3ª Parte deste Regulamento.

TÍTULO II

Organização da instrução

CAPÍTULO I

Fim e divisão da instrução

ARTIGO I

GENERALIDADES

23. Fim da Instrução – O objetivo da Instrução é a preparação para a guerra.

A vontade de vencer é o fator principal do bom êxito.

Inspirar essa vontade e ensinar os meios de vencer, tal é o objetivo essencial da instrução.

24. Divisão da Instrução – A instrução só comporta exercicios indispensáveis à guerra, e não pode excluir nenhum deles.

Compreende :

– Educação MoraI e Instrução Geral;

– Educação Física;

– Instrução Técnica;

– Instrução Tática.

25. A Educação Moral visa a preparação espiritual do homem para vencer as mais rudes provas da guerra.

A Instrução Geral visa dar-lhe os conhecimentos necessários para garantir, em todas as circunstâncias da vida militar, a ordem, a disciplina e a boa execução do serviço (serviço interno, externo e de guarnição; noções sobre direitos e deveres do soldado, deveres dos reservistas, etc.).

26. A Educação Física abrange os exercícios físicos propriamente ditos e, principalmente, a adaptação do soldado às diferentes especialidades necessárias à sua atuação no combate.

27. A Instrução Técnica compreende:

– a instrução equestre, que visa a formação do cavaleiro militar;

– a instrução automovel, que prepara os homens para utilizarem os meios moto-mecanizados;

– a instrução de ordem unida – escola de disciplina e coesão

– que proporciona aos homens e às unidades os meios de se apresentarem e moverem com perfeita ordem, em todas as circunstâncias estranhas ao combate, e de combaterem a cavalo, a arma branca;

 – a instrução do armamento e do material de toda espécie, que a cavalaria tem de manejar e empregar, compreendendo, principalmente, o tiro, a organização do terreno, as transmissões, a observação, o emprego da máscara, etc.;

– a instrução de maneabilidade e ordem dispersa, que tem por fim ensinar as formações e o mecanismo dos movimento mais comuns no combate a pé e na aproximação e combate a cavalo, a passagem do movimento a cavalo ao combate a Pé e vice-versa, independentemente de qualquer hipótese tática.

28. A Instrução tática tem por objetivo ensinar a tropa a combater e a conduzir-se nas diversas circunstâncias da vida em campanha.

Compreende:

– instrução de combate, que prepara os homens e as mulheres para combater com eficiência;

– instrução de serviço em campanha, que tem por fim o ensino das regras aplicáveis nas diferentes eventualidades da vida em campanha, fora do campo de batalha: marcha, estacionamento, serviços de segurança e procura de informações, transportes em estradas de ferro e automóveis, etc.

A instrução tático – escola de ação – constitue o mais importante ramo da instrução e é ministrada por meio de exercicios de preferência no terreno.

29. Dentre as matérias de ensino, algumas, como a equitação, a conduta dos engenhos mecânicos, o serviço em campanha, o e, uso das armas, sobretudo a prática do tiro, os exercícios de marcha e evolução e os de combate, as transmissões, os trabalhos de organização  do terreno, a defesa contra os gases, os cuidados com os cavalos e a conservação do material, têm aplicação diária e imediata em campanha e constituem as partes principais da instrução.

Outras, como a instrução física, os exercícios de ordem unida etc., embora de menor importância, constituem não obstante meios indispensáveis à boa formação do cavaleiro militar.

Antes de tudo, cumpre não esquecer, disciplina perfeita e sólida educação moral são os alicerces de toda a instrução.

Aumentar a disciplina e aperfeiçoar a instrução é assegurar economia de saque na guerra.

ARTIGO II

CONHECIMENTOS QUE DEVEM SER MINISTRADOS AOS CAVALEIROS

Classificação dos cavaleiros

30. Distinguem-se:

A) Cavaleiros de fileira – Os que não possuem especialidades e nem exercem empregos permanentes ou funções relativas às profissões manuais.

Distribuidos pelas sub-unidades no ato da incorporação, nelas adquirem toda a instrução e passam a totalidade de tempo de serviço. Alguns são especialmente treinados em certas funções relativas ao serviço de uma arma coletiva (atirador, municiador, etc.,), no emprego de um instrumento ou engenho especial (telêmetro, R. F., etc.); outros, no desempenho de funções que pedem diligência e perspicácia particulares (exploradores, estafetas, socorredores, etc. (1).

B) Cavaleiros especialistas – Os que exercem funções para as quais se exigem conhecimentos especiais adquiridos, totalmente ou não, no serviço militar e nele obrigatoriamente completados.

São especialistas: clarins, músicos, sapadores, sinaleiros, observadores, condutores de boléia, armeiros, desenhistas, telefonistas, radiotelegrafistas, colombófilos, enfermeiros, padioleiros, enfermeiros-veterinários e mecânicos de automóveis. Os graduados que chefiam turmas de especialistas são tambem considerados como tal.

A necessidade de tornar os especiaIistas mobilizáveis, em suas especialidades, no fim do período de recruta exige que se combine no decorrer dele a instrução militar comum com a instrução das ditas especialidades.

C) Cavaleiros artífices – Aqueles que exercem profissões manuais, adquiridas na vida civil ou na militar.

São artífices: os ferradores, cozinheiros, magarefes, sapateiros, seleiros-correeiros, carpinteiros, alfaiates e os componentes dos orgãos de reparação de automovel.

D) Cavaleiros empregados – Os que, fora da fileira, exercem funções, em princípio, de carater administrativo e não são nem especialistas, nem artifices. São empregados: os soldados quarteleiros, furriéis, arquivistas, contadores, motoristas das unidades hipomóveis, etc.

Instrução dos cavaleiros

31. Compreende :

a) instrução de formação comum a todos os cavaleiros;

b) instrução de aperfeiçoamento dos cavaleiros de fileira;

c) instrução dos especialistas;

d) instrução dos artifices e empregados;

e) instrução dos reservistas.

Instrução comum a todos os cavaleiros

32. Alem da instrução moral e da instrução física, o programa de instrução comum a todos os cavaleiros compreende:

– utilização do cavalo ou dos engenhos mecânicos (inclusive conservação destes e cuidados com aqueles);

– manejo e uso do mosquetão, da baioneta, das granadas, da espada e da lança;

– o uso sumário do F.M., e, tanto quanto possível, da metralhadora e do revolve;

– os exercícios de ordem unida, de ordem dispersa e preparatórios para o combate a pé, do grupo e do pelotão;

– instrução individual para o serviço em campanha;

– instrução individual para o combate a pé;

– uso da ferramenta de sapa e da máscara.

33. Instrução geral:

– noções de hipologia;

– noções de higiene individual e coIetiva;

– noções de primeiros socorros (hemorragias, fraturas, asfixia e envenenamento por picada de insetos e reptis);

– emprego do pacote de curativo individual;

– nomenclatura e conservação ao fardamento, equipamento e arreiamento;

– modo de equipar o cavaleiro e o cavalo para a campanha;

– serviço interno e de guarnição;

– transgressões disciplinares e crimes militares;

– hierarquia militar, continência e sinais de respeito, regras individuais concernentes à conduta nos diferentes casos;

– deveres do reservista;

– rudimentos de organização do Exército e da Arma;

– rudimentos de História e Geografia do Brasil; divisão política e administrativa do País

Instrução de aperfeiçoamento dos cavaleiros de fileira

34. A instrução dos cavaleiros de fileira das diferentes unidades é aperfeiçoada e completada, de modo que permita o melhor desempenho das missões que lhes poderão ser atribuidas no quadro de sua unidade.

35. O resultado conveniente é atingido:

– logo que os cavaleiros fiquem em condições de desempenhar as diferentes funções que lhes caibam em campanha, no G. G. ou no pelotão (combate a cavalo e serviço em campanha);

– logo que os exploradores, fuzileiros, metralhadores e serventes de engenhos conheçam a fundo o manejo e o tiro da arma coletiva (automatica ou engenho) e sejam capazes de obter dela o rendimento máximo, qualquer que seja a função que exerçam em seu proveito;

– quando os cavaleiros designados para granadeiros-atiradores estejam aptos à execução de todas as missões de tiro, quer individuais, dentro do G. C., quer coletivas, no agrupamento respectivo, que pode ser constituido no pelotão ou esquadrão;

– logo que um certo número de cavaleiros esteja em condições de participar do adestramento de remonta nova.

36. Os melhores cavaleiros de fileira, que não foram designados candidatas a cabo ou indicados para especialistas, serão adextrados para substituição eventual dos casos no comando de esquadra ou peça, no serviço em campanha e no combate, ou, então, preparados como cavaleiros de escol.

Os cavaleiros de escol serão classificados no fim do 1º período de instrução. As praças prontas que, na ocasião da desincorporação, forem julgadas merecedoras, receberão tambem tal designação.

A qualidade de cavaleiro de escol é declarada em menção especial na caderneta de reservista e da direito à percepção de um diploma, assinado pelo comandante do corpo, de acordo com o modelo anexo a este Regulamento.

37. São considerados cavaleiros de escol os melhores:

– ginetes, motoristas e motociclistas;

– exploradores;

– estafetas;

– atiradores de mosquetão;

– fuzileiros;

– metralhadores;

– granadeiros de mão ou granadeiros-atiradores;

– serventes de engenhos;

– telemetristas.

38. Instrução dos especialistas – Os especialistas recebem uo regimento a instrução necessária ao exercicio de suas especialidades. Alguns, dentre eles, efetuam estágio fora do corpo, nas escolas ou centros regionais.

39. Instrução de artífices e empregados – A instrução profissional complementar dos artífices e empregados é ministrada ou completada no regimento ou em estabelecimentos regionais.

A aptidão profissional deles, tendo sido em geral adquirida fora da caserna, bastam apenas, em princípio, algumas sessões de reajustamento para que possam ser designados para as diferentes funções. Estas sessões se realizam no fim do 1º período de instrução.

A instrução militar destes cavaleiros, daí por diante, limita-se ao necessário para conservá-los em dia com os conhecimentos adquiridos, e é dada nas condições indicadas no nº 86.

40. Coordenação e complemento da instrução – A instrução da tropa só pode ser considerada completa depois que ela tomou parte em exercícios de serviço em campanha a de combate, ou em manobras de todas as armas em que o regimento operou, principalmente, em ligação com unidades moto-mecanizadas. Tais exercicios permitem coordenar a ação das unidades de combate (esquadrão de fuzileiros, de metralhadoras e engenhos, a cavalo e transportados, e de auto-metralhadoras) e o funcionamento objetivo dos diferentes orgãos de comando (transmissão, observação, etc.). Devem ser iniciados logo que o desenvolvimento da instrução o permita.

Analfabetos

41. O soldado só excepcionalmente pode terminar analfabeto o tempo de serviço. Esta instrução é diária e dada fora das horas normais de instrução, de acordo com as prescrições do R. l. S. G. e obrigatória para todos os homens julgados insuficientes nas provas exigidas por ocasião da incorporação.

ARTIGO III

CONHECIMENTOS QUE DEVEM SER MINISTRADOS AOS QUADROS

42. A instrução ministrada aos quadros tem por fim desenvolver-lhes a aptidão para comandar e instruir.

GRADUADOS

Segundos cabos

43. O 2º cabo de fileira deve ser, antes de tudo, executante modelar em todos os ramos da instrução.

Deve:

– poder servir de monitor na instrução dos recrutas em tudo que corresponde às escolas do cavaleiro, do grupo e do peça (metralhadoras e engenhos);

– conhecer perfeitamente a nomenclatura, o funcionamento, o tiro e a conduta do fogo do F. M., da metralhadora ou dos engenhos;

– saber comandar a esquadra ou a peça, em todas as circunstâncias da vida em campanha; poder comandar eventualmente o grupo de combate, a secção de metralhadora ou de engenhos;

– saber comandar uma patrulha ou um posto (redação de informações, parte e confecção de esboço);

– saber desempenhar todas as funções inerentes ao posto, nos serviços interno e de guarnição;

– saber utilizar o binóculo, a bússola, telêmetro, um esboço e a planimetria da carta;

– possuir noções de hipologia necessárias ao trato dos cavalos (penso e conservação) nas unidades moto-mecanizadas, conhecer a nomenclatura e o funcionamento do material, podendo efetuar as operações elementares de socorro.

44. Os segundos cabos especialistas devem:

– poder substituir eventualmente os primeiros cabos ou sargentos especialistas e concorrer como monitores na instrução dos cavaleiros especialistas;

– possuir os conhecimentos próprios aos cabos da fileira, no que concerne à ordem unida e dispersa e aos serviços em campanha, interno e de guarnição.

Primeiros cabos

45. Alem dos conhecimentos necessários aos segundos cabos, os primeiros cabos devem:

– estar sempre em condições de poder auxiliar os sargentos em  seu papel de instrutores;

– poder substituir os sargentos nos comandos que lhes correspondem

– conhecer o armamento, a munição e o material do pelotão de cavalaria, ou da unidade correspondente;

– poder comandar um G. C., peça de metralhadora ou engenho, em guarnição ou em campanha.

Suas aptidões devem ser desenvolvidas principalmente, como monitores; em particular, devem colaborar na instrução do contigente: instrução comum a todos os cavaleiros, e diversas instruções de aperfeiçoamento.

Os primeiros cabos destinados a ser auxiliares dos sargentos especialistas recebem uma instrução particular, nas condições previstas pelo comandante do corpo.

Sargentos

46. Tendo em vista o papel que os sargentos desempenham na tropa, sua instrução militar deve ser cada vez mais ampliada e aperfeiçoada.

Devem ser executantes perfeitos, cabendo-lhes conquistar a confiança dos subordinados e impor-Ihes sua autoridade, pelo vigor e ousadia na prática da equitação e pela habilidade no manejo e uso das diferentes armas e materiais.

Devem, ainda :

– conhecer a fundo o armamento, as munições e o material do esquadrão;

– poder ministrar a instrução das escolas do cavaleiro, do grupo, da secção de metralhadoras e engenhos e do pelotão;

– comandar o grupo e o pelotão em campanha;

– saber empregar o grupo de comando do esquadrão (transmissão e observação);

– ser exercidos na leitura de cartas, no emprego da bússola, na redação de ordens e partes, na confecção de esboços, na amarração de objetivos por coordenadas, na avaliação de distâncias, no uso do binóculo e na aplicação das medidas angulares (grau, grado e milésimo), na designação de objetivos e no tiro;

– saber executar as destruições comuns da cavalaria;

– conhecer os processos e saber utilizar os meios de travessia de cursos dágua;

– conhecer, de modo geral, a organização, possibilidades e missões das diferentes unidades do regimento, a cavalo ou transportado, assim como das outras formações, particulamente dos auto-metralhadoras;

– possuir noções sucintas sobre o concurso que as outras armas podem prestar à cavalaria;

– saber desempenhar todas as funções inerentes ao posto no serviço interno e de guarnição;

– ter noções práticas de higiene e hipologia; nas unidades dotadas de meios de transporte mecânicos, conhecer o material e sua conservação em todas as circunstâncias;

– ter, finalmente, prática da escrituração e administração da unidade administrativa.

47. Os sargentos especialistas devem poder, em suas especialidades, exercer as funções de seu posto e eventualmente a do posto imediatamente superior e tomar parte na instrução dos especialistas. Devem, tambem, possuir o sconhecimentos teóricos exigidos de todos os sargentos.

(1)    Socorredor – homem selecionado para remediar os defeitos nas viaturas.

48. Os sargentos dos orgãos de comando do esquadrão ou regimento deverão saber dirigir os elementos desses orgãos, registar as ordens e informações expedidas e recebidas pelos respectivos comandantes, cifrar e decifrar mensagens.

49. Os subtenentes, os sargentos-ajudantes e os sargentos que possuem "certificado de aptidão para o comando de pelotão” recebem, na medida do possível, a mesma instrução profissional ministrada aos tenentes, a critério do comandante do regimento.

Oficiais

50. A instrução do oficial compreende uma instrução geral e uma instrução profissional.

A) A instrução geral, necessária à formação do senso e do espírito, contribue poderosamente para assegurar o prestígio do oficial diante dos graduados e da tropa.

O oficial, qualquer que seja o posto, deve por si mesmo procurar todas as ocasiões para ampliar seus conhecimentos gerais.

O desenvolvimento da cultura geral dos oficiais deve ser constantemente estimulado pelo comandante do corpo, tendo em vista a necessidade de se manterem em dia com os problemas da atualidade de se prepararem progressivamente para os cargos superiores da hierarquia militar.

B) A instrução profissional comporta:

– o conhecimento completo de todos os regulamentos que interessam à arma;

– os conhecimentos equestres e o treinamento físico suficientes para adextrar e utilizar um cavalo darmas;

– o manejo e emprego de todas as armas e engenhos em serviço na cavalaria, inclusive os meios moto-mecanizados;

– a prática completa da instrução, do comando tático e do comando administrativo de sua unidade, a aptidão para comandar a unidade superior;

– o conhecimento aprofundado das propriedades do terreno;

– a leitura das cartas nacionais e estrangeiras, a interpretação de fotografias, a execução de esboços, inclusive panorâmicos;

– a resolução de todos os problemas que exijam o emprego da bússola, do transferidor e das medidas angulares;

– as indispensáveis noções sobre a mobilização do corpo e conhecimento pormenorizado da mobilização de sua unidade.

O valor profissional dos oficiais subalternos afirma-se aos olhos da tropa pela sua competência em todos os ramos da instrução, pela sua habilidade equestre, pelo seu valor desportivo, pela destreza com que utilizam as armas e o material de combate.

Quando, alem da aptidão geral indispensavel, conseguem habilidade notavel na utilização do cavalo, de uma arma, de um engenho ou de um determinado material, o renome por eles adquirido enaltece-lhes o prestígio.

Os oficiais de cavalaria devem possuir, sobre o emprego das outras armas, os conhecimentos necessários à execução das missões que, conforme seu posto, tenham de desempenhar ligação com elas.

Cumpre-lhes manter-se ao par de todos os progressos que influam sobre as condições da guerra moderna, acompanhando a instrução que lhes cabe e lendo os trabalhos de fontes autorizadas.

Oficiais da reserva

51. Os oficiais da reserva, diplomados pelos C. P. Q. R., quando em estágio nos corpos de tropa, devem ser treinados, conforme as aptidões reveladas naqueles centros, no comando do pelotão (de cavalaria, de metralhadoras e engenhos), em todas as situações de combate e do serviço em campanha. Tomam parte na instrução dos oficiais subalternos e recebem, além disso, uma instrução minuciosa sobre:

– processos e meios de ligação, observação e transmissão;

– conhecimentos administrativos indispensáveis ao comando do esquadrão em tempo de guerra;

– noções sobre a função do oficial de informações, exclusivamente para os que falem línguas estrangeiras.

52. Os oficias da reserva, em estágio, no corpo, recebem uma instrução de revisão dos conhecimentos militares anteriormente adquiridos e são postos ao corrente:

– dos aperfeiçoamentos introduzidos no armamento;

– dos novos regulamentos que interessam à arma e, particularmente, das prescrições desses regulamentos referentes ao combate.

Os oficiais da reserva, quando em estágio, são obrigatoriamente exercitados no comando efetivo das unidades correspondentes aos seus postos.

CAPíTULO II

Ação do comando

                                                                     ARTIGO I

MÉTODO GERAL DE INSTRUÇÃO

INSTRUÇÃO DA TROPA

Método de instrução

53. O método de instrução que deverá ser seguido, inspira-se nas seguintes idéias diretrizes:

– a cavalaria põe em ação armas coletivas poderosas (F. M. Mtrs. e engenhos), cujo rendimento depende não somente da execução carreta, por parte dos serventes, das respectivas funções, como tambem da coesão perfeita entre eles.

A formação do combatente e a da unidade, na qual e para a qual trabalha, são intimamente ligadas:

– como a infantaria, pela complexidade do seu armamento e, mais ainda, pela diversidade do material de que dispõe, a cavalaria tornou-se uma arma técnica;

– mas a potência do material, longe de reduzir sua aptidão para o  movimento, veiu, ao contrário, alargar suas possibilidades de manobra.

A instrução a cavalo e a instrução automovel seguem paralelamente com a de combate; as duas se associam desde o início e é preciso que se interpenetrem e se completem;

– a execução automática dos atos, necessários no campo de batalha, só pode ser obtida pela criação no cavaleiro, na curta duração do serviço ativo, de reflexos profundos que persistem após a desincorporação.

Garante-se, em melhores condições, a criação dos reflexos pela limitação dos movimentos necessários repetidos com frequência e igual precisão.

Convem, consequentemente, reduzir os programas de instrução do cavaleiro aos conhecimentos estritamente indispensáveis, insistindo, durante todo o serviço, nos pontos essenciais.

– Contrariamente ao que se dá com a infantaria, a anão individual conservou na cavalaria importância consideravel; releva, pois, desenvolver com afinco no cavaleiro a personalidade e o senso de julgamento, que lhe permitirão enfrentar as situações difíceis.

Organização da instrução

54. A organização da instrução baseia-se essencialmente:

– No estabelecimento de programas de instrução, que contêm as matérias do ensino e as datas em que os resultados devem ser obtidos. Organizam-se nos diferentes escalões do comando, nas condições previstas no artigo IV do presente Capítulo.

O Comando que organiza um programa não fica adstrito a seguir a ordem em que as matérias figuram nos regulamentos; coloca, ao contrário, em primeira urgência as noções que quer incutir firmemente no espírito dos cavaleiros, ou aquelas que as necessidades particulares do momento indicam como imediatamente indispensáveis.

– Na unidade de direção, que é assegurada, em princípio, pela conservação dos mesmos homens, nas mesmas unidades, com os mesmos quadros, não somente durante o primeiro período de instrução, mas ainda, se possível, até o licenciamento.

– Na preparação dos instrutores para o desempenho de suas funções.

Os oficiais e sargentos devem poder ministrar qualquer instrução às suas unidades:

– na prévia preparação das medidas materiais que possam aumentar o rendimento do trabalho;

– na fiscalização permanente rigorosa da frequência e dos resultados.

Processos gerais de instrução

55. Os oficiais que dirigem a instrução utilizam os processos abaixo indicados e verificam se os instrutores sob suas ordens, na âmbito de suas funções, os observam da mesma forma:

– dar à instrução marcha progressiva, mas sem esperar a terminação de um assunto para começar outro;

– preparar cuidadosamente os exercícios: toda sessão deve ter um objetivo bem determinado e ser precedida pelo reconhecimento minucioso do terreno;

– organizar as sessões de maneira que o trabalho seja variado e não se torne monótono ou fastidioso; evitar as perdas de tempo, sobretudo nas idas e vindas entre o quartel e o terreno ou a linha de tiro;

– fazer aparecer, desde o início, a idéia de emprego tático ou de combate, que deve dominar a instrução;

– não perder oportunidade para despertar o interesse do cavaleiro, executando, sempre que possível, após um ensinamento novo, um exercício de aplicação, que justifique a utilidade prática do movimento ensinado, ou fazer ressaltar de um exercício de aplicação novos ensinamentos. O cavaleiro deve adquirir a convicção de que qualquer exercício, direta ou indiretamente, se torna necessário á sua ação no combate;

– intercalar nas sessões os tempos de descanso necessários e evitar qualquer esforço inutil dos homens, colocando-os nas melhores condições materiais possíveis; ao contrário, quando não se achem em descanso, exigir atitude rigorosamente carreta, perfeita atenção e execução enérgica; fazer inflexivelmente essa exigência e estendê-la a todas as formaturas e deslocamentos em ordem unida, que se efetuam nas diversas circunstâncias da vida quotidiana, mesmo no quartel; observá-la principalmente no início e no fim de cada sessão, sempre precedida pela inspeção dos uniformes, arreiamentos e cavalos e terminada por alguns exercícios de ordem unida e de manejo de armas;

– despertar a atenção dos homens, sobretudo no início, pela demonstração da potência de suas armas e dos efeitos que delas podem obter, monstrando-lhes a influência da habilidade de todos e, ao contrário, as desastrosas repercussões da imperícia de um único cavaleiro nos resultados que devem ser obtidos em conjunto; ressaltar, sempre, a necessidade e a importância do esforço coletivo; nos concursos, na verificação periódica da instrução, opor e recompensar grupos e peças, ao invés de indivíduos;

– na instrução concernente aos diferentes materiais, limitar a nomenclatura e o estudo do funcionamento ao que é estritamente indispensável para o manejo, uso e conservação;

– reduzir ao mínimo os ensinamentos puramente teóricos; evitar as explicações muito longas, ou que abranjam simultaneamente várias idéias; falar em linguagem compreensível pelos homens, sem cair na familiaridade ou na vulgaridade.

– O texto dos Regulamentos é redigido, principalmente, para uso dos quadros; cabe a estes interpretá-la, sob forma precisa e simples, para a tropa; na instrução individual, deve-se mostrar os movimentos e não descrevê-los, e empregar, para isso, sempre que possível, o processo de instrução mútua: na instrução do grupo, fazer, antes de tudo, manobrar diante dos recrutas um grupo perfeitamente instruído; utilizar ao máximo o caixão de areia, os quadros murais e quaisquer outros meios que tenham por fim materializar ou esclarecer os ensinamentos ministrados;

– verificar se o homem compreendeu bem, fazendo-o atuar, sempre que possível, ao invés de exigir-lhe uma explicação verbal;

– tirar partido do amor próprio e da emulação: os concursos, as classificações, a ascensão à categoria superior, depois de satisfazer determinadas condições bem definidas, as pequenas recompensas concedidas aos mais merecedores constituem meios apropriados para acelerar a instrução e despertar o interesse dos cavaleiros;

– fixar, com precisão, em cada ensinamento os resultados que todo homem instruído deve obter; se possível, definí-los por algarismo: por exemplo, o número de balas que deverão ser postas no alvo, de granadas que deverão ser lançadas em um determinado tempo, de manequins que serão abatidos com a espada ou a lança, distância que será percorrida, altura que será transposta, tempo necessário para encher um carregador, para desmontar ou montar a arma automática, para distribuir o material pelas bolsas de arreiamento, para se equipar, para encilhar, para percorrer rastejando uma distância dada, etc.: estabelecer nitidamente que, em princípio, estes resultados constituem um mínimo que deve ser atingido e que, mesmo os retardatários, os deverão alcançar, se necessário, submetendo-se a treinamento especial.

2º – INSTRUÇÃO DOS QUADROS

Preparação dos quadros para instruir

Instruir é, em tempo de paz, o papel essencial dos quadros dos corpos de tropa.

56. A formação do instrutor tem por base o estudo dos documentos regulamentares. O respeito às prescrições dos regulamentos garante a unidade da instrução em todos os corpos de tropa. O comando zela por que sejam bem conhecidos e uniformemente aplicados; dá o exemplo, evitando discuti-los ou modificá-los por sua alta recreação.

57. É proibido o emprego de movimentos ou comandos não regulamentares.

A preparação do instrutor compreende o desenvolvimento geral de suas aptidões e a aprendizagem, sessão por sessão, de todos os conhecimentos necessários ao desempenho das suas funções.

O capitão, secundado pelos oficiais, prepara os instrutores por meio de sessões práticas ou sessões de interrogatórios sobre os regulamentos. As sessões práticas visam a apresentação e a linguagem do instrutor, os processos convenientes a tal ou qual matéria; a maneira de dispor as turmas, o ritmo do trabalho, etc., combinam-se com as de interrogatário e constam, ás vezes, de uma revisão, que precede o trabalho do dia ou o segue, tendo em vista o da jornada seguinte.

O aperfeiçoamento dos instrutores é estimulado pelo capitão por ocasião das sessões de instrução, – no interior do quartel, no picadeiro e no terreno, – ás quais assiste o mais assiduamente possível.

58. Os ensinamentos que deverão ser dados em cada sessão figuram no Quadro de trabalho do esquadrão. Todo instrutor traz consigo um programa escrito da sessão que vai ministrar. Tal programa, organizado com a antecedência suficiente, permite-lhe rever os textos que se referem ao exercício visado. Contem breves indicações sobre os resultados que deverão ser alcançados, as faltas que deverão ser evitadas e os pontos sobre que ha necessidade de uma insistência particular.

59. A habilidade e o auto-domínio do instrutor, sua apresentação e seu interesse exercem influência decisiva nos resultados da instrução.

Uma turma de recrutas toma o feitio de seu instrutor; a tropa será o reflexo de seu chefe.

O instrutor não tem logar certo, coloca-se onde possa ser mais bem visto e entendido e donde veja, em melhores condições, o conjunto da sua turma; emprega os seus auxiliares na fiscalização dos pormenores.

60. O instrutor deve conhecer os princípios gerais de treinamento, formulados pelo Regulamento Geral de Educação Física. Tais princípios fazem parte da instrução do educador militar.

O chefe de toda unidade combatente deve ter noção muito precisa sobre a progressividade do trabalho, sobre a importância da dosagem de esforço, sobre a observação dos sinais de fadiga, afim de conseguir o resultado desejado, sem esgotamento e sem baixas. Esses conhecimentos não são particulares ao treinamento físico propriamente dito. Eles são aplicáveis a todos os exercícios.

A preparação física do combatente, sua preparação técnica e tática, sua preparação moral, todas são feitas pelos mesmos métodos e obedecem ao mesmo espírito.

Acima, de tudo, o instrutor deve ter fé em seu esforço e possuir ardente convicção da possibilidade de obter bons resultados, apesar das dificuldades que possam aparecer, reduzindo o tempo e os meios de que pensara poder dispor.

Para cumprir, em qualquer caso, seus encargos, empenhará todo o seu amor próprio e toda a sua engenhosidade.

Preparação dos quadros para comandar

61. A preparação dos quadros para o comando consiste em familiarizar os comandantes das diversas unidades, em hipóteses variadas, com os processos de combate e com as diferentes situações da vida em campanha.

62. Esse processo de ensino consiste em conferências, exercícios  na carta, no caixão de areia, exercícios de quadros no terreno e exercícios de cambate com tropa.

– As conferências contribuem para difusão dos ensinamentos contidos nos regulamentos e para aumentar a cultura geral dos oficiais. Têm por objetivo, notadamente, pô-los ao par da evolução de idéias no nosso meio e nos exércitos estrangeiros, bem como das novidades científicas suscetíveis de emprego militar. Pouco numerosas e curtas – esclarecidas com casos concretos ou históricos – devem somente ser feitas por oficiais credenciados ou civis nas mesmas condições, para assuntos especializados.

As conferências são organizadas nos corpos ou nas guarnições; estas últimas mais especialmente destinadas à instrução de combinação das diferentes armas.

Ha conveniência de que tais conferências sejam, sempre que possível, assistidas pelos oficiais da reserva.

As conferências feitas por civís, quando nos corpos, deverão ser previamente aprovadas pelo comandante da Divisão.

63. Os exercícios na carta ou no terreno são dirigidos, em princípio, pelo chefe da unidade superior áquele que manobra; a direção, sempre distinta do comando da tropa, intervem representando o escalão superior, o comando das unidades vizinhas e o inimigo, criando incidentes e animando o exercício, pela organização e direção do serviço de arbitragem e do serviço de figuração dos fogos.

É sempre conveniente fazer que os oficiais de outras armas assistam aos exercícios na carta e no terreno. Os comandantes de corpos ou guarnição, quando julgarem conveniente, poderão convidar oficiais de reserva, residentes na localidade, para assistirem ou participarem de tais exercícios.

Nos exercícios com tropas, na falta de unidades de autos-metralhadoras (ou de carros), são elas figuradas por processos de emergência (quaisquer viaturas, etc) .

64. Preparam-se tais exercícios com um fim preciso de ensino, especificando as condições morais e materiais em que se encontram a tropa e o inimigo e escolhendo o terreno que melhor se preste ao ensinamento visado.

Ha interesse, desde que possível:

a) que o trabalho se faça no mesmo tema e na ordem seguinte: exercício na carta ou no caixão de areia; exercícios de quadro, sem e com tropa; execução de tiro real, correspondente a uma ou várias fases da manobra (com as restrições contidas no R. T. A. P.);

b) que se executem vários exercícios sucessivos, tomando como ponto de partida a mesma situação inicial e estudando, nas suas diferentes fases, o desenvolvimento duma operação ou dum combate;

c) que se tirem os exercícios das unidas subordinadas do quadro dos exercícios das unidades superiores.

65. No decurso dos exercícios de combate, funcionarão os orgãos de ligação e de transmissão, os serviços. de reabastecimento e evacuação.

No fim de qualquer exercício, o diretor faz uma síntese geral, verbal ou escrita, em que resume os ensinamentos do mesmo.

66. Os exercícios, realizados em sala, na carta ou no caixão de areia, têm como objetivo, quer a realização de um ensinamento determinado, quer o preparo ou a retomada de um exercício no terreno.

Em princípio, a intervenção do inimigo é regulada pelo diretor do exercício.

67. Os diferentes exercícios do terreno, sempre que possível, realizam-se em novos trechos; os de quadros sem tropa comportam o funcionamento integral dos grupos de comando e dos quadros das unidades dotados de todos os meios de ligação e transmissões.

Os exercícios de quadros com tropa comportam, alem dos quadros das unidades, um certo número de unidades de manobra com efetivos aproximados dos de guerra. Para esses exercícios a ala pode formar um esquadrão com efetivo de guerra e o regimento uma ala em idênticas condições.

A escolha entre esses dois gêneros de exercício é função do objetivo visado, dos efeitos disponíveis, da localização de terreno favoravel e da despesa que possa ser feita com deslocamentos.

Eles podem ser, quer de ação simples, sem ou com inimigo figurado, quer de dupla ação e, neste caso, o inimigo é constituido por unidades de manobra.

Para que sejam evitadas as inverossimilhanças, o inimigo deve ser manobrado pela direção do exercício. O diretor faz surgir, em momento e circunstâncias propícios, os incidentes destinados a ressaltar os erros cometidos ou a provocar decisões rápidas e bem racionadas. O exercício será  suspenso sempre que não satisfaça o fim visado, para ser retomado integral ou parcialmente.

68. As operações dos destacamentos de descoberta ou de segurança e as do R. C. D. são estudadas no quadro da G. U. e em ligação com ela. O comandante do corpo fará funcionar o “agrupamento tático” que vise o trabalho da ala e para isto reforçá-la-á com Pelotão ou Secção de Metralhadora, um ou mais Pelotões A. M. D. R. e, em certos casos, com artilharia.

Os exercícios de combate são feitas frequentemente na hipótese duma unidade enquadrada.

69. O diretor do exercício estabelece as convenções de manobra: fases, paradas previstas, sinais, toques de clarim, terrenos ou pontos de passagem supostos impraticáveis, figuração dos fogos de artilharia, aviação e etc. Supor-se-á frequentemente que a aviação inimiga tem superioridade aérea, para impor aos executantes a tomada de formações apropriadas.

O diretor organiza o serviço de arbitragem (R. I. Q. T.).

ARTIGO II

MARCHA GERAL DA INSTRUÇÃO

1º – Instrução da tropa

70. A marcha geral da instrução deve permitir que se obtenham homens e unidades mobilizáveis o mais rapidamente possível.

– No ano de instrução do contingente, o primeiro semestre é destinado à instrução dos recrutas e o segundo, à revisão da instrução das pragas prontas e ao adestramento das unidades constituídas.

– O ano de instrução é dividido em quatro períodos:

1º Período de Recrutas;

2º Período de Esquadrão,

3º Período de Regimento;

4º Período de Manobra.

Período de recrutas

71. O período de instrução dos recrutas dura seis meses e se divide em duas fases:

– a primeira, de quatro meses, ao termo da qual o cavaleiro deve ser mobilizavel, isto é, estar em condições de ser incorporado numa unidade pronta para entrar em campanha;

– a segunda, de dois meses, no fim da qual a unidade elementar de que faz parte o cavaleiro deve ser igualmente mobilizavel, isto é, apta para enquadrar reservistas e fazer campanha.

Na quinzena que precede ao início deste período (fixado pelo Comandante da Região), os conscritos recebem, à medida que se vão apresentando, e são submetidos aos exames para o registo médico de incorporação e se organizam as fichas biométricas, uma instrução preliminar destinada a apressar sua adaptação ao meio militar (movimentos mais necessários da escola do cavaleiro a pé; instrução geral; cuidados higiênicos, notadamente profilaxia das moléstias venéreas, procedimento no alojamento e rancho, cuidado com os animais e regras disciplinares).

Os novéis cavaleiros são distribuídos aos Esquadrões de acordo com seus efetivos e levando-se em conta que o Esquadrão de Metralhadoras deve receber maior percentagem de homens robustos e que saibam ler.

Sob nenhum pretexto, os recrutas poderão ser retirados da instrução nos quatro primeiros meses.

72. Considera-se mobilizavel o cavaleiro cuja instrução lhe permite prestar reais serviços na guerra, tanto enquadrado como isolado. Por consequência, deve:

1º, saber cuidar do cavalo, preparar o arreiamento de campanha e conservar as armas e todas as peças do uniforme e equipamento;

2º, ser capaz de conduzir o cavalo com uma só mão e com o freio em todas as andaduras e em qualquer terreno;

3º, utilizar convenientemente as suas armas, a cavalo ou a pé, quer isolado, quer no grupo de combate (e na peça de metralhadora ou de engenho);

4º. possuir as noções essenciais do serviço em campanha;

5º, utilizar a máscara e a ferramenta de sapa;

6º, saber conduzir-se em certos serviços internos (plantão, cavalariça e faxina).

Primeira fase

73. A primeira fase destina-se a dar ao cavaleiro a instrução:

– para se deslocar e combater no quadro do grupo de combate, da peça de metralhadora ou de engenho;

– de ordem unida, serviço em campanha, emprego de ferramentas e serviço interno.

74. Os recrutas montam a cavalo diariamente, exceto aos domingos e feriados. Nas unidades dotadas de material automovel, são exercitados no emprego deste veiculo o mais seguido possível, pelo menos duas vezes por semana. Recebem diariamente instrução a pé. Tão logo seja possível, a instrução a cavalo ou nas viaturas e a instrução a pé, se netrelaçam em sessões mixtas.

75. Os exercícios à noite começam o mais cedo possivel e no mínimo se executará um por quinzena.

76. O comandante do corpo fixa a data em que os recrutas começam a ser escalados para os serviços internos (exceto serviço  de guarda do quartel).

77. Nos dois primeiros meses, todos os recrutas são armados, equipados e instruídos uniformemente. São observados pelos oficiais, os quais verificam suas aptidões para certas funções, especializadas ou empregos.

78. No início do terceiro mês, o comandante do Esquadrão distribue definitivamente ao homem o armamento, o equipamento e a ferramenta, responsabilizando-o pela sua limpeza e conservação.

79. A partir do fim do terceiro mês, cada cavaleiro deve estar apto ao desempenho das diferentes funções do grupo, e, mais particularmente, das que correspondem ao armamento que lhe foi distribuído. A instrução de combate do grupo está, assim terminada, começam, então, os exercícios de combate do pelotão.

80. O comandante do corpo fixa (inicio do terceiro mês) as condições segundo as quais certos recrutas, candidatos a especialistas (observadores, sinaleiros, sapadores, clarins, etc.) devem, seguindo integralmente a instrução do cavaleiro de fileira, ser postos, fora das horas de instrução, à disposição do oficial de informações, do oficial de transmissões ou do clarim-mor, que poderão assim esboçar a instrução especial, selecionando-os para a substituição dos de tempo terminado, no princípio do segundo período.

Determina, na mesma data, as condições em que o aprendiz de ferrador seguirá a instrução comum, colocando-o, em certas horas, sem prejuízo da referida instrução, à disposição do Chefe do Serviço Veterinário. A partir do primeiro mês, o aprendiz de ferrador prossegue o curso da especialidade, sob a condição de tomar parte, duas vezes por semana, na instrução comum a todos os cavaleiros e de fazer seus tiros.

81. No fim do curso os que obtiverem as melhores classificações serão designados, de preferência dentro das suas sub-unidades, auxiliares de ferrador, e os restantes continuarão nos, esquadrões como cavaleiros de fileira, sendo classificados, quando licenciados de acordo com as habilitações. Estes ultimos poderão substituir, se necessário, os auxiliares de ferrador, e, quando licenciados, serão classificados nessa especialidade.

Segunda fase

82. A segunda fase destina-se:

– ao aperfeiçoamento da instrução técnica do pelotão e à continuação da sua instrução tática (combate e serviço em campanha).

– à instrução técnica do Esquadrão (escola do esquadrão a pé e a cavalo);

– à instrução dos grupos de comando;

– à continuação da instrução dos candidatos a especialistas;

– à execução de exercícios de alerta (sobre-aviso, prontidão e ordem de marcha), de mobilização e da parte técnica da instrução especial de serviço em campanha (organização do terreno, destruição, transposições de cursos dágua, embarque e desembarque em estrada de ferro e caminhão);

– á execução de exercícios de marcha (no mínimo uma etapa noturna de 30 quilômetros e uma diurna de 45 quilômetros).

83. Após os exames do período, o comandante do corpo distribue, de acordo com as necessidades, os especialistas, os empregados e os artífices, tendo em vista a substituição dos homens que devem ser desincorporados; os comandantes de esquadrão procedem da mesma forma com relação aos seus empregados.

Instrução das pragas prontas

Cavaleiros de fileira

84. Em princípio, os cavaleiros de fileira, que não forem aproveitados como monitores, são grupados, nos tres primeiros meses, dentro do regimento, em pelotões de instrução, com o fim de:

– aperfeiçoar as instruções individual e coletiva, com o objetivo de torná-los intermutáveis dentro do G. C. ou Peça e substitutos eventuais dos cabos;

– aperfeiçoar a instrução relativa ao emprego da metralhadora, morteiro e do F. M. ;

– aperfeiçoar a instrução dos motoristas, nas unidades transportadas ;

– constituir unidades de manobra para os exercícios especiais de demonstração;

– participarem do adestramento dos cavalos novos e readestramento dos antigos que não estejam em condições de ser aproveitados na instrução dos recrutas.

A partir do início do quarto mês, recebem instrução nos esquadrões, dentro dos pelotões.

Cavaleiros especialistas

85. O comandante do corpo regula as condições em que funcionarão os cursos das diferentes especialidades. Fora das horas de trabalho nesses cursos, os especialistas recebem a instrução nos Pelotões regimentais de instrução de pragas prontas, nas seguintes condições:

– educação física: no mínimo, duas vezes por semana;

– instrução técnica e tática: duas sessões por semana (inclusive tiro).

Cavaleiros artífices e empregados

86. Os cavaleiros artífices e os empregados ficam à disposição dos respectivos chefes, de acordo com o horário do corpo, sob condição de participarem semanalmente da educação física e instrução técnica e tática, como foi prescrito para os especialistas.

Período de esquadrão

87. O período de esquadrão tem a duração de dois meses. Inicia-se uma semana após a terminação do período de recrutas e abrange a instrução dos esquadrões. No fim do período, essas unidades devem estar com a instrução completa, isto é, aptas ao desempenho de todas as suas missões em campanha, no quadro do regimento

88. O segundo período é consagrado:

– ao aperfeiçoamento da instrução individual;

– ao aperfeiçoamento da instrução do pelotão;

– ao aperfeiçoamento da instrução técnica e à instrução tática do esquadrão, inclusive exercícios da instrução especial de serviço em campanha;

– ao aperfeiçoamento da instrução e ao emprego das unidades extranumerárias;

– à continuação da educação física, instrução geral e educação moral;

– à continuação do treinamento das marchas e dos exercícios noturnos de combate e de serviço em campanha, devendo ser realizado, quinzenalmente, pelo menos um desses exercícios. Como coroamento da instrução do período, far-se-á um exercício que dure, ininterruptamente, de vinte e quatro a trinta e seis horas.

A última semana do período será consagrada à realização do exames de esquadrão.

O exame será realizado no terreno e visará constatar a aptidão do esquadrão para o desempenho de todas as suas missões em campanha.

Consistirá, em princípio, na execução de um exercício dentro de situação tática simples (postos avançados, segurança em marcha, combate defensivo, combate ofensivo, destacamento de descoberta),

(2) No período realizar-se-á, na mínimo, um exercício de esquadrão de cada um dos tipos seguintes: postos avançados, segurança em marcha, combate defensivo, combate ofensivo e destacamento de descoberta.

proposta pelo Comandante do Regimento, e na apreciação das qualidades manobreiras da unidade pela realização de evoluções a cavalo (ordem unida e dispersa) e a pé (ordem unida e maneabilidade).

Período de Regimento

89. O período de regimento, que tem a duração de um mês, inicia-se uma semana após a terminação dos exames de esquadrão e desfina-se, particularmente, à iustrução da ala e do regimento.

Compreende:

– o aperfeiçoamento da instrução individual;

– a continuação da instrução do esquadrão;

– o aperfeiçoamento da instrução técnica da ala e do regimento;

– a instrução tática dessas unidades: combate e serviço em campanha (inclusive os exercícios especiais – transposição de cursos dágua, destruições, organização do terreno);

– o emprego das unidades extranumerárias: orgãos de comando (observação, informação e transmissão) e de serviço (Saude, Veterinária, Reabastecimento, Remuniciamento, etc.).

Como coroamento da instrução deste período, realizar-se-á, obrigatoriamente, em cada regimento um exercício de combate de esquadrão, com tiro real, comportando o emprego de uma base de fogos (metralhadoras e morteiros) e execução de tiros por cima da tropa e nos intervalos.

Período de manobras

90. O período de manobras, regulado, em princípio, pelo escalão superior, tem a duração de quinze dias e começa em seguida ao período de regimento.

Realizam-se nele as grandes manobras ou as de guarnição.

Destina-se:

– à aplicação intensiva, em trabalhos táticos, com quadros e com tropa, de toda a instrução em terreno variado;

– aos exercícios de conjunto das diferentes armas, afim de se estabelecer a cooperação delas;

– a fazer com que a tropa pratique, em prazo relativamente longo, a vida de campanha;

– à execução de exercícios táticos, com tiro real, e, se possível, com a cooperação da artilharia.

2º – INSTRUÇÃO DOS QUADROS

Formação dos sargentos e graduados

Candidatos a cabo

93. A instrução destinada à formação dos cabos se faz dentro do regimento, no Curso de Candidatos a Cabo, cujo funcionamento tem inicio no primeiro dia util do segundo mês de instrução e dura cinco meses.

92. Em princípio, o Curso é dirigido por um capitão, auxiliado por subalternos, cabos e sargentos em número suficiente, a juízo do Comandante.

93. O Comandante regula a organização e as condições de funcionamento do curso e o capitão diretor estabelece, submetendo à, sua aprovação, o programa pormenorizado dos diferentes ranchos da instrução.

94. Matriculam-se no curso, por indicação dos comandantes de esquadrão, mediante um exame prévio (leitura corrente, ditado e quatro operações sobre números inteiros), os homens que, pelas qualidades morais, inteligência, preparo, profissão anterior, robustez e aproveitamento na instrução, pareçam ter aptidão para comandar. Novas matrículas poderão ser realizadas para preencher claros, até o inicio do segundo mês de funcionamento do curso de candidatos que tenham sobrado, à falta de vagas. As eliminações dos candidatos insuficientes ou incapazes fazem-se a qualquer tempo, por proposta do capitão diretor.

95. O número de candidatos é fixado de acordo com as necessidades de graduados no regimento para o efetivo de paz e para o da reserva, levando-se em conta as eliminações inevitáveis.

96. Uma vez matriculados, os candidatos a cabo conservam-se nos esquadrões no tocante à vida quotidiana, neles continuando a receber educação moral, instrução geral e de tiro; e podem, a juízo do Comandante e desde o segundo mês de instrução dos recrutas, participar de certos exercícios importantes dos seus esquadrões.

97. Nos tres primeiros meses, a instrução é conduzida de modo que sejam ministrados todos os assuntos que o 2º cabo deve saber constantes do n. 43, afim de que, na última semana do terceiro mês, se proceda a um exame de suficiência regulado pelo comandante do Regimento e destinado à classificação dos candidatos em tres grupos;

– dos que estão em condições de fazer o curso de 1º cabo, e que tenham, alem de qualidades de comando, obtido pelo menos, grau seis no exame;

– dos que prosseguirão na turma dos segundos cabos, afim de completar a instrução recebida;

– dos que serão eliminados como insuficientes (n. 94), por terem grau inferior a quatro.

Durante o curso, haverá, pelo menos uma vez por mês, um trabalho teórico ou prático, cuja média representará, o grau de aproveitamento durante o curso.

98. Poderão ser admitidos no Curso de candidatos a 1º cabo, alem dos homens selecionados no exame de suficiência, os segundos cabos promovidos no ano anterior e que satisfaçam a uma prova de aptidão organizada segundo as mesmas normas estabelecidas para a prova de suficiência.

Dessa prova são dispensados os candidatos ate já tenham frequentado o curso de 1º cabo, no ano anterior.

99. No fim do quinto mês de instrução do curso, em data fixada pelo comandante do regimento e segundo plano que estabelecerá, realizam-se, perante uma comissão presidida pelo sub-comandante, os exames finais, iniciando-se pela turma dos primeiros cabos, para que os candidatos reprovados possam prestá-los tambem, na dos segundos, fazendo jús à promoção, de acordo com o grau que obtiverem nestes exames.

100. Os candidatos aprovados serão, de acordo com as vagas existentes, promovidos pelo comandante do regimento, que obedecerá a ordem decrescente da classificação, respeitadas as restrições do artigo 305 do R. I. S. G.

A aprovação no Curso, para efeito de promoção, é válida até o início do exame da turma seguinte, permitindo-se ao candidato não promovido por falta de vaga tornar a frequentá-la para revalidar seu exame, e, assim, concorrer com a nova turma.

101. O candidato aprovado, não promovido por falta de vaga durante o serviço ativo, passará à reserva como cabo.

102. Os candidatos a cabo especialista ou artífice recebem, durante tres meses, a instrução prevista para os cabos de fileira no respectivo curso (n. 97); a partir do início do quarto mês, se aprovados no exame de suficiência, recebem, durante os dois últimos meses, a instrução complementar correspondente à especialidade ou arte a que se destinam.

A instrução complementar é ministrada, sob a direção do sub-comandante, por oficiais ou sargentos designados pelo comandante do regimento, de acordo com programas elaborados por aqueles e, a tempo, submetidos à aprovação deste último (ns. 130 e 137) .

Candidatos a sargento

103. A formação dos sargentos faz-se em cursos de candidatos a sargento, que funcionarão, em princípio, nos corpos de tropa.

A instrução dada nesses cursos dura tres meses, inclusive os exames, e deve iniciar-se logo após os exames dos candidatos graduados.

Nos corpos de tropa, o curso será dirigido por um capitão, que disporá do número necessário de subalternos.

O comandante fixa a organização e as condições de funcionamento do curso, cabendo ao capitão diretor o estabelecimento do programa pormenorizado, submetido à aprovação do comandante.

Mediante exame escrito de admissão (noções de português, matemática elementar, geografia, história do Brasil e ciências naturais), matriculam-se no curso os cabos, e, eventualmente, os soldados que, tendo sido aprovados no exame de 1º cabo com boa classificação, não foram promovidos por falta de vaga.

104. O programma de curso deve satisfazer as exigências do n. 46 (instrução dos sargentos).

105. Os candidatos a sargento conservam-se nos esquadrões, onde frequentam, em princípio, os exercícios principais.

106, Findo o curso, realizam-se os exames que compreenderão duas partes, uma teórica e outra práticas.

Para efeito de promoção classificam-se os candidatos, após os exames, de acordo com os resultados obtidos.

107. A aprovação no curso é válida até o início do exame da turma seguinte; a revalidação do curso faz-se de conformidade com o que foi prescrito para os cabos.

108. São admitidos no curso de sargentos especialistas, mediante exame de admissão como para os sargentos de fileira, os cabos da especialidade.

Esses cursos funcionarão sob a imediata direção do sub-comandante e de acordo com programas elaborados pelos respectivos instrutores, com antecedência submetidos à aprovação do comandante.

Os candidatos receberão a instrução especializada nos diferentes Cursos de Especialidades e participarão, a juízo do comandante, de algumas sessões do Curso de Sargentos de fileira.

109. Os candidatos aprovados e não promovidos durante a sua permanência nas fileiras, por falta de vaga, sê-lo-ão quando excluído do serviço ativo.

INSTRUÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOS QUADROS

Oficiais

110. Independente do programa de instrução da tropa, a instrução dos oficiais é dirigida pessoalmente pelo comandante, auxiliado pelo sub-comandante e por oficiais credenciados em certos ramos de instrução. Para esse fim, constituem-se em princípio turmas de instrução de oficiais superiores e capitães e turmas de tenentes.

Dirigindo-a pessoalmente, afora os resultados que ele pode assim obter, melhor que qualquer outro, pela autoridade que lhe confere sua hierarquia a sua experiência, a instrução é para ele um dos melhores processos para conhecer seus oficiais no que respeita à aptidão deles para a guerra. Seu papel consiste em orientá-los para uma doutrina comum, em desenvolver-lhes a iniciativa e a personalidade, em habituá-los a encarar soluções ousadas, mas refletidas, e preparar chefes que saibam raciocinar as situações para decidir com firmeza, aceitando as responsabilidades decorrentes.

111. O programma de instrução compreende todas as matérias constantes do n. 50 e desenvolve-se segundo os processos indicados nos ns, 61 a 69.

112. A instrução de aperfeiçoamento dos oficiais nos corpos de tropa visa, não somente a instrução profissional, mas tambem a instrução geral.

Esta é desenvolvida por meio de conferências e aquela por meio de sessões de instrução técnica ou tática.

113. O comandante do regimento, responsavel pelas condições de eficiência e uniformidade da instrução, esforça-se, especialmente, na preparação dos seus officiais como instrutores.

Ministra, pessoalmente, as sessões de formação de instrutor para os majores e capitães, dando-lhes todos os conhecimentos necessários ao bom desempenho do papel que lhes incumbe na preparação, direção, execução e verificação da instrução.

O programa para os majores e capitães comportará:

– palestras sobre: o problema da instrução na cavalaria, tendo em vista a perfeita realização das características da arma: método e progressão dos diferentes ramos de instrução; a elaboração de programas-progressão e quadros de trabalhos; organização de exercícios táticos;

– trabalhos práticos: elaboração pelos oficiais de programas-progressão e quadros de trabalhos; organização e direção de exercícios táticos:

– sessões práticas de demonstração da instrução dos quadros.

Designa um major, ou capitão especialmente qualificado, para ministrar as sessões de formação de instrutor para os tenentes, tendo em vista o melhor rendimento na preparação e execução das sessões dos diferentes ramos da instrução.

O programma de formação dos tenentes como instrutores comportará:

– palestras sobre: processos gerais de instrução, organização das sessões dos diferentes ramos da instrução, redação de fichas de instrução;

– trabalhos práticos: redação de sessões de instrução e de fichas;

– sessões práticas de demonstração dos diferentes ramos da instrução do cavaleiro.

O comandante do regimento e os diferentes chefes responsáveis pela boa orientação da instrução não devem perder de vista que a melhor formação de instrutor em qualquer posto de hierarquia, resulta da permanente fiscalização da ação do subordinado como instrutor e dos consequentes conselhos do seu chefe tendo em vista sanar erros de orientação ou de execução.

O commandante organiza o programma de instrução de oficiais, de modo que sejam revistos os diferentes ramos de instrução, sobretudo, a tática, a equitação, o tiro e a topografia.

No que se refere à instrução equestre, todos os oficiais deverão estar afeitos à prática ininterrupta de uma equitação vigorosa e ousada, cabendo ao comandante estimular por todos os meios o comparecimento dos oficiais às competições hípicas e esportivas de um modo geral, que constituem uma excelente escola de energia, de sangue frio e de decisão.

Não obstante, convem lembrar que a prática esportiva fica sempre subordinada às necessidades da instrução que em tempo de paz deve constituir a preocupação primordial dos quadros.             

Subtenentes, sargentos e cabos

114. A instrução de aperfeiçoamento dos segundos e terceiros sargentos é ministrada no curso de sargento da Escola das Armas ou em cursos regionais que funcionarão segundo diretrizes do Chefe do Estado-Maior do Exército.

Tem por objetivo prepará-los para instrutores e comandantes de pelotão ou secção, habilitando-os à promoção aos postos de primeiro sargento, sub-tenente e a oficial da reserva.

115. A instrução de aplicação dos subtenentes e sargentos faz-se, em princípio, nos esquadrões sob a direção dos capitães e de acordo com o programa constante do n. 46.

O comandante do corpo pode determinar que certas partes da instrução (equitação, por exemplo) e assuntos do programa de admissão ao curso ginasial sejam feitos em comum dentro do regimento, sob a direção do subcomandante e ministrada por instrutores qualificados e especialmente designados.

A instrução de aplicação dos subtenentes e sargentos de fileira tem por objetivo proporcionar a prática e manutenção dos conhecimentos adquiridos nos cursos de formação (terceiros ou segundos sargentos) e de aperfeiçoamento (subtenentes, sargentos-ajudantes e sargentos, aptos para o comando de pelotão).

A instrução destes últimos fica sob a direção do subcomandante e funciona nas condições das partes da instrução ministrada em comum; comporta um programa semelhante ao da instrução de oficiais subalternos, da qual poderão participar em certos exercícios, a critério do comandante da unidade.

Dos diferentes ramos de instrução, a equitação, o tiro das armas individuais e coletivas, a instrução tática e de topografia serão particularmente bem cuidados.

A instrução de aperfeiçoamento dos sargentos especialistas, ministrada pelos instrutores dos diferentes grupamentos de especialistas, tem por objetivo aperfeiçoar a que receberem nos cursos de formação, de modo que se mantenham em condições de:

– ser utilizados como instrutores, sob a direção dos oficiais, nos grupos ou turmas de instrução da especialidade;

– poder comandar seus grupos ou turmas e empregar o respectivo material nas diversas circunstâncias do combate e da vida em campanha, para o que necessitam possuir a mais completa prática do material e conhecimento exato do emprego tático dos meios da sua especialidade;

– desempenhar, eventualmente, as funções do posto superior.

116. A instrução de aperfeiçoamento dos cabos de fileira e especialistas, ministrada nos esquadrões e grupamento de especialistas, tem por objetivo principal a prática dos conhecimentos adquiridos nos cursos de formação e melhorá-los para que os graduados possam desempenhar com facilidade suas funções. Os programas devem ser organizados tendo em vista atingir-se integralmente os objetivos fixados nos ns. 43, 44 e 45.

ARTIGO III

ATRIBUIÇÕES DOS OFICIAIS NA ORGANIZAÇÃO E NA MARCHA DA INSTRUÇÃO

117. A atuação do comando, no que se refere à instrução, subordina-se aos princípios seguintes:

– o comandante de uma unidade, a partir do esquadrão para cima, e seu instrutor permanente é responsavel;

– dentro das diretrizes do escalão superior, o comandante de unidade organiza, dirige e fiscaliza a instrução.

ATRIBUIÇÕES DO COMANDANTE

118. O comandante dirige o conjunto da instrução do regimento, a instrução dos quadros e instrução da tropa.

119. No que concerne ao preparo da instrução, o comandante a organiza e regula seu funcionamento. Para isso:

– estabelece, por período, os programas de instrução dos quadros, do contingente e dos diversos grupamentos de instrução;

– fixa as condições em que os recrutas serão recebidos, examinados, classificados e distribuidos pelos esquadrões, inclusive os candidatos a especialistas e a artífices que, desde o início, poderão ser grupados no esquadrão extranumerário;

– determina as regras que orientarão os comandantes de sub-unidade na escolha e direção dos futuros graduados;

– organiza, em época oportuna, os cursos dos candidatos a cabo, sargento, especialista, artífice e empregado;

– a organização indispensavel aos instrutores;

– reparte, entre os esquadrões e grupamentos de instrução, os meios e terrenos da instrução: picadeiros, campos de tiro, estádio, material de instrução, etc.;

– estabelece o “Plano de uma jornada regimental” em que regularize o tempo entre a instrução e as outras atividades diárias do regimento;

– fixa, de acordo com as determinações do escalão superior, se for o caso, o início de cada etapa de instrução (contingente, quadros, preparo dos monitores, etc.).

120. Iniciada a instrução, o comandante toma-lhe a direção, à qual não deve jamais renunciar;

– ministrando ele próprio a instrução dos oficiais, afim de garantir, sob o ponto de vista tático, a unidade de doutrina e de processos, e, sob o ponto de vista da instrução, a uniformidade dos métodos;

– presidindo à instrução de conjunto, o que lhe permite vulgarizar a doutrina e os processos de execução e, se for o caso, retificar a orientação dada à instrução nas sub-unidades.

121. Pelo interesse que manifesta nas questões de instrução, pela vontade enérgica de alcançar os fins fixados, pelo apoio e recurso que proporcionar, pela importância que, nas apreciações sobre os subordinados, atribue às suas qualidades de instrutor, o comandante afirma, a todo momento, a insofismavel necessidade de, pela instrução, preparar o regimento para a guerra.

– Intercala no programa oportunamente a data de realização de determinados exercícios (manobras de guarnição, embarque em estrada de ferro, transposição de cursos dágua) que não possam ser marcados com grande antecipação.

122. O comandante fiscaliza a preparação e a execução da instrução nos escalões subordinados.

Exige que se lhe apresentem, em tempo util, aprovando-os ou modificando-os, os programas que os comandantes de esquadrões e de grupamentos de instrução estabelecem, em consequência de cada programa periódico do regimento. Do mesmo modo, aprova ou modifica os Quadros semanais de trabalho estabelecidos pelo comandante de esquadrões e instrutores de grupamentos.

Por visitas frequentes aos escalões subordinados, acompanha a execução da instrução dos quadros e da tropa, avaliando, pelos resultados obtidos, as modificações que devem ser introduzidas.

Os exames, as fiscalizações periódicas e os concursos são para a comando preciosos meios de verificação.

123. Em relação aos oficiais e aspirantes a oficial da reserva, que fazem estágios de instrução no regimento, o comandante procede conforme o prescrito nos ns. 51 e 52.

Além disso, interessa-se para que os oficiais da reserva mantenham sempre vivo o entusiasmo e o espírito militar, convidando os que habitam a sede da unidade para participarem voluntariamente dos exercícios, festas e solenidades organizados pelo regimento (ver R. I. Q. T. ns. 91 a 95) .

Atribuições do Subcomandante do Corpo

124. O subcomandante, substituto eventual do comandante e seu auxiliar, secunda-o na preparação, direção e fiscalização da instrução, particularmente no que se refere à instrução dos graduados, sargentos, especialistas, artífices e empregados.

Adapta às circunstâncias do momento, se for necessário, as ordens do comandante concernentes à instrução.

Assume pessoalmente, a juizo do comandante e auxiliado por oficiais escolhidos, a direção de certos ramos de instrução dos oficiais.

Auxilia o comandante no acompanhamento dos trabalhos das subunidades, sobretudo os do exterior, certificando-se do desenvolvimento da instrução.

Preside aos exames de conformidade com o n. 148.

Atribuições do Capitão

125. O capitão é o responsavel direto pela instrução do esquadrão.

Obedecendo aos programas períodicos do comandante, o capitão prepara, dirige, fiscaliza e ministra a instrução de sua sub-unidade, para isso; no que se refere à preparação:

– elabora a sua progressão por assunto para cada fase de 1º período e para o 2º período, onde consigna a sequência em que serão tratados todos os assuntos nos diferentes ramos da instrução, provendo, ao mesmo tempo, a repartição de tais assuntos, por semana;

– organiza os seus grupamentos de instrução, isto é, os pelotões de combate e o pelotão de comando;

– reparte entre os instrutores os meios materiais de que dispõe o esquadrão;

– esforça-se, auxiliado pelos tenentes, por constituir uma documentação que, sempre ao alcance dos instrutores, acelere o rendimento da instrução e garanta sua uniformidade.

126. O capitão dirige a instrução:

– acompanhando-a assiduamente e dando aos instrutores, em sessões práticas preparatórias, todas as indicações necessárias;

– colaborando pessoalmente na instrução técnica e tática dos seus oficiais, de conformidade com as ordens do comandante;

– preparando, com auxílio dos tenentes, os sargentos do esquadrão, por meio de uma intensiva instrução técnica e tática;

– interessando-se pelo aproveitamento dos seus subordinados que recebem instrução fora do esquadrão, futuros graduados, sargentos e praças antigas.

127. O capitão ministra instrução aos seus quadros em sessões especiais e no decorrer da instrução de conjunto.

O comandante do sequadrão de metralhadoras é, alem disso, encarregado da instrução dos oficiais do regimento no que concerne a emprego técnico das metralhadoras e morteiros.

128. A fiscalização da instrução é feita pelo capitão :

– permanentemente, por meio de frequentes visitas aos seu agrupamentos de instrução;

– periodicamente, quando das apurações de fins de fase.

Acompanhando com assiduidade o desenvolvimento da instrução, o capitão está, a otdo momento, a par do resultado já obtido e pode, tomando conhecimento das falhas porventura existentes, remediá-las a tempo, por meio de oportunas retificações.

A sua fiscalização ininterrupta em nenhum caso deve privar os subordinados da iniciativa e responsabilidade que lhes cabem.

129. O ajudante do corpo, tendo como subalterno o oficial de transmissões e outros, postos à sua disposição pelo comandante, exerce no esquadrão extranumerário, quanto à instrução, funções análogas às dos outros comandantes de esquadrão. É o responsavel pela instrução que deverão receber, instrução comum (se os especialistas estiverem grupados no esquadrão extranumerário) e instrução especializada.

Atribuições dos oficiais, comandantes de pelotão de fuzileiros, de metralhadoras e de morteiros

130. O oficial comandante do pelotão responde, perante o capitão, pela instrução de seus comandados.

De acordo com as ordens recebidas do comandante do esquadrão, prepara intelectual e materialmente as sessões de instrução que lhe competem, ministrando-as pessoalmente aos cavaleiros, com auxílio dos seus sargentos e cabos.

Zela, com muito carinho, pela conservação da cavalhada e do material atribuidos ao pelotão.

ARTIGO IV

PROGRAMAS DE INSTRUÇÃO

131. O programa de instrução de uma unidade é estabelecido dentro do quadro traçado pelo da unidade superior, no qual estão fixados os resultados que se pretendem obter e os meios que se têm de empregar.

Os programas são sempre submetidos à aprovação do comandante do escalão superior. Devem ser cuidadosamente colecionados para fins de inspeção, com outros documentos relativos à instrução das unidades. Registram-se neles as observações relativas à sua execução.

Programa de instrução do regimento

132. O programa de instrução do regimento é estabelecido pelo comandante e deve abranger :

– a instrução dos recrutas;

– a instrução das praças prontas;

– a instrução dos artífices e empregados;

– a instrução dos especialistas;

– a instrução dos candidatos a graduados;

– a instrução dos candidatos a sargentos;

– a instrução dos quadros (oficiais, subtenentes e sargentos).

133. É organizado por período e compreende, com relação a cada uma dessas partes :

– os objetivos que devem ser atingidos em cada assunto;

– datas sucessivas em que os objetivos devem ser atingidos;

– datas em que serão procedidas as verificações dos resultados obtidos, e como serão estas realizadas;

– condições em que serão repartidos os recursos em pessoal instrutor e meios materiais (terreno, material de instrução, cavalhada, picadeiro, linha de tiro, etc.) ;

– tempo dedicado à instrução e sua provavel repartição pelos diversos ramos de instrução.

134. As medidas de execução competem à iniciativa da autoridade encarregada de cumprir o programa, tendo em conta as circunstâncias diárias.

Programa de instrução do esquadrão

135. O capitão organiza para cada fase do 1º período e para o 2º período uma progressão. Esses documentos devem conter a relação pormenorizada dos assuntos de todos os ramos de instrução que serão ministrados na fase do período considerado.

136. A relação dos assuntos deve ser estabelecida segundo uma sequência lógica visando a confecção dos quadros semanais de trabalho.

Esses documentos são submetidos à aprovação do comandante do corpo pelo menos 15 dias antes da data fixada para início da sua entrada em vigor.

Quadro semanal de trabalho

137. Com os elementos do Programa-Progressão e de acordo com os objetivos atingidos, o capitão organiza, para cada semana, o Quadro Semanal de Trabalho, que contem para cada dia;

– os assuntos relativos aos diversos ramos de instrução;

– as missões dos instrutores;

– a repartição do tempo;

– locais em que serão realizadas as sessões;

– prescrições concernentes ao material, uniforme, previsões para o caso de mau tempo, etc.

138. O Quadro Semanal de Trabalho deve prever o aproveitamento de uma jornada de mau tempo.

No fim de cada semana o Quadro Semanal de Trabalho é submetido à aprovação do comandante do corpo.

Programa dos demais grupamentos regimentais de instrução

139. Em função do Programa de Instrução do Regimento, os instrutores dos diversos grupamentos (especialistas, artífices e empregados; candidatos a graduado e a sargento; quadros, etc.) organizam programas pormenorizados que, com a necessária antecedência, são submetidos à aprovação do comandante do corpo.

ARTIGO V

VERIFICAÇÃO DA INSTRUÇÃO DAS INSPEÇÕES, DOS EXAMES E DAS APURAÇÕES DE FIM DE FASE

140. Verificar-se-á o adiantamento da instrução por meio de inspeções, exames, concursos e apurações de fim de fase de conformidade com o quadro anexo.

FORMAS DE VERIFICAÇÃO

1º – INSPEÇÕES

141. As inspeções serão realizadas pessoalmente pela general inspetor da arma, pelos comandantes de Região, Divisão e de Brigada ou por seus delegados.

142. O programa das inspeções compreenderá os assuntos da instrução ministrada aos quadros e à tropa até a data de sua execução; a vistoria do armamento, da cavalhada e do material, constituirá uma das preocupações essenciais das mesmas.

143. As inspeções previstas constarão das diretivas dos grandes comandos, podendo o seu programa (programa de fiscalização da instrução) ser elaborado pela autoridade que inspeciona.

144. Para as inspeções inopinadas, utilizar-se-á, em princípio, o próprio programa de trabalho do corpo, na jornada da inspeção.

145. Nas inspeções, verificar-se-á, sobretudo, o conjunto, levantando-se em linha de conta, particularmente, a atividade dos comandos subordinados à testa de suas unidades como instrutores e como comandantes.

2º – EXAMES

Exames do 1º período

146. Do plano dos exames constarão :

– o sumário dos ramos de instrução sobre que versam;

– a distribuição dos dias, horas e locais entre as sub-unidades.

147. Na elaboração do plano, o comandante do corpo levará em conta o serviço, afim de que os exames de instrução tática possam ter a presença da totalidade dos oficiais do corpo.

148. O comandante do regimento designará uma comissão examinadora que, presidida pelo subcomandante, velará pela perfeita execução dos exames, segundo o programa preestabelecido, adaptando-o, se for o caso, às circunstâncias do momento (condições atmosféricas, etc. ).

149. A apresentação dos pelotões, bem como a arguição dos homens, serão feitas pelo respectivo instrutor. Terá ele em mão um exemplar do "quadro de julgamento” que conterá a relação de todos os movimentos ou ações, assim como a sequência em que serão executados.

150. Os exames do 1º período, pois que as ações individuais, e mesmo as coletivas, no quadro do grupo, já foram apreciadas nas "apurações de fim de fase” têm como objetivo, sobretudo, verificar a instrução de conjunto do Pelotão nos diferentes ramos de instrução.

151. Observar-se-á nos exames, em princípio, o seguinte :

– A instrução técnica a cavalo compreenderá duas provas. Uma individual que ponha em evidência a habilidade do cavaleiro no modo de conduzir o cavalo e no emprego das armas: constará de um percurso em terreno variado, com tempo limitado, durante o qual o cavaleiro execute transposição e passagem de obstáculos naturais e empregue as suas armas contra alvos, de forma previamente indicada.

Outra, coletiva, destinada a julgar das possibilidades de manobra e de combate do pelotão; constará da execução dos movimentos de ordem unida e dispersa da escola do pelotão, em todas as andaduras, assim como exercícios de maneabilidade.

152. A instrução técnica a pé compreenderá igualmente duas provas: uma referente à escola do pelotão a pé, durante a qual serão executados todos os movimentos do manejo de armas, outra de maneabilidade do pelotão, que deverá ser realizada no decorrer da prova de instrução técnica coletiva a cavalo.

153. A instrução de tiro será apreciada pelo exame da respectiva escrituração, podendo o comandante do regimento determinar que alguns recrutas realizem o último exercício satisfeito pelos mesmos.

154. A instrução tática compreenderá uma prova em que, dentro de uma situação simples, seja possível julgar do grau de instrução do pelotão nas diferentes missões do serviço em campanha e do combate. Para isso, o comandante do regimento organiza uma situação por esquadrão, dentro da qual os pelotões do mesmo se revezarão, de modo que cada um execute obrigatoriamente uma missão do serviço em campanha (Vg., Flg., Rg., P. A. etc.) e outra de combate (ofensivo ou defensivo), cabendo ao capitão comandante do Esquadrão a direção do exercício.

155. Na educação física apreciar-se-ão os resultados por meio de um prova individual de aplicações militares e pelo exame da respectiva escrituração.

A prova individual compreenderá um percurso do combatente a pé em terreno variado, com o tempo limitado, durante o qual os soldados farão aplicação dos diferentes meios de aproveitamento do terreno para progredir, transporão obstáculos e empregarão as armas contra alvos (baionetas, granadas, etc.).

156. Prova de marcha – Os exames do 1º período terminarão por uma prova de marcha, em que tomará parte todo o regimento, que constará de uma etapa de 40 kms., sendo 15 kms. executados durante a noite.

157. A educação moral e a instrução geral não compreenderão provas especiais pois que tais ramos de instrução já foram suficientemente observados nas “apurações de fim de estádio”. Todavia, influirá, na apreciação de conjunto o aproveitamente revelado pelas unidades sobre esses aspectos no decorrer das diferentes provas (apresentação, garbo, conservação do material, estado da cavalhada, etc.).

158. As provas de instrução tática e de marcha serão realizadas com a tropa equipada em ordem de marcha; na de educação física o soldado se apresentará com o seu equipamento normal de combate.

159. A publicação, em boletim, dos resultados obtidos pelos pelotões dentro dos esquadrões e por estes no quadro do regimento, com menção dos nomes dos seus comandantes, será obrigatória. Constarão desta publicação as alterações de comando de duração superior a um mês, verificadas durante o período.

Exames de especialistas, artífices e empregados

160. Os exames dos especialistas serão organizados e realizados dentro do mesmo espírito que preside aos exames do 1º período.

161. Para cada turma de especialistas, o respectivo instrutor organizará provas teórico-práticas, destinadas ao julgamento individual dos cavaleiros.

162. O julgamento da aptidão dos artífices e empregados basear-se-á na observação dos respectivos chefes, salvo o dos ferradores, que exigirá provas teórico-práticas, como para os especialistas.

Exames de candidatos a graduado e a sargento

163. Os exames de candidatos a graduado e a sargento, tanto de fileira como especialistas, têm por fim julgar da aptidão dos candidatos como executante, monitor e comandante.

164. Como para os especialistas, artífices e empregados, esses exames obedecem aos moldes previstos para os exames do 1º período.

Exames de esquadrão

165. Os exames de esquadrão têm por fim verificar se as sub-unidades estão em condições de, no quadro do regimento, executar todos os movimentos de ordem unida e dispersa, assim como desempenhar todas as sua missões em campanha e combate.

166. Com a antecedência necessária, o comandante do corpo organizará e remeterá ao escalão superior o plano dos exames de que constará: a repartição do tempo pelas sub-unidades, os assuntos que serão examinados, locais dos exames, uniforme e equipamento da tropa, etc. Acompanharão o plano as situações táticas dentro das quais se efetuarão os exames de combate e serviço de campanha.

167. O comandante do corpo dirigirá pessoalmente a realização dos exames; compreenderão, em princípio, tres provas :

– uma sobre instrução técnica coletiva a cavalo (inclusive maneabilidade dos cavalos de mão) ;

– outra sobre instalação técnica coletiva a pé (ordem unida e maneabilidade);

– Enfim, uma prova mixta de serviço em campanha e combate.

168. As situações táticas correspondentes às provas de serviço em campanha e combate serão distribuidas de véspera nos esquadrões interessados, afim de que os seus quadros possam proceder ao reconhecimento do terreno em que vão trabalhar. A cada esquadrão corresponderá uma situação diferente.

169. Na prova de instrução tática os esquadrões formarão equipados em ordem de marcha, e, sempre que possivel, com os seus T. C.

170. A classificação geral dos esquadrões, findos os exames, será publicada em boletim, com indicação dos nomes dos seus comandantes.

3º – CONCURSOS

171. Os concursos são provas individuais ou coletivas destinados a fomentar a emulação entre os concorrentes (cavaleiros, G. C., pelotões, etc.) e que permitem completar a apreciação sobre os resultados obtidos nos diferentes ramos de instrução.

172. No que se refere aos concursos realizados no quadro do regimento, o comandante do corpo determina, na época oportuna, a organização dos mesmos, fazendo publicar em boletim, ao seu critério, o resultado das diferentes provas.

4º – APURAÇÕES DE FIM DE FASE

Apuração da 1ª fase

173. A primeira apuração tem como objetivo aquilatar dos resultados obtidos nas dois primeiros meses de instrução :

– pela correção do “mecanismo” dos movimentos e das ações individuais;

– pela verificação do aproveitamento no que se refere às noções teóricas elementares da instrução tática, instrução geral e educação moral.

174. Nesta apuração só interessa a exatidão de todos os pormenores, abstraindo-se das exigências de conjunto e do ritmo próprio de cada movimento.

175. Esta primeira verificação dos resultados obtidos na instrução, evidenciando de um lado, a honesta meticulosidade do instrutor e de outro lado o aproveitamento dos instruendos, é meio seguro de estimular o trabalho e desenvolver, desde cedo, o espírito de unidade entre os recrutas.

176. Na penúltima semana da primeira fase, o capitão organiza e submete ao comandante do regimento o plano da apuração (modelo anexo), do qual constarão, alem dos assuntos que serão examinados, a repartição do tempo pelos pelotões, locais das provas, uniformes, etc.

177. A verificação, isto é, a apreciação dos resultados e a sua expressão em graus de 0 a 10 cabe ao capitão, competindo a arguição dos recrutas e a direção das provas ao comandante do pelotão que se examina.

178. Em cada prova, o comandante do pelotão fará executar todos os movimentos ou ações ou arguirá de acordo com a relação dos assuntos consignados no "quadro de julgamento”, previamente estabelecido pelo capitão

179. Finda a apuração, o capitão apresentará ao comandante do corpo um relatório que conterá uma lista de todos os homens com os resultados obtidos em todos os ramos de instrução e uma classificação geral dos pelotões dentro do esquadrão.

180. Como estímulo aos recrutas o comandante publicará em boletim a relação daqueles que hajam alcançado a classificação “muito bom” pelo menos em tres ramos de instrução, assim como, dentre dos esquadrões, a ordem de aproveitamento dos pelotões com menção dos nomes dos seus comandantes.

181. O plano da apuração compreenderá, em princípio, as seguintes provas :

A) Instrução técnica a cavalo :

– prova, no picadeiro, por turmas de seis a oito recrutas, destinada a verificar a aquisição da confiança, colocação na sela e escola das ajudas;

– prova, no retângulo, em que se aprecie individualmente o emprego das armas e em seguida o mecanismo dos movimentos de ordem unida e dispersa, naquela andadura da escola do G. C. a cavalo.

B) Instrução técnico a pé:

– uma prova por turmas de oito a dez cavaleiros, destinada ao exame dos movimentos sem arma e manejo darmas (mosquetão e espada) da escola do cavaleiro a pé;

– uma prova coletiva referente à ordem unida e maneabilidade do pelotão a pé;

– uma prova, por turma de seis a oito cavaleiros, destinada ao exame da nomenclatura sucinta, da montagem e desmontagem do mosquetão, e, se possivel, do F. M. nos Esquadrões de Fuzileiros; da Metralh              adora e engenhos no Esquadrão de Metralhadoras;

– uma prova, nas mesmas condições da anterior, em que se verifique a perfeita correção com que os recrutas executam todos os exercícios preparatórios e de flexibilidade para o tiro de mosquetão e F. M.

C) Instrução para o serviço de campanha :

– uma prova individual em que por meio de aplicações simples sejam apreciados os conhecimentos preparatórios para o serviço em campanha.

D) Instrução para o combate a pé:

– uma prova, também individual, destinada à verificação da instrução preparatória para o combate a pé (maneabilidade).

E) Educação física :

– uma prova, constituida por uma lição de educação física, feita por pelotão, mas em que os homens sejam observados individualmente.

F) Instrução geral e Educação Moral :

– uma prova única de instrução geral e educação moral em que todos os recrutas serão interrogados sobre a matéria ministrada na fase.

Apuração da 2ª fase

182. A segunda apuração tem por fim :

– aquilatar do aproveitamento do grupo a pé e a cavalo na instrução técnica e tática;

– julgar dos resultados obtidos na instrução técnica do pelotão.

183. E' obrigatória a publicação em boletim do resultado da apuração e, alem disso, a da relação dos cavaleiros que satisfizeram todas as provas e dos que, insuficientes, deverão ter sua instrução intensificada.

184. Esta apuração compreenderá, em princípio, as seguintes provas :

A) Instrução técnica a cavalo :

– uma prova de execução, no retângulo, por turmas de oito a dez cavaleiros, dos movimentos principais da escola das ajudas, de volteio na sela nas tres andaduras e de salto de dois a tres obstáculos de altura máxima de oitenta centímetros (exercício de conduta);

– uma prova de utilização das armas brancas contra alvos dispostos em quincôncio, em andaduras vivas e do mosquetão a pé firme;

– uma prova de execução de todos os movimentos da escola do pelotão a cavalo, em todas as andaduras.

B) Instrução técnica a pé:

– uma prova de execução, à voz de comando, dos movimentos da escola do cavaleiro com armas;

– uma prova de montagem, desmontagem, conservação, nomenclatura sucinta e funcionamento do mosquetão, do F. M., metralhadora e engenho e das gfanadas; utilização da máscara contra gases;

– uma prova de tiro que consistirá na inspeção da respectiva escrituração; para ser considerado mobilizavel, o recruta deve Ter satisfeito, pelo menos, um exercício de tiro de mosquetão à distância real;

– uma prova coletiva de execução de todos os movimentos da escola do pelotão a pé (ordem unida e maneabilidade).

C) Instrução para o serviço em campanha:

– uma prova destinada à execução, dentro de uma situação tática elementar, do mecanismo de marcha e da tomada de contacto de patrulhas de efetivo aproximado de uma esquadra, assim como da instalação e funcionamento de postos do mesmo efetivo;

– na mesma prova, observar-se-á o procedimento dos cavaleiros no desempenho das “missões individuais”, no quadro do posto e da patrulha;

– uma prova de instalação e funcionamento de uma cadeia de posto de correspondência.

D) Instrução para o combate:

– uma prova destinada à apreciação do preparo do G. C. no desempenho de uma missão de combate;

– aproveitar-se-á da mesma prova, para o julgamento dos cavaleiros no desempenho das missões individuais que lhes caibam no quadro do Grupo.

E) Educação física:

Verificar-se-á esse ramo da instrução pelo exame médico-fisiológico e pelas provas práticas previstos no Regulamento de Educação Física (16ª e 17ª semanas).

F) Instrução geral e Educação Moral:

Por uma única prova, verificar-se-ão os conhecimentos ministrados até então nesses dois ramos da instrução.

Do julgamento

185. O julgamento das diferentes provas, individuais ou coletivas, obedecerá ao que a respeito prescreve o R. I. Q. T.

TÍTULO III

Educação moral

ARTIGO I

EDUCAÇÃO MORAL DO CAVALEIRO

186. O valor da cavalaria em campanha reside não só na potência material, que resulta do armamento, do cavalo e do cavaleiro convenientemente preparado para o combate, mas tambem da força moral, que torna quadros e homens capazes de vencer as mais duras provas.

A força moral do soldado tem por base a fé na grandeza e nos destinos da Pátria, a convicção de defender uma causa justa, a confiança nos chefes e nos camaradas e o sentimento do próprio valor como combatente.

A força moral é sustentada pelo espírito de disciplina, que assegura a rigorosa obediência às ordens recebidas.

Exaltar o patriotismo, desenvolver o espírito de sacrifício e o sentimento do dever militar, inspirar a confiança e fazer compreender a necessidade da disciplina – eis o objeto da Educação do Soldado.

187. O patriotismo é desenvolvido em palestras sobre os grandes feitos da História Pátria, sobre episódios da história do regimento ou sobre acontecimentos da atualidade.

Nossa ainda curta mas já brilhante História é particularmente fecunda em ensinamentos e mostra, de maneira assás convincente, a necessidade da nossa constante preparação para a guerra, como único recurso seguro para manutenção do nosso vasto patrimônio moral e material.

A mentalidade dos futuros combatentes será paciente e solidamente forjada; só assim compreenderão as razões por que devem estar sempre prontos para a luta e porque a Nação não deve poupar sacrifícios para conservar sua independência e a integridade do seu território.

Os grandes feitos dos nossos maiores será a fonte inesgotavel de exemplos modeladores com que os instrutores ilustrarão as suas preleções sobre esse espírito de sacrifício intransigente e sem alarde, que foi em todas as épocas o apanágio do nosso povo.

Esta instrução, da qual participarão todos os soldados, será feita nos esquadrões em poucas sessões, curtas, bem preparadas, ministradas por oficiais entusiastas e capazes de, em linguagem simples e incisiva, tocarem o coração sempre franco do soldado. As datas notáveis do ano: juramento à Bandeira, pelos recrutas, festas nacionais, festas do regimento, aniversário das batalhas memoráveis, são dias propícios para falar à imaginação do soldado, para avivar nele o sentimento do dever militar e a resolução de aceitar todas as obrigações dele decorrentes.

188. A confiança em si mesmo, fator primordial de uma têmpera moral elevada, nasce e se desenvolve progressivamente no soldado, sem que ele o sinta.

A confiança em si mesmo, fator primordial de uma têmpera moral elevada, nasce e se desenvolve progressivamente no soldado, sem que ele o sinta.

A confiança do soldado, nos camaradas, surge durante os exercícios coletivos, conduzidos de forma a pôr em relevo a solidariedade dos combatentes. Cresce em todas as circunstâncias da vida militar que permitem evidenciar a audácia, o sofrimento, o devotamento mútuo e a camaradagem leal daqueles que trabalham em torno dele.

O emprego das armas coletivas fornece um excelente meio de explicar, de uma maneira particularmente convincente, em que consiste a solidariedade.

Finalmente, a confiança do soldado em si próprio decorre da idéia que ele tenha do poder de suas armas de combate e da própria habilidade em manejá-las.

Em resumo, a confiança é a consequência lógica de uma educação e de uma instrução bem conduzida.

O homem que tem confiança aceita mais facilmente as exigências da disciplina.

189. A disciplina é a principal força dos exércitos. A rigorosa observação das prescrições do R. I. S. G., a prática do manejo darmas e os exercícios de ordem unida são eminentemente prórpios para o desenvolvimento desse sentimento.

O primeiro dever do chefe é, quaisquer que sejam as circunstâncias, zelar pela execução integral das ordens.

Os hábitos de exatidão, de ordem, de correção e de obediência devem ser profundamente mantidos no soldado, de modo que os não perca ao deixar a caserna e os readquira com a mesma perfeição se porventura retorna às fileiras.

Não basta que o soldado se submeta exteriormente às regras da disciplina; é ainda necessária a sua convicção de que elas são indispensáveis; é finalmente preciso que obedeça com a maior convicção e não por temor de castigos.

Ser disciplinado e aceitar concientemente e sem vacilação a necessidade de uma lei comum, que regule e coordene os esforços de todos.

190. O valor moral do regimento é trabalho do comandante. Sua atuação judiciosa em todos os atos de serviço faz nascer o espírito de corpo, expressão lídima do valor moral de uma tropa.

Na sua tarefa de educador, o comandante da unidade tem como auxiliares todos os oficiais.

191. O esquadrão é, por excelência, a unidade de educação moral do soldado. Seu efetivo é tal que o capitão pode e deve conhecer todos os seus homens, apreciar-lhes as virtudes e os defeitos; é, por isso, quem melhor pode exercer sobre eles uma ação pessoal continuada e orientar as mentalidades que deixem a desejar.

O capitão dá ou solicita as recompensas, examina os motivos das menores punições, preside todos os detalhes da vida diária da unidade e, pelo modo de administrá-la, assegura o bem estar de seus homens.

É, enfim, no âmbito do esquadrão que se desenvolve, no alojamento, em torno à mesa comum, a camaradagem, fonte fecunda de solidariedade e de devotamento.

ARTIGO II

EDUCAÇÃO MORAL DOS QUADROS

192. O valor moral dos quadros é o elemento essencial da confiança que eles inspiram à tropa.

É preciso que o instrutor e chefe pratique as virtudes que ele tem obrigação de despertar e cultivar no soldado e que utilize o meio de instrução que nenhum ensino verbal poderá substituir: o exemplo.

É no amor ardente da Pátria, no conhecimento documentado e raciocinado de suas necessidades e perigos que ela pode correr, que um militar baseia os altos sentimentos do dever, da abnegação e do sacrifício, que são o nobre apanágio de sua carreira.

Eis por que a educação moral dos quadros está ligada ao desenvolvimento de sua cultura geral.

193. A mútua confiança entre os chefes, camaradas e subordinados, entre as unidades de armas diferentes que terão de combater em ligação, é ainda mais indispensável aos quadros do que à tropa.

A solidariedade e a coesão que decorrem dessa confiança, bastam para assegurar no campo de batalha a convergência dos esforços e o êxito final pelo preço mínimo.

A confiança recíproca entre chefes e subordinados incita estes últimos a fazer trabalho de iniciativa própria, sem nunca comprometer a disciplina.

Ter iniciativa e exercer livremente a atividade no quadro da ordem recebida.

Em todos os escalões, em princípio, a iniciativa tem por limite a escolha dos meios a empregar para atingir o objetivo fixado. Desse modo o subordinado assume a parte da responsabilidade que lhe deve caber.

194. Quanto menor for a duração do serviço militar, mais as sessões consagradas à instrução devem ser aproveitadas pelos quadros para tomar um contacto íntimo com seus homens, para conhecê-lo e adquirir, pouco a pouco, sobre eles, uma influência favoravel ao desenvolvimento do espírito militar. O chefe que instrue uma tropa transmite-lhe igualmente, e muitas vezes sem o perceber, suas próprias qualidades morais.

Os oficiais e sargentos só poderão adquirir completa aptidão para o comando se praticarem a instrução frequentemente e por longo tempo.

S ob este aspecto a influência do comandante do corpo é decisiva. Pelo modo de comandar seu regimento e utilizar os quadros, pelo espírito de ordem e pontualidade que faz reinar na instrução e na execução dos detalhes do serviço, ele cultiva, nos subordinados, o hábito de uma rigorosa disciplina, a prática de uma iniciativa bem compreendida, o gosto do comando o interesse pelo serviço e o amor à responsabilidade

Rio de Janeiro, D. F., 15 de julho de 1940. – Eurico G. Dutra.

Anexo Figura pág. 91 vol. 06

Eu (nome e posto por extenso do cmt. ), cmt. do Regimento, faço saber que ao reservista (nome por extenso), filho de (nome por extenso do pai), praça (voluntária ou sorteada), da classe de........,natural do Estado de............... e município............... de ....................., é conferido o presente diploma de CAVALEIRO DE ESGOL, de acordo com o n. 36 da 1ª parte, 1º volume do R. E. C. C.

Quartel em..............................de................... de.................

........................................................................

                                                                                                       Àssinatura do Cmt.)

........................................................................

(Assinatura do Gmt. do Esq.)

........................................................................

                                                                                                                            (Nome da praça)

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 92 e 93 – Tabelas.

Instrução – 1ª parte – 3º volume – Instrução técnica provisória para as unidades de autos-metralhadoras de cavalaria

 CAPÍTULO I

Generalidades

                                                                     ARTIGO I

COMANDOS, GESTOS E SINAIS

1. Transmitem-se os comandos :

a) à voz e com o apito, quando os motores estão parados;

b) por sinais, quando as janelas e torres estão fechadas;

c) por gestos e sinais, quando as janelas e torres estão abertas;

d) pela radiotelefonia, quando as viaturas dela são dotadas.

Sinais

2. Os sinais são executados com uma haste de sinalização de 70 centímetros de comprimento, munida de um retângulo em uma de suas extremidades e de duas flâmulas na extremidade oposta.

As hastes de sinalização de Comandante de esquadrão terão uma flâmula vermelha, outra amarela e o retângulo pintado de amarelo.

As hastes de sinalização de Comandante de pelotão terão uma flâmula azul, outra branca e o retângulo pintado de branco.

Finalmente, as hastes de sinalização de Comandante de patrulha terão uma flâmula vermelha, outra branca e o retângulo pintado de vermelho.

Anexo Figura pág. 94

a) com as duas flâmulas desfraldadas;

b) com a flâmula vermelha desfraldada e a outra enrolada em torno da haste;

c) com o retângulo.

4. Os sinais feitos com uma só flâmula são sinais de evoluções; os executados com duas flâmulas são os que apresentam carater excepcional.

Os sinais feitos com o retângulo são sinais de andadura quando feitos pelo alto da viatura, ou regulação de intervalos quando feitos pelo lado da viatura.

5. Os sinais com a haste de sinalização devem ser repetidos até que se inicie a execução do movimento comandado.

Os sinais feitos pelo lado da viatura devem ser precedidos pelo sinal de atenção.

6. Em certas circunstâncias, é possivel combinar previamente uma determinada manobra e convencionar o sinal que a desencadeará.

7. O tiro de balas traçadoras, de projetís fumigenos e de obuses explosivos, o lançamento de artifícios e os aparelhos luminosos podem ser empregados para assinalar a iminência de um perigo (engenhos blindados, aviação), ou a presença de um objetivo a atacar.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Págs. 95 a 98 – Tabelas.

Vozes de comando

10. Alem das vezes mencionadas na Primeira Parte do Regulamento de Cavalaria, utilizam-se as seguintes:

“Motor” – para pôr os motores em funcionamento;

"A bordo" – para que as equipagens tomem os seus lugares nas viaturas;

“Em terra” – para que as equipagens saiam das viaturas.

ARTIGO II

SINAIS DISTINTIVOS

11. Os auto-metralhadoras trazem na parte posterior uma placa verde e amarela na quaI são pintados o número da viatura e os números do Regimento, Esquadrão e Pelotão.

Anexo Figura pág. 99

Alem disso, para facilitar a identificação no combate, todas as viaturas blindadas trazem nas superfícies laterais sinais distintivos, pintados na cor do esquadrão e com as seguintes formas:

Ás de espadas – 1º Pelotão;

Ás de copas – 2º Pelotão;

Ás de ouro – 3º Pelotão;

Ás de paus – 4º Pelotão;

Círculo – Pelotão Extranumerário.

Os sinais distintivos devem ser tão grandes quanto o permitam as sueperficies nas quais são pintados, sem que ultrapassem, entretanto, 35 centímetros.

ARTIGO III

           MOVIMENTOS

12. É necessário que os movimentos se façam com a maior regularidade e que as variações de velocidade sejam muito progressivas.

Os movimentos se executam por lanços, que cada viatura executa na velocidade que lhe impõe o terreno. A coesão é retomada no fim do lanço. Os lanços são tanto mais curtos quanto mais difícil é o terreno e mais importante a coesão.

Em certos terrenos favoraveis (solo plano, estradas de perfil pouco acentuado e revestimento favoravel ao movimento), as viaturas podem regular a velocidade umas pelas outras.

As rupturas fazem-se na velocidade das viaturas da testa; as outras viaturas diminuem a velocidade.

Nos desenvolvimentos, as viaturas da testa diminuem a velocidade.

Para as formações, a noção de alinhamento é substituida pela de direção. O alinhamento só é exigido nos movimentos de ordem unida.

13. A unidade de direção é a da testa nas formações em coluna; a do centro ou a que se encontra à direita dele, nas formações desenvolvidas; pode ser, tambem, uma unidade qualquer designada pelo Comandante.

As unidades de auto-metralhadoras devem exercitar-se em evoluir, qualquer que seja o lugar do Comandante, que não é forçosamente o guia.

As mudanças de direção se fazem por imitação; as mudanças de velocidade e de formação, por gestos e sinais.

Todo comando destina-se exclusivamente aos subordinados imediatos de quem o faz.

Os executantes só obedecem aos gestos e sinais dos seus superiores imediatos.

Os desenvolvimentos se fazem sobre o Comandante.

As rupturas se fazem sobre a unidade de direção ou sobre a unidade designada ou conduzida pelo Comandante.

14. Sempre que possivel, antes de ordenar uma formação desenvolvida, o Comandante orienta a testa na direção ulterior do movimento.

Nas mudanças de direção, as viaturas e as unidades deslocam-se para os lugares que devem ocupar em fim de movimento pelo itinerário mais conveniente e sem preocupação de intervalos.

Em ordem dispersa, no esquadrão e unidades superiores, os comandantes subordinados tomam, por iniciativa própria, as formações mais favoraveis, de acordo com o terreno, a situação e os fogos, modificando-as conforme as circunstâncias.

As formações de ordem unida, excetuada a coluna de estrada, são unicamente formações de reunião, de revistas e desfìles.

As evoluções em ordem dispersa, com todas as aberturas fechadas, são de importância capital para a instrução das equipagens e formação dos quadros.

O número de sessões de instrução sendo limitado pela necessidade de poupar o material, tais sessões são sempre precedidas de exercícios preparatórios executados em sala, na caixa de areia ou mesmo a pé no terreno.

Fora de combate toda tropa, qualquer que seja sua formação e situação, esforça-se para escapar às investigações e ao fogo da aviação.

A eventualidade de incursões de engenhos blindados inimigos é prevista em condições análogas e necessita de um serviço de observação constante.

CAPÍTULO II

A VIATURA

                                                                      ARTIGO I

GENERALIDADES

     Serviço na viatura

15. A viatura é servida por uma equipagem, cujos membros dividem entre si as funções a bordo.

O de posto mais elevado comanda a equipagem, é chamado “chefe de viatura".

Alem do comando, as funções essenciais a bordo são a conduta do veículo, a observação e o tiro.

A observação é de todos os instantes; aplica-se ao terreno, a ligação, ao inimigo e, da maneira pela qual é realizada, dependem tanto a segurança da conduta quanto a eficácia do tiro. Todos os membros da equipagem nela colaboram.

O efetivo da equipagem e a repartição das funções entre os seus membros variam com o tipo da viatura empregada.

Para que uma viatura não fique inutilizada no caso de indisponibilidade de um dos membros de sua equipagem, todos devem ser capazes de desempenhar as diferentes funções a bordo.

O bom rendimento da viatura depende da maneira pela qual são conservados as orgãos mecânicos e todo o material de bordo.

A conservação da viatura incumbe aos membros de sua equipagem, de acordo com suas especialidades. Em certos tipos de viaturas, de equipagem reduzida, esta é auxiliada na conservação pelo pessoal da turma de conservação e substituição do pelotão.

Objetivo da escola da viatura

16. A escola da viatura é uma instrução coletiva que tem por fim ensinar aos membros da equipagem as funções que lhes competem e treiná-los a exercê-las solidariamente, nas diferentes condições de emprego da viatura.

17. O chefe de viatura comanda o seu auto-metralhadora. Fixa a direção e a amplitude dos movimentos, orienta a observação, decide da oportunidade do tiro, escolhe a arma que deve atirar e comanda a execução do fogo, se o não executar pessoalmente. É responsavel pelo funcionamento e conservação da viatura e de todo o material que ela comporta.

Deve ser o melhor executante da equipagem e participa de sua instrução em todos os ramos.

Deve estar em condições de comandar o meio pelotão e, se for sargento, de substituir o comandante do pelotão.

As prescrições do presente capítulo são de carater geral. Compete ao instrutor nelas introduzir as modificações e precisões correspondentes a cada tipo de viatura.

ARTIGO II

FUNÇÕES DE EQUIPAGEM

Preparar a viatura

18. Antes de ser conduzida ao ponto de reunião, a viatura é posta em ordem de marcha pelos membros de sua equipagem sob a direção e com a participação do chefe de viatura, que faz, pessoalmente, as verificações essenciais.

Estas verificações comportam as operações seguintes:

1º, verificar e, se necessário reabastecer o radiador, o tanque de gasolina e o depósito de óleo; examinar as canalizações e bujões respectivos ;

2º, verificar a lubrificação;

3º, verificar o funcionamento da torre, das janelas e dos aparelhos de visão;

4º, verificar o sentido das armas, da munição e do restante do material de bordo;

5º, verificar se a alavanca de mudança de velocidade está no ponto morto;

6º, por o motor em funcionamento e deixá-lo funcionar durante 8 a 10 minutos;

7º, aparafusar a tampa do orifício da manícula;

8º, verificar os diferentes aparelhos de bordo (manômetros, termômetros, etc.) ;

9º, verificar o funcionamento do equipamento elétrico;

10) Verificar a tensão das lagartas e o estado das apostilhas.

O chefe da viatura passa, em seguida, a revista do pessoal e, a pé, dirige a viatura para o ponto de reunião.

ARTIGO III

      EMPREGO TÉCNICO DA VIATURA

       Princípios de execução dos movimentos

19. Os auto-metralhadoras são, devido à sua massa e a seu modo de propulsão, dotados de uma maior inércia e de uma maior resistência ao rolamento que os outros veículos. É, pois, particularmente importante que seus movimentos sejam muito regulares e as variações de velocidade muito progressivas.

Toda a equipagem concorre para a boa execução dos movimentos.

O chefe da viatura observa, na frente da viatura e à distância, tudo que é susceptivel de influir sobre a direção da viatura ou sua velocidade; prevê o procedimento a seguir em consequência e previne o condutor em tempo util.

O condutor executa as manobras necessárias para pôr e manter a viatura na direção e velocidade fixadas pelo chefe da viatura. Observa o terreno onde vai passar, de maneira a não correr o risco de ser surpreendido por um acidente do solo, obstáculo ou incidente imprevisto. Evita assim manobras bruscas nas quais o domínio da viatura lhe pode escapar.

O atirador facilita a transmissão das ordens e indicações; vigia a boa arrumação do material de bordo e aproveita todas as ocasiões para limpar os aparelhos de observação e de pontaria.

Os erros de conduta podem não somente provocar acidentes pessoais graves, como impedir uma viatura de cumprir sua missão.

O condutor deve ser não somente habil na maneira de manejar os diferentes orgãos de comando, mas calmo, previdente e conciente de sua responsabilidade.

20. A velocidade é regulada, especialmente nas passagens delicadas, de maneira que o condutor dela seja constantemente senhor, isto é, que a possa tão facilmente aumentar como diminuir. É preciso para isso que a viatura seja mantida numa velocidade nitidamente inferior à velocidade máxima permitida pelo motor. O condutor é treinado a reconhecer pelo ouvido o bom regime do motor. Esforça-se para descobrir logo qualquer aquecimento anormal do motor e procura não o provocar por excessos de regime, principalmente quando emprega as mais baixas combinações de velocidade. Consulta frequentemente os outros aparelhos de bordo, principalmente os que dizem respeito à temperatura e circulação do óleo.

Não espera que o motor dê sinais de fadiga para passar a uma velocidade inferior e evita aumentá-la prematuramente. Embreia sem violência mas, tambem, sem fazer patinar a embreiagem.

21. O chefe da viatura exerce uma vigilância contínua sobre o condutor; escuta o motor e observa pessoalmente o quadro de instrumentos. Suas observações oportunas, feitas com medida e autoridade, contribuem para o aperfeiçoamento do condutor e o conservam alerta; imprecisas e repetidas, alcançam resultado oposto.

Todo movimento é cortado por altos, uns previstos, de duração previamente conhecida (20 minutos, em princípio) e destinados a um curto repouso das equipagens e a uma rápida revisão do material; outros impostos pelas circunstâncias e de duração imprevisivel.

É preciso que um trabalho empreendido fora de propósito não se oponha, terminado o alto, à retomada do movimento.

A equipagem só apeia quando para isso recebe ordem; procede, então, a uma rápida inspeção da viatura.

As câmaras dos motores só são abertas se o objetivo e a duração do alto são conhecidos ou se o comandante do pelotão o autorizar; a água e o óleo são verificados e, se necessário, recompletados.

Antes da noite, verifica-se o equipamento elétrico.

Nenhum homem se afasta da viatura sem autorização.

Em caso de incidente mecânico durante a marcha, o chefe de viatura é imediatamente prevenido pelo membro da equipagem que primeiro o tiver notado.

Marcha nas estradas

22. A equipagem se esforça especialmente para evitar os excessos de velocidade, as paradas bruscas, o alongamento das distâncias, o atravancamento das estradas e os engarrafamentos.

O chefe de viatura, que normalmente passa o alto do corpo pela abertura superior da blindagem, observa e transmite os sinais.

O condutor observa os movimentos da viatura que o precede e o terreno que dela o separa, tanto mais atentamente quanto maior é a velocidade e menor a distância.

O ajudante de condutor observa os movimentos e sinais das viaturas que seguem e assinala ao condutor a aproximação das viaturas que o vão ultrapassar.

A equipagem apeia, procurando não atravancar a estrada.

Quando a duração da etapa é superior a seis horas ou quando as circunstâncias tornam a conduta penosa (poeira, calor excessivo, cerração. noite, etc.) pode ser necessário substituir o condutor. As substituições são ordenadas pelo comandante do pelotão e o chefe de viatura delas participa. Convém, porem, colocar as equipagens nos seus postos normais para travessar as passagens difíceis.

Marchas em terreno variado

23. A marcha em terreno variado acarreta um grande consumo de gasolina e um desgaste dos orgãos mecânicos. Executada somente quando as circunstâncias a impõem, far-se-á frequentemente. com as janelas fechadas. Nela a viatura não regula-o seu movimento pelo das outras, com o mesmo rigor exigido nas marchas de estradas; maiores serão as dificuldades para conservar a direção e manter uma velocidade regular.

Em consequência deve a equipagem ocupar-se em precisar e conservar a direção de marcha, manter a ligação com a viatura do comandante do pelotão, ou do comandante da patrulha, e regular seus movimentos, levando em consideração a natureza do terreno.

O chefe da viatura escolhe um ponto de direção afastado e pontos intermediários de referência e indica-os ao motorista. Não é obrigado a marchar em linha reta entre os pontos de referência; poderá, sem perder a direção que lhe foi determinada e dentro do intervalo de que dispõe, escolher o itinerário da viatura. de modo a evitar, tanto quanto possivel, os obstáculos e as vistas inimigas.

Parará tantas vezes quantas forem necessárias para estabelecer a ligação com o seu chefe, assegurar a direção e escolher seu itinerário. O motorista conserva a direção geral e segue o itinerário que lhe prescreve o chefe da viatura, observando atentamente o terreno, de modo a prever as manobras a executar e assim, evitar os incidentes de marcha.

O ajudante do motorista observa tudo o que se passa na retaguarda e comunica ao chefe da viatura o que lhe possa interessar escolhe, no terreno, pontos de referência que lhe sirvam, caso a viatura regresse pelo mesmo itinerário.

O atirador participa da observação de acordo com as ordens do chefe da viatura, e esforça-se para que as trepidações da viatura não prejudiquem a arrumação do material de bordo.

A velocidade da viatura é limitada, rigorosamente, pela natureza do solo. As diversas viaturas duma mesma formação podem movimentar-se com velocidades diferentes se o solo se apresentar, diferentemente, diante celas.

A-pesar-de não convir permanecer inutilmente na retaguàrda, para não expor uma viatura a acidentes mecânicos, não se deve forçar o motor com o fito de igualar sua velocidade à de uma outra vizinha. A marcha por lanços, regulada pelo chefe da formação, permite estabelecer, periodicamente, o dispositivo. As variações frequentes de velocidade, o emprego respectivo do redutor, exigem que o motorista escute constantemente o seu motor ( não perca de vista o conta-giros, se a viatura o possuir), de modo a evitar os regimes anormais de trabalho.

Os altos são feitos em locais que permitam uma retomada facil do movimento, nas direções prevístas.

Exercícios preparatórios para o combate

24. A instrução técnica preparatória para o combate terá por fim ensinar a equipagem a progredir numa direção dada, por lanços de amplitude variavel, aproveitando as paradas para observar e atirar.

A equipagem estará instruida, quando:

a) não perder a direção geral;

b) executar os lanços sem hesitação e sem falsos movimentos;

c) os pontos de observação e as posições de tiro forem bem escolhidos e utilizados;

d) a observação e o tiro forem eficazes;

e) não houver solução de continuidade entre uma observação ou um tiro e os movimentos que o seguem, ou precedem.

Exemplos de exercícios :

a) em um lugar previamente escolhido fazer parar a viatura, utilizando as cobertas e abrigos naturais, de modo a poder:

– observar e atirar numa direção dada;

– partir numa determinada direção;

– proteger-se das vistas e dos tiros partidos de uma certa direção.

b) executar um lanço escolhendo um itinerário que permita realizá-lo :

– rapidamente (reconhecimento do terreno à distância) ;

– desenfiado (de uma determinada direção) ;

– atravessando uma crista;

– atravessando um espaço descoberto entre duas cobertas;

– atravessando um terreno batido.

c) exercícios de procura de objetivos, parado e em marcha, combinados ou não com tiros de festim.

d) exercícios de tiro real, combinados com movimentos da viatura e com manobras da torre:

– dum determinado ponto e sobre um objetivo previamente fixado;

– dum ponto a determinar e sobre objetivos a descobrir, havendo ou não escolha de arma;

– de diversos pontos sucessivos.

e) exercícios de tiro real, em objetivos moveis.

Exercícios de tiro real, veículo em marcha, sobre objetivos fixos e moveis (figuração de engenhos blindados adversários).

CAPÍTULO III

O pelotão

ARTIGO I

GENERALIDADES

Composição

25. O peIotão compreende: um comandante, agentes de transmissão, motociclistas e tres ou cinco auto-metralhadoras e um ou dois caminhões leves.

O lugar do comandante do pelotão é a bordo de um dos auto-metralhadoras; em certas circunstâncias ele pode utilizar uma de suas motocicletas. No pelotão de tres viaturas, as duas outras viaturas são comandadas por sargentos. O pelotão de cinco viaturas forma duas patrulhas de duas viaturas, comandadas cada uma por um sargento.

O sargento comandante de patrulha é o responsavel pela conservação do material de sua patrulha; o auto-metralhadora do comandante do pelotão, as motocicletas e os caminhões são repartidos entre as patrulhas, para efeito de conservação do material, disciplina e instrução do pessoal.

O sargento mais graduado ou mais antigo desempenha tambem as funções de auxiliar imediato do comandante do pelotão (manter em dia a escrituração, etc).

Fim da escola do pelotão

26. A escola do pelotão tem por fim exercitar as equipagens na execução, em conjunto, do que aprenderam separadamente, na escola da viatura; ensinar ao pelotão constituido os movimentos necessários para se apresentar em boa ordem nas formaturas; prepará-lo para executar marchas e evoluções e para combater em condições que assegurem a sua coesão e a pronta intervenção dos seus meios de fogo.

Lugar do comandante do pelotão

27. O comandante do pelotão é, normalmente, o guia de sua tropa. Em certos casos, quando não houver necessidade de mudança de direção ou de formação, ele se poderá colocar no interior ou na retaguarda do pelotão. Este último lugar apresenta a vantagem de lhe permitir observar as reações do inimigo diante da aproximação do pelotão e, por conseguinte, de tirar, por vezes, um melhor partido da situação; quando, porem, o combate estiver decidido, ele, pelo exemplo, o arrastará à ação.

Formações dos diversos tipos de pelotões

28. O número de viaturas do pelotão impõe certas formações particulares sem que nelas influa o tipo de viatura.

Com efeito, os veículos para qualquer terreno devem deslocar-se o maior tempo possivel nas estradas e caminhos, da mesma maneira que os de rodas, de um só eixo motor; estes últimos, por sua vez, se o terreno se prestar, poderão sair das estradas e evoluir em formações dispersas,

ARTIGO II

ORDEM UNIDA

29. Os movimentos de ordem unida executam-se de janelas abertas e são comandados por gestos. Os chefes de carro conservam o busto para fora da viatura, de modo a ver e a transmitir os gestos. Nos desfiles, só o comandante do pelotão conserva o busto fora da viatura.

Em coluna

30. As viaturas são dispostas em fila, na direção ulterior de marcha, a cinco metros de distância uma da outra.

A viatura do comandante do pelotão, na testa ou na cauda, conforme o lugar que deva ocupar o comandante do pelotão quando romper a marcha. Sem indicação especial, a viatura do tenente permanecerá na testa. Os motociclistas, com cinco metros de intervalo entre si, colocam-se a cinco metros à frente ou à retaguarda do comandante do pelotão, conforme este esteja na frente ou na cauda do pelotão. A distância de cinco metros é a que deve separar as viaturas quando paradas; em marcha, a distância entre os veículos varia de 15 a 50 metros.

As equipagens a pé colocam-se como foi dito na escola da viatura; o comandante do pelotão à frente de sua viatura.

Anexar a figura da pagina 108.

31. As viaturas, dispostas perpendicularmente à, frente, alinham-se pela viatura do comandante do pelotão e guardam um intervalo de cinco metros. A viatura do comandante do pelotão colocar-se-á sempre à direita para as revistas; nas outras formaturas, poderá permanecer à esquerda ou à direita do pelotão, conforme a direção ulterior de marcha, Sem indicação especial, permanecerá à direita.

Os motociclistas alinham-se pelo comandante do pelotão; guardam, em relação a ele e entre si, um intervalo de cinco metros.

O intervalo entre os veículos pode ser reduzido a três metros, mas não deve ser menor.

As equipagens, em terra, colocam-se como foi dito na escola da viatura, o comandante do pelotão à frente de sua viatura.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 108 Figura.

Em batalha

31. As viaturas, dispostas perpendicularmente à frente, alinham-se pela viatura do comandante do pelotão e guardam um intervalo de cinco metros. A viatura do comandante do pelotão colocar-se-á sempre à direita para as revistas; nas outras formaturas, poderá permanecer à esquerda ou à direita do pelotão, conforme a direção ulterior de marcha, Sem indicação especial, permanecerá à direita.

Os motociclistas alinham-se pelo comandante do pelotão; guardam, em relação a ele e entre si, um intervalo de cinco metros.

O intervalo entre os veículos pode ser reduzido a três metros, mas não deve ser menor.

As equipagens, em terra, colocam-se como foi dito na escola da viatura, o comandante do pelotão à frente de sua viatura.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 108 Figura.

32. Cada patrulha forma em coluna, a viatura do comandante na testa e a segunda viatura a 15 metros de distância.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 109 Figura.

As duas patrulhas dispõem-se em linha com 25 a 50 metros de intervalo, conforme o pelotão estiver enquadrado ou não.

O comandante do pelotão na testa da patrulha da direita e a 45 metros de distância da primeira viatura. Os motociclistas, separados por intervalos de cinco metros, colocam-se à esquerda da viatura do comandante do pelotão, pela qual se alinham e da qual guardam o mesmo intervalo que entre eles.

Reunião e revista

33. As formações de reunião e revista são a batalha e a coluna. As torres são orientadas de modo que as armas fiquem apontadas para a frente e no eixo da viatura. As equipagens em terra formam como foi dito na escola da viatura.

O comandante do pelotão inspeciona os homens e o material do seu pelotão; verifica as cargas interior e exterior das viaturas, faz levantar as tampas da câmara do motor e, se julgar necessário, põe em movimento os motores afim de escutá-los um a um. Feito isto, se o pelotão estiver enquadrado, comunicará ao seu superior – “tal pelotão, pronto”.

Desfiles

34. O pelotão a três viaturas desfila em coluna ou em linha. O pelotão a cinco viaturas desfila em coluna ou em linha de patrulhas. As distâncias e os intervalos são modificados em função das dimensões do terreno sobre o qual se executa o desfile, da velocidade de marcha e da situação do pelotão enquadrado ou não.

Para uma velocidade superior a 20 quilômetros a hora, os intervalos e as distâncias não podem ser inferiores a 25 metros.

As viaturas desfilam de janelas abertas, com a abertura superior da torre fechada.

A partida para o desfile deve ser muito progressiva, mas o comandante do pelotão deve esforçar-se para não perder a distância da tropa que o precede.

A regularidade da andadura do pelotão deve ser perfeita a 150 metros antes do lugar em que se encontra a autoridade diante da qual se vai desfilar; nenhuma mudança de andadura será empreendida a não ser a 350 metros após esse lugar. A partir desse momento e, sobretudo, dispondo-se de pouco espaço, haverá interesse em acelerar a andadura e diminuir as distâncias afim de não prejudicar os pelotões da retaguarda que não tenham terminado o desfile.

Alinhamento

35. As manobras de alinhamento preparatórias para uma reunião são feitas, em princípio, com os chefes de carro a pé e comandadas por gestos, fazendo-se avançar, sucessivamente, as viaturas previamente paradas à retaguarda do lugar definitivo.

A bordo ou em terra

36. O pelotão entra e sai das viaturas aos comandos fixados na escola da viatura. Esses comandos são feitos pelo comandante do pelotão, após os comandos do capitão e se o pelotão estiver isolado, de acordo com as circunstâncias ou ordens da autoridade superior

Mudanças de formação

37. As rupturas se fazem sobre a viatura do comandante do pelotão.

Os chefes de viaturas rompem em frente e tomam o seu lugar progressivamente. Eles não esperam, para começar o movimento, que a viatura que os preceda tenha tomado a distância definitiva No pelotão de cinco viaturas são os comandantes de patrulha que iniciam primeiro a marcha, tendo prioridade aquele que ficar mais próximo do comandante do pelotão; suas segundas viaturas os seguem de modo a tomar progressivamente a distância. Os desenvolvimentos se fazem sobre o comandante do pelotão que orienta, inicialmente, a testa da coluna. A viatura ou a patrulha que estiver na cauda da coluna colocar-se-à à esquerda do dispositivo.

Os motociclistas tomam seu lugar, esforçando-se para não atrapalhar as viaturas.

Marchas de estrada

38. As marchas de estrada se executam de acordo com as prescrições da terceira parte do Regulamento de Cavalaria e do Regulamento de Serviço em Campanha. Sendo possivel, o itinerário é comunicado, antes da partida, aos chefes das viaturas, que dele tomam nota.

O pelotão forma em coluna, com as viaturas distanciadas de 15 a 50 metros, conforme a velocidade de marcha. O algarismo que indica a distância fixa um máximo que não poderá ser ultrapassado. Essa distância permite aos chefes de viaturas evitar os abalroamentos comuns nas curvas, nas subidas e descidas de uma elevação e, em geral, todas as vezes que uma dificuldade de conduta se apresenta.

Durante a marcha, os comandantes dos diversos elementos observam o itinerário e o movimento das frações precedentes, de modo a prever as colisões possiveis e a evitá-las, ordenando ou executando as necessárias variações de velocidade, diminuindo ou aumentando progressivamente as distâncias.

Numa estrada estreita, as viaturas, conservando-se bem encostadas ao lado direito da mesma, assinalam-se mutuamente, pelo gesto “Atenção”, à chegada de veículos que venham em sentido inverso cruzar com elas ou que pretendam ultrapassá-las, de modo que os motoristas tenham tempo de tomar as necessárias disposições.

Os quadros preparam os altos diminuindo a velocidade, reduzindo a distância entre as viaturas e encostando-as no lado direito da estrada.

A distância de cinco metros pode ser reduzida a três metros, mas não deve a isto ser inferior de modo que uma viatura possa partir, mesmo que a da frente esteja imobilizada.

O comandante do pelotão não permite que uma desmontagem se faça sinão após ter verificado a sua necessidade. No caso de a reparação exceder à duração do alto, o comandante do pelotão comunicará ao capitão, que dará as ordens necessárias à turma de depanagem.

39. Quando o pelotão estiver isolado, a velocidade de marcha será fixada pelo seu comandante. Em principio, a velocidade em terreno plano não deve exceder a dois terços da velocidade máxima de que a viatura é capaz; a média assim realizada, em percurso regularmente acidentado, é quasi igual à metade desta última velocidade. A hora da partida é fixada em função da distância a percorrer, do perfil da estrada, do número e da natureza dos altos a prever e deve levar em conta uma reserva de tempo suficiente para atender ao imprevisto.

O comandante do pelotão faz os altos regulamentares e, se preciso, as paradas necessárias para a reparação dos incidentes mecânicos que lhe tenham sido assinaladas. Evita fazer os altos em passagens estreitas, em lugares onde a visibilidade é má, à retaguarda de uma passagem que poderá encontrar obstruida no momento de partir e em todo acidente do terreno que lhe possa dificultar a partida.

Os motociclistas servem de orientadores, de balizadores e de cerra-filas; desloca-se por lanços. Se tiverem que se deslocar por laços da coluna, deverão ligar-se com os chefes de viatura por meio de gestos. evitando gritar. Quando o pelotão estiver enquadrado, os motociclistas serão frequentemente grupados, totalmente ou em parte, às ordens do comandante da coluna.

A marcha de estrada deve ser objeto de uma instrução rigorosa  e pormenorizada, porque a conduta de uma viatura em coluna obedece a regras diferentes das que regulam a de um veículo isolado. Todas as saídas, qualquer que seja o material empregado, e desde o inicio da instrução, devem ser aproveitadas para a obtenção deste objetivo.

ARTIGO III

ORDEM DISPERSA

40. O objetivo da ordem dispersa é permitir que o pelotão, enquadrado ou não, progrida em zona perigosa, adaptando suas formações ao terreno e sem perder a coesão.

Deve poder executar seus movimentos com todas as aberturas fechadas.

Nestas condições são, normalmente, comandados por sinais ou pelo rádio. Entretanto, em certas circunstâncias, o comandante do pelotão pode combinar com antecedência certos movimentos e o sinal que os comandará.

Quando for necessário e possivel, o comandante do pelotão poderá reunir em torno da sua as viaturas de seus subordinados imediatos, a quem dará verbalmente suas ordens, viatura a viatura.

PELOTÃO DE TRES VIATURAS

Em coluna

41. Esta formação é de aproximação e tambem, de combate em estradas, caminhos e lugares estreitos. Em campo aberto, é empregada para cobrir um flanco. Serve alem disso e, eventualmente, para transpor uma passagem apertada de pouca profundidade; neste caso, as distâncias podem ser diminuídas.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 112 Figura.

As duas primeiras viaturas formam um grupo solidário, seguido a uma certa distância pela terceira viatura. As tres viaturas devem guardar a ligação pela vista, pelo menos duas a duas.

O lugar do comandante do pelotão varia com a situação e a missão. A primeira viatura inicia marcha, observa e mantem-se pronta a atirar sobre o eixo de marcha e seus arredores imediatos.

A segunda viatura segue a uma distância que pode variar de 50 a 200 metros; tem por missão apoiar e cobrir a primeira viatura. Para isso observa e mantem-se pronta a abrir fogo de ambos os lados do eixo de marcha sobre os pontos donde o inimigo possa atuar a curta distância, sobre a viatura da frente. Conserva uma distancia suficiente para não cair, ao mesmo tempo que a primeira viatura, sob os mesmos tiros, ou nas mesmas dificuldades.

A terceira viatura segue este grupo a uma distância que pode variar de 300 a 800 metros. Tem por missão assinalar e combater todas as armas e engenhos inimigos que se revelarem atirando sobre as viaturas da frente e, eventualmente, proteger a retirada das mesmas. Uma vez o combate engajado, participa dele, aproximando-se, se possivel, dos objetivos assinalados, de preferência atacando-os pelo flanco.

As tres viaturas manobram, sempre que possivel, de modo a concentrar seus fogos  sobre o mesmo objetivo.

Salvo ordem em contrário, os motociclistas marcham na cauda do pelotão, prontos a atender ao chamado do seu chefe. Se a situação o comportar, poderão ser empregados à frente do pelotão, como exploradores de terreno ou balizadores.

Em batalha

42. Esta formação é de aproximação e de combate em campos abertos; permite ao pelotão reconhecer uma frente de 500 metros e atacar uma frente de 250 metros.

O pelotão forma um triângulo de 150 a 200 metros de frente, por 100 a 150 metros de profundidade. O triângulo pode ser formado, conforme a missão e a situação, com o vértice para a frente ou para a retaguarda. Salvo combinação contrária, com o vértice para a frente desenvolve-se em uma frente de 200 metros, com o vértice voltado para a direção de marcha.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 113 Figura.

O lugar do comandante do pelotão varia conforme a situação; no combate a sempre que outra coisa não tenha sido convencionada, permanecerá na testa ou numa das viaturas de testa.

As três viaturas não se  perdem de vista e devem poder concentrar seus fogos à frente do pelotão. Os motociclistas marcham como foi dito no número precedente.

Pelotão de cinco viaturas

43. O pelotão de cinco viaturas divide-se em duas patrulhas de duas viaturas, comandadas cada uma por um sargento chefe de viatura.

A patrulha

44. A patrulha em ordem dispersa só evolue, normalmente, numa formação: em coluna, comandante da patrulha na testa.

A segunda viatura segue o movimento da primeira, nas condições descritas atrás. Dela conserva uma distância variável de 50 a 150 metros, sem que se considere obrigada a seguir-lhe exatamente o rastro.

Em estação e quando o pelotão tem uma missão de vigilancia, a segunda viatura pode se colocar na mesma linha que a primeira sem a perder de vista e sem ultrapassar 150 metros de intervalo.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 114 Figura.

Em coluna de patrulhas

45. As patrulhas, em coluna, seguem-se a uma distância que pode variar de 100 e 500 metros.

O comandante do pelotão marcha a uma distância de 50 a 100 metros na testa ou na cauda de uma das patrulhas.

Esta formação é uma formação de aproximação e de combate, em estradas e caminhos. Fora das estradas permite cobrir um flanco, transpor um desfiladeiro e aproveitar uma boa passagem;. neste último caso, as distâncias podem ser reduzidas.

Em linha de patrulhas

46. É uma formação de aproximação e de combate. Permite ao pelotão observar uma frente de 1.500 metros, reconhecer uma frente de 600 metros e atacar uma frente de 300 metros.

As patrulhas, formadas em coluna, marcham em direções paralelas, com um intervalo de 200 a 300 metros (sem indicação contrária: 250 metros) e sem se perderem de vista.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 114 Figura.

Se o pelotão estaciona para observar, o intervalo pode ser aumentado até 1.000 metros, devendo porém as patrulhas manter a ligação pela vista e observarem o terreno que as separa.

O comandante de pelotão marcha em princípio, com uma (das patrulhas; coloca sua viatura no intervalo entre as patrulhas e a 100 metros no máximo da viatura  de testa de uma delas. A viatura da cauda desta patrulha se escalona então de modo a apoiar e proteger, ao mesmo tempo, as viaturas do comandante do pelotão e do comandante de patrulha. Em certas circunstâncias o comandante de pelotão poderá marchar na altura da segunda viatura da patrulha, e com o mesmo intervalo.

A patrulha com a qual marcha o tenente é a de direção e a viatura do comandante de pelotão, quando na testa, é o elemento mais avançado do pelotão.

Mudanças de formação

47. As mudanças de formação consistem em passar da coluna para as formações desenvolvidas e vice-versa.

Desenvolvimento

48. Os desenvolvimentos se fazem sobre o comandante e na direção ulterior de movimento. O comandante do pelotão indica esta direção por gestos e pelo movimento de sua viatura. O desenvolvimento exige uma diminuição de velocidade e, em certos casos, uma parada da viatura do tenente, que retoma a sua velocidade após as patrulhas haverem tomado o intervalo e direção convenientes.

Se a eventualidade de um desenvolvimento para retaguarda se apresenta, o sinal – “desenvolvimento” – é precedido do sinal meia-volta.

Pelotão a tres viaturas

49. Salvo convenção prévia, o pelotão forma em triângulo com o comandante à frente.

O comandante do pelotão lança-se francamente na direção do desenvolvimento, faz o sinal – “desenvolvimento” – e diminue a velocidade até obter a correção do movimento.

Após o sinal – “desenvolvimento” – as viaturas ganham o seu lugar, pelo itinerário mais favoravel, e orientam-se na direção indicada, sem perder o alinhamento.

A viatura da testa dirige-se para a direita do comandante do pelotão e a segunda para a esquerda; o comandante do pelotão retomará o movimento quando as viaturas tiverem alcançado os respectivos lugares.

Se, uma vez feito deslocamento, desejar colocar-se à retaguarda, fará o sinal – “não façam como eu” – e diminuirá a velocidade o tempo necessário, enquanto que as outras viaturas prosseguirão normalmente os movimentos.

Pelotão a cinco viaturas

50. O comandante do pelotão procede inicialmente como foi dito no número precedente. Ao sinal – “desenvolvimento” – a patrulha da testa coloca-se a 50 metros à retaguarda e à direita do comandante de pelotão; a segunda patrulha toma à esquerda o intervalo conveniente. Se o comandante do pelotão deseja trocar a patrulha de direção, faz os sinais – "Diminuir a velocidade” e “Não façam como eu” – e vai colocar-se à direita da outra patrulha.

A velocidade é retomada progressivamente ao sinal de – “aumentar a velocidade”.

A segunda viatura da patrulha de direção toma, então, o lugar que lhe compete.

Rupturas

51. As rupturas fazem-se sobre o comandante do pelotão, ao sinal – "Reunião, em coluna”.

As viaturas ou as patrulhas tomam, à retaguarda do comandante do pelotão, o lugar normal na formação  em coluna, evitando os movimentos inuteis e esperando, se necessário, por uma diminuição de velocidade, o momento de entrar na coluna.

Mudanças de direção

52. As formações de ordem dispersa mudam de direção, imitando o movimento de viatura do comandante do pelotão.

Este último executa o movimento avançando e regulando a velocidade de modo que o facilite. Indica a nova direção por uma marcha em linha reta acompanhado ou não do sinal – “Em frente”.

As viaturas, ou as patrulhas, tomam o seu lugar na nova direção, e  com intervalo conveniente, pelo caminho mais favoravel.

Reunião na última coberto

53. Este movimento permite recuperar um pelotão, mesmo engajado, para empregá-lo em outra direção ou em uma outra missão.

Ao sinal – “Reunião na última coberta” – as viaturas da lesta dirigem-se para retaguarda; chegadas à coberta, fazem meia volta e esperam novas ordens, observando o terreno percorrido. O comandante do pelotão e as viaturas de cauda fazem alto, permanecem paradas enquanto as outras fazem meia-volta, deixam-se ultrapassar e depois ganham, por sua vez, a mesma coberta.

Se houver necessidade de prosseguir o movimento para retaguarda o comandante do pelotão tomará a testa; se não quizer parar na coberta seguinte, fará, ao atingi-la, o sinal – “Em frente".

Se houver necessidade de mudar de direção, tomará a nova direção e fará o sinal – “Reunião em coluna”. Poderá tambem chamar seus subordinados imediatos para lhes dar novas ordens.

Execução dos movimentos

54. Estes serão longos e francos se as paradas, feitas em lugares apropriados, tiverem sido aproveitadas pelos comandantes  do pelotão, patrulha e carro para retomar os intervalos, assegurar a direção, bem observar o terreno em frente, determinar o ponto final do lanço seguinte e escolher o itinerário.

Para isto, o pelotão a tres viaturas, desenvolvido, une as distâncias. No pelotão a cinco viaturas, desenvolvido, só os comandantes de patrulha observam; os chefes das segundas viaturas, após terem retomado distâncias e intervalos, protegem a observação do primeiro escalão, vigiando os pontos perigosos das imediações.

Durante a execução do lanço as patrulhas e as viaturas utilizam, da melhor maneira possivel, o terreno, seja para dissimular a progressão, seja para evitar obstáculos  que as possam retardar; modificam, para isto, as distâncias e intervalos, sem perder de vista seus chefes diretos e permanecendo em condições de abrir imediatamente o fogo.

Disposições para o combate

55. O comandante do pelotão, no último alto que precede a marcha de aproximação, comanda – “Preparar para o combate”.

A aproximação é executada de janelas abertas enquanto o fogo inimigo não obriga a fechá-las. O comandante do pelotão e os comandantes de patrulhas continuam a transmitir os comandos por gestos. Quando o comandante do pelotão julgar necessário fechar as janelas, fará fechar as de sua viatura e executar o sinal de atenção para que as outras viaturas façam o mesmo.

Motociclistas

56. Na Ordem dispersa, quando as viaturas blindadas vão entrar em terreno batido e que, em consequência, foram fechadas as janelas, os motociclistas ficam à retaguarda do pelotão, em princípio, no limite da última coberta. Aí permanecem enquanto o pelotão executa o lanço, observando seu movimento, o movimento das tropas vizinhas e as reações inimigas. Se o inimigo não reagir, partirão a tempo de alcançar o pelotão no fim do lanço, após terem escolhido o seu itinerário.

Se o pelotão se engaja, observam o início de engajamento e informam ao Capitão, no caso de pelotão enquadrado, ou em caso contrário, na tropa de apoio.

Evitam os movimentos inuteis e aproveitam, tanto quanto possivel, os caminhos. A velocidade e a maneabilidade de suas máquinas lhes permitem observar muito tempo, parados e a coberto das vistas, permanecendo, porém, em condições de cumprir, no momento oportuno, o seu papel de agentes de transmissão.

No pelotão enquadrado eles são, quasi sempre, grupadas às ordens do Capitão.

Exercícios preparatórios para o combate

57. A instrução técnica preparatória do pelotão para o combate tem por fim ensinar aos chefes de viatura a regular seus movimentos, a observar e a atirar de acordo com as indicações do comandante do pelotão.

58. Exemplos de exercícios:

I) Instrução da patrulha:

a) a viatura do comandante da patrulha estando colocada no terreno, de acordo com uma hipótese simples (direção perigosa, direção de marcha, etc.), exigir que o chefe da segunda viatura determine o lugar que ela deve ocupar e dê as ordens necessárias à equipagem;

b) execução de lanço seguindo uma viatura-guia:

– na sua esteira;

– em uma direção paralela;

– numa zona determinada;

c) proteção de viatura guia, procura de objetivos, combinado ou não com tiros de festim;

d) para apoiar a primeira viatura, procurar o objetivo sobre o qual ela atira (orientação da torre, inclinação da arma, impactos, etc.) e batê-lo.

II) lnstrução do Pelotão.

Os exercícios a executar com o pelotão a cinco viaturas são da mesma espécie que os indicados para o de três viaturas, uma vez instruidas as patrulhas:

a) determinação do lugar das viaturas subordinadas e das ordens a dar às equipagens, de acordo com a colocação da viatura do comandante do pelotão.

b) execução de lanços, de acordo com os movimentos da viatura do comandante do pelotão, marcha em terreno de dificuldade variada, com mudanças de direção, altos inopinados, etc.;

c) mesmo exercício co mprocura de objetivos, combinado ou não com tiros de festim ou lançamento de artifícios de sinalização;

d) tiros de combate:

– concentração do fogo das viaturas sobre um mesmo objetivo e mudança de objetivos, o tiro sendo comandado pela viatura do comandante do pelotão;

– sem cessar o fogo sobre o objetivo indicado, melhorar progressivamente a posição do pelotão, por movimentos alternados das viaturas até desbordar o objetivo e tomá-lo de revés;

– aparição de um objetivo secundário, perigoso;

– aplicação, nestes exercícios, de tiros executados com a viatura em movimento;

– ataque de engenhos blindados inimigos e defesa contra eles;

– emprego de engenhos fumigenos e utilização de uma cortina de fumaça.

CAPÍTULO IV

O esquadrão

ARTIGO I

GENERALIDADES

Composição

59. O Esquadrão compreende Pelotões de combate e um Pelotão Extranumerário. A maior parte do Pelotão Extranumerário marcha com o trem de combate. O esquadrão de manobra compreende: a viatura do comando, agentes de transmissão, motociclistas do Capitão, os pelotões de combate e certas viaturas do trem de combate, se o Esquadrão for isolado.

Fim de escola de esquadrão

60. A escola do Esquadrão tem por fim exercitar os Pelotões na execução, em conjunto, do que aprenderam separadamente e ensinar ao Esquadrão os movimentos necessários à sua apresentação e ao seu emprego.

ARTIGO II

ORDEM UNIDA

61. O Capitão comanda os movimentos de ordem unida por gestos, sinais ou rádio e indica verbalmente, se necessário, as formações a tomar sucessivamente.

Permanece ou na sua viatura de comando, ou, acidentalmente, em uma motocicleta; seu lugar é à testa do Esquadrão.

O frupo de transmissões pode seguí-lo imediatamente ou marchar na cauda do Esquadrão.

Nas revistas e desfiles as viaturas de ligação e os caminhões são grupados na cauda do Esquadrão.

Em coluna

62. Os Pelotões em coluna seguem o Capitão e se sucedem a uma distância dupla fixada para as viaturas.

Os motociclistas, à exceção dos do último Pelotão, ficam, em princípio, grupados por Esquadrão e marcham à frente da viatura do Capitão.

Os motociclistas do último Pelotão marcham na cauda do Esquadrão.

A pé, as equipagens colocam-se como foi dito na escola do Pelotão.

Em batalha

63. Os Pelotões, em batalha, ficam à esquerda da viatura do Capitão; dez metros de intervalo separam os Pelotões uns dos outros e da viatura do Capitão.

Os motociclistas são grupados e colocados em linha a dez metros à direita da viatura do Capitão, salvo os do último Pelotão que são colocados à esquerda de seu Pelotão. Os intervalos podem ser reduzidos a três metros.

A pé, as equipagens colocam-se como foi dito na escola do Pelotão.

Esta formação é, exclusivamente, uma formação de reunião e da revista.

Coluna de pelotões

64. Os Pelotões formam à retaguarda da viatura do Capitão na formação e na distância prescrita por ele.

As viaturas dos tenentes cobrem rigorosamente a viatura do Capitão.

Os motociclistas podem ser grupados nas condições definidas nos parágrafos precedentes ou permanecer nos seus Pelotões, se a distância entre estes ultrapassar 100 metros.

Linha de pelotões

65. Os Pelotões em coluna (eventualmente em coluna de patrulhas, para o Pelotão a cinco viaturas) são juntapostos, o segundo Pelotão à retaguarda da viatura do Capitão, a uma distância dupla da que separa as viaturas.

Os intervalos entre os Pelotões variam, conforme as circunstâncias, desde três até 15 metros.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 120 Figura.

Reuniões e revistas

66. O Esquadrão se reune ou se  apresenta em uma revista numa das formações acima, conforme a natureza do movimento ulterior, as dimensões e forma do terreno de que dispuser.

O Capitão inspeciona sucessivamente os Pelotões, cujos comandantes lhe participam os resultados das inspeções que devem ter minuciosamente feito, principalmente as que se referem ao estado mecânico das viaturas.

O Capitão, por sua vez, leva ao conhecimento da autoridade superior o resultado da sua inspeção.

Desfile

67. O Esquadrão desfila em coluna, em coluna de Pelotões, ou linha de Pelotões.

As prescrições gerais correspondentes à escola do Pelotão são aplicadas à do Esquadrão.

Alinhamento – A bordo e em terra

68. O Esquadrão alinha-se numa determinada    frente, se possivel, previamente balizada, as equipagens entram e  saem das viaturas ao comando do Capitão, de acordo com as prescrições dos parágrafos correspondentes da escola do Pelotão.

Mudanças de formação

69. As mudanças de formação do Esquadrão, na ordem unida, são reduzidas aos movimentos necessários para tomar posição, afim de desfilar e para se reunir ou escoar após um desfile.

As formações sucessivas são previstas; sua execução e os comandos que comportam constituem objeto de convenções prévias.

Execução dos movimentos

70. As prescrições da esco1a do Pelotão são aplicaveis aos movimentos do Esquadrão. Os movimentos devem ser tanto mais progressivos quanto mais longa for a coluna e maior a velocidade. Os comandantes de Pelotão devem, nas variações de andadura, aproveitar-se largamente da elasticidade das distâncias, que fazem, porem, respeitar rigorosamente, uma vez tomada a velocidade prevista para o movimento definitivo.

Marcha de estrada

71. O conjunto de prescrições correspondentes da escola do Pelotão é aplicável á escola do Esquadrão.

As distâncias entre os Pelotões variam de 25 a 100 metros. Quando o Esquadrão estiver isolado e a situação o permitir, haverá interesse em aumentar as distâncias, de modo a permitir aos Pelotões a maior autonomia possivel de movimentos.

Quando o Esquadrão isolado for acompanhado pelo seu trem de combate, haverá, muitas vezes, interesse em se constituir uma coluna ligeira de caminhões que procederá o Esquadrão.

Quando as necessidades de segurança o exigirem, o trem de combate poderá ser enquadrado pelos Pelotões.

O comandante do último Pelotão marcha na cauda da coluna.

No Esquadrão isolado, um oficiaI, comandante da retaguarda, dispondo de elementos de depanagem especialmente constituidos e equipados e de agentes de transmissão motociclistas, marcha na cauda da coluna. Este oficial deve ser orientado sobre a situação e sobre o procedimento a ter em caso de incidente.

O Capitão fixa a velocidade de marcha dos diversos elementos da coluna. Determina os altos onde o Esquadrão se reunirá. O número desses altos depende da extensão da etapa e da dificuldade do itinerário, resulte esta da natureza do terreno ou do atravancamento das estradas. Há muitas vezes interesse em grupar inteiramente o esquadrão para atravessar as passagens mais dificeis.

Em cada alto, se necessário, é o Capitão informado dos incidentes havidos durante a marcha. Conforme as instruções recebidas e a gravidade dos incidentes, toma, por si mesmo, as decisões correspondentes, ou deles cientifica a autoridade superior.

Marcha, em princípio, na testa da coluna, após ter dado suas instruções e ordens.

Os motociclistas servem de exploradores de terreno, de balizadores e de agentes de transmissão.

ARTIGO III

ORDEM DISPERSA

72. As formações de ordem dispersa conduzem o Esquadrão da marcha de estrada ao combate.

Devem ser suficientemente flexíveis para permitirem ao Esquadrão: garantir sua segurança, adaptar sua manobra ao terreno e tomar, sem perda de tempo, o dispositivo de combate.

A eventualidade do encontro com forças mecânicas inimigas deve ser sempre prevista.

As formações de ordem dispersa são: a coluna de pelotões, a coluna dupla e as formações delas derivadas por escalonamento dos pelotões em largura e profundidade.

As distâncias e os intervalos devem ser bastante grandes para que os pelotões se distingam uns dos outros e não possa haver confusão entre as viaturas de dois pelotões.

O aumento da frente é obtido, de preferência, pelo aumento dos intervalos que separam os pelotões e não pelo aumento da frente destes.

Qualquer que seja a formação, haverá sempre um pelotão de direção. A direção geral e, se for o caso, as direções sucessivas, são definidas por pontos de direção ou ângulos de marcha.

Convenções prévias fixam os sinais de execução para desencadear os movimentos previstos.

O Capitão, após ter fixado a formação e indicado a direção, designa o pelotão de direção. Seu lugar é à frente do Esquadrão, ao qual precede, à uma distância suficiente para poder conduzi-lo, sem manobras bruscas, pelo itinerário mais favoravel.

Desde que um encontro com inimigo se torna possível, permanece nas proximidades imediatas de um dos pelotões, que será, quase sempre, o pelotão de direção ou em um lugar de onde possa ver e orientar o conjunto do Esquadrão.

Os agentes de transmissão procuram manter-se á altura do Capitão até quando a situação o permitir.

A prática metódica das evoluções em terreno variado é indispensável para dar ao esquadrão de autos-metralhadoras, a mobilidade e a coesão que são necessárias.

A escolha da formação e o modo de execução dos movimentos dependendo da missão do esquadrão e da situação, todo exercício comporta, em princípio, uma hipótese tática simples.

Toda sessão de instrução deve comportar tambem movimentos executados com janelas e torres fechadas.

Coluna de pelotões

73. Os pelotões, desenvolvidos, seguem-se a uma distância fixada pelo capitão. Esta distância medida da testa dum pelotão à do seguinte deve variar entre 250 e 500 metros. A coluna de pelotões pode escalonar á esquerda ou á direita. Neste caso o capitão fixa os intervalos entre 100 e 200 metros, medidos de eixo a eixo. (Anexo figura página 122)

Essas formações são empregadas para utilizar um caminhamento estreito, cobrir um flanco e abordar a ala de um dispositivo inimigo.

Coluna dupla

74. Os pelotões, desenvolvidos, são repartidos dois a dois, em duas colunas paralelas. O capitão fixa o intervalo que separa as colunas e a distância que separa os pelotões de cada coluna. Os intervalos, medidos de eixo a eixo, são fixados entre 200 e 600 metros: as distâncias, medidas de testa a testa, é entre 250 e 500 metros.

Escalonando os pelotões de maneiras diferentes, o capitão poda dispor o esquadrão em trapézio, em losango, etc. Essas formações são de aproximação e combate.(anexo figura página 123)

Execução dos movimentos

75. Os movimentos do esquadrão se executam por lanços tão, longos quanto possível. Na execução dos lanços os comandantes do pelotão têm toda a iniciativa para regular seus movimentos e modificar as formações, contanto que os pelotões estejam sempre em condições de se apoiarem mutuamente e as viaturas não corram risco de se misturarem. Os intervalos e distâncias fixados são retomados sempre que possível e, particularmente, por ocasião dos altos.

Quando um encontro for previsto, o movimento se poderá executar por lanços sucessivos.

As mudanças de formação se reduzem ao passar, a um dado sinal, de uma formação em marcha para uma formação de aproximação ou de combate e vice-versa. Os pelotões ganham seus lugares pelos movimentos mais simples e itinerários mais favoráveis; não se desenvolvem sinão quando convenientemente orientados.

As mudanças de direção fazem-se por imitação.

Reunião

76. O esquadrão se reune em coluna atrás do capitão, numa direção ou na coberta anterior, em condições análogas às do pelotão.

Disposições para o combate

77. As disposições para o combate são tomadas nos pelotões, sem ordens especiais do capitão.

Motociclistas

78. Em princípio, cada pelotão destaca um dos seus motociclistas para junto do capitão.

O capitão, por sua vez, destaca agentes de transmissão, retirados dos seus próprios motociclistas, junto às unidades vizinhas e às autoridades superiores.

Quando o esquadrão entra na zona de combate, todos os agentes de transmissão do esquadrão e dos pelotões são reunidos em um grupo de transmissões, sob o comando do sargento das transmissões. Este grupo segue o esquadrão por lanços, utilizando as estradas e os caminhos. Os motociclistas são empregados na segurança do grupo e na ligação com o capitão.

Exercícios preparatórios para o combate

79. O esquadrão pode ter de combater em circunstâncias e sob formas muito variadas; no entanto, existe um certo número de exercícios elementares que frequentemente terão aplicação nas diferentes fases da ação e que convem sejam conhecidos pelos quadros :

– progressão por lanços sucessivos : os pelotões do segundo escalão só iniciam um lanço quando os do primeiro escalão, por eles apoiados e observados, tiverem executado o seu;

– apoio da progressão ou da retirada de um pelotão pelo fogo dos tres outros;

– reuniões;

– repartição das missões de fogo entre os pelotões aparição inopinada de objetivos, durante a execução dum lanço;

– concentrações de fogos; maneira de desencadeá-los;

– emprego de engenhos fumígenos, emissão e utilização de uma cortina de fumaça.

Um certo número desses exercícios  pode ser executado com tiros reais, sobre objetivos-fixos e moveis (engenhos blindados adversários).

Rio de Janeiro, D. F., 15 de julho de 1940. – Eurico G. Dutra.

Instrução – 3ª parte – Serviço em campanha

INTRODUÇÃO

A 3ª parte do Regulamento para os Exercícios e o Combate da CavaIaria tem por fim :

1º, completar, com prescrições relativas à, Cavalaria fora do combate, as disposições gerais contidas no R. S. C.;

2º, expor um método de ensino do serviço em campanha que permita aos quadros e particularmente aos graduados encontrar todas as indicações necessárias à orientação desse ensino;

3º, completar, especialmente, quanto à procura de informações e às ligações, as prescrições contidas na 2ª parte do regulamento, relativamente à cooperação da cavalaria e da aviação.

TÍTULO I

A cavalaria na segurança

ARTIGO I

GENERALIDADES

1. A cavalaria participa, em todas as circunstâncias, da segurança das outras armas.

No quadro do Exército, as divisões de cavalaria concorrem para a segurança :

a) pelas informações que a exploração proporciona;

b) pela sua presença na frente ou nos flancos ou ainda pela intervenção eventual em cobertura ou em ação retardadora.

O papel das divisões de cavalaria encarregadas de uma missão de exploração, de cobertura ou de ação retardadora, está definido na 2ª parte deste Regulamento (título III, capítulos I e Il). Os processos de funcionamento da descoberta terrestre que não tenham sido tratados nessa parte do Regulamento, serão expostos no artigo seguinte.

Os regimentos de cavalaria divisionária cooperam na segurança das divisões de infantaria, de acordo com os princípios contidos na 2ª parte do Regulamento (título V).

ARTIGO II

CARACTERÍSTICAS DOS DESTACAMENTOS DE DESCOBERTA E DOS

RECONHECIMENTOS

2. A descoberta terrestre é garantida pelos destacamentos de descoberta, de composição e efetivo variáveis, e eventualmente pelos reconhecimentos. Esses dois orgãos trabalham para o mesmo objetivo: a procura da informação. Diferenciam-se pela importância dos meios de ação e pelo modo de operar.

3. O destacamento de descoberta motorizado é o orgão normal da descoberta. Todavia, a D. C., para bem cumprir uma missão de exploração, terá, às vezes, de empregar dois escalões de descoberta :

– um primeiro escalão constituido por destacamentos moto-mecanizados; esses destacamentos podem ser lançados a uma distância de 80 a 120 kms na frente do grosso (D. D. M;);

– um segundo escalão constituido por destacamentos a cavalo (D. D. C.) que marcham na esteira dos D. D. M.; as investigações dos D. D. C. podem ser levadas, em média, a 50 kms. na frente do grosso.

Esses dois escalões são, normalmente, empregados quando a D.C.  marcha com as Bda. C. na testa do dispositivo sendo a distância que a separa do inimigo relativamente grande e aparecem dificuldades na organização de um destacamento mixto (questão de comando, dificuldades do terreno, aproveitamento máximo da velocidade dos motorizados, etc.).

Em regra, depois que os D. D. M. são detidos pelo inimigo e quando os D. D. C. a eles superpõem, assumem o comando do conjunto os mais antigos Cmts. de D. D.

Em certos casos (cobertura, ação retardadora, aproveitamento do bom êxito) em que a distância entre o grosso da D. C. e o inimigo é relativamente curta, podem ser empregados destacamentos de descoberta mixtos (D. D. Mx.), visto ser possivel, em tais casos, um chefe único acionar elementos de velocidades tão diferentes. Excepcionalmente, quando as circunstâncias do terreno o exigirem, a descoberta poderá ser reduzida, exclusivamente, a destacamentos a cavalo.

Os D. D. M são, geralmente, constituidos de 1 ou 2 pelotões. A. M. D. R., 1 ou 2 pelotões T. Q. T., 1 posto Rádio, 1 caminhão leve e agentes de transmissão motociclistas.

Os pelotões T. Q. T. são, exclusivamente, destinados ao apoio dos pelotões A. M. D. R.

A composição do D. D. C. varia entre o Pelotão e a ala de R. C. (reforçados ou não com Mtr.).

O D. D. Mx. pode ter como composição normal :

1 Esq. Cav. (eventualmente reforçado);

1 Pel. A. M. D. R.;

1 Pel. T. Q. T.;

1 Posto Rádio E. R. (emissor-receptor);

Motociclistas (agentes de transmissão).

Conforme o caso, o Cmt. da D. C. poderá empregar o Pelotão Cav. (dest. fraco) ou a ala de R. C. (dest. forte) como núcleo do D. D. Mx.

Em circunstâncias excepcionais e quando os destacamentos (D. D. C. ou D. D. Mx.) forem fortemente constituidos, poderão ser reforçados com Art. (Bia. ou See.) e A. M. C.. mas isso só se justificará quando tiverem, alem da missão de reconhecimento, uma missão particular de força.

O destacamento de descoberta, em princípio, não procura combater, mas dispõe dos recursos suficientes para repelir os elementos de reconhecimento ou de segurança inimigos, que lhe sejam inferiores ou que estejam em condições de ser surpreendidos. É, muita vezes, obrigado a recorrer à força para fazer chegar as informações recolhidas.

4. O reconhecimento a cavalo comporta um comandante (oficial ou sargento) e alguns cavaleiros. O efetivo dos cavaleiros é calculado de modo que permita a transmissão das informações por estafetas e que faculte a concessão de um repouso indispensavel aos homens e cavalos, sem comprometer a segurança do reconhecimento.

O reconhecimento motorizado é constituido por 2 ou 3 viaturas A. M. D. R. apoiadas por um G. C. T. Q. T.

O reconhecimento não possue elemento de força; sua caracteristica é a mobilidade. Opera procurando evitar encontro com destacamentos inimigos e dissimulando a própria marcha.

Em algumas circunstâncias podem ser dotados de automoveis blindados ou não, para transmitirem rapidamente uma informação importante.

5. O emprego do destacamento de descoberta impõe-se na maioria dos casos e principalmente quando o inimigo está a grande distância, quando é inevitavel a travessia de localidades populosas e hostis e quando se espera encontrar resistências a vencer na busca e na transmissão das informações.

Em certos casos, como nas regiões de acesso muito dificil ou nos campos pouco cobertos e muito cortados, onde um reconhecimento se pode dissimular mais facilmente do que um destacamento, deve ser empregado o reconhecimento.

Os reconhecimentos recebem, geralmente, missões de duração curta e só em condições excepcionais são enviados a grandes distâncias.

Os destacamentos de descoberta, porem, empregam, normalmente, os reconhecimentos.

6. O comando de destacamento de descoberta ou de reconhecimento exige aptidões particulares, só devendo ser confiado a chefes escolhidos e de comprovada capacidade física e moral.

O comandante de um reconhecimento deve ser dotado, principalmente, de temperamento ardente, tenaz e enérgico e de carater decidido e audacioso.

A uma preparação obtida pela prática dos esportes e particularmente da equitação de exterior, ele deve juntar o conhecimento prático do esforço que pode pedir a um pequeno grupo de cavaleiros bem montados. Reduzido a seus recursos, serão as qualidades pessoais que lhe permitirão vencer as dificuldades que surgirem durante o cumprimento da missão.

Habituado ao emprego do binóculo, capaz de decifrar os menores indícios, impondo-se aos cavaleiros pelo sangue frio, ele deverá estar sempre alerta para colher qualquer informação, não se deixar descobrir e escapar às ciladas do inimigo; não deve esquecer que será quasi sempre pela rapidez e audácia de suas decisões que conseguirá triunfar, mesmo nas circunstâncias mais imprevistas.

O comandante de um destacamento de descoberta deve possuir as mesmas qualidades que um comandante de reconhecimento, mas precisa saber interpretar as informações que não adquirir pessoalmente, ter noção exata das possibilidades de marcha e de combate dos diversos elementos que podem entrar na composição de um destacamento de descoberta (autos-metralhadoras, cavaleiros, unidades T. Q. T. artilharia) a cujo emprego deve estar acostumado.

Destacamentos de descoberta

7. O comandante do destacamento de descoberta recebe a missão em principio sob a forma de ordem escrita (ou verbal, em caso de urgência), cujas prescrições essenciais se acham indicadas na 2ª parte do Regulamento.

Preparação da missão

8. O comandante de um destacamento de descoberta deve executar, antes de partir, uma preparação minuciosa da missão. Essa preparação exige sempre um certo tempo; é, pois, necessário que o comando faça chegar a ordem (missão), se preciso, sob a forma de uma ordem preparatória, ao comandante da unidade escalada, algumas horas antes do momento fixado para a partida do destacamento.

Convem não esquecer que a partida de um destacamento sem o tempo necessário à preparação da missão acarreta sérios prejuízos ao respectivo desempenho.

Assim, em período de atividade, é útil manter um ou dois destacamentos da descoberta prontos para marchar à primeira ordem, podendo as comandantes dos citados destacamentos permanecer no Q. G., junto ao chefe do E. M.

9. Ao receber a missão, o comandante do destacamento de descoberta estuda cuidadosamente a carta da região em que vai operar; determina os itinerários e os pontos de observação que lhe parecem mais favoraveis à execução da missão; assinala as cristas, os desfiladeiros, os obstáculos a transpor, sua natureza e os pontos em que convém abordá-los.

Constitue o destacamento excluindo os homens e cavalos que pareçam não ter energia e resistência. Passa uma revista pormenorizada em sua unidade (armas, arreiamentos, material, ferragens, autos-metralhadoras, viaturas T. Q. T., etc.) e providencia sobre os fornecimentos e as trocas necessárias. Empenha-se, tanto quanto possivel, para que os homens e cavalos se alimentem antes da partida. e que as viaturas completem suas provisões de gasolina, etc.

Marcha do destacamento

10. A missão da destacamento de descoberta consiste em enviar as informações que interessam ao comando, a tempo de serem utilizadas.

Para desempenhar sua missão, o comandante do destacamento de descoberta se dirige rapidamente para a região em que poderá colher as informações, conquistando-as, se necessário, pelo combate; depois de obtê-las, ele as redige com clareza e as transmite sem demora. Preocupa-se, durante a execução da missão, em manter o destacamento, tanto moral como fisicamente, em condições de vencer as dificuldades apresentadas pelo inimigo ou pelo terreno.

Ao transpôr a rede de segurança das unidades em 1ª linha, o comandante do destacamento de descoberta deve colher dos respectivos comandantes as últimas informações sobre o inimigo.

A partir desse momento, o destacamento penetra no desconhecido. A situação resultante das informações colhidas anteriormente pode modificar-se, ficando o destacamento exposto a esbarrar inesperadamente com o inimigo; esta possibilidade se pode realizar a cada instante e o comandante deve contar com ela para regular o dispositivo e a marcha de sua tropa.

11. Utiliza, enquanto possível, a rêde de estradas, mas evita as  grande artérias, sobre as quais a vigilância do adversário é mais ativa. Marcha por lanços. regulados em função da missão e do terreno.

Se o destacamento possue elementos A. M. D. R. e T. Q. T., ou artilharia, o seu comandante regula a marcha e o emprego desses elementos. tomando em consideração as respectivas possibilidades e características, de modo que se possam apoiar mutuamente, em todas as circunstâncias.

Quando há necessidade de colher as informações em um prazo limitado. o comandante do destacamento não vacila em avançar com os elementos mais rápido, tornando disposições para garantir a segurança dos elementos momentaneamente deixados à retaguarda, assim como ' para lhes permitir alcançá-lo o mais depressa possível.

Os autos-metralhadoras são empregados na frente do grosso do destacamento, no eixo de marcha. Quando o terreno permite, são utilizados nas proximidades dos elementos a cavalo ou T. Q. T., precedendo-os na cobertas e orlas suspeitas e os apoiando, conforme o caso. Os autos-metralhadoras podem ainda ser utilmente empregados, precedendo o destacamento nos pontos de passagem forçada, de modo a garantir-Ihe as saidas peIa ameaça de seus fogos.

Os autos-metralhadoras podem tambem ser lançados nos flancos do descatamento, em rápida- sondagens ou se deslocarem por estradas paralelas ao eixo de marcha.

Quando a missão do destacamento inclue o estabelecimento de ligações laterais, ao atingir determinadas linhas, os autos-metralhadoras são vantajosamente utilizados para realizá-las.

Um destacamento importante, que opera em região muito cortada por estradas, pode dispôr de mais de um pelotão de autos-metralhadoras e, neste caso, um dos pelotões será empregado sobre o eixo de marcha, enquanto os demais realizam os reconhecimentos laterais quer praticando sondagens, quer seguindo itinerários paralelos ao do destacamento, quando a rède de estradas ou o terreno permitem.

Os elementos T. Q. T. constituem em princípio uma reserva à disposição do comandante do destacamento. Este pode empregá-los para manter certos pontos importantes do terreno, engajá-los onde decidiu forçar a passagem, ou ainda, utilizá-los como apoio aos A, M. D. R.

A artilharia é mais frequentemente empregada por secção ou peça isolada, contra as barricadas e viaturas blindadas do inimigo. O comandante do destacamento não deverá esquecer que a ação da artilharia pode revelar imediatamente ao adversário a presença daquele; convem, pois, antes de empregá-la, raciocínar bem sobre a oportunidade de sua intervenção. A artilharia, quando não se acha coberta pelo próprio destacamento, deve dispôr sempre de um elemento especial para sua segurança (cavaleiros ou T. Q. T.).

12. O segredo é um dos fatores essenciais do bom êxito.

O itinerário mais vantajoso é o que oferece facilidades à observação (observatórios) e apresenta tambem as maiores possibilidades de desenfiamento.

Os terrenos cobertos são os mais favoráveis ao segredo da marcha ; são tambem os mais procípios às emboscadas. As emboscadas constituem o meio mais seguro e fácil de fazer prisioneiros; os destacamentos de descoberta devem empregá-lo sempre que se apresentar ocasião.

O destacamento de descoberta marcha em um dispositivo articulado que permite ao seu comandante reunir todos os seus meios rapidamente. É coberto por elementos de segurança; mas, como a velocidade de marcha não lhe permite esquadrinhar metodicamente toda a zona de ação, a segurança repousa principalmente na sua mobilidade, no cuidado com que o chefe dissimula os movimentos, na observação preventiva e minuciosa do terreno a atravessar e na vigilância de seus exploradores.

13. Afim  de atravessar o mais rapidamente possível as partes do terreno que atraem particularmente a atenção dos observadores inimigos – como as cristas, as clareiras das florestas, certos trechos desnudados entre duas cobertas – o destacamento de descoberta deve, geralmente, desenvolver-se no abrigo das vistas para transpôr de um só lanço as zonas descobertas e mudar de direção logo que atinja a coberta seguinte.

O comandante do destacamento coloca-se onde melhor pode comandar, isto é, geralmente próximo da testa da coluna; durante os altos, fica nos pontos em que possa observar da melhor forma e durante o maior tempo possivel.

Procura da informação

14. Fazendo o grosso avançar em grandes lanços no eixo de marcha e sobre o objetivo da missão, o comandante do destacamento de descoberta envia séries sucessivas de reconhecimentos (autos-metralhadoras, cavaleiros) de alcance limitado e com objetivos nitidamente definidos.

Destaca os reconhecimentos no momento conveniente para que as informações a eles pedidas venham encontrá-Io na ocasião de sua chegada ao ponto fixado para o lanço seguinte ou, quando isto não é possível, sobre o eixo de marcha.

15. O comandante do destacamento não deve desprezar nenhum indício ou fonte de informação.

Se julga necessário reconhecer uma localidade, pode fazê-lo por meio de reconhecimentos ou, quando preciso, ele ó faz pessoalmente.

O reconhecimento de uma localidade executa-se do seguinte modo : depois de haver estabelecido rapidamente um serviço de segurança para não ser surpreendido durante a operação, tomam-se alguns habitantes como reféns. revistam-se as repartições públicas, pesquisam-se os postos do T. S. T e postos colombófilos, apreendem-se jornais, correspondências, telegramas, editais, etc., interrogam-se habitantes (inclusive crianças), investigam-se finalmente os vestígios de passagens de tropas.

16. Quando o destacamento chega ao contacto do inimigo, redobra de prudência. Sua missão é ver. Não procura o combate, salvo quando espera fazer prisioneiros, que constituem sempre a melhor fonte de informações (interrogatórios, identificações, documentos).Para este fim é muitas vezes conveniente esperar o adversário em marcha para surpreender seus exploradores e patrulhas.

Os prisioneiros são tratados de acôrdo com as prescripções do n. 207 do R. S. C.

Os cavalos tomados são mortos, quando não podem ser conduzidos, ou entregues à Municipalidade em território amigo.

As armas apreendidas, cujo transporte não é possível, são inutilizadas para o serviço.

17. Se o combate se origina de um encontro inesperado, é pela simplicidade e rapidez das decisões e consequente execução que o chefe adquire superioridade sobre o adversário e obtem o mais completo resultado com o mínimo de perdas.

A conduta a manter em caso de surpresa deve ser prevista; um ponto de reunião é fixado para a hip6tese de ser o destacamento repelido por um ataque inimigo. Os primeiros elementos que atingem o ponto de reunião colocam imediatamente as armas automáticas em posição para ficarem em condições de deter pelo fogo a perseguição do adversário e permitir assim a reconstituição do destacamento.

18. Se a estrada estiver barrada pelo inimigo e não fôr possivel atingir o objetivo por outro caminho sem grande afastamento do eixo fixado na ordem recebida, o comandante do destacamento não deve hesitar em atacar quando julgar que dispõe de recursos suficientes para vencer a resistência. Toma, então, disposições para dissimular a marcha de aproximação e realizar a surpresa. Escolhe o ponto sobre o qual produzirá o seu esforço e procura adquirir a superioridade de fogo sobre o adversário. Todavia, só lança ao ataque os elementos estritamente necessários, afim de guardar, no caso de esbarrar com forças muito superiores, a possibilidade de romper o combate para retrair e tentar, em outro ponto, o forçamento da passagem.

Um destacamento de descoberta não tem realmente capacidade ofensiva para empenhar-se a fundo, longe de qualquer apoio, contra forças adversárias importantes, sem comprometer o êxito da missão. O contacto que ele toma deve permitir a avaliação da natureza e importância das forças inimigas, seja fazendo prisioneiros, seja pelo vigor das reações adversárias e extensão da frente ocupada. Mas, para conservar a liberdade de ação, sem a qual não lhe seria possível continuar a missão, é necessário que o destacamento possa romper o combate e desaferrar.

Pela potência de fogo e pela possibilidade de manter, mesmo sob o fogo, a liberdade de ação, os autos-metralhadoras estão em condições de desempenhar nesse momento um papel importante.

Em qualquer caso as informações já obtidas devem ser expedidas, antes do engajamento do combate.

19. Se o inimigo retira, o comandante do destacamento confia, geralmente, a tarefa de manter o contacto aos reconhecimentos em cuja esteira ele próprio marcha com o grosso, pronto para recolhê-los ou apoiá-los e transmitir imediatamente suas informações.

20. Quando o inimigo resiste, mas o combate permite abrir uma brecha na cortina do adversário, o comandante do destacamento estabelece sobre o terreno conquistado uma parte do seu destacamento afim de garantir a transmissão das informações e manter a brecha, enquanto ele próprio marcha para o objetivo com os elementos disponiveis.

Em muitos casos ha conveniência para o comandante do destacamento em manter a totalidade de sua tropa na posição, confiando a reconhecimentos a procura de informações no interior do dispositivo adversário.

21. Em qualquer situação, depois de haver tomado o contacto com o inimigo, o comandante de destacamento esforça-se por conservá-lo; só o abandona se recebe ordem ou se for substituído.

22. Pode acontecer que, depois de haver penetrado no interior das linhas inimigas, o destacamento encontre a estrada de volta barrada. Neste caso o. comandante do destacamento procura dissimular, sua presença embrenhando-se de preferência no mato. Informa a situação utilizando pombos, exclue a T. S. F., porque revelaria a posição, destrói o material que não pode transportar e aproveita todas as oportunidades para sair das linhas inimigas, abrindo passagem, mesmo pela força, se for necessário.

23. As prescrições relativas à redação e transmissão das informações constam da 2° parte do Regulamento e das “Informações sobre as Ligações e Transmissões”.

O oficial ou graduado que envia uma informação limita-se a mencionar o que viu ou soube e, quando julga conveniente completar a informação com uma interpretação pessoal, deve ter o cuidado de declará-lo.

Uma informação só tem calor quando é recebida em tempo util por aquele que a espera e todos os processos devem ser empregados para conseguir esse resultado.

Emprego dos estafetas

24. Os estafetas constituem o meio de transmissão normal para a cavalaria, quando não é possivel empregar recursos mais rápidos (motocicletas ou automóveis)', nas pequenas distâncias, e em região de relativa segurança, a transmissão por estafetas a cavalo é muitas vezes mais rápida do que por T. S. F., pois o ciframento das mensagens exige sempre um tempo consideravel.

Os estafetas a cavalo podem percorrer rapidamente, em terreno variado. distância de vários quilômetros.

Sempre que a situação não permite utilizar em tempo oportuno os meios técnicos de ligação de que as unidades são dotadas organicamente. ou quando o funcionamento dos aparelhos é duvidoso de modo a tornar indispensavel a expedição da informação por dois ou tres processos diferentes, o emprego do estafeta constitue o meio de transmissão mais seguro e mais rápido.

Este será particularmente o caso da descoberta na vizinhança imediata do inimigo e quando a circulação dos motociclistas e automoveis nas estradas não ofereça suficiente segurança.

Todavia, o grande número de cavaleiros exigido por esse modo de transmissão obriga a restringir o seu emprego.

25. Os cavaleiros estafetas podem ser utilizados em todas as circunstâncias. mesmo nas zonas em que os destacamentos inimigos tenham sido assinalados. Procuram dissimular a marcha às vistas do adversário, escolhendo de preferência itinerários desenfiados transpondo rapidamente as partes descobertas do terreno.

Se encontram o inimigo, tentam escapar, acelerando a andadura ou lançando-se vivamente á coberta mais próxima; neste último caso, porém, devem escolher pontos de referência afim de retomarem a direção logo que o perigo haja desaparecido.

26. O cavaleiro estafeta tem geralmente por missão transmitir uma informação sob a forma de parte, mensagem ou relatórios escritos.

Em caso de recear ser aprisionado deve fazer desaparecer o documento sob sua guarda, até mesmo engulindo-o.

No envelope consta a indicação do destinatário a velocidade de marcha do estafeta e o itinerário, dado muitas vezes sob a forma de um esboço sumário. A velocidade é indicada do seguinte modo :

Velocidade ordinária – U – que corresponde, em estrada, á média de 10 quilômetros por hora, isto é, 2 quilômetros de trote para 1 de passo.

Velocidade urgente – UU – que em estrada pode atingir a 13 quilômetros por hora somente ao trote.

Velocidade urgentíssima – UUU – que corresponde a todo o percurso a galope.

É preciso esclarecer o cavaleiro, verbalmente ou por escrito, quanto às autoridades a que se deverá apresentar durante a missão para lhes dar conhecimento do despacho.

Postos de correspondência

27. Se a distancia a percorrer é excessiva para um único estafeta, a transmissão das informações é assegurada por meio de postos de correspondência, cujo emprego aumenta a regularidade e a rapidez da transmissão.

28. Os postos de correspondência constituem estações de muda de transmissão tanto entre duas unidades de tropa, como entre uma tropa e um estado-maior ou um centro de informações avançado ou ainda entre dois estados-maiores. Compõem-se de um graduado comandante do posto e alguns cavaleiros estafetas. A distancia que separa os postos varia com a natureza do terreno. Estas distancias intermediárias devem ser tais que os cavalos possam percorrê-las em um único tempo de trote sem fadiga exagerada. Em terreno comum medem 10 a 12 quilômetros.

Os postos são colocados nas proximidades de pontos faceis de encontrar, como encruzilhadas, pontes etc., e, se possivel, atrás de um obstáculo que se preste para a defesa em caso de necessidade; tais postos guardam-se em todas as direções e se dissimulam afim de não revelarem sua presença.

29. Se um posto de correspondência é forçado a abandonar o local fixado (presença de destacamentos inimigos, por exemplo), previne os postos de correspondência vizinhos e afasta-se o menos possível da posição anterior, à qual deve regressar logo que cessem os motivos do deslocamento.

30. O pessoal de um posto de correspondência recebe as indicações relativas aos locais dos postos vizinhos. ássim como as distancias e itinerários melhores para atingí-los. É tambem avisado quanto às condições para se reunir à sua unidade (lugar e hora).

31. Um dos cavaleiros do posto permanece de observação, pronto para montar. Vigia as direções por onde podem chegar os estafetas dos postos vizinhos; quando percebe algum, previne o chefe do posto e monta, afim de partir sem demora. Os demais cavaleiros podem forragear os animais e repousar, tomando as medidas de segurança necessárias.

O portador de um despacho entrega o documento ao chefe do posto, apanha o recibo, deixa o cavalo descansar um pouco e regressa ao seu posto. Se não encontra o posto no local indicado, continua até o posto seguinte ou até o endereço consignado no documento. Neste caso regula a andadura do cavalo para ter certeza de cumprir a missão.

Em zona percorrida por elementos inimigos o estafeta, para evitar uma cilada, deve abordar um posto com muita precaução e depois de haver feito a identificação por meio da senha prevista, se .fôr o caso.

32. O comandante de um posto de correspondência regista em um caderno as horas de chegada e partida dos despachos transmitidos, assim como os nomes dos cavaleiros que o transportaram.

Recebe o referido caderno do oficial que lhe dá a missão e o resititue depois de terminado o serviço. Os cadernos de correspondência são conservados pelas unidades que fornecem os postos.

Outros meios de transmissão

33. Longe do inimigo, a transmissão por estafeta só deve ser utilizada na falta de outro recurso, tendo em vista a economia de homens e cavalos; se a região é segura e a rede rodoviária está em bom estado, deve ser preferida a transmissão por automovel, motocicleta ou bicicleta.

34. Em zona pouco segura e tratando-se de informação importante, o comandante do destacamento não deve hesitar em utilizar autos-metralhadoras.

35. Quando a distancia o justifica e quando a segurança da região é duvidosa, torna-se indispensavel dotar o destacamento de um posto de T. S. F. Este processo exige o ciframento dos telegramas com o emprego do código de transmissões. Considerando que as emissões do posto são captadas pelo inimigo, sua posição corre o risco de ser rapidamente localizada : a estação não deve funcionar, em princípio, perto do ponto em que o destacamento pretenda repousar, nem permanecer muito tempo em posição.

36. Os pombos-correio, bem selecionados, exercitados, bem transportados e bem lançados, constituem um meio de transmissão muito rápido, sob a condição de estar o pombal ligado ao destinatário por telefone, T. S. F. ou um serviço de correio automovel. Mas a dificuldade de satisfazer todas-aquelas condições obriga geralmente a garantir a transmissão por pombos com a remessa da mesma informação por outro processo. Os pombos devem ser economizados o maior tempo possivel, porque constituem em alguns casos o único meio de transmissões capaz de escapar a todas as tentativas de captura pelo inimigo.

37. Em algumas circunstancias as ligações e transmissões por avião são realizaveis.

Um aviador habil pode, em condições atmosféricas favoraveis, sem aterrar, apanhar em terra uma mensagem escrita. O comandante do destacamento deve, nesta hipótese, tomar disposições que facilitem a tarefa do aviador (escolha do ponto de recolhimento das mensagens, sentido em que devam ser apanhadas, etc. ). Este processo só pode dar bom resultado quando há entendimento, antes da partida, entre o aviador e o comandante do destacamento.

Precauções materiais que devem ser observadas para a conduta de um destacamento de descoberta

38. A missão de um destacamento de descoberta podendo durar vários dias, acarreta um grande dispêndio de forças. Cabe ao chefe cuidar do repouso, da alimentação e da segurança do seu destacamento, tanto em marcha como estacionado, de modo a conservar, o maior tempo possível, o valor combativo da tropa.

39. A atividade da descoberta durante a noite reduz-se geralmente ás escutas e, em alguns casos, aos pequenos golpes de mão com efetivos muito fracos; é á noite que os destacamentos repousam.

40. A segurança dos destacamentos, muito fracos para se guardarem em todas as direções, baseia-se principalmente na ignorância em que o inimigo fica sobre os seus pontos de estacionamento. Em consequência. a escolha desses pontos obedece à condição de fugir o mais possível dos caminhos transitados, de modo que a presença do destacamento não seja suspeitada. A vigilância das estradas é feita por postos substituídos constantemente.

É sempre mais seguro bivacar do que acantonar; os destacamentos se estabelecem preferentemente no mato e nas vertentes, em vez de escolherem o fundo dos vales ou as alturas. Podem tambem utilizar uma fazenda isolada, onde preparam várias saidas.

Um estacionamento para a noite só deve ser instalado ao crepúsculo, porem antes que a obscuridade seja completa, pois esses trabalhos executados à noite, em terreno desconhecido, podem redundar em enganos de gravidade excepcional.

Evitam-se movimentos no bivaque ou em sua proximidade, para não revelar a presença da tropa. Os bebedouros são preparados antes, durante o dia, e nunca perto do local do estacionamento. Aliás um experimentado comandante de destacamento encontra sempre a possibilidade de forragear os cavalos pelo menos uma vez e dar-lhes água duas vezes durante o dia.

A. noite, quando a- situação permite, os animais são desencilhados.

Não se acendem fogos; salvo os da cozinha, quando indispensaveis, e nesse caso devem ser mascarados. : A melhor solução consiste em preparar os alimentos em uma casa e partir para comer longe, depois de haver encerrado os moradores. '

A guarda dos bivaques deve ser assegurada a pequena distância. A defesa imediata deve ser prevista, assim como a retirada do destacamento; para tal fim convem balizar cuidadosamente, desde o início da instalação do bivaque, as entradas e saidas do mesmo, assim como um itinerário através do campo (orlas de bosque, cercas, etc. ).

O bivaque deve se levantado de tal forma que o destacamento esteja pronto para marchar ao alvorecer.

Reconhecimentos

41. De um modo geral as disposições relativas ás ordens da missão, aos preparativos para a partida e à conduta durante a execução, estabelecidas para o destacamento de descoberta, aplicam-se aos reconhecimentos. Convem, porem, acrescentar as particularidades seguintes :

42. Escolhem-se individualmente os homens de acordo com as aptidões. Selecionam–se minuciosamente os cavalos. Um único incapaz pode fazer fracassar a missão; a doença de um homem ou de um cavalo é bastante para tornar o reconhecimento menos movel ou obrigá-lo a abandonar em caminho um retardatário.

Os cavaleiros devem possuir excelente vista e senso de orientação. Ao menos dois observadores especialistas devem levar binóculos. Escolhem-se somente homens nadadores, quando se prevê a travessia de um curso dágua.

Excluem-se de qualquer reconhecimento os cavalos brancos e os que têm o costume de relinchar.

Em consequência do grande esforço que deverão produzir, os homens e cavalos são aliviados de tudo que não precisem para o cumprimento da missão, de duração sempre limitada. Os reconhecimentos vivem dos recursos locais e não terão de executar trabalhos de organização do terreno; nessas condições basta conduzirem um dia de víveres, uma quantidade reduzida de munição, uma meia ração de forragem e como ferramenta, os alicates e facões de mato.

O resto do equipamento é recolhido ao trem da unidade, antes da partida.

Convem que em cada regimento fiquem sempre um ou dois reconhecimentos prontos para marchar, como foi preceituado para os destacamentos de descoberta na divisão.

43. O próprio comandante do reconhecimento busca as informações, observando pessoalmente. Os cavaleiros do reconhecimento são destinados a garantir-lhe a proteção e a transmitir seus despachos; os cavaleiros devem estar convencidos que do valor de cada um e do espírito de sacrifício levado até à morte, depende o êxito da missão.

O comandante do reconhecimento mantem sempre os seus homens na mão e só os destaca ao alcance de suas vistas.

44. Cumpre-Ihe regular a marcha do reconhecimento de acordo com a extensão provavel da missão, o estado dos cavalos e a natureza do terreno, evitando os caminhos transitados e às povoações, sem entretanto, deixar de observar. Ao atingir uma zona em que pode encontrar o inimigo, avança com cautela, progride de coberta em coberta, de um observatório a outro observatório, procurando ver de longe; julgando necessário abordar uma povoação para colher informações, convem fazê-lo de surpresa e desaparecer rapidamente depois de haver obtido as informações necessárias. Em país inimigo, quando o reconhecimento deve penetrar no interior de uma localidade, é sempre prudente aprisionar habitantes como refens.

45. Para poder observar sem se mostrar, o comandante do reconhecimento será muitas vezes obrigado, depois de ter disfarçado os cavaleiros atrás de uma coberta, a apear e avançar aproveitando o terreno e mesmo rastejando, até o ponto de observação favoravel (crista, meda de capim ou palha, árvore, etc.).

46. Em caso de encontro com um destacamento inimigo, o comandante de reconhecimento não deve hesitar em arremeter com audácia, e carregar sobre o adversário.

47. Quando quer repousar homens e cavalos, o comandante de reconhecimento atua de acordo com as indicações do n. 40 (Destacamento). Procura um bosque afastado (que constitue o abrigo mais seguro), uma fazenda isolada, onde se encerra com os moradores, tendo o cuidado de providenciar para que ninguem possa sair, empregando medidas convenientes em relação aos que porventura cheguem depois.

48. Os recursos de transmissão dos reconhecimentos limitam-se geralmente aos estafetas, em número reduzido, e aos pombos-correio.

O comandante do reconhecimento deve discernir rapidamente as informações que devem ser transmitidas sem demora e as que podem ser retardadas ou grupadas em uma única mensagem.

Pode ser conveniente destacar no rastro dos reconhecimentos, para pontos previamente designados, automóveis, blindados ou não, destinados a acelerar a transmissão das informações; esse processo só é possivel quando a rede de estradas está em bom estado, e em zona de relativa segurança.

A atribuição de uma viatura destinada a marchar muito perto do reconhecimento ser-lhe-á, geralmente, prejudicial por denunciar a sua presença pelo ruido ou pela poeira.

ARTIGO III

ENPREGO DOS AUTOS-METRALHADORAS NOS DESTACAMENTOS DE DESCOBERTA MIXTOS

(D. D. Mx.)

49. Os autos-metralhadoras e os elementos T. Q. T. procedem o escalão a cavalo sobre o eixo de marcha.

Antes de partir o comandante do D. D. Mx. recebe as indicações e prescrições gerais seguintes:

– informações sobre o inimigo;

– missão do destacamento a cavalo; eixo de marcha; intenções do comandante do destacamento;

– missões dos destacamentos ou reconhecimentos vizinhos;

– missões do D. D. Mx., eixo de marcha objetivo principal e objetivos intermediários, natureza das informações a procurar; fim da missão;

Para a execução da missão: lanços, reagrupamentos sucessivos do destacamento; ligação entre o pelotão e o destacamento; pontos ou horas em que se realizará a ligação;

– meios suplementares postos à disposição do pelotão; viaturas, motocicletas, pombos, projetores, viatura T. S. F.;

– reabastecimentos e evacuações: medidas a tomar em fim de jornada.

50. O comandante do D. D. Mx. orienta seu pessoal sobre as condições de execução das ordens recebidas. O D. D Mx. progride por lanços, de ponto de observação em ponto de observação. Emprega todos os esforços para não ser percebido e utiliza a velocidade para se aproveitar da surpresa. Procura fazer prisioneiros. Os habitantes encontrados são revistados, interrogados e em caso de necessidade, guardados como refens para atravessar uma povoação, ou um desfiladeiro suspeito; ninguem tem autorização para ultrapassar o pelotão. O comandante do D. D. Mx, presta uma atenção particular à manutenção da ligação com o destacamento a cavalo.

ARTIGO IV

EMPREGO DE DESTACAMENTOS DE DESCOBERTA MOTORIZADOS

51. Em geral, o comandante da Divisão tem interesse em constituir um destacamento de descoberta, exclusivamente com unidades automóveis, principalmente:

– quando se trata da procura de informações em objetivos afastados, através de uma zona de circulação facil e que possivelmente só seja percorrida por fracos elementos inimigos;

– desde que se trate de retomar o contacto com um inimigo em retirada, rapidamente e à grande distância;

– toda a vez que for necessário determinar rapidamente os pontos atingidos por um inimigo que, havendo rompido o sistema defensivo de um exército, progride sem séria resistência, recalcando os elementos desorganizados. Neste caso, a missão de reconhecimentos pode ser acrescida de uma outra, de ação retardadora em ligação com unidades a cavalo, à proporção em que estas forem chegando.

Segundo as circunstâncias e de acordo com o terreno, o comandante da Divisão pode:

– seja, destacar diretamente um ou vários Pelotões de Descoberta (D. D. M.), tendo cada um uma missão e um objetivo particulares. Estes pelotões serão apoiados, em geral, por elementos T. Q. T. (Grupos de combate ou Pelotão);

– seja constituir, sob as ordens de um chefe, um Destacamento de Descoberta que compreende vários pelotões de A. M. D. R., vários pelotões de T. Q. T., e, eventualmente, um elemento de engenharia motorizado e uma fração de artilharia (1 Bateria tambem motorizada).

O Pelotão de Descoberta opera como ficou dito na 2ª parte do Regulamento de Cavalaria, para o Pelotão de autos-metralhadoras, empregado em descoberta, apoiado por elemento T. Q. T.

Ele progride rapidamente por grandes lanços, até as proximidades do seu objetivo. Seu chefe não deve esquecer que, para cumprir sua missão e realizar a sua segurança longe de qualquer socorro, ele só deve contar com a própria mobilidade.

Deverá tambem preocupar-se em dispor sempre de vários caminhos e dos benefícios de terrenos livres.

O destacamento, em geral grupado sob a proteção de uma vanguarda, ganha o mais rapidamente possivel, a zona provavel de ação.

Em seguida, opera segundo os princípios gerais expostos para os destacamentos de descoberta a cavalo, porem, com um raio de ação mais extenso.

O Grosso do Destacamento constitue, para os pelotões ou reconhecimentos que destaca, um centro de comando, de transmissão de informações, de reabastecimento, assim como uma proteção em caso de retraimento.

TÍTULO II

A segurança nas unidades de cavalaria

CAPÍTULO I

Generalidades

52. Toda unidade de Cavalaria, para ficar em condições de cumprir a missão recebida, deve organizar sua própria segurança. Em consequência, os princípios estabelecidos no presente título terão aplicação em todos os casos, qualquer que seja o efetivo da unidade e a situação.

53. As ordens para a marcha de uma tropa (ordens de movimento) e para o estacionamento (ordem de estacionamento) fixam, entre as prescrições peculiares a cada caso, as medidas para a execução da segurança.

54. Como para as demais armas, a segurança para uma unidade de cavalaria repousa, tanto em marcha, como em estação:

– sobre informação;

– sobre o dispositivo adotado e o emprego de destacamento de segurança;

– sobre as medidas tomadas pelas unidades subordinadas para escapar ou responder ao fogo inimigo, para se prevenir contra incursões inopinadas do adversário, para fugir à ação da aviação e aos efeitos dos gases de combate.

CAPÍTULO II

Segurança em marcha

ARTIGO

INFORMAÇÕES

55. A missão dada ao comandante de uma unidade de cavalaria pade ser tal que torne conveniente evitar o combate ou, ao contrário, procurá-lo. Ele toma suas disposições e especialmente escolhe o eixo de marcha, tendo em conta as informações que já possue. Para que possa fazê-lo judiciosamente, é preciso que essas informações venham de longe. Assim que inicia a marcha necessita ainda ser informado, a uma distância suficiente, se o itinerário escolhido continua livre, afim de poder seguir outro caminho sem o inconveniente de retroceder, se o primeiro estiver ocupado.

As informações capazes de influir sobre a decisão e a manobra são fornecidas pelos destacamentos de descoberta e pelos reconhecimentos, cujo papel e funcionamento foram expostos no título I.

As informações que têm por fim garantir a segurança da própria unidade na manobra e no combate são fornecidas pelas patrulhas.

Patrulhas

56. As patrulhas têm por fim informar ao comandante da coluna sobre a presença do inimigo, a natureza do terreno e os obstáculos que podem deter a marcha da unidade em uma direção, a uma distância e zona rigorosamente fixadas.

As patrulhas se diferenciam nitidamente dos reconhecimentos. Os reconhecimentos procuram uma informação precisa e marcham independente do movimento da unidade que os destacou.

As patrulhas, porem, são ligadas à tropa que elas protegem, em zona e limite determinados. O comandante da coluna fixa as distâncias até onde quer estar coberto e designa, para cada direção, as unidades encarregadas dessa missão; os comandantes de tais unidades determinam o número e efetivos das patrulhas, assim como os limites da zona em que vão operar e o raio de ação.

A patrulha mais importante na marcha para a frente é a que precede a coluna no próprio eixo de marcha. Chama-se “patrulha de ponta”. Esta patrulha constitue orgão de segurança afastada.

Devido à importância de sua missão, é geralmente comandada por oficial. Tem obrigação de assinar com antecedência os obstáculos e as dificuldades a remover; as suas informações facilitam em larga escala o serviço da vanguarda (n. 68 e seguintes).

Esta patruha é constituida por autos-metralhadoras, sernpre que possível (ver 70 e 88).

57. As patrulhas compõem-se, em princípio, de uma esquadra de exploradores ou de um grupo de combate. Avançam na direção designada ou sobre um objetivo indicado, procurando dissimular-se o mais possível e tomando as medidas de segurança necessárias.

O papel delas não é procurar o combate, mas sim fornecer em tempo as informações que lhes são pedidas. Esforça-se por fazer prisioneiros, em certos casos organizando emboscadas para os reconhecimentos inimigos.

O próprio comandante da patrulha deve ver; os cavaleiros são apenas auxiliares do chefe, encarregados de preveni-lo, protegê-lo e transmitir suas informações.

58. O comandante da patrulha recebe uma missão gue o liga à tropa em proveito da qual vai operar, um itinerário e, eventualmente, a indicação da velocidade média em que deve marchar. Nestes limites, fica com a liberdade de regular seus movimentos.

Dá conhecimento do objetivo da missão aos cavaleiros e define o papel de cada um.

59. A patrulha desloca-se por lanços, de coberta em coberta ou de um para outro ponto de observação. Atravessa rapidamente e em formação apropriada as partes descobertas do terreno. Esquadrinha os esconderijos que possam abrigar o inimigo.

O comandante indica sobre o terreno, para cada lanço, o ponto a atingir; fixa o dispositivo da patrulha (sujeito a modificação, quando necessário) em cada parada ou mesmo durante o lanço, de acordo com as circunstâncias (terreno, inimigo, etc.).

Para tal fim, o comandante da patrulha deve ter constante ligação pela vista com os seus cavaleiros e retoma contacto com eles em cada alto.

60. A patrulha marcha geralmente em ordem dispersa. Os exploradores de ponta avançam na frente, guardando intervalo um do outro, de acordo com o terreno. O comandante da patrulha os acompanha a pequena distância. Um dos exploradores conserva o mosquetão na mão, pronto para fazer fogo e prevenir rapidamente em caso de surpresa.

Os flanqueadores da direita e da esquerda marcham, quando o efetivo da patrulha for superior a uma esquadra, em terreno aberto, paralelamente à patrulha e na altura dos exploradores de ponta.

O terreno sendo coberto e não permitindo que sejam destacados os flanqueadores, estes marcham atrás do chefe e ao seu alcance, mas evitando formarem grupo compacto. O comandante da patrulha lança-os novamente sobre os flancos, sempre que considera necessário.

Os outros cavaleiros marcham à retaguarda do comandante; os que são designados estafetas tomam pontos de referência no terreno.

A patrulha só se reune para atacar a arma branca, a um gesto ou a um chamado do chefe.

61. Quando a patrulha dispõe de uma esquadra de fuzileiros, o comandante da patrulha indica ao cabo dessa esquadra a distância a que o F. M. deve ser reservado, bem como a sua conduta para apoiar ou acolher o resto da patrulha, conforme o caso.

62. Para reconhecer uma localidade ou um bosque de pequena extensão. o comandante da patrulha para na última coberta e daí destaca os exploradores necessários. Espera receber a informação para depois avançar sobre o objetivo. Os processos empregados para reconhecimento são muito variáveis: dependem da natureza da coberta (bosque, povoação, etc.), da importância do inimigo e das circunstâncias de guerra, território amigo ou inimigo, zona de montanha ou planície, terreno coberto ou limpo, etc.

O fato de uma patrulha ter atravessado uma localidade ou um bosque, sem que a presença do inimigo se tenha manifestado, não é prova absoluta de que tais cobertas não estejam acupadas. Convem muitas vezes ao adversário deixar passar os elementos de segurança para atacar mais eficazmente os grossos que os seguem, principalmente quando estes últimos são constituídos por automóveis.

O reconhecimento das cobertas deve ser feito do modo mais completo possível: o comandante da patrulha envia esclarecedores para atravessar essas cobertas em todas as direções enquanto outros as circundam.

É sempre util, antes de esquadrinhar uma povoação, deter alguns habitantes e interrogá-los.

Em território inimigo estes habitantes são guardados como refens, até que suas decIarações sejam verificadas.

63. Em alguns casos (terreno descoberto, de acesso facil, etc), o emprego dos autos-metralhadoras é preferivel para as patrulhas, em vez de cavalheiros.

64. Para esquadrinhar completamente uma zona distante do grosso e principalmente em terreno coberto ou acidentado, o comando pode constituir momentaneamente patrulhas mistas de autos-metralhadoras e cavaleiros, sob as ordens de um mesmo chefe. Os cavaleiros são utilizados para vasculhar as partes do terreno que escapam à ação das viaturas blindadas, bem como para acolher estas em caso de retraimento.

65. As patrulhas são destacadas, em princípio, com a suficiente antecedência, para que tenham tomado a distância conveniente no momento da partida da unidade.

São enviadas sobre objetivos bem definidos e por tempo limitado. As que operam em fim do dia, fazem alto sobre a linha fixada pelo comando e informam seus pontos de estacionamento, enviando os últimos despachos.

As patrulhas reunem-se às suas unidades, nas condições indicadas pelo comando, quando são substituídas.

ARTIGO II

DISPOSITIVO E DESTACAMENTOS DE SEGURANÇA,

66. Independentemente do dispositivo que regula a repartição da tropa e seu escalonamento. toda a coluna de cavalaria em marcha protege-se por destacamentos de segurança: vanguarda, retaguarda e, se for caso, flancoguarda.

As grandes unidades de cavalaria marcham geralmente em mais de uma coluna e cada uma delas se cobre por uma vanguarda particular.

Quando um elemento de segurança (vanguarda, retaguarda, flancoguarda) deve fazer um alto prolongado, em fim de lanço, ao terminar do dia ou depois de tomar contacto com o inimigo, seu comandante organiza uma observação metódica e permanente do terreno e do dispositivo tomado pelo adversário, principalmente quanto aos meios de fogo que possam ser referenciados.

Pelas informações, assim colhidas, os destacamentos de segurança facilitam o engajamento do grosso, fornecendo ao seu comandante as indicações uteis para a determinação das direções de aproximação e a designação dos objetivos.

Esta organização da observação é particularmente importante no emprego da cavalaria divisionária.

67. A missão dos elementos de seguranga de uma coluna exige deles esforços suplementares, tanto maiores quanto mais longa é a etapa e maior a velocidade da marcha.

Se as circunstâncias não permitem a substituição desses elementos de segurança, durante a marcha, a eficiência do serviço fica prejudicada. A segurança da coluna depende, então, quasi exclusivamente de seu dispositivo e de sua mobilidade.

Em todos os elementos do serviço de segurança e em cada unidade da coluna, são designados graduados e cavaleiros para vigiar permanentemente o céu e assinalar qualquer avião suspeito. A permanência de cada homem nessa missão deve ser pequena, para que a atenção de tais observadores possa ser mantida.

I – Vanguarda (1)

68. A vanguarda é um orgão de reconhecimento e de proteção imediata que uma unidade destaca na sua frente e na direção de marcha. A ação desse elemento é sempre subordinada à do grosso, ao qual ele deve facilitar a execução da respectiva missão.

O papel geral da vanguarda consiste:

– em reconhecer o terreno e interceptar qualquer comunicação entre a zona ocupada e o inimigo;

– em proteger o grosso contra as surpresas de terra e assegurar ao chefe o tempo e o espaço necessário à utilização de seus meios;

– desobstruir e mesmo reparar sumariamente as estradas.

O comando determina o eixo de marcha da vanguarda, sua missão, e zona de ação, as linhas sucessivas do terreno que ela deve atingir, o apoio que a artilharia lhe poderá prestar e a conduta a manter em caso de encontro com o inimigo.

69. A missão e o modo de ação da vanguarda variam segundo as intenções do comando e as possibilidades de ataque pelas forças terrestres da adversário.

Longe do inimigo, a vanguarda é encarregada de repelir os elementos ligeiros que encontrar diante de si.

Nas proximidades do inimigo, deve ficar em condições de combater afim de garantir ao grosso a sua liberdade de ação.

Em caso de encontro, a vanguarda deve, segundo as ordens recebidas:

– continuar a progressão para fazer cair as resistências avançadas do inimigo e repelí-lo até encontrar uma linha sólida e contínua;

– engajar-se a fundo para conquistar observatórios e pontos do terreno que o comando considere util manter;

– parar e tomar uma atitude defensiva.

70. A composição da vanguarda varia segundo a missão, a distância do inimigo, a extensão da zona a cobrir e a natureza do terreno.

A vanguarda é organizada com unidades constituidas e sob o comando de um chefe, designado pelo comandante da tropa a cobrir.

____________________

(1) Estas prescrições visam especialmente a vanguarda de uma coluna importante (divisão, brigada): para as unidades de efetivos menores são aplicáveis os mesmos princípios, porem adaptadas às possibilidades dessas unidades.

A vanguarda consta, geralmente, de uma esquadra para o pelotão, de um pelotão para o esquadrão, e de um esquadrão, reforçado algumas vezes com elementos de metralhadoras, e canhões anti-carros, para o regimento.

Em certos casos esses efetivos podem ser aumentados, mas sem exceder de um terço do efetivo total da coluna.

Nas colunas importantes (brigada ou divisão) as vanguardas podem ser reforçadas com autos-metralhadoras de reconhecimento, Artilharias, Engenharia e, eventualmente, autos-metralhadoras de combate. São informadas pela aviação e apoiadas pela artilharia, sempre que possivel.

71. A velocidade de marcha da vanguarda fica subordinada à velocidade de marcha da coluna.

A velocidade de marcha da coluna é determinada pelo seu comandante, a quem cabe tomar – segundo a missão, o estado físico da tropa e as dificuldades que podem surgir do terreno ou do inimigo – a decisão de retardar a marcha para dar à vanguarda o tempo de operar ou acelerá-la, arriscando-se a ficar menos coberto por aligeirar o movimento da vanguarda.

72. Na marcha para a frente, o comandante da coluna tem geralmente interesse em não permanecer à testa do grosso. Confia a direção deste ao subordinado imediato, ao qual dá todas as instruções para regular o movimento.

O comandante, então, precede a tropa e pode marchar nas proximidades do comandante da vanguarda (sem se imiscuir nos pormenores da conduta desse elemento) ou deslocar-se na zona de segurança criada pela vanguarda e. eventualmente, pelos francoguardas.

Faz-se acompanhar pelos agentes de ligação e transmissões necessárias e, quando se trata de coluna importante, por oficiais do seu Estado-maior e pelo comandante da artilharia (brigada, divisão).

O resto do grupo de comando ou de estado-maior permanece na testa do grosso de coluna ou no lugar fixado e que deve ser conhecido por todos os comandantes das unidades subordinadas. O chefe deste grupo (grupo de comando ou estado-maior) mantem-se em ligação permanente com o comandante da coluna, pronto para lhe fazer chegar as informações e encaminhar-lhe os agentes de transmissão e ligação.

O chefe pode assim informar-se mais cedo, avançando sem demora até um observatório conveniente, para ver pessoalmente o terreno, transmitir rapidamente suas ordens e, enfim, regular a velocidade geral de progressão da unidade, dando diretamente instruções ao comandante da vanguarda.

Na divisão, o general determina o deslocamento sucessivo, sobre o eixo de marcha, dos centros de transmissão que lhe permitem receber as informações nos pontos fixados, recolher a qualquer momento as comunicações dos seus destacamentos, as da retaguarda e  as dos aviões, se for o caso e, finalmente, dispor de todos os meios para transmitir suas ordens.

73. O movimento da vanguarda é regulado pelo seu comandante, de acordo eom as instruções do comando da coluna.

Para que a progressão do grosso da coluna se mantenha regular e contínua, é necessário que a vanguarda se distancia suficientemente, afim de poder executar o reconhecimento metódico do terreno, sem retardar a marcha da coluna.

A vanguarda desloca-se por lanços sucessivos, durante os quais o grosso da coluna deixa aumentar a distância, que é novamente restabelecida quando a vanguarda faz alto.

74. Na marcha retrógiada, a vanguarda é constituida da mesma forma que a retaguarda na marcha para a frente (n. 94). Tem, então, a missão de desobstruir a estrada, para garantir a liberdade e rapidez de movimento do grosso. Precede este da distância suficiente para que sua marcha não seja detida ou retardada.

Disgositico geral da vanguarda

75.  A vanguarda divide-se em dois escalões:

– escalão de reconhecimento ;

– escalão de combate.

76.  O escalão de reconhecimento tem por missão informar o comandante sobre a presença e a situação do inimigo, assim como quanto a natureza do terreno: comunicações, obstáculos, cobertas. organizações defensivas, etc.

E’ formado por elementos constituidos, enviados para a frente pelas unidades da testa do escalão de combate.

77. O escalão de combate tem por missão completar a ação do escalão de reconhecimento, manobrar ou vencer as resistências locais que não tenham cedido às tentativas de desbordamento do escalão de reconhecimento; finalmente, diante de uma linha contínua de fogos, cobrir o grosso e, eventualmente, proteger sua entrada em ação.

O escalão de combate compreende o grosso da tropa de cavalaria afeta à vanguarda, assim como autos-metralhadoras, engenharia e artilharia que, eventualmente, lhe podem ser atribuidas.

A organização da observação é realizada de modo a assegurar uma vigilância contínua na zona de marcha; o pessoal encarregado dela progride com as unidades da testa do escalão de combate e se desloca por frações, de um a outro observatório.

Os elementos encarregados de providenciar sobre a instalação da rede de transmissão marcham sob a proteção da vanguarda e no lugar designado pelo chefe respectivo.

Quando o estado das vias de comunicação ou o terreno obrigam uma grande unidade a marchar em uma só coluna, a vanguarda é constituida por uma unidade importante.

Há algumas vezes conveniência, neste caso, em fracionar o escalão de combate, que compreende então as unidades encarregadas de apoiar imediatamente o escalão de reconhecimento e as unidades que constituem a “reserva do escalão de combate”.

78. O comandante da vanguarda desloca-se de um a outro ponto de observação sobre o eixo de marcha escolhido de modo que lhe permita exercer melhor sua ação sobre todos os elementos da vanguarda; este eixo de marcha deve ser conhecido por todos os comandantes de unidades dependentes do comandante da vanguarda, assim como dos respectivos agentes de transmissão.

O comandante da vanguarda é acompanhado pelo comandante de suas metralhadoras. Seu grupo de comando marcha com o escalão de combate, no lugar que lhe for designado.

79. Quando uma unidade de artilharia recebe ordem de apoiar a vanguarda, seu chefe, marcha, em princípio, com o comandante da vanguarda; o destacamento de ligação da artilharia desloca-se com o grupo de comando do comandante da vanguarda.

80.  As viaturas do trem de combate das unidades da vanguarda seguem, em princípio, a progressão do último escalão, utilizando as estradas e caminhos.

O trem de combate de uma vanguarda de efetivo pequeno (esquadrão) conserva-se no grosso da coluna.

81. As ordens do comandante da vanguarda contêm, em função das instruções que ele próprio recebeu :

– composição do escalão de  reconhecimento e do escalão de combate;

– zona de ação;

– principais pontos a reconhecer;

– os lanços do escalão de combate;

– a velocidade do escalão de combate ;

– o procedimento em caso de encontro.

Estas prescrições são, sempre que possivel, reunidas em uma ordem verbal ou escrita, dada antes da partida e inspirada no seguinte momento :

I – Situação: do inimigo; das colunas vizinhas; dos destacamentos de descoberta.

II – Missão : objetivo do movimento.

      Atitude (ofensiva; ofensiva prudente; às vezes defensiva).

III – Intenções (Atingir rapidamente tal posição ou tal saida;  desbordar eventualmente por...)

IV – Execução :

Velocidade média;

Lanços ;

Dispositivo ;

Repartição dos autos-metralhadoras ;

Disposições contra os engenhos blindados.

V – Transmissões :

Lugar do comandante da vanguarda;

Sinais;

Centro de informações, etc.

VI – Trens.

Distâncias

82. A distância entre a vanguarda e o grosso depende principalmente da natureza do terreno e da força da própria vanguarda.

Tal distância não deve  ser muito grande para não privar a vanguarda da intervenção do grosso em tempo util; mas não deve ser muito reduzida, para evitar que o grosso seja submetido prematuramente ao fogo e experimente dificuldades no momento de entrar em ação.

83. Em uma forte coluna, os elementos mais avançados do escalão de reconhecimento deslocam-se muito alem dos primeiros elementos do grosso, para que este não fique sujeito aos tiros da artilharia de campanha inimiga.

O escalão de reconhecimento deve progredir, por sua vez, a uma distância suficiente do escalão de combate, para atingir em tempo conveniente as linhas do terreno de onde o adversário poderia executar, contra o escalão de combate, fogos de infantaria a grandes distâncias.

84. Em uma coluna de fraço efetivo, como o esquadrão, por exemplo, cuja mobilidade é a melhor garantia contra as surpresas, a vanguarda marcha a uma distância do grosso suficiente para protegê-lo contra o fogo das armas portáteis.

O escalão de reconhecimento precede o escalão de combate a uma distância capaz de subtraí-lo, tanto quanto possivel, aos fogos executados ás médias distâncias.

85. O grosso da coluna mantem-se sempre em ligação com sua vanguarda; cada escalão da vanguarda tem a mesma obrigação para com aquele que o precede.

A vanguarda realiza, igualmente, ligação com as vanguardas vizinhas, se as houver.

Quando é necessária a ligação entre a coluna e sua vanguarda, pode ser completada por intermédio de cavaleiros denominados balizadores.

Para esse fim ha muitas vezes vantagem, para uma unidade importante, principalmente em terreno coberto, em destacar previamente, sob as ordens de um graduado, um grupo de balizadores para as proximidades da vanguarda, de modo que a ligação se faça automaticamente e sem interrupção.

O comandante dos balizadores reparte seus cavaleiros de acordo com as circunstâncias e de modo que mantenham entre si uma constante ligação pela vista; o chefe os reagrupa à medida que a vanguarda diminue a distância.

A ligação é realizada de trás para a frente, entre o grupo de balizadores e a vanguarda, e da frente para a retaguarda, entre o grupo de balizadores e o grosso.

Alto durante a progressão

86. Quando, durante a progressão, a vanguarda faz alto, todos os seus elementos não se imobilizam simultaneamente.

O escalão de reconhecimento prossegue no movimento, se é necessário, para que seus elementos avançados atinjam pontos de estacionamentos com grande campo de vista; o escalão de combate procura, por seus primeiros elementos, posições favoráveis ao tiro das armas automáticas e cobertas capazes de dissimular os outros ás vistas do adversário.

As disposições tomadas pela vanguarda devem sempre permitir-lhe enfrentar, durante o alto, os incidentes que possam surgir

Nas pequenas colunas, devido ao fraco efetivo da vanguarda, esta nem sempre estará. em condições de garantir completamente a proteção do grosso durante as paradas; cabe pois ao próprio grosso  contribuir para a execução das medidas de segurança necessárias

Ação da vanguarda longe do inimigo

87. Em zona em que não haja possibilidades de intervenção da infantaria inimiga ou de uma forte cavalária, mas onde seja possivel o encontro com engenhos motorizados de grande raio de ação ou de pequenos destacamentos ligeiros com meios de transporte rápido, a ação da vanguarda visa, principalmente, opor-se ás incursões dos engenhos blindados inimigos (n. 177 e seguintes). A vanguarda percorre as estradas importantes da zona de marcha com os meios suficientes (particularmente autos-metralhadoras), afim de desempenhar sua tarefa.

Seu dispositivo deve satisfazer as condições seguintes :

– permitir uma marcha rápida e facultar ao chefe a modificação do itinerário de acordo com a situação;

– escapar, tanto quanto possivel, às vistas da aviação;

– reduzir, tanto quanto possivel, o número e importância das unidades destacadas, exigindo-lhes o mínimo de fadiga.

A marcha realiza-se por lanços largamente calculados sobre as linhas características do terreno: estradas, cursos d’água, vias férreas, linhas de crista, etc.

Em cada lanço a ligação com as unidades vizinhas é retomada, assim como é reduzida a profundidade do dispositivo, embora se procure conservar uma articulação suficiente e ocultar-se do melhor modo às vistas aéreas.

88.  O escalão de reconhecimento é constituido em função da natureza do terreno e da importância da rede de estradas da zona de marcha.

Subdivide-se em unidades: grupos de combate e pelotões, que marcham pelos itinerários importantes.

Os autos-metralhadoras á disposição da vanguarda são repartidos entre os elementos do escalão de reconhecimento, com os quais operam em ligação. Marcham por lanços de amplitude variavel segundo o terreno, tomam distâncias nas zonas descobertas, realizam sondagens rápidas e a pequenas distâncias, para um e outro lado da estrada de marcha; atuam em ligação com as unidades a cavalo nos reconhecimentos das cobertas, bosques, etc.

Em caso de encontro com destacamento inimigo, o chefe da unidade interessada toma rapidamente sua decisão, visando aproveitar circunstâncias favoráveis para atacar de surpresa, repelir o inimigo e fazer prisioneiros, ou para manobrar, afim de atrair o adversário ao fogo do escalão de combate, cuja ação não deve prejudicar.

O elemento do escalão de reconhecimento que percebe engenhos blindados inimigos, previne a unidade que o segue pelos processos convencionados (sinais, etc.) (P.) e atua de acordo com as prescrições contidas no Capítulo IV, deste Titulo. Os autos-metralhadoras esforçam-se por destruir os engenhos adversários ou, no mínimo, barrar-lhes a entrada; as unidades a cavalo abandonam a estrada em ordem disperta e ganham rapidamevte a coberta mais próxima, de onde operam apoiando os autos-metralhadoras, se for o caso.

________________

(2) Tais sinais são definidos na ordem dada pelo comandante da unidade e devem ser conhecidos por todos.

89. O escalão de combate, segundo sua força, a largura da zona de marcha e a missão recebida, utiliza um ou vários itinerários.

A ligação entre os diversos elementos do escalão de combate deve ser constantemente mantida.

O comandante da vanguarda marcha, conforme o caso, na altura dos elementos do escalão de reconhecimento, afim de ficar em condições de ver e receber mais rapidamente as informações.

Ação da vanguarda nas proximidades do inimigo

90.  As probabilidades de encontro com elementos importantes tornam-se cada vez maiores à medida que diminue a distância do inimigo.

A vanguarda deve ficar em condições de, nos limites dos recursos de seu efetivo, subtrair o grosso aos fogos do inimigo, bem como de dar-lhe o tempo e o espaço necessários para empregar os seus meios.

Deve poder tambem localizar as resistências avançadas do adversário, obrigá-las a se mostrarem e desdobrá-las, sem ter, para se desenvolver, de efetuar movimentos geralmente inexequíveis sob o fogo.

Para tal fim a vanguarda toma um dispositivo de aproximação, largamente articulado em largura e profundidade, escapando, tanto quanto possivel à observação terrestre é aérea, permitindo ao escalão de reconhecimento reconhecer toda a extensão da zona de marcha e ao escalão de combate colocar rapidamente os meios de fogo necessários para apoiar a progressão do escalão de reconhecimento ou para deter um adversário que ataque.

As unidades utilizam completamente a rede de estradas, caminhos, trilhas e picadas, até o momento em que, achando-se expostas aos fogos densos da artilharia inimiga e parecendo próximo um encontro, passam a avançar através do campo.

O escalão de reconhecimento marcha em pequenas colunas, varrendo todas as estradas e caminhos da zona de marcha e esforçando-se para não retardar o avanço do escalão de combate.

Os autos-metralhadoras, os grupos de combate e pelotões do escalão de reconhecimento reconhecem as povoações, bosques, orlas e cobertas; mantem, tanto quanto possivel, ligação, uns com os outros.

Quando um elemento do escalão de reconhecimento, grupo de combate ou pelotão, encontra um ponto ocupado pelo inimigo, seu comandante informa, conserva o contacto, esforça-se por avaliar a extensão da resistência e por desbordá-la, sem, entretanto, afastar-se da zona cujo reconhecimento lhe incumbe.

O escalão de combate marcha em ordem dispersa, à, retaguarda do escalão de reconhecimento, pronto para apoiá-lo, eventualmente. Evita, tanto quanto possivel, as zonas batidas pela artilharia.

Quando o escalão de reconhecimento assinala um ponto ocupado pelo inimigo, o comandante da vanguarda determina o seu desbordamento para fazer cair a resistência.

91. Nas proximidades imediatas do inimigo, a vanguarda se desloca através do campo; toma formações muito diluidas e se esforça para continuar a avançar a cavalo o mais que puder, utilizando o terreno.

Todo elemento, impedido pelo fogo inimigo de continuar a aproximação a cavalo, continua o movimento a pé.

O escalão de reconhecimento vasculha todo o terreno e presta a maior atenção aos pontos de onde o inimigo poderia empregar os fogos de armas automáticas.

Quando se manifestam resistências isoladas, os elementos não detidos têm obrigação de avançar audaciosamente pelos espaço não batidos, para fazer cair as resistências por desbordamento. Os elementos submetidos ao fogo respondem o fogo e aferram-se ao terreno.

Se os elementos do escalão de reconhecimento esbarram em uma linha mantida pelo inimigo, esforçam-se por determinar os pontos desocupados ou pelo menos mais fracos e os caminhos de acesso favoravel.

Essa ação visa responder sem demora e com o mínimo de perdas à pergunta :

“Trata-se de um ponto ou é uma linha de fogo contínua e organizada?”

Se a importância e a densidade da ocupação impedem qualquer infiltração, eles param, dissimulam-se melhor e continuam a observar de maneira a fornecer ao comandante da vanguarda as informações mais completas possíveis.

O escalão de combate progride atrás do escalão de reconhecimento, pronto para apoiá-lo pelo fogo ou acolhê-lo, em caso de necessidade.

Largamente estendido no terreno, o escalão de combate utiliza os caminhos ou progride através dos campos, mantende uma ligação íntima pela vista ou por meio de patrulhas, entre as diversas colunas. Seu dispositivo modifica-se de acordo com as situações de modo que a aproximação a pé possa suceder sem demora à aproximação a cavalo.

O comandante da vanguarda geralmente tem conveniência em avançar mais cedo para perto dos elementos do escalão de reconhecimento, para tomar contato com eles e completar assim as informações que possue sobre a situação, assim como para ter uma impressão pessoal do terreno.

92. Quando o escalão de reconhecimento é detido pelo inimigo e não pode mais progredir, o comandante da vanguarda toma suas disposições para completar, com elementos tirados do escalão de combate, o reconhecimento da linha de resistência.

Se a missão comporta, a vanguarda se empenha e combate como se acha previsto na 2ª parte deste Regulamento.

No caso contrário, ela para e se estabelece defensivamente.

A vanguarda nas marcas à noite

93.  O serviço da vanguarda, à noite, é executado da mesrna forma que de dia, salvo quanto ás distâncias e aos intervalos entre os escalões, que se reduzem sensivelmente.

O número das linhas sucessivas em que a vanguarda deve parar é aumentado para permitir a reorganização das unidades e o restabelecimento das ligações.

A maioria das vezes a vanguarda utiliza somente as estradas; entretanto, quando o terreno é de fácil percurso e a noite clara, alguns elementos podem marchar através do campo.

I I – RETAGUARDA

Retaguarda na marcha para a frente

94.  Na marcha para a frente a retaguarda tem por missão proteger os últimos elementos contra os empreendimentos de destacamentos ligeiros : cavalaria, autos-metralhadoras, tropas  em automóveis, etc.

A constituição de uma retaguarda impõe-se principalmente para uma tropa colocada na ala descoberta de um dispositivo.

A força da retaguarda varia segundo a importância da unidade: de uma simples patrulha para um pequeno efetivo, a um pelotão, para uma unidade importante.

A. retaguarda marcha por lanços, como a vanguarda, parando nos pontos favoraveis á observação para trás e avançando rapidamente de um outro ponto de observação.

Liga-se à cauda da coluna por meio de balizadores, quando  necessário.

A retaguarda em marcha retrograda

95.  Na marcha retrógrada a retaguarda tem por missão permitir ao grosso evitar o combate. Sua força, composição e, se a distância do inimigo faculta, tambem a articulação, são mais ou menos as mesmas que as da vanguarda na marcha para a frente.

Entretanto, como a retaguarda não deve contar com o apoio do grosso da coluna, é geralmente conveniente constituí-la fortemente, dando-lhe canhões anti-carros, autos-metralhadoras, artilharia e eventualmente, um destacamento de engenharia.

Fraciona-se em escalão de reconhecimento e escalão de combate.

O escalão de combate marcha por lanços, mais ou menos grandes conforme o terreno e a velocidade de escoamento do grosso. Articula-se largamente de maneira a poder descobrir e impedir qualquer tentativa de desbordamento.

Ocupa em cada lanço os pontos (cobertas, orlas, povoações, etc.), que lhe permitam oferecer uma resistência ao inimigo, mascarando sempre seus movimentas e preparando a retirada para o momento oportuno quando o inimigo se apresenta, a retaguarda retarda-lhe a progressão, executando tiros a grandes distâncias com artilharia, metralhadoras e autos-metralhadoras.

Emprega, nessas ações sucessivas, os mesmos princípios enunciados no Título IV, da 2ª parte (“Manobra em retirada”) .

O escalão de reconhecimento esforça-se para obrigar o inimigo a se mostrar. No momento de retrair-se, utiliza os caminhos favoraveis, evitando dificultar os tiros do escalão de combate.

Para retardar e mesmo deter a marcha dos destacamentos adversos e particularmente de seus engenhos blindados, a retaguarda improvisa, através das estradas, obstáculos sobre os quais dirige o fogo de  alguns elementos bem colocados; executa tambem, nos limites das instruções do comando, as destruições necessárias.

Não deve absolutamente deixar nas mãos do inimigo material de guerra que lhe possa ser proveitoso; se não pode transportar, inutiliza tal material.

Sacrifica-se, se as circunstâncias o exigem, para salvação do grosso da coluna.

A ligação entre a retaguarda e o grosso, assim como entre os próprios escalões, realiza-se de trás para a frente, empregando, quando preciso, um grupo de balizadores. (N. 85).

Flancoguarda

96. A proteção dos flancos de uma unidade de cavalaria é realizada, segundo a importância da unidade e a situação, por flanqueadores, patrulhas de flanco e flancoguardas, móveis ou fixos.

97. Os flanqueadores progridem ligados pela vista com o elemento que os destacou, vasculham o terrenos e regulam seus movimentos de modo que aquele elemento não seja surpreendido por fogos de armas automáticas.

98. Quando a importância da unidade o comporta, a proteção dos flancos é assegurada por patrulhas, as quais operam a maior distância que os flanqueadores.

Sempre que a mobilidade da unidade é limitada pelo terreno ou pela natureza dos elementos que entram em sua composição, a proteção é assegurada a uma distância correspondente ao tiro eficaz da artilharia de campanha do adversário. Esta missão é confiada a pelotões a cavalo ou elementos de autos-metralhadoras (A.M.D.R.) que, alem das informações, podem produzir eficazes ações de fogo. Tais elementos de autos-metralhadoras subdividem-se em patrulhas sucessivas avançando pelo mesmo itinerário fixado pelo comando; a primeira destas patrulhas adianta-se sempre em relação ao dispositivo e marcha na altura das patrulhas do escalão de reconhecimento da vanguarda.

Para calcular a distância em que as patrulhas de flanco devem operar, é indispensavel levar em conta a demora da transmissão para que a informação seja recebida em tempo útil.

As patrulhas de flanco devem, em princípio, marchar paralelamente à unidade. Elas fazem reconhecer as direções perigosas por exploradores que se reunem novamente sobre o itinerário fixado.

Quando se trata de uma tropa de fraco efetivo, a proteção dos flancos é assegurada a uma distância correspondente ao fogo das armas portáteis. Esta proteção pode ser realizada, enviando sobre os flancos em cada lanço uma patrulha que se reune ao lanço seguinte.

Finalmente, se o terreno não permite a progressão das patrulhas por itinerários sensivelmente paralelos ao eixo de marcha da tropa, a proteção dos flancos é assegurada por meio de sondagem lançada a distância conveniente.

99. Sendo de recear elementos inimigos de certa importância sobre o flanco, a unidade cobre-se por destacamentos de composição e forças variáveis. Tais destacamentos, segundo a maneira de atuar, denominam-se : “flancoguarda móveis” ou “flancoguarda fixos”.

Os flancoguardas móveis operam segundo os princípios indicados no número precedente para a marcha das patrulhas de flanco.

Os flancoguardas móveis devem ser capazes de oferecer uma certa resistência nos seus pontos de estacionamento sucessivos.

Os flancoguardas móveis devem ser capazes de oferecer uma unidade importante (divisão de cavalaria), ocupam em tempo oportuno as passagens que dão acesso para a zona de marcha e criam, eventualmente, obstáculos.

Eles próprios se esclarecem por patrulhas nas direções perigosas. Se o inimigo ataca, procuram repeli-lo ou, em caso de inferioridade, manobram para retardá-lo. Reunem-se à unidade, logo que tenham terminado a missão.

100. Uma grande unidade reforça normalmente seus flancoguardas fixos ou móveis sobre o lado ameaçado com autos-metralhadoras que aumentam o alcance de suas investigações e lhes prestam, em caso de combate, o apoio de fogo.

Especialmente as estradas que dão acesso à zona de marcha e podem ser utilizadas por engenhos blindados inimigos são barradas, assim como são tomadas medidas para deter e destruir tais engenhos quando possivel.

ARTIGO III

EMPREGO DOS AUTOS-METRALHADORAS NA SEGURANÇA EM MARCHA

101. Os autos-metralhadoras são empregados de dia em ligação com unidades a cavalo, ou T.Q.T. Agem em proveito da segurança das unidades a que pertencem ou de que se achem à disposição.

Às vezes os autos-metralhadoras podem receber a missão de, por si sós, garantir a segurança de certos elementos, em particular das colunas automóveis.

Os autos-metralhadoras podem ser lançados em patrulhas, na procura de informações necessárias ao chefe da tropa (segurança afastada); podem tambem atuar no quadro dos destacamentos de segurança (vanguarda, retaguarda, flancoguarda).

Os autos-metralhadoras em patrulhas marcham por itinerário ou em zona fixados; informam a respeito do inimigo, terreno, facilidades de marcha, etc.

Utilizados na vanguarda, os autos-metralhadoras precedem os primeiros elementos a cavalo. Progridem por lanços, demorando os tempos de parada de modo a guardar ligação com os escalões de reconhecimentos e não se adiantam em relação ao grosso mais do que a distância normal de cobertura. Nas passagens difíceis deixam-se alcançar pelos elementos a cavalo para garantir sua própria segurança. Se encontram o inimigo, operam de acordo com os princípios expostos na 2ª parte deste Regulamento.

Em uma marcha retrógrada, os autos-metralhadoras são empregados na retaguarda e constituem o último escalão. Avançam em grandes lanços pelo eixo fixado, ligando-se aos últimos elementos T.Q.T. ou a cavalo e cuidando especialmente da segurança aos próprios flancos. Quando o inimigo se apresenta, atuam conforme as indicações fixadas na 2ª parte deste Regulamento.

Os autos-metralhadoras são, frequentemente, atribuidos a um destacamento flancoguarda; prolongam a ação na direção do inimigo, com o qual, tomam os primeiros contactos, empenhando-se em repelí-lo ou pelo menos retardá-lo. Em certos casos os autos-metralhadoras, podem constituir, com elementos T.Q.T. um flancoguarda; isto se dá quando o terreno é muito descoberto, rico de estradas ou quando a obrigação de cobrir o flanco exterior de uma grande unidade, depois de uma mudança de direção, imporia um esforço excessivo a uma tropa montada.

Segurança das unidades de autos-metralhadoras

102. As unidades de autos-metralhadoras devem evitar as surpresas de fogos de artilharia; para isso, devem reservar-se sempre, a possibilidade de sairem das estradas (evitar encaixotamento nas estradas que tenham cortes).

A segurança do pelotão em marcha repousa na observância dos princípios de escalonamento indicados na Instrução Técnica, na atenção vigilante das guarnições e na mobilidade das viaturas.

A segurança do esquadrão é garantida no eixo de marcha, geralmente, por um pelotão de autos-metralhadoras apoiado por um pelotão T.Q.T.; essa vanguarda progride por grandes lanços, mantendo uma distância ao grosso proporcional à rapidez do movimento, podendo atingir 10 quilômetros. O grosso avança em coluna, de uma encruzilhada a outra, ou de uma a outra coberta; os pelotões conservam entre si uma distância de cerca de 500 metros e mantem-se sempre prontos para se desenvolverem em caso de encontro com o inimigo.

A segurança dos flancos é feita em cada alto por sondagens rápidas, lançadas contra os pontos de onde se possa recear uma surpresa da artilharia adversária.

O trem de combate do esquadrão desloca-se de acordo com as ordens do capitão, que lhe fixa pontos de estacionamento definidos e se esforça por preparar o reagrupamento de sua unidade nos fins da jornada, aproximando sempre o trem de combate mas sem o arriscar. Durante os altos, o trem do esquadrão forma o parque e estabelece a segurança, cercando-se de sentinelas.

ARTIGO IV

SEGURANÇA DAS COLUNAS MOTORIZADAS

Deslocamento de dia

103. Se for necessário, o movimento das colunas será, esclarecido por uma descoberta motorizada.

Esta compreenderá reconhecimentos e destacamentos compostos como foi dito no n. 51.

As informações são transmitidas por T.S.F., motocicletas e, se necessário, por viaturas blindadas.

104. A vanguarda progride por lanços e em condições de manter a posse de cortes do terreno e linhas favoráveis à defesa; que assegurem ao grosso a travessia de pontos sensíveis, tais como pontes, cruzamentos importantes, etc.

A profundidade da zona de segurança assim criada varia segundo o efetivo da coluna, a missão, a situação e o terreno; ela deve em princípio ser tal que os primeiros elementos do grosso não sejam surpreendidos pelo fogo da artilharia de campanha.

A vanguarda se escalona em profundidade, articulada em escalão de reconhecimento e escalão de combate.

O primeiro é constituido por unidades de autos-metralhadoras (A.M.D.R.) com alguns elementos T.Q.T. Seu efetivo é calculado, levando-se em conta que um pelotão de autos-metralhadoras pode reconhecer uma frente de 2 quilômetros. Em certas circunstâncias muito favoráveis de terreno, essa frente poderá atingir até 5 quilômetros.

O segundo é constituido por unidades T.Q.T.; progride por lanços atrás do escalão de reconhecimento escalonado na estrada principal da zona de ação da vanguarda e a uma distância que varia de 2 a 6 quilômetros.

As ligações entre o escalão de reconhecimento e o de combate, e entre a vanguarda e o grosso, são asseguradas por motociclistas. No caso de não haver interesse em dissimular a marcha de coluna pode ser empregada a T.S. F.

105. A cobertura dos flancos resulta da procura da informação afastada, das disposições tomadas pela vanguarda para bater a rede rodoviária em uma larga frente e do emprego das flancoguardas.

As flancoguardas são constituidas por unidades de autos-metralhadoras (A.M.D.R.) apoiadas por elementos T. Q.T. Elas progridem por lanços, a uma distância do grosso da coluna suficiente para pô-la ao abrigo do fogo da artilharia de campanha. Tomam frequentemente ligação com a vanguarda e ocupam, toda vez que isso for possivel, os cortes do terreno que só possam ser transpostos pelo inimigo em certos pontos da passagem obrigada.

Um pelotão de autos-metralhadoras (A.M.D.R.), apoiado por um pelotão T.Q.T., pode escalonar-se numa profundidade de cerca de 3 a 4 quilômetros.

A retaguarda tem a mesma composição de uma vanguarda; ela se articula em escalão de reconhecimento e escalão de combate.

O escalão de combate marcha por lanços de grande amplitude e se esforça em deter o inimigo numa posição escolhida durante o tempo necessário a que o grosso da coluna fique fora de ameaça.

O desaferramento se faz sob a proteção dos A.M.D.R., como ficou consignado na 2ª parte deste Regulamento.

Deslocamento à noite

106. Em princípio, o terreno a ser percorrido à noite por uma unidade motorizada é reconhecido de dia por elementos de segurança (A.M.D.R. e pelotão T.Q.T.).

Estes se instalam, para passar a noite, nos cortes importantes, nós de comunicação, etc., na frente da linha que deverá ser atingida pela coluna ao amanhecer. As flancoguardas instalam postos fixos que permanecem em posição até o fim da passagem da coluna. Os autos-metralhadoras precedem de dia os destacamentos de segurança T.Q.T. nos locais escolhidos para a noite; retraem-se para trás destes, ao escurecer.

ARTIGO V

DISPOSIÇÕES A TOMAR SOB A PROTEÇÃO DE UMA FRENTE CONSTITUIDA

107. Quando e movimento se executa sob a proteção de uma frente constituida, os comandantes de colunas não precisam cobrir-se por destacamentos de segurança contra as incursões do inimigo. Bastam, nesse caso, simples destacamento; precursores antecedendo a tropa, sobre a estrada de marcha (n. 210).

108. Longe do inimigo, regula-se o dispositivo de modo a proporcionar às tropas o maior conforto; é conveniente, mantendo todos os laços orgânicos, utilizar completamente a rede de estradas, tendo em consideração as características particulares dos diferentes meios de transporte. Mas ainda assim as tropas ficam expostas aos ataques da aviação inimiga, de modo que os movimentos devem ser executados geralmente à noite.

109. Na zona sujeita ao tiro de artilharia, o inimigo pode estar em condições de concentrar rapidamente fogos ajustados.

Os elementos que se deslocam de dia realizam o movimento fracionado em pequenos efetivos suficientemente escalonados utilizando itinerários desenfiados dos observadores terrestres e dos balões de observação.

CAPÍTULO III

Segurança em estacionamento

110. A segurança em estacionamento repousa nas medidas gerais indicadas no n. 275 do R.S.C., especialmente no dispositivo que regula o escalonamento do estacionamento (acantonamentos ou bivaques) e sobre a ação dos destacamentos de Segurança denominados postos avançados.

Quando a missão permite, uma unidade de cavalaria tem geralmente conveniência em escolher, para estacionar, uma zona atrás de um acidente do terreno sobre o qual estabelece os postos avançados.

A ação dos postos avançados é completada pelas medidas de defesa tomadas em cada acantonamento ou bivaque.

ARTIGO I

         POSTOS AVANÇADOS

111. O papel geral dos postos avançados consiste em:

– proteger as tropas contra as surpresas de terra e dar-lhes tempo necessário para tomar disposições de combate;

– informar ao comando sobre os preparativos de ataque e movimentos do inimigo na zona que lhes compete observar.

O comando fixa, em ordem escrita, a missão dos postos avançados, sua zona de ação, a posição a ocupar, o apoio que a artilharia poderá dar e o procedimento em caso de ataque.

112. A missão e o modo de ação dos postos avançados variam segundo as possibilidades de ataque pelas forças terrestres do inimigo, a situação da tropa a cobrir e o terreno.

Longe do inimigo, os postos avançados devem proteger o grosso contra empreendimentos ligeiros do inimigo.

Perto do inimigo, quando o contato não foi ainda estreitamente estabelecido, os postos avançados devem resistir em seus lugares, afim de dar ao grosso o tempo para tomar as disposições de combate e ocupar a posição de resistência escolhida pelo comando.

Na proximidade imediata do inimigo, estando já o grosso das tropas sobre a posição de resistência, os postos avançados são encarregados de alertá-lo, mantendo as posições durante um período mais ou menos demorado, segundo as ordens do comando.

113. A composição dos postos avançados varia com a missão e a natureza da tropa a cobrir.

O efetivo dos P.A. é tão reduzido quanto possivel, devido às fadigas que esse serviço determina: em princípio, a proporção de combatente a pé não deve ultrapassar de um terço do efetivo total.

Assim:

– Um destacamento de descoberta guarda-se em estacionamento conforme as prescrições do n. 40.

– Um esquadrão ou regimento isolado organiza geralmente barricadas na zona do estacionamento e seu sistema de P. A. reduz-se, na maioria dos casos, a alguns postos instalados a distâncias convenientes, sobre os principais caminhos de acesso à própria zona do estacionamento. Estes postos, que em algumas direções perigosas podem alcançar o efetivo de um pelotão, são encarregados de alertar e, se possível, retardar a progressão dos destacamentos inimigos, para dar ao comando da unidade o tempo necessário para tomar suas disposições.

– Os postos avançados de uma brigada ou de uma divisão compreendem combatentes a pé, metralhadoras, canhões anti-carros e autos-metralhadoras. O conjunto do dispositivo deve contar com o apoio de toda a artilharia ou apenas de uma parte e ser esclarecido pela aviação.

Em alguns casos podem ser postas peças de artilharia de acompanhamento imediato à disposição de certas unidades para bater um ponto de passagem forçada ou para deter, por uma ação aproximada, os engenhos motorizados do inimigo.

ARTIGO II

DISPOSITIVOS GERAL DOS POSTOS AVANÇADOS

114. O dispositivo dos postos avançados é articulado visando a vigilância e o combate. Compreende dois escalões:

– Um escalão de vigilância;

– Um escalão de resistência.

115. O escalão de vigilância tem a missão de assinalar a aproximação do inimigo e as ameaças de ataque.

Estabelece-se sobre a linha de vigilância dos P.A. e compreende postos vigiando por meio de vedetas, cuja ação é completada por patrulhas.

116. O escalão de resistência tem a missão de assegurar a defesa da linha de resistência dos P.A., que cobre o terreno a conservar.

Sua força é proporcional à dos ataques presumíveis e pode ser suprimido quando os P.A. recebem apenas uma missão de alerta.

117. Em uma divisão de cavalaria os P.A. são; em princípio, divididos em sub-setores de brigada.

Em cada brigada é designado um comandante dos P.A.

Se a situação o exige (frente estreita, P.A. constituindo cabeça de ponte), o general de divisão designa um comandante dos postos avançados da divisão.

Um sub-setor divide-se em quarteirões, correspondendo cada um à zona de ação de um regimento.

Um quarteirão subdivide-se em sub-quarteirão, atribuidos a esquadrões.

O subquarteirão estende-se, ao mesmo tempo pelas linhas de vigilância e de resistência.

O esquadrão que o ocupa fornece os postos e patrulhas do escalão de vigilância e dispõe seu grosso para a defesa da linha de resistência.

Os elementos do regimento não repartidos entre os sub-quarteirões (principalmente o grosso do esquadrão de metralhadoras), constituem a reserva do quarteirão.

As vias de comunicações e os postos importantes nunca são escolhidos para limites entre os sub-setores, quarteirões e sub-quarteirões.

118. Em todas as circunstâncias impõem-se aos P.A. a organização de um sistema de observatórios com grandes campos de vista, entrecortando-se, para completar a ação do escalão e vigilância (2ª parte deste Regulamento).

Artilharia

119. De acordo com a situação, o comandante se esforça para colocar toda a artilharia, ou apenas uma parte, em condições de apoiar os postos avançados.

Na maioria dos casos a artilharia permanece e às ordens do general de divisão, que determina a posição e o consumo provavel de munição, delegando aos comandantes de sub-setores ou quarteirões o cuidado de regular pormenorizadamente as condições do apoio a realizar, assim como as ligações necessárias.

Quando a divisão natural do terreno ou o afastamento da linha de resistência dos P.A. o comporta, o comandante da divisão pode colocar artilharia à disposição dos comandantes de sub-setores e mesmo, em certos casos, à disposição dos comandantes de quarteirão.

A artilharia encarregada de apoiar os postos avançados estabelece-se em vigilância e prepara sua intervenção, que se produz sob a forma de tiros de interdição sobre o caminhamentos utilizados pelo inimigo e tiros de deter sobre os pontos importantes da frente.

O comandante da unidade de artilharia encarregada de apoiar os postos avançados, logo que recebe a missão, toma contacto com o comandante do sub-setor ou do quarteirão que ele deve apoiar.

Sendo possivel, procura tambem entendimento com os comandantes de sub-quarteirões interessados.

Recebe desses comandantes, especialmente, as indicações das partes do terreno que escapam à ação dos fogos da defesa e particularmente dos caminhamentos que presumidamente o inimigo utilizará, sobre os quais ha interesse em superpor os fogos da artilharia aos das unidades em linha; tais indicações permitem completar as previsões e regular o plano de fogos da artilharia.

ARTIGO III

AÇÃO DOS POSTOS AVANÇADOS LONGE DO INIMIGO

120. Longe do inimigo é suficiente proteger o grosso contra empreendimentos de elementos Iigeiros de cavalaria ou engenhos blindados.

Os postos avançados limitam-se a vigiar e preparar fogos sobre as vias de comunicação vindas do inimigo, assim como ocupar certos pontos importantes, se houver necessidade.

O efetivo dos P.A. fica reduzido aos elementos estreitamente precisos para cumprir a missão acima; pelotões, esquadrões reforçados com metralhadoras, canhões anti-carros e autos-metralhadoras.

O escalão de vigilancia atua (postos, vedetas, patrulhas), sobre as vias de comunicação utilizáveis pelo inimigo; os autos-metralhadoras cooperam vantajosamente nesse serviço.

O escalão de resistência instala-se defensivamente, de maneira a barrar essas vias de comunicação, utilizando os obstáculos naturais ou os cortes do terreno, obstruindo as estradas, caminhos e saidas de localidades.

O serviço de observação a grande distância aumenta e completa a ação destes dois escalões.

121. Na retaguarda, as tropas mais próximas dos postos avançados estabelecem, nas saidas de seus acantonamentos, barricadas ocupadas por pequenos elementos constituidos em geral por grupos de combate.

ARTIGO IV

AÇÃO DOS POSTOS AVANÇADOS PERTO DO INIMIGO

122. Perto do inimigo os postos avançados vigiam e mantem, em toda a frente, a zona do terreno que lhes foi atribuida.

Ocupam para tal fim uma posição comportando uma linha de vigilancia e uma linha de resistência, contínuas, sobre as quais deverão se manter tanto quanto o exige a missão.

Dessas considerações resulta a determinação do efetivo dos P.A. Seus dois escalões são organizados tendo em vista assinalar a chegada do inimigo, tomá-lo sob os fogos e detê-lo diante da linha de resistência.

123. O comandante considera, na instalação dos postos avançados, as observações seguintes:

– a resistência sendo geralmente de duração limitada, o valor do dispositivo depende menos do escalonamento em profundidade do que da execução de uma cortina de fogos sem lacuna, diante da linha de resistência, e das medidas empregadas para retardar a tomada e contacto pelo inimigo, tais como a dissimulação dos orgãos de defesa e os tiros a grandes distâncias;

– a instalação dos postos avançados, devendo realizar-se rapidamente, a organização do terreno é geralmente sumária; utilizam-se as cobertas e as mascaras do terreno e evita-se, pelo emprego do disfarce que apresenta uma importância particular para todos os elementos, de revelar à observação inimiga as disposições tomadas;

– a ligação entre as unidades vizinhas deve ser cuidadosamente assegurada; dois quarteirões vizinhos ligam-se, em princípio, por meio de um posto comum sobre a linha de resistência; os sub-quarteirões procedem da mesma forma, se o terreno exige.

Em geral, dois sub-quarteirões vizinhos ligam-se por meio de um posto comum sobre a linha de vigilancia.

124. Na proximidade imediata do inimigo os postos avançados constituem um elemento do dispositivo geral, organizado tendo em vista a combate defensivo; podem, dispensar o escalão de resistência.

Seu modo de atuar foi exposto na 2ª parte deste Regulamento (Título III, Capítulo II, art. V).

ARTIGO V

DIFERENTES ELEMENTOS DOS POSTOS AVANÇADOS (3)

Quarteirão

125. A defesa de um quarteirão por um regimento que o ocupa, baseia-se principalmente na realização de um dispositivo de fogos de armas portateis, combinado, sempre que possivel, com fogos de artilharia e permitindo:

– estender uma cortina contínua de fogos, capaz de ser desencadeada instantaneamente de dia ou de noite, de deter o inimigo diante de toda a frente do quarteirão.

– assegurar tiros, até o limite de alcance eficaz, sobre qualquer objetivo que se apresente diante do quarteirão.

O regimento reforçado eventualmente de unidades suplementares de metralhadoras ou de engenhos, articula-se, em consequência, conforme os princípios estabelecidos na 2ª parte deste Regulamento (Título IV, Capítulos I e II).

O comandante emprega o número de esquadrões necessário para manter os pontos essenciais do terreno sobre a linha de resistência e assegurar a vigilância sobre toda a frente. A cada um destes esquadrões é atribuido um sub-quarteirão; tais quarteirões podem ser eventualmente reforçados com elementos de metralhadoras ou canhões anti-carros.

O comandante do quarteirão estabelece um plano de fogos completando os fogos dos esquadrões dos sub-quarteirões com os elementos de reserva do quarteirão, de modo a assegurar uma cortina contínua diante da linha de resistência e a execução de tiros a grande distancia.

Para tal fim, as unidades de metralhadoras e engenhos que constituem reserva são colocados de modo a:

– completar ou reforçar a cortina de fogos diante da linha de resistência;

– flanquear os esquadrões dos sub-quarteirões e bater os intervalos;

– realizar tiros de interdição ou de inquietação a grande distância sobre os caminhamentos utilizáveis pelo inimigo.

Os esquadrões ou pelotões da reserva são repartidos de modo que:

– mantenham, à retaguarda da linha de resistência, os pontos mais importantes do terreno, afim de limitar, em caso de revés, o avanço do adversário que tenha penetrado na posição;

– retomem o terreno perdido, por meio de contra-ataques previstos.

126. Todas as unidades, tendo sido colocadas de acordo com o plano de fogo, cada um de seus elementos recebe uma ordem escrita fixando a missão, o procedimento em caso de ataque, os tiros a executar e os sinais convencionados para os desencadear.

O posto de comando do comandante do quarteirão é instalado na altura das posições ocupadas pela reserva, próximo de um observatório e em ponto que facilite as comunicações para as unidades, assim como para o comandante da tropa coberta.

No observatório é mantido permanentemente um serviço incumbido da vigilância dos sinais emitidos pelos diversos elementos do regimento e de observar todos os indícios de atividade do inimigo.

Quando são instalados observatórios com grande campo de vista, por ordem do comando, próximo ao observatório do comandante do quarteirão, este estabelece ligação com aqueles.

O comandante de um quarteirão estabelece ligação com os comandantes de quarteirões vizinhos, destacando para junto deles agentes de ligação permanentes.

127. Consoante a situação, os cavalos com as viaturas, ou são enviados para a retaguarda ou mantidos nas proximidades de suas unidades, mas sempre dissimulados às vistas aéreas e terrestres do inimigo; se as condições permitem, os animais são desencilhados.

128. Depois de pronto o dispositivo, organiza-se o terreno sumariamente, conforme a ordem de urgência; observatórios, potos de comando, espaldões para as armas automáticas, abrigos individuais, comunicações, etc.

Na falta de obstáculos naturais, cobre-se o dispositivo dos postos avançados por uma organização artificial; mesmo sumária (redes de arame, etc.). Para tal fim os meios de fortuna ou o material da viatura de ferramentas são utilizados.

Disfarçam-se cuidadosamente todos os trabalhos executados.

Apenas uma parte da tropa é mantida nas posições de combate; a restante aperfeiçoa a organização do quarteirão ou repousa muito perto, em abrigos.

Os homens conservam, dia e noite, o equipamento de combate.

Em caso de permanência prolongada, os diversos elementos da reserva são aproveitados para substituir as unidades dos sub-quarteirões, quando a fadiga destas últimas o justifica ou de acordo com uma escala de serviço preestabelecida.

129. O esquadrão que ocupa um subquarteirão tem a missão de:

– manter, com o apoio dos fogos da reserva do quarteirão e da artilharia, a integridade da linha de resistência;

– assegurar uma vigilância contínua sobre toda a frente, instalando postos na linha de vigilância e destacando para alem desta linha as patrulhas necessárias:

O efetivo total empregado nos postos avançados deve ser o mínimo que a situação permita.

O grosso do esquadrão, eventualmente reforçado por elementos de metralhadoras e engenhos, é utilizado na defesa da linha de resistência. Seus elementos são colocados de modo a manter os pontos principais do terreno e a fornecer uma cortina de fogos, tão completa quanto possivel, diante da linha de resistência.

As posições a ocupar são escolhidas de modo a tirar o máximo proveito dos recursos do terreno para facilitar o tiro e disfarçar as vistas.

O comando do subquarteirão estabelece o plano de fogos; preve, não somente os tiros de barragem, como tambem todos os outros que podem organizar na sua frente, para perturbar a aproximação do inimigo.

O posto de comando do sub-quarteirão é instalado à retaguarda da linha de resistência, em ponto próximo do observatório e oferecendo facilidades de comunicação para os postos, bem como para o posto de comando do quarteirão.

Quando os cavaIos ou as viaturas Q.T. ficam à, disposição do esquadrão, o comandante deste determina o estacionamento de acôrdo com as indicações do n. 127.

Depois que o dispositivo está instalado, cada elemento atua segundo as prescrições dos ns. 125 a 127, relativas ao estabelecimento das ordens, à organização do terreno e ao serviço.

130. Em caso de ataque, o esquadrão acolhe seus postos, quando estes se vêem forçados a se retrairem; resiste na posição o tempo que a missão exigir. Esta missão pode ser de sustentar-se mesmo desbordado ou cercado, até que a reserva do quarteirão possa libertá-lo.

Não deve abandonar sua posição para se lançar em socorro da unidade de sub-quarteirão vizinho; procura auxiliá-la com fogos e cobrir-lhe o flanco.

O esquadrão só se retira no momento fixado na ordem ou quando recebe ordem escrita. O retraimento se executa por elementos sucessivos, utilizando itinerários previamente reconhecidos e, se possivel, sob a proteção dos fogos da reserva e da artilharia, conforme as prescrições da 2ª Parte deste Regulamento.

São previstos sinais para permitir a cada comandante de quarteirão avisar a evacuação de sua posição.

Postos

131. A missão dos postos consiste em assinalar a aproximação do inimigo, retardar-lhe a marcha pelo fogo e dar assim aos elementos do subquarteirão, que estiverem trabalhando ou repousando, tempo de ocuparem as posições de combate.

O comando de subquarteirão fixa o número, efetivo e posição dos postos, de modo a garantir a vigilância em toda a frente que lhes é atribuida.

Um posto é constituido geralmente por um grupo de combate. Excepcionalmente, quando o ponto a defender é muito importante (saida de uma ponte, encruzilhada, etc. ) pode ser ocupado por um pelotão, algumas vezes reforçado com uma secção de metralhadoras e tambem com um canhão anti-carros.

Nos terrenos muito cobertos ou muito cortados, é às vezes necessário multiplicar o número de postos, reduzindo embora e efetivo de alguns deles.

O comandante do subquarteirão fixa a zona de vigilância de cada posto e as condições de ligação com os postos vizinhos e com a retaguarda: designa o chefe, quando necessário; põe-no ao corrente da situação; dá-lhe uma ordem escrita em que determina o procedimento em caso de ataque, especifica os tiros preparados (artilharia e metralhadoras) na sua zona de vigilância, os sinais a fazer para os desencadear, e indica a natureza dos elementos de descoberta e das patrulhas que operam na sua frente.

132. Cada posto fornece uma ou várias vedetas.

Organiza sumariamente sua posição e a disfarça cuidadosamente.

Esta posição é escolhida de modo que a ligação com o comandante do subquarteirão se faça facilmente.

Os homens apeiam, ficam equipados e com a arma ao alcance da mão, de dia e de noite.

Se o posto conserva os cavalos, estes permanecem selados e amarrados ou seguros por um cavaleiro. As viaturas T.Q.T. ao abrigo das vistas terrestres e aéreas.

Um cavaleiro, a pé, perto do posto, observa os sinais que as vedetas podem fazer e dá aviso imediato ao seu chefe. Durante a noite, a metade (ou ainda menos) do efetivo do posto fica acordada; a vigilância redobra ao clarear do dia, que é o momento mais favoravel, às surpresas. É proibido acende fogo; o posto recebe os elementos da unidade que o destaca.

133. Os postos assinalam a chegada do inimigo e se esforçam por detê-lo utilizando os fogos de suas armas automáticas. Desencadeiam, quando tem cabimento, os tiros preparados.

Quando atacados por forças superiores, evitam se deixar cercar.

Previnem ao comandante do subquarteirão e se retraem por um itinerário previamente determinado e escolhido de modo a não perturbar os tiros dos elementos da linha de resistência.

Vedetas

134. Vedetas são cavaleiros destados pelos postos, tanto quanto possivel ao alcance da vista ou da voz e encarregados de observar.

A vedeta é simples ou dupla, conforme consta de um ou dois cavaleiros.

Em geral são duplas, salvo as vedetas colocadas em terreno descoberto e muito próximas do posto; à noite, são sempre duplas.

Em princípio, as vedetas ficam a pé e os seus cavalos ficam no posto. Podem, excepcionalmente, conservar seus cavalos, quando o posto se acha afastado e recebem então mais um cavaleiro para segurar os animais.

Na vedeta dupla, um dos cavaleiros fica parado, enquanto o outro se desloca para ver certas partes do terreno, comunicar-se com as vedetas vizinhas e manter a ligação com o posto.

135. Durante o dia as vedetas são colocadas em pontos que tenham grandes campos de vista nas direções a vigiar e possam, sem se mostrar, observar as partes interessadas do terreno, tais como as encruzilhadas, pontes, passagens de Iinha férrea, etc.

Quando ha, perto do posto, um ponto dominante (casa alta),  torre, monte de palha, etc.) do qual se veja mais longe, a vedeta aproveita-o.

As vedetas ocultam-se, tanto quanto possivel, atrás de um muro, de uma coberta do terreno ou de um abrigo artificial, organizado com galhos de ramagens. Quando se acham em uma elevação não devem levantar mais do que a cabeça por cima da crista e ainda assim sem se destacar no horizonte. Evitam-se as posições perto de mato ou plantações grandes, por onde o inimigo pode infiltrar-se e aprisionar as vedetas.

Durante a noite são colocadas de preferência nas baixadas e perto dos caminhos.

136. As vedetas, alem de ordens gerais sobre o modo de reconhecer e deter os que se aproximem dos postos avançados, recebem também indicações particulares, fixando :

– o sector a vigiar limitado à direita e à esquerda, e se entrecortando com os sectores das vedetas vizinhas;

– os pontos importantes a observar (orlas de bosque ou de povoação, saìda de valas, cruzamento de estradas) e principalmente aqueles em que o aparecimento do inimigo deve determinar o desencadeamento de tiros preparados;

– as referências necessárias para evitar os erros de direção;

– a colocação das vedetas vizinhas;

– os sinais de reconhecimento, senha e contra-senha, ou de alerta; o procedimento em caso de aparecimento do inimigo, etc.

137. As vedetas permanecem atentas, olhos e ouvidos na direção que lhes cumpre vigiar.

Observam especialmente as estradas, procuram cuidadosamente os indícios (nuvens de poeira, brilho das armas, ruido de motores etc.) que podem denunciar a aproximação do adversário. Devem, em todas as circunstâncias, atuar com calma e sangue frio e não esquecer que a segurança da tropa para a qual trabalham repousa sobre sua vigilância.

A vedeta conserva-se pronta para atirar; quando montada, atravessa o mosquetão na sela. Atira para dar alerta em caso de surpresa ou contra quem quer que procure desobedecer suas ordens.

Quando percebe o inimigo ou um movimento suspeito, chama o comandante do posto e continua a observar, enquanto aquele se certifica da ocorrência e comunica ao comandante do subquarteirão, se for necessário.

138. Substituem-se as vedetas de duas em duas horas, durante o dia, e de hora em hora, à noite ou quando a temperatura o exige.

O graduado encarregado de rendê-las verifica a transmissão integral das ordens: a vedeta, ao passar o serviço, transmite ao substituto tudo que tenha visto.

Ha sempre vantagem em render pela metade a vedeta dupla, pois assim fica permanentemente um cavaleiro já habituado com o terreno.

No estabelecimento dos quartos de serviço o comandante do posto deve colocar os mesmos cavaleiros nos mesmos postos, porque o conhecimento adquirido do terreno facilita a vigilância.

Tomam-se todas as disposições para que os movimentos indispensáveis às substituições não revelem ao inimigo a existência e o local do posto.

Patrulhas dos postos avançados

139. As patrulhas constituem o elemento movel da vigilância. Destinam-se :

– a prolongar, na direção do inimigo, a vigilância das vedetas;

– a completar esta vigilância, levando-a até os pontos do terreno que escapam às vistas daquelas;

– a verificar se um ponto qualquer, à frente da ilnha de vigilância, se acha ou não ocupado pelo inimigo;

– a organizar emboscadas, para capturar as patrulhas inimigas que pretendam reconhercer a linha de vigilância;

– a realizar, quando necessário, ligação com os elementos vizinhos do mesmo escalão de postos avançados.

140. Durante o dia ou quando o contacto não está estabelecido, as patrulhas operam a cavalo ou a pé, conforme as circustâncias; mas à noite, ou depois da tomada de contacto, as suas missões só podem ser desempenhadas a pé.

141. Organiza-se uma patrulha, geralmente com um elemento constituido (grupo de combate, esquadra de exploradores), comandado por um cabo ou sargento e até mesmo por oficial. Pode se reduzir, excepcionalmente, a alguns homens especialmente escolhidos.

142. O lançamento de patrulhas pode ser determinado pelos comandantes de posto e comandante de subquarteirão, quarteirão, ou de subsector.

As patrulhas enviadas por um posto operam em um pequeno raio de ação em torno desse posto, para vascular uma coberta próxima, verificar uma informação imprecisa dada pelas vedetas ou estabelecer, quando necessário, ligação com os postos vizinhos.

As patrulhas enviadas pelos comandantes de subquarteirão, de quarteirão ou de subsector operam em um raio maior, para esquadrinhar certas zonas do terreno que escapam à vigilância fixa.

A pé esse raio não deve exceder, em princípio, de 1.000 metros.

143. Organizam-se as patrulhas a cavalo de acordo com os princípios expostos no art. II do Capítulo II deste título. Tais patrulhas marcham com cuidado e sem ruido; param constantemente para observar e orientar-se.

A pé, as patrulhas deslocam-se em formação de aproximação (2ª parte, deste Reg.). À noite, reduzem consideravelmente as distâncias e intervalos; a progressão faz-se por lanços muito curtos, seguidos de paradas demoradas para escutar.

Os patrulheiros a pé são aliviados para o desempenho da missão; em vez da arma individual, podem conduzir granadas e pistolas. O fuzil-metralhador será ou não levado, conforme a missão da patrulha e as circunstâncias. Dispõem eventualmente de artifícios de sinalização para dar alerta.

144. Em regra geral as patrulhas dos postos avançados evitam o combate.

Descoberto o inimigo, procuram armar uma emboscada e fazer prisioneiros: se ele é mais forte, as patrulhas previnem o posto e retraem-se sem deixar de observá-lo continuamente.

Em casos excepcionais podem reconhecer pelo fogo, atirando sobre cobertas suspeitas, de modo que obriguem o inimigo a revelar-se.

145. Os comandantes de patrulhas recebem ordens concernentes:

– à missão, que é sempre muito simples;

– ao itinerário a percorrer e aos pontos que não deverão ser ultrapassados ;

– ao ponto a ocupar, se for necessário, e à duração dessa ocupação ;

– à indicação dos sinais de reconhecimento, senha e contra-senha, o de alerta ;

– ao ponto e à hora aproximada em que, na ida e na volta, atravessarão a linha dos postos.

146. Antes de partir, o comandante da patrulha instrue os seus homens sobre as ordens recebidas, particularmente no que se refere à missão e ao ponto de entrada nos postos, caso a patrulha seja obrigada a dispersar. Designa o seu substituto eventual. Verifica o equipamento dos homens e certifica-se de que não levam documento que possa ser útil ao inimigo. Precisa os sinais de reconhecimento a empregar.

147. Ao terminar a missão, o comandante da patrulha comunica as informações colhidas primeiramente ao posto, que lhe dá entrada, e depois ao comandante do subquarteirão que destacou a patrulha. Estas informações são finalmente transmitidas a todos os escalões interessados.

148. As horas da partida e os itinerários das patrulhas são sempre comunicados à artilharia e às unidades vizinhas. Quando os postos avançados permanecem muito tempo no mesmo terreno, é preciso mudar frequentemente as horas de partidas, os itinerários e os pontos de estacionamento das patrulhas.

ARTIGO VI

MODO DE DETER E DE RECONHECER NOS POSTOS AVANÇADOS

149. De dia ou de noite as vedetas fazem parar qualquer elemento ou homem isolado que tente atravessar as linhas neste ou naquele sentido.

Para intimá-lo a parar a vedeta pede a senha e ordena – Alto! Pede novamente a senha e repete a ordem, se não foi imediatamente atendido. Se, apesar disto o avanço continua e não é respondido o sinal convencionado, a vedeta atira. Assim que o elemento visado tiver feito alto, a vedeta previne o chefe do posto e este vem reconhecê-lo.

150. O chefe do posto só deixa passar as patrulhas e homens constantes da ordem recebida. Impede a saida de qualquer outro elemento civil ou militar; detem essas pessoas, previne o comandante do subquarteirão e espera suas ordens.

Permite a entrada nas linhas aos destacamentos e aos isolados amigos, sobre os quais não tenha a menor dúvida quanto à identidade.

Caso se trate de uma tropa, seu chefe deve avançar só, ficando a tropa à distância até que o comandante do posto autorize que ela avance.

O comandante do posto reconhece todo o isolado, sem o uniforme do inimigo, detido pelas vedetas; quando são vários os detidos simultaneamente manda que se aproximem sucessivamente, verifica a identidade de cada um e os detem no posto.

151. O comandante do subquarteirão manda buscar os indivíduos detidos nos postos para enviá-los ao comandante do quarteirão, depois de revistá-los quando julga necessário.

152. O comandante do quarteirão interroga sumáriarnente esses indivíduos recebidos dos subquarteirões e os encaminha escoltados para o lugar determinado pelo comando.

153. Os isolados e chefes de tropa detidos nos postos avançados são obrigados a responder as perguntas para estabelecer-lhes a identidade.

Parlamentários

154. Os parlamentários são recebidos nos pontos convencionados segundo as ordens do comando (n. 333 do R. S. C.).

Desertores

155. Os desertores, quando se apresentarem, serão mantidos à distância pelas vedetas, enquanto não manifestarem a intenção nítida de se renderem, pelo abandono das armas, montada ou veículo. As vedetas atiram ao menor indício de resistência ou fuga.

O comandante do posto alerta seus homens e vai reconhecer os desertores, que são evacuado para a retaguarda, segundo as mesmas regras estabelecidas para os prisioneiros.

A chegada de desertores é imediatamente anunciada ao comando da divisão, pelo processo mais rápido.

ARTIGO VII

INSTALAÇÃO DOS POSTOS AVANÇADOS

156. Na marcha para a frente os postos avançados são em geral fornecidos pelos elementos incumbidos da segurança no correr da marcha (vanguarda, e eventualmente flanco-guardas). Ao terminar a marcha, o dispositivo da vanguarda transforma-se em postos avançados.

Quando a vanguarda tem efetivo fraco ou suas unidades se acham muito fatigadas, designam-se outros elementos do grosso para esta missão. Neste caso, as unidades escaladas para constituir os postos avançados substituem os escalões de vanguarda quando estes atingem os pontos fixados na ordem de operações.

157. Na marcha retrógrada o Comando pode determinar que os postos avançados sejam fornecidos pela retaguarda ou que se constituam com elementos tirados das unidades do grosso; neste último caso os postos são instalados sob a proteção da retaguarda e esta desmascara a frente logo que a instalação dos mesmos fique terminada.

A colocação dos postos avançados é realizada assim que as vanguardas atingem seus objetivos de fim de marcha.

158. A necessidade de executar as marchas de aproximação à noite, para escapar às investigações aéreas, acarretará muitas vezes a chegada da vanguarda, antes de clarear o dia, às proximidades da posição em que devem ser instalados os postos avançados.

Neste caso, a vanguarda se instala nos postos atingidos, ocupando todas as vias de acesso que vão ter ao inimigo; toma um dispositivo que contem, em germem, o dos postos avançados, de modo a poder se transformar nos próprios postos avançados ao romper do dia ou, excepcionalmente, mesmo à noite, si a claridade o permite.

Quando a proximidade do inimigo o exige, ocupam-se, mesmo à noite, os pontos mais importantes do terreno.

159. O comandante da divisão dá sua ordem por escrito para a instalação dos postos avançados, especificando:

– a situação (informações sobre o inimigo e sobre os destacamentos amigos que operam á frente das linhas) ;

– a missão dos postos avançados;

– a sua composição;

– a organização do comando;

– as linhas gerais de vigilância e resistência;

– as ligações a serem feitas entre os sub-sectores e com os postos avançados vizinhos;

– as prescrições relativas à organização da observação e das transmissões ;

– as condições de apoio de artilharia aos postos avançados e como se desencadeiam os tiros ;

– a missão da aviação, quando houver cabimento;

– o procedimento dos postos avançados em caso de ataque;

– as disposições a tomar pelo grosso da divisão em caso de alerta ;

– os postos de comando da divisão e dos sub-sectores;

– a senha, prevista para o reconhecimento.

160. O comandante de sub-sector (4) completa a ordem da divisão, fixando :

– a organização do comando (unidades, limites) ;

– as disposições relativas à observação e às transmissões;

– a missão da artilharia afeta ao sub-sector;

– as condições em que deve ser executada a resistência dos P. A. e, eventualmente, o retraimento;

– as patrulhas que devem ser lançadas ;

– os postos de comando da divisão e dos sub-setores;

– as medidas relativas aos cavalos e às viaturas de transporte.

161. O comandante de quarteirão, depois de realizar um reconhecimento pessoal do terreno, organiza o plano de fogos e dá suas ordens orientado pelo seguinte memento ;

– situação (informações sobre o inimigo, e sobre os elementos amigos que operam na frente das linhas);

– a missão da unidade que ocupa o quarteirão;

– as linhas gerais de vigilância e resistência;

– divisão do quarteirão em sub-quarteirões, designação dos esquadrões encarregados de ocupar os sub-quarteirões e, si houver cabimento, prescrições relativas ao reforçamento destes esquadrões por unidades de metralhadoras ou engenhos;

– reserva de quarteirão (composição e locais) ;

– repartição e missão de esquadrão de metralhadoras (barragem, tiros de flanqueamento e, nos intervalos, tiros a grandes distâncias, defesa contra aviões);

___________________

(4) Ou o comandante dos P. A., quando este é designado para o conjunto dos postos avançados da divisão.

– emprego dos engenhos;

– apoio de artilharia; sinais convencionais para pedir tiros;

– organização de observação;

– estabelecimento da rede de transmissões;

– ligação com as unidades vizinhas; apoios de fogos recíprocos e, eventualmente, postos de ligação;

– postos de comando do quarteirão e dos sub-quarteirões;

– procedimento em caso de ataque;

– ordens particulares (sinais de reconhecimento e de alerta, sinais para pedir tiros de artilharia, etc.);

– indicações relativas aos cavalos e às viaturas de transporte.

162. O comandante do esquadrão de metralhadoras efetua o reconhecimento e, segundo as ordens recebidas, distribue as missões pelas secções e lhes designa as posições e escalões.

163. O comandante de sub-quarteirão reconhece o terreno que lhe é atribuido; determina o número de postos necessários para realizar uma vigilância contínua em toda a frente; indica a posição aproximada de cada um, assim como a repartição dos pelotões, unidades de metralhadoras e engenhos eventualmente postos a sua disposição; dá, quando é preciso, ordem para o estacionamento das viaturas ou dos cavalos.

O comandante do sub-quarteirão prepara, então, seu plano de fogos e determina os trabalhos de organização do terreno a executar sem demora. Assegura as ligações, organiza o serviço em sua unidades, determina a remessa das patrulhas necessárias e comunica ao seu chefe.

164. O chefe do posto detem sua troça um pouco antes da posição que lhe for aproximadamente indicada, reconhece o terreno e indica depois o lugar definitivo que o posto ocupará.

Coloca as vedetas e dá-lhes instruções Instala seu F. M. (ou seus F. M. ) e eventualmente as metralhadoras e canhão anticarros, postos às sua disposição; destaca, si for preciso, as patrulhas necessárias e determina os trabalhos a executar para a organização sumária do terreno e a dissimulação do posto.

Reconhece enfim o logar ocupado na linha de resistência pela unidade de que foi destacado o posto, assim como dos postos vizinhos. Reconhece igualmente os caminhamentos a seguir em caso de retraimento e fá-los balizar, si necessário.

ARTIGO VIII

SERVIÇO NOS POSTOS AVANÇADOS

165. Os comandantes das unidades dos postos avançados fiscalizam a instalação dos elementos sob suas ordens e retificam as disposições tomadas, si julgarem conveniente.

Organizam o serviço no interior de suas unidades de modo que:

– a vigilancia seja permanentemente mantida;

– os fogos possam ser desencadeados nas condições previstas pelo plano de fogos;

– a fadiga motivada pelos serviços de vigilância e ronda seja igualmente repartida por meio de substituições;

– o funcionamento do reabastecimento e evacuações seja executado.

Prescrições permanentes dos postos avançados

166. Em todos os escalões, os respectivos chefes são os responsaveis pelos serviços de suas unidades e se certificam às perfeita execução, por meio de frequentes inspeções; determinam, quando julgam necessário, exercicios de alerta.

É organizado um serviço de quarto em cada sub-quarteirão e reserva de sub-quarteirão.

Os oficiais e graduados de quarto fiscalizam o serviço para que seja exercida uma severa vigilância, principalmente ao romper do dia.

167. A tropa em serviço nos postos avançados não presta  continência.

Os toques de corneta são proibidos.

168. Quando termina a instalação dos P. A., cada comandante dos diversos elementos envia ao chefe imediato um relatório da instalação, com um esboço indicando, principalmente, o dispositivo de fogos organizado.

Diariamente, pela manhã, cada um daqueles comandantes envia tambem ao superior um relatório sumário sobre os acontecimentos da noite.

ARTIGO IX

POSTOS AVANÇADOS DURANTE A NOITE

169. À noite, o dispositivo dos postos avançados pode ser modificado com o objetivo de:

– diminuir os riscos de surpresa dos elementos de escalão de vigilância;

– melhorar suas condições de observação;

– garantir o desencadeamento rápido dos tiros preparados para o caso de alerta e principalmente os de barragem diante da linha de resistência.

Para esse fim:

– os postos que pareçam muito isolados são aproximados da linha de resistência, para facilitar suas ligações com ela e evitar serem aprisionados.

– durante a noite inteira ou em parte dela destacam-se patrulhas, que se instalam além da linha de vigilância, nos principais caminhamentos utilizaveis pelo inimigo, patrulhas que funcionam como postos de escuta, prontos para desencadear, quando conveniente, tiros preparados sobre esses caminhamentos;

– tomam-se disposições para verificar e completar as ordens para a transmissão do alerta e a execução do plano de fogos.

170. A ação da artilharia que atua em proveito dos postos avançados só pode ser prevista. à noite, quando houver preparação dos tiros durante o dia e se dispõe de ligações muito rápidas e seguras com os elementos em linha.

ARTIGO X

LEVANTAMENTO DOS POSTOS AVANÇADOS

171. Na ocasião de retomar a marcha para a frente, as unidades que fizeram o serviço dos postos avançados não são normalmente designadas para constituirem a vanguarda.

Essas unidades ficam, em regra, na posição; até que os primeiros elementos da vanguarda tenham atravessado a linha de vigilância.

Desembaraçam em tempo oportuno as vias de comunicação dos obstáculos que porventura nelas tenham construido.

Depois de terem sido ultrapassadas, reunem-se e tomam no dispositivo o lugar que lhes foi designado.

ARTIGO X I

PARTICULARIDADES RELATIVAS AOS POSTOS AVANÇADOS, EM TERRENO CORTADO E COBERTO

172. Em terreno cortado e coberto é muitas vezes impossivel que as tropas dos postos avançados assegurem uma vigilância sem falhas e estabeleçam uma cortina de fogos contínua, em toda a frente ocupada.

As ravinas, os obstáculos e as cobertas criam ângulos mortos que limitam as vistas e não permitem aproveitar completamente o alcance util das armas.

O inimigo poderá encontrar, então, condições favoraveis para a infiltração que lhe permitam deslizar até uma pequena distância das frações dos postos avançados e surpreendê-los.

Em compensação, o dispositivo desses postos escapa mais facilmente às investigações aéreos e terrestres, e a progressão do conjunto inimigo torna-se lenta em consequência da dificuldade das ligações.

Em tais circunstância, é necessário:

– completar a vigilância fixa dos postos por uma vigilância movel mui ativa;

– aproximar a linha de vigilância da linha de resistência;

– compensar a insuficiência dos fogos diante da linha de resistência por uma profundidade maior do dispositivo do escalão de resistência.

O serviço das patrulhas assume particular relevância. Elas, em maior número e mais ativas, vigiam, de preferência, direções e sectores extensos, no sentido da frente. Algumas preparam emboscadas.

As unidades dos sub-quarteirões colocam-se de modo que mantenham os corredores mais favoraveis à progressão do inimigo. São bem aprovisionadas de munição e artifícios de sinalização, bem como de víveres, afim de se manterem nas posições, mesmo depois de cercadas.

As reservas dos quarteirões são repartidas de maneira que constituam, com os elementos dos sub-quarteirões, um dispositivo em quincôncio irregular, afim de opor ao adversário uma zona de resistência difícil, de romper e interditar-lhe os caminhamentos pelos quais as unidades dos sub-quarteirões poderiam ser contornadas.

A ação da artilharia e dos engenhos é regulada de modo a bater as partes do terreno que escapam aos tiros dos combatentes a pé, assim como os intervalos entre as unidades dos sub-quarteirões que ocupam a linha de resistência.

O bom funcionamento das transmissões deve ser, em todos os escalões, objeto de atenção constante;.

ARTIGO XII

PARTICULARIDADES RELATIVAS AOS POSTOS AVANÇADOS ESTABELECIDOS EM GRANDES FRENTES

173. As circunstâncias obrigam algumas vezes a estabelecer postos avançados em frentes muito extensas em relação aos seus efetivos.

A missão consiste, então, em manter estas frentes durante varios dias para cobrir tropas que não terminaram a concentração de seus meios.

Essa situação pode-se apresentar em período de cobertura – quando o dispositivo e o modo de ação dos postos avançados constituem objeto de instruções pormenorizadas e preparadas previamente com calma – como também nos outros períodos das operações.

174. O fim a atingir é sempre deter o inimigo em qualquer ponto em que se apresente ou, pelo menos, retardá-lo, abrindo o fogo sobre ele de maneira que o alcance o mais longe possivel.

Para esse fim:

– o escalão de vigilância reduz-se aos postos estritamente necessários para ocupar os pontos importantes de trânsito (estradas, pontes, desfiladeiros, vãos, etc.). A vigilância é reforçada, tanto de dia como de noite, por um serviço de patrulhas particularmente ativas;

– o escalão de resistência é organizado de modo que mantenha os pontos principais da linha de resistência e que tire o maior rendimento das possibilidades do armamento para interditar os intervalos, algumas vezes grandes que separam as unidades; o, disfarce dos orgãos de defesa merece um cuidado especial;

– as reservas de quarteirão reduzem-se a pequenos efetivos: são colocadas tendo em vista uma rápida intervenção.

O valor do dispositivo depende principalmente da potência dos meios de fogo empregados da boa organização da observação, da rapidez das transmissões e da grande mobilidade dos elementos da reserva.

175. Em terreno favoravel, um regimento a cavalo, quando dispõe de reforço suficiente dos meios de transmissão, pode cobrir uma frente de 7 a 8 quilômetros, e um transportado, em análogas condições, de 12 a 14 quilômetros.

ARTIGO XIII

EMPREGO DOS AUTOS-METRALHADORAS NA SEGURANÇA DO ESTACIONAMENTO

176. Durante o dia os autos-metralhadoras cobrem a instalação dos postos avançados e prolongam, por meio de patrulhas, a ação dos elementos de vigilancia; contribuem ainda para a execução das ligações.

Quando se trata de estacionamento de longa duração, é preciso variar os itineráraios e as horas de saida das patruIhas.

Os autos-metralhadoras muito frequentemente fazem parte das reservas de quarteirão; entretanto, sempre que possivel, devem trabalhar em ligação com os elementos de resistência.

À noite, os autos-metralhadoras recolhem-se ao interior das linhas, afim de permitir que as equipagens reparem o material.

SEGURANÇA PRÓPRIA DOS AUTOS-METRALHADORAS EM ESTACIONAMENTO

177. A segurança dos autos-metralhadoras em estacionamento repousa essencialmente nas medidas tomadas pelas unidades sob cuja proteção se encontram ou pelos elementos T. Q. T. que os apoiem.

Seu pessoal, porem, deve guardar as saidas do estacionamento. Constroem-se barricadas e utilizam-se as metralhadoras e os canhões anti-carros, em caso de necessidade.

Ao escurecer, as viaturas são postas em ordem de marcha e as equipagens dormem perto delas.

CAPÍTULO IV

DEFESA CONTRA OS ENGENHOS BLINDADOS INIMIGOS

178. Os engenhos blindados – particularmente os autos-metralhadoras – são capazes de causar sérias perdas a uma tropa surpreendida.

As unidades de cavalaria devem se exercitar, tanto estacionadas, como em marcha, em tomar as medidas necessárias para se oporem às incursões destes engenhos e, quando possivel, destruí-los.

179. Em estacionamento – acantonamento, bivaque ou grandes altos – uma tropa, inclusive os elementos de segurança, organiza sua defesa contra os autos-metralhadoras adversários, obstruindo as vias de comunicação utilizáveis com um obstáculo suficiente para os deter. Deve ser preparado um tiro, que possa ser desencadeado instantaneamente sobre tal obstáculo, por um elemento encarregado de o defender.

O obstáculo isolado é ineficaz, pois será transposto, contornado, desviado ou destruido pelo engenho blindado.

É nas povoações que a organização dos obstáculos se torna mais facil, porque aí se pode empregar:

– viaturas carregadas, atravessadas nas estradas e, quando é possivel, encravadas no terreno

– instrumentos agrícolas misturados e ligados uns aos outros;

– Arvores atravessadas nas estradas, com os galhos e troncos de diâmetro capaz de travar as rodas de uma viatura automovel, uns e outros presos ao chão;

– pilhas de capim seco;

– Matérias inflamaveis, com mechas de combustão preparadas.

180. Os obstáculos destinados a deter os autos-metralhadoras devem ser colocados de modo que:

– só sejam percebidos no último instante (depois de uma curva encoberta por árvores, arbustos ou casas);

– obstruam a estrada em um ponto particularmente dificil para não permitir que o engenho inimigo busque novo caminho.

Convem ainda escolher um cotovelo de estrada para colocação dos obstáculos, afim de que o assaltante detido não possa realizar fogos de enfiada sobre a própria estrada.

181. A unidade estacionada na proximidade imediata da barricada encarrega-se de sua defesa, de modo que possa ser executada rapidamente, tendo em vista a destruição dos engenhos blindados do adversário. Os meios de fogo convenientes serão especificados no numero seguinte.

Quando ha razões para recear, especialmente, as incursões dos engenhos blindados, procura-se completar estas obstruções com o seguinte dispositivo que se presta melhor à destruição dos autos-metralhadoras:

A algumas centenas de metros, antes de uma barricada construida em um desfiladeiro, coloca-se na entrada deste (ou em outro ponto que facilite a dissimulação do pessoal), um grupo de homens, perfeitamente disfarçados. Esse grupo, dispondo do armamento necessário – prepara o material suficiente para constituir rapidamente outro obstáculo.

Tal grupo deixa, sem se manifestar, que os engenhos blindados passem, e logo após organiza a nova barricada, dispondo nela os engenhos de fogo apropriados.

Quando o inimigo conserva uma viatura de observação na entrada do desfiladeiro, ela deve ser atacada de surpresa, pela concentração de todos os meios de fogos disponiveis.

Se a viatura retira ou cessa o fogo, coloca-se rapidamente uma barricada (viatura desatrelada, lançada sobre a estrada, por exemplo).

182. As armas eficazes contra os engenhos blindados são:

a) as metralhadoras e fuzis metralhadoras atirando balas perfurantes.

Tais balas, sendo eficazes somente a distâncias pequenas, as posições de tiro devem ser escolhidas perto e nos flancos da barricada. Os atiradores visam as seteiras e janelas de observação das viaturas ou dirigem os tiros perpendicularmente às placas de blindagem.

b) os canhões anti-carros;

c) o canhão 75, colocado de enfiada, mascarado e executando o tiro em pontaria direta;

d) as cargas de granada defensivas ou de petardos.

As granadas são reunidas em grupos de 3 ou 4, por meio de cordel, amarradas em pequenas táboas ou saquinhos. A percussão de uma das granadas provoca o arrebentamento das outras. Os granadeiros colocam-se a distância conveniente e de modo que, depois de percutir uma granada, lancem táboas ou saquinhos em baixo da viatura quando esta parar.

Os petardos são empregados sob a forma de cargas concentradas ou alongadas.

O emprego deste último dispositivo é indicado principalmente para as estradas que não devem ser utilizadas posteriormente e quando se dispuser do tempo necessário para colocar em um ponto onde a parada dos engenhos blindados parece provavel, uma ou várias cargas de petardos que um homem culto provoque a explosão, por qualquer processo, no momento oportuno.

183. As unidades de cavalaria bivacadas tomam medidas de proteção idênticas às preconizadas para o acantonamento.

As disposições de defesa limitam-se a obstruir com obstáculos improvisados as estradas de acesso ao bivaque, assim como batê-las com fogos.

Alem disso, a escolha de lugares afastados das estradas, bosques, clareiras. vertentes, etc., apresenta grande importância a este respeito.

184. Durante os altos os orgãos de segurança (vanguarda, retaguarda, flancoguarda), incumbem-se da própria proteção, assim como a da tropa em proveito da qual trabalham, contra as incursões dos autos-metralhadoras adversários.

Geralmente os obstáculos só poderão ser organizados de modo sumário; consequentemente sua posição deve ser cuidadosamente escolhida.

Os meios de fogo da defesa são empregados no momento em que o engenho blindado procure destruir o obstáculo, contorná-lo ou antes que inicie o movimento, de recuo.

Quando um destacamento de segurança dispõe de artilharia, a colocação judiciosa de uma peça, em condições de bater de enfiada a estrada principal de acesso ao estacionamento, constitue a defesa mais eficaz e simples de organizar.

185. É durante a marcha que a defesa de uma coluna de cavalaria apresenta as maiores dificuldades contra os ataques dos autos-metralhadoras inimigos.

Quando os elementos de descoberta ou de segurança utilizam um itinerário cercado de sebes e vaias intransponíveis, de armados, etc., devem evitar o agrupamento; os cavaleiros, dispersos em profundidade, podem escapar mais facilmente pelos lados e aproveitar trilhos e picadas.

Uma coluna mais importante, ao receber o aviso da aproximação dos autos-metralhadoras, por meio dos sinais instantâneos, feitos pelos elementos de segurança, toma as seguintes providências:

– obstrue a estrada com um obstáculo improvisado (viatura, etc.);

– coloca perto e rapidamente os meios de fogo disponiveis; canhões anti-carros;

– o grosso da coluna sai rapidamente da estrada e abriga-se atrás das cobertas ou movimentos do terreno, de maneira a escapar aos fogos dos engenhos inimigos.

Quando os autos-metralhadoras inimigos aparecem bruscamente ou surgem sobre um flanco, depois de haverem passado entre as malhas da rede de segurança, o único recurso eficaz consiste em dispersar rapidamente as unidades a cavalo, fora das estradas, abrigadas no terreno, enquanto alguns elementos, dispondo das armas necessárias, previamente designados e instruidos, organizam a defesa pelo fogo.

A segurança do flanco ameaçado, das colunas importantes, pode ser realizada por um sistema de flancoguardas fixos, colocados nas vias de acesso mais perigosas. Cada um desses flancoguardas organiza uma barricada defendida pelo fogo e retira-a depois da passagem da cauda da coluna.

É preciso, porém, não esquecer que para combater os engenhos inimigos, o melhor recurso consiste em lançar sobre eles os próprios autos-metralhadoras, dotados de armas potentes.

Convem, pois, nas colunas de divisão, fazer marchar autos-metralhadoras, ou, ao menos, uma viatura blindada provida do armamento necessário (canhão anti-carros) com os primeiros elementos.

CAPÍTULO V

Disposições contra a aviação

186. O objetivo a obter é duplo:

– escapar à observação aérea;

– defender-se dos ataques dos aviões em vôo baixo.

PRECAUÇÕES CONTRA AS INVESTIGAÇÕES AÉREAS

187. Subtrair as tropas às investigações aéreas é uma preocupação constante do comando; as tropas têm o dever imperioso de se esforçarem para escapar a tais investigações.

188. Em consequência, realizam-se as marchas muitas vezes à noite, por itinerários desenfiados.

Durante as marchas, mesmo longe do inimigo, o serviço de observação funciona permanentemente; em cada unidade um clarim conserva-se pronto para dar os toques de alarme, fim de alarme e eventualmente o de alto.

A dissimulação, tanto de dia como à noite, é uma necessidade para todos; contribue para manter o segredo, estabelece a segurança e facilita a surpresa.

De dia, as medidas que devem ser tomadas sem deter as unidades consistem em fugir das partes claras das estradas e procurar os trechos arborizados, cobertos de relva, utilizar as sombras das árvores ou dos muros e, si necessário, marchar pelas calhas laterais.

Estas precauções são tomadas rapidamente em cada esquadrão ou pelotão, de acordo com as condições do terreno em que o sinal de alerta os surpreende.

Um avião voando a uma altura suficiente para não ser visto de terra pode fotografar as colunas nas estradas, quando não ha nuvem no céu; assim, com tempo bom, é preciso manter todas as medidas de precaução compativeis com a boa execução das marchas, mesmo que os observadores não assinalem nenhum avião.

Fora das estradas são os grandes efetivos e as tropas em movimento que mais atraem a atenção dos observadores aéreos. Aproveitam-se, então, os matos, plantações, etc., tanto quanto possivel. Em terreno descoberto, evitam-se as formações regulares; as formações diluidas são preferiveis; quando necessário, a tropa faz alto nas mesmas condições que nas estradas.

A dissimulação à observação aérea torna-se facil nas linhas de separação de terrenos de cores diferentes, como os limites de dois campos com culturas diversas, as orlas de bosques e de povoações, etc.

Nos grandes altos tomam-se rapidamente as mesmas medidas de precaução e de proteção indicadas para o bivaque: observação contínua, vigilante e sem interrupção.

Os trens de combate que acompanham as tropas disfarçam-se segundo os mesmos princípios e de acordo com as possibilidades de sair das estradas.

Quando não se pode dissimular as tropas ou dispersá-las em formações diluidas e irregulares, a probabilidade de escapar à observação aérea é muito aumentada pela imobilidade geral, pois o movimento de um único homem poderia chamar a atenção do aviador.

Em noites claras a aviação torna-se mais perigosa com o emprego de projetores e bombas luminosas. Além da proibição de fogos e luzes, tomam-se as mesmas precauções que durante o dia principalmente quanto à imobilidade completa no momento da passagem do facho luminoso, ou da inflamação de um artifício. Os aviões voam mais baixo do que durante o dia e podem ser atacados, de acordo com as disposições da segunda parte deste Regulamento.

As medidas acima têm o inconveniente de retardar consideravelmente a marcha, cumprindo pois ao chefe julgar, pela situação e pelas ordens recebidas, até que ponto deverão ser aplicadas. Muitas vezes a obrigação de chegar a tempo prevalece sobre a necessidade de proteção.

189. No estacionamento os parques e os fogos são geralmente os elementos que desvendam a presença de tropas.

Cumpre evitar os agrupamentos de viaturas, as quais devem ser abrigadas sob as árvores ou galpões, ao lado das casas e murros, desde que não embaracem a circulação. Convem ter-se o maior cuidado em abrigar as cozinhas, mascarando seus  fogos, mesmo nos bosques. As formações sanitárias cobrem-se com as insígnias da Convenção de Genebra, de modo que estas insígnias sejam visiveis dos aviões.

A situação determina os limites em que estas regras devem ceder diante das necessidades de ordem tática, cabendo aos chefes decidir em cada caso particular. Há, porem, algumas dessas disposições que são apenas de carater disciplinar (supressão do cintilar das armas e do material, proibição ou dissimulação de luzes e fogos) e que são executadas sempre que ha perigo de investigação aérea.

Defesa contra os ataques aéreos

190. A defesa contra os ataques da aviação é assegurada por um dispositivo de cobertura aérea, cuja instalação, em qualquer caso, cabe ao comando.

Mas este dispositivo é insuficiente para proteger de um modo absoluto as tropas dos ataques aéreos e principalmente dos aviões em vôo baixo.

Em consequencia, qualquer que seja a situação, as tropas têm obrigação de se defenderem com seus próprios meios contra os aviões em vôo baixo (a menos de 1.000 metros de altura), isto ao alcance de suas armas.

Na falta de unidade de metralhadoras especiais, as unidade de cavalaria defendem-se destes aviões com as metralhadoras de suas próprias organizações (regimentos. pelotões de metralhadoras sobre automoveis e autos-metralhadoras) .

Em qualquer situação (marcha, altos, estacionamentos ou combate) a primeira medida de segurança contra a aviação inimiga é a organização de um serviço especial de vigilância do céu.

A ação das unidades de metralhadoras na defesa contra aviões foi descrita na segunda parte deste Regulamento.

CAPÍTULO VI

Proteção contra os gases de combate

191. A proteção contra os gases de combate repousa:

– na procura dos indícios relativos ao emprego dos gases:

– em disposições de ordem tática;

– em medidas técnicas de proteção individual e coletiva.

A ação do Comando, em todos os escalões, é preponderante no, execução dessas providências.

Procura dos indícios

192. A procura dos indícios importa na prática de todos os meios de informação para descobrir os preparativos de emprego dos gases pelo inimigo.

As informações assim colhidas devem ser transmitidas por meios rápidos, simples, de facil recepção (no combate – artifícios luminosos, toques de corneta, etc.) .

Disposições de ordem tática

193. A cavalaria, devido à dificuldade de subtrair os cavalos aos efeitos nocivos dos gases de combate é, mais do que qualquer outra arma, sensivel à ação desses tóxicos, mas a mobilidade faculta-lhe meios de escapar a essa ameaça.

Atualmente o único processo de defesa, realmente eficiente, consiste em evitar a permanência do cavalos nas zonas infectadas. Em consequência, quando um elemento de cavalaria (unidade grupo de cavalos de mão) é envolvido por uma nuvem de gás, o respectivo chefe deve mandar colocar as mascaras individuais e deslocar se rapidamente com sua tropa na direção contrária ao vento.

Medidas técnicas

194. As medidas de ordem técnica consistem no emprego de aparelhos individuais de que os homens são providos e nas precauções coletivas a observar na ocupação de lugares ameaçados ou infeccionados.

TÍTULO III

Marchas e estacionamentos

CAPÍTULO I

Generalidades

195. As marchas e estacionamentos devem ser reguladas de modo a facilitar os movimentos, proporcionar o conforto compativel com as circunstâncias, evitar as fadigas inuteis e subtrair a tropa tanto quanto possivel, à ação da aviação e da artilharia de longo alcance.

Mas, quando ha probabilidade de encontro com o inimigo, são tomadas medidas com o fim primordial de fazer os diversos elementos chegarem no momento desejado e de tal modo que possam se empenhar nas melhores condições.

Assim, não obstante as fadigas que os movimentos noturnos acarretam, eles são frequentemente realizados, mesmo longe do inimigo, para escapar às investigações aéreas e facilitar a surpresa.

As disposições dependem principalmente do fato das tropas estarem ou não cobertas por uma frente constituida e, em qualquer caso da distância a que se acham do inimigo.

Longe do inimigo pode-se, geralmente, dar maiores facilidades para marchar e estacionar. Perto do adversário, as considerações de conforto e comodidade são preteridas pela necessidade de chegar ao combate em condições favoraveis e evitando perdas; as grandes unidades diminuem a profundidade do dispositivo; os tiros de longo alcance e os bombardeios aéreos do inimigo limitam o aproveitamento das estradas principais e dos acantonamentos; o bivaque impõe – se na maioria dos casos.

As disposições dependem ainda da natureza da região, do número e estado das vias de comunicação, da extensão do percurso e das condições atmosféricas do estado e do treinamento da tropa.

CAPÍTULO II

Marchas

ARTIGO I

DISPOSITIVO DE MARCHA

Elementos constitutivos das colunas

196. Um dispositivo de marcha compreende um número variavel de agrupamentos, que se deslocam por itinerários ou zonas de marcha determinados. Tais agrupamentos recebem a denominação geral de colunas, quer utilizem uma só estrada ou toda a largura de uma zona de marcha.

197. As tropas, os trens de combate, os trens de estacionamento e os comboios são os elementos constitutivos das colunas.

Unidades de infantaria transportadas em caminhões, unidades de carros de combate e formações de aviação podem, em alguns casos, fazer parte das colunas de cavalaria.

Os trens de estacionamento, os trens de combate e os comboios são hipomoveis ou automoveis.

A definição dos trens e comboios, assim como as regras gerais para a composição, movimento e estacionamento dos mesmos, constam do título VIII do R. S. C.

ARTIGO II

VELOCIDADE DE MARCHA

198. O quadro abaixo indica a velocidade média e as etapas média e máxima que alguns elementos podem executar.

A velocidade e a extensão da etapa variam com o terreno, o estado das estradas o treinamento e carregamento da tropa, o estado dos cavalos e do material e as condições atmosféricas.

CLBR Vol 06 Ano 1940 Pág.179 Tabela.

Em noite clara e em boas estradas, a velocidade é quase a mesma que durante o dia, mas diminue consideravelmente em maus caminhos e com escuridão completa.

A velocidade de uma coluna de todas as armas é igual à de infantaria.

Não se pode realizar a etapa máxima vários dias seguidos sem graves inconvenientes; mas, em períodos de crise, pode ser necessário pedir às tropas um esforço superior. Executam-se, então, marchas forçadas cujo rendimento depende do estado físico e moral das unidades, do terreno e das condições atmosféricas.

199. A velocidade de marcha de uma coluna de cavalaria depende do objetivo a atingir e do terreno. E’ tambem influenciada pela intensidade de movimento sobre a rede de estradas e pela proximidade do inimigo, que importa na necessidade de dar aos elementos de segurança – principalmente às vanguardas – o tempo indispensavel para cumprirem as suas missões. A obrigação de tomar deter

________________

  (5) Esta velocidade de oito quilômetros Impõe aos elementos de segurança uma grande fadiga. Não pode ser normalmente exigida das grandes colunas, nem mantida em longos percursos.

(6) Compreendidos os altos horários.

minados dispositivos ou de utilizar caminhamentos desenfiados para escapar aos tiros de longo alcance ou às investigações e  ataques aéreos do adversário, pode tambem reduzir a velocidade de marcha.

200. E' sempre o fim a atingir que determina a velocidade. Mas a condição essencial é que a unidade chegue ao combate em condições de desempenhar a missão, isto é, na posse de seus elementos morais, físicos e materiais, contando-se entre os últimos a artilharia, metralhadoras, os engenhos as viaturas de transmissões e munição, etc. Qualquer marcha, por mais rápida que seja. mas que não satisfaça àquelas condições, não atinge seu objetivo; – foi mal dirigida ou mal organizada.

Unidades a cavalo

201. Longe do inimigo alterna-se o passo e o trote, escolhendo-se, tanto quanto possivel, os terrenos planos para o trote.

Os quadros seguintes indicam os meios de regular a velocidade de marcha, segundo a duração dos tempos de passo e de trote e de acordo com o espaço percorrido em cada uma dessas andaduras.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 180 Tabela.

Qualquer que seja a velocidade que se realize, os cavalos não podem marchar vários dias seguidos sem um repouso diário, alimentação e água dados com regularidade. É necessário que o cavalo seja desencilhado para repousar.

Unidades automóveis

202. O excesso de velocidade é um dos motivos mais sérios do desgaste do material automovel. O  máximo de velocidade indicado ao quadro abaixo deve ser considerado como absoluto, pois já admite todas as condições favoráveis.

Quadro III

Classificação dos veículos

Velocidade máxima em qualquer

Momento do percurso

         Veículos isolados:

Viaturas de reconhecimento.................................

Motocicletas..........................................................

Viaturas ligeiras...................................................

Autos-metralhadoras...........................................

Viaturas T.Q.T.....................................................

                Veículos em coluna:

Viaturas ligeiras...................................................

Autos-metralhadoras...........................................

Viaturas T.Q.T.....................................................

 

Variavel conforme o tipo do veiculo

40     50

25      30

20   30                    

 

 

25

20

20

 

 

A etapa máxima, indicada no número 198 para as unidades automóveis, corresponde a uma duração média de 8 horas. Convém não ultrapassar este limite. E indispensável prever, para o fim de cada etapa, o tempo necessário aos condutores para procederem aos trabalhos diários de conservação dos veículos.

No caso de marchas forçadas, pode ser exigido do material  a execução de percursos de 18 a 20 horas, em velocidade média. É porem, indispensável. para alcançar este resultado, estabelecer um  rodísio de todos os homens aptos para dirigir os veículos, de modo que a cada um não caiba mais de oito horas de direção por dia. Convém. em tais emergências, prever grandes altos,

203. Quando as unidades automóveis realizam grandes deslocamentos reserva-se sempre um dia de descanso para inspeção observação das viaturas, depois de cada período de 4 a 5 dias de marcha.

204. E ainda necessário considerar a extensão da etapa e a facilidade do percurso. Convem executar uma etapa maior em vez de escolher um itinerário mais curto, porem peor e sujeito a obstrução.

ARTIGO III

REGRAS GERAIS CONCERNENTES À ORGANIZAÇÃO DAS MARCHAS

Formação das colunas

205. Não ha ordem normal de marcha, assim como não ha de combate; os elementos de uma coluna marcham na ordem determinada pelo Comando, do acordo com a situação.

O Comando, para facilitar o movimento, adota, tanto quanto possivel, as regras seguintes, considerando as ordens sobre a circulação, dadas pela autoridade superior :

a) deixar que cada elemento marche na sua velocidade normal; para tal fim constituir colunas distintas com unidade da mesma volocidade e dispondo de itinerários independentes; quando colunas de velocidade diferente devam utilizar um mesmo itinerário, colocar as mais velozes na frente ou distanciá-las suficientemente, para que não se encontrem antes do fim da etapa;

b) dar os itinerários mais curtos aos elementos menos velozes;

c) reservar em princípio, os itinerarios melhores e os de dupla corrente, as unidades automóveis, afim de que os veículos isolados possam trafegar livremente no lado da coluna e esta possa fazer o mesmo em relação às viaturas que se desarranjem.

Esta prescrição será observada mesmo que o percurso fique alongado ;

d) verificar. previamente a solidez e largura. das obras de arte a atravessar ;

e) ordenar os movimentos dos diferentes elementos, uns em relação aos outros, de modo a facilitar a retomada do dispositivo em fim de marcha e as operações de reabastecimento;

f) prescrever, em particular, a cada elemento as condícões em que certas linhas ou pontos devam ser alcançados ou ultrapassados, a distancia que deve manter do agrupamento que o precede, etc. :

g) prever o emprego de sapadores de Engenharia ou Pioneiros para desembarcar ou reparar as passagens obrigadas que possam interromper a circulação, devido a destruições (ataques aéreos). ou a acidentes;

h) designar, para as colunas automóveis, um guia e um cerrafila geral.

206. O Comando superior tem o dever de tomar a seu cargo a organização e a vigilância da circulação em estradas de interesse geral.

Dispõe para tal fim do Serviço de Transportes por Estradas de Rodagem que faz sentir sua ação por intermédio da Comissão Reguladora das Estradas de Rodagem. Estas comissões exercem autoridade em horas determinadas que são divididas em cantões.

Em função das propostas do Serviço de Transportes por Estradas de Rodagem, o Comando determina os itinerários de corrente única ou de dupla corrente de circulação, fixa os circuitos, atribue estradas especiais aos diversos modos de tração ou precisa as horas em que cada elemento poderá utilizar determinado itinerário. Determina as estradas que devem ser guardadas, policiadas. ou livres. Estabelece as prescrições gerais e locais a serem observadas e reparte o pessoal especial destinado à vigilância da circulação. Uma estrada é guardada quando o pessoal de vigilância nela se instala de forma permanente.

E policiada quando o pessoal de vigilância é colocado por tempo limitado correspondente a movimentos importantes.

E livre quando não ha pessoal escalado para a vigilância, ainda mesmo que haja prescrições que regulem a circulação.

Quando uma estrada tiver 3m,50 de largura (pavimentada, empedrada ou conservada), permite, para todos os elementos, a circulação chamada de corrente única; se tiver seis metros de largura permite a dupla circulação.

207. De acordo com as ordens do Comando, a Comissão Reguladora, dispõe de todas as estradas, mesmo livres, situadas na sua zona de ação. Ela pode tomar todas as disposições que júlgar úteis; estabelecer prescrições particulares, reservá-las temporária ou permanentemente a certos comboios.

As estradas livres que forem atingidas pelas prescrições acima são ditas vigiadas ou guardadas.

As autoridades subordinadas não devem prescrever, sem previa autorização, movimentos importantes nas estradas situadas na zona de uma Comissão Reguladora. Toda coluna deve obedecer às prescrições impostas pelo Serviço de Transportes por Estradas de Rodagem, seja qual for a estrada. que ela utilize ou atravesse. Na D.C., o Destacamento de Circulação Rodoviário (D. C. R. ) e destinado à organização material dos movimentos, completa as medidas tomadas pelo Serviço de Transportes ou toma inteiramente a seu cargo a regulação da circulação, quando este nada tenha prescrito.

208. As medidas empregadas para organizar as colunas de marcha dependem da extensão e forma da zona de estacionamento.

Se a tropa ocupa acampamentos extensos no sentido da frente, a coluna forma-se pela passagem sucessiva de seus diversos elementos por um mesmo ponto, chamado ponto inicial.

O Comando fixa as horas de passagem da testa das unidades principais nesse ponto e, sendo necessário. os itinerários que a ele conduzem. Para algumas unidades, quando preciso, pode ser designado um ponto inicial particular.

Os comandantes das unidades subordinadas mandam reconhecer os itinerários respectivos até o ponto inicial, avaliam n tempo necessário para percorrê-los e marcam a hora de partida de sua tropa, de sorte que chegue àquele ponto à hora precisa. Designam um ponto inicial intermediário, quando necessário.

Todo ponto inicial deve ser de acesso fácil, de arredores livres de obstáculos e descoberto, de modo que as unidades, ao atingí-lo, entrem facilmente na coluna. Não se deve escolher a saida de um desfiladeiro, povoação, mata, etc.

Quando os estacionamentos estão escalonados em profundidade, de um lado e outro da estrada que se deve percorrer e se acham muito cerrados, a coluna forma-se pelo início da marcha das diferentes unidades no momento oportuno. O Comando fixa a hora em que os elementos principais devem deixar os respectivos estacionamentos. Os comandantes subordinados procedem de modo idêntico com as suas unidades,

Ordens de movimento

209. As ordens de movimento regulam os deslocamentos das diversas unidades fora do combate.

Considerando as circunstâncias, a natureza dos elementos e as disposições prescritas pelo escalão superior, elas determinam o objetivo da marcha e dão as indicações necessárias à, formação das colunas, à execução do movimento e, quando possível, ao estacionamento no fim da marcha.

Tais indicações são dadas de acordo com a orientação do memento seguinte:

 I – Informações sumárias :

– sobre o inimigo;

– sobre a situação inicial.

– sobre o objetivo da marcha.

II – Dispositivo de marcha :

– composição, itinerário ou zona de marcha de cada coluna;

– dispositivo a realizar, se necessário, em cada uma das colunas (composição, itinerários ou zonas de marcha das colunas secundárias, ordem de marcha dos diferentes elementos) ;

– destacamento precursor;

– lugar do comandante das colunas.

III – Execução do movimento :

– ponto inicial; horas de passagem;

– altos ;

– reunião, partida dos estacionadores e do serviço de polícia;

– ordens gerais do “Serviço dos Transportes por Estradas” que se devem observar durante a marcha;

– estacionamento em fim de marcha (se possível) .

IV – Ligações e transmissões :

– no interior da coluna;

– com as unidades vizinhas.

V – Medidas de segurança :

– organização do serviço de segurança;

– funcionamento da observação;

– proteção contra os aviões;

– procedimento em caso de encontro (eventualmente) .

VI – Prescrições especiais :

– destacamento de polícia;

– serviço de saude: grupamento e transporte dos doentes;

VII – Movimento do Q. G. (Escalão ligeiro – Escalão pesado) : (7)

– lugar do chefe ou seu representante;

– funcionamento do novo Q. G. : lugar, data, hora;

– permanência.

VIII – Trens :

– trem de combate;

– trem de estacionamento.

210. Os comandante de colunas têm o dever de estudar previamente as condições do execução de marcha prescrita, recolhendo e coordenando todas as informações que possam conseguir. Desde que prevejam dificuldades no percurso por certas estradas, quer pelo máu traçado (particularmente através de matas), quer por outros motivos, os comandantes de colunas devem lançar mão de guias de confiança e mandar com antecedência, fazer reconhecimentos. Compete-lhes ordenar as reparares necessárias nas estradas de marcha assim como o estudo das Comunicações transversais que ligam às colunas vizinhas.

Destacamentos precursores (8) podem ser encarregados de verificar a viabilidade das estradas, de desobstruí-las, balizá-las onde

­­­­­­­­­­­­­_____________

(7) Completando por uma “ordem particular”

(8) Destacamento de Circulação Rodoviário na D. C.

haja possibílidade de erro, examinar a solidez das obras de arte. reconhecer e balizar os vaus e assinalar as dificuldades em tempo util, Quando a estrada só dá passagem em um sentido, é preciso impedir que qualquer elemento capaz de embaraçar a marcha avance em sentido contrário.

O Comando. em todos os postos da hierarquia, tem o dever de evitar sempre à tropa a fadiga decorrente de uma espera inutil antes de entrar na coluna.

Honras e sinais de respeito

211. Em campanha, durante as marchas, a tropa não presta honras ou continências.

Em estacionamento ou de guarda, procede do acordo com o R. Cont., porem sem fazer toques.

Os sinais individuais de respeito são obrigatórios Título IV. Capítulo III, Art. I) .

ARTIGO IV

REGRAS PARTICULARES ÀS UNIDADES A CAVALO

Preparativos da partida

212. Em princípio, os cavaleiros comem antes de partir. Conduzem uma refeição fria. quando os carros-cozinha não acompanham as unidades.

Enchem-se os cantís dagua. café, etc.

Os cavalos devem ter bebido e, se as circunstâncias permitem comido um quarto (1/4) da ração de milho; ao menos duas horas antes da partida.

O resto da forragem é distribuida durante o alto mais demorado do dia e geralmente em fim de marcha.

Cada cavaleiro verifica, antes de partir, as ferraduras de seu cavalo.

Os comandantes de pelotão e sargentos passam revista aos pelotões para fiscalizar o encilhamento dos cavalos, ferraduras e o modo de arrumação do equipamento.

Apagam-se os fogos e os acampamentos são postos em ordem. Os oficiais verificam a aplicação das medidas prescritas para que não sejam deixados indícios aproveitáveis pelo inimigo. (N. 152 do R. S. C:)

Regulam-se os relógios pelo do comandante da coluna.

213. O comandante dá uma ordem preparatória, sempre que é  possível e particularmente quando não puder fazer a ordem de movimento completa chegar cedo à tropa. Essa ordem preparatória indica especialmente a hora provavel da partida e determina de maneira geral todos as providências que permitem iniciar rapidamente a marcha.

Partida

214. A partida nunca deve ser retardada. Se por qualquer motivo um comandante não estiver à testa de sua unidade na hora da .partida, o oficial mais graduado põe-na em movimento.

A partida só é precedida de uma reunião geral, quando se trata de coluna de pequeno efetivo.

As colunas mais importantes iniciam a marcha de acordo com as prescrições estabelecidas no n. 203.

Formação de marcha

215. As formações de marcha de estrada acham-se especificadas na primeira parte do Regulamento. As tropas a cavalo marcham por dois, sempre que a largura ou o atravancamento da estrada não permite a formação por três e quando não ha inconveniente em aumentar a profundidade da coluna.

No caso da coluna por dois, convém abrir uma fila para  lado da estrada, pois apresenta a vantagem de diminuir a fadiga dos cavalos, por pisarem em terreno macio, e de dissimular melhor a coluna à observação aérea, quando a estrada e arborizada. Essa formação, porem, só é permitida se não ha outras tropas ocupando o centro da estrada.

A tropa a cavalo forma em coluna por um, quando marcha por trilhos ou caminhos. Evita-se fazer alto ou apear nesta formação.

A formação de estrada para as secções de metralhadoras é a coluna por peça, em cada peça os serventes formam em coluna por 3 ou por 2, segundo a formação adotada pelas unidades a cavalo com as quais marcham.

216. Quando a situação exige e a largura da estrada permite, pode-se fazer a tropa de cavalaria tomar formações dobradas (9), mas essa medida tem carater excepcional.

Em casos especiais, tais como : travessia de pontes, temperatura rigorosa, etc., podem ser adotadas momentaneamente formações particulares.

A marcha por estadas que tenham regras para a organização da circulação pode tambem exigir formações particulares.

217. Sempre que é possivel e quando a ordem neste sentido é dada pelo comandante da coluna. os pelotões, assim como as secções de metralhadoras, são separados por distancias de 10 a 20 metros do mesmo modo os esquadrões tomam entre si distâncias de 20 a 50 metros. Os trens e comboios são em princípio fracionados em grupos de 8 a 10 viaturas no máximo. separados por distâncias de 50 metros aproximadamente.

Execução da marcha

218. A marcha executa-se normalmente pelo lado direito da estrada. de modo que o lado esquerdo fique livre para a circulação; mas nas estradas mal conservadas, e para evitar atoleiros e trechos empedrados, as duas fileiras podem ser afastadas tanto quanto for preciso.

As partidas e paradas bruscas, assim como a irregularidade da marcha, são causas de fadiga consideráveis para os cavalos e cavaleiros.

A regularidade da andadura deve ser rigorosamente conservada; na coluna. oficiais, graduados e cavaleiros devem prestar a maior atenção para mante-la.

(9) Unidades a cavalo em coluna de grupos de combate em batalha.

Um oficial é encarregado, em cada coluna, de regular a andadura, é geralmente o comandante do pelotão testa da coluna, que para tal fim marcha à frente de sua unidade.

Para a tropa iniciar a marcha. parar, passar à andadura superior ou desta à inferior, o comandante da coluna faz previamente o gesto de advertência – atenção! – depois o gesto de execução – em frente, ao trote, alto, etc., no momento da execução da mudança de andadura. Estes gestos de advertência e o de execução são repetidos da frente para a retaguarda pelos oficiais e graduados.

Em determinados casos (marchas à noite, nevoeiros, etc.) os gestos são substituidos por apitos ou mesmo por comandos á voz.

A coluna conserva a formação quando faz alto; as unidades guardam as distâncias e desobstruem a estrada desviando para o lado direito; no momento de parar, as tropas e as viaturas reconstituem as distâncias fixadas.

Conservam-se os cavalos direitos na fileira, inclusive os dos oficiais; quando a unidade se acha em coluna por três ou por dois não aberta, são mantidos, em princípio, no sentido da marcha; em alguns casos pode-se determinar que a tropa faça alto voltando a frente para o eixo da estrada.

Na marcha por dois em coluna aberta, os cavaleiros do lado esquerdo unem-se aos da direita antes de fazer alto.

Quando uma tropa de cavalaria está entre dois elementos de velocidade inferior à sua, ela marcha na andadura normal até encontrar o elemento que a procede; faz então alto e deixa-se alcançar pelo elemento que a segue, para depois avançar, sem retardar a marcha do último.

219. Para evitar os erros de itinerário, cada elemento de uma coluna deve manter ligação com o precedente, utilizando balizadores.

Quando o terreno é muito coberto, a estrada muito sinuosa ou atravessa muitos povoados, convém destacar previamente, sob as ordens de um graduado, um grupo de balisadores para junto do escalão precedente.

Para diminuir a fadiga dos homens e cavalos é sempre vantajoso realizar alguns trechos a pé, variáveis com a extensão da etapa. Se a etapa é curta, a marcha a pé pode ser apenas de um quilômetro na partida e de mil e quinhentos metros na chegada; este último trecho deve ser feito com os arreiamentos um pouco desapertados; a etapa sendo longa, o percurso a pé pode atingir a um quarto do total.

A marcha a pé tem ainda a vantagem de treinar os cavaleiros, que deverão, no combate a pé, realizar grandes percursos através dos campos.

Os comandantes de pelotão e de secção de viaturas devem conhecer, tanto quanto possível, o destino e o itinerário a seguir.

Quando a coluna e cortada (passagem de nivel, etc.) o comandante da unidade detida procura fazer alguns balizadores atravessarem e manda prevenir aos comandantes das unidades imediatamente anterior e posterior. Reinicia a marcha ao trote, logo que obtenha passagem. e conserva essa andadura até retomar a distância.

As diferentes unidades devem manter o escalonamento indicado de acordo com a situação tática, salvo circunstâncias particulares.

Um elemento que se separe da coluna e obrigado a avisar ao que se encontra à sua retaguarda, afim de evitar que este o acompanhe.

No começo da marcha e frequentemente durante a própria execução, o comandante das unidades que utilizem um mesmo itinerário verifica se os elementos avançam na ordem fixada: os comandantes das unidades subordinadas atuam da mesma maneira relativamente aos elementos sob suas ordens.

 Todo comandante de unidade toma providências para ter certeza de que é acompanhado por todos os elementos de sua unidade.

As unidades encarregadas de estabelecer as transmissões podem transitar livremente entre dois elementos ou nos lados da coluna.

Altos

220. As marchas são, em princípio, interrompidas por altos, que podem ser de curta (pequenos altos) ou de longa duração (grandes altos), sendo estes destinados à alimentação e repouso da tropa.

221. Pequenos altos – É sempre feito um primeiro alto de 15 minutos logo após a primeira meia hora de marcha.

Os altos seguintes de 15 a 20 minutos são  subordinados à extensão do percursos realizam-se, geralmente, de duas em duas horas e preferentemente na proximidade de aguada.

Durante os altos não devem ser obstruidas as saidas para as estradas transversais, e os desfiIadeiros (pontes, passagem de niveis etc.) . Evitam-se os altos em pontos que constituiriam objetivos fáceis para a artilharia e a aviação inimigas, assim como nas povoações (10). onde as estradas se estreitam, onde há perigo de atravancamento e a vigilância é difícil.

Todos apoiam durante os altos. Os oficiais  graduados verificam as ferraduras. as condições do equipamento e mandam apertar as cilhas dos animais quando é necessário.

Na partida ou ao montar, depois de um alto, os cavaleiros ajudam-se mutuamente de modo a não deslocarem as selas. Para isso cada um segura o loro direito do cavaleiro vizinho.

Os cavaleiros isolados procuram os lugares mais favoráveis para montar e apear.

222. Grandes altos (11)  – Faz-se um grande alto, quando a distância a percorrer for maior que a da etapa normal, a temperatura ou um outro motivo o tornem necessário.

O grande alto. de duração fixada pelo Comando. (12) é aproveitado para a alimentação dos homens água aos animais, verificação das ferraduras e retificação da arrumação do equipamento. Quando a duração do grande alto permite e as condições atmosféricas são favoráveis, os cavalos podem ser desencilhados.

Um local de grande alto é designado para cada unidade e escolhido perto de aguada e longe de desfiladeiros e povoações; as estradas devem ficar desembaraçadas. Pode convir, para os animais beberem. executar preparação sumária ou utilizar meios de fortuna: rampas de acesso aos cursos dágua. represas em pequenos riachos, emprego de lona de barraca para colher água, etc.

Em alguns casos, especialmente quando a, preparação do acampamento não estiver terminada, convém um grande alto antes de chegar ao local de estacionamento.

  Os grandes altos das colunas importantes devem ser cuidadosamente preparados. Os lugares dos diversos elementos são previamente reconhecidos por um oficial de estado-maior e pelos representantes dos corpos de tropa.

As unidades em marcha por estradas policiadas devem deixá-las completamente desembaraçadas durante os grandes altos.

(10) Salvo necessidade de dar água aos animais.

(11) E’ feito, normalmente; à dois terços do percurso.

(12) Sempre que for possivel, superior a duas horas, mas de modo que não acarrete a chegada da tropa ao estacionamento depois do escurecer.

Passagem de uma coluna por outra e cruzamento de tropas

223.  A passagem do uma coluna para a frente de outra dá-se, em princípio, quando uma delas está parada. Em caso de tirgência reconhecida, a tropa que vai ser ultrapassada deve fazer alto. O comandante da outra coluna procura previamente entender-se com o comandante da tropa a ultrapassar. Este último chefe toma providências para evitar o encontro de colunas e viaturas que marchem em sentido contrário. Em caso de dúvida cabe ao mais graduado decidir, examinando as ordens respectivas, assumindo a responsabilidade. O elemento que deve passar adiante executa então o movimento em andadura mais viva, se é montado ou hipomovel e conservando uma velocidade moderada se é motorizado. Esta prescrição deve ser rigorosamente cumprida, principalmente pelos autos de passageiros e motociclistas.

É proibido, em princípio, aos veículos da mesma natureza se ultrapassarem durante a marcha.

Nas estradas em que o trânsito só é permitido em um sentido; só as viaturas sanitárias e as de serviço de ligação podem passar à frente de outra.

Regulam-se todos os movimentos de maneira que se evite o cruzamento de tropas.

Quando a situação obriga o cruzamento de duas colunas, o Comando dá as ordens necessárias para que elas possam passar uma pela outra, sem perturbação e o mais rapidamente possivel.

Quando o caminho de uma tropa em marcha é interceptado inopinadamente por outra tropa, os comandantes respectivos entram em entendimento, para executarem o cruzamento de acordo com as prescrições sobre o serviço de transporte em estrada. O mais graduado regula os pormenores da execução.

Quando o terreno permite, duas colunas podem cruzar-se sem parar. Para isso, em cada uma, as unidades dobram a formação e cerram sobre a testa ao atingir o ponto de cruzamento. A passagem neste ponto se faz por unidades completas, pertencentes alternativamente a cada coluna.

A formação em coluna de estrada é retomada pelas diferentes unidades depois de desembaraçadas as imediações do ponto de cruzamento.

As formações convenientes para as tropas a cavalo, em semelhante caso, são :

– para o esquadrão, a linha de pelotões por três, com intervalos reduzidos ou sem intervalos;

– para a secção de metralhadoras, a formação em batalha, sem intervalos.

Quando não é possível deixar a estrada, o cruzamento se realiza por frações que tomam uma formação de marcha dobrada pouco antes de chegar ao ponto do cruzamento, passam rapidamente nos intervalos das frações semelhantes da outra coluna e retomam depois a formação e andadura normais. O movimento executa-se na presença do chefe da tropa ou de um oficial por ele designado.

Será sempre conveniente que um oficial representante do comando assista ao cruzamento das colunas, para regular o movimento e resolver imediatamente quaisquer dificuldades que possam surgir.

Disciplina de marcha

224.  Não se deve permitir que as praças marchem fora de seus lugares ou se afastem da coluna sem permissão especial; cabe aos oficiais e sargentos esforçarem-se para que tais prescrições sejam cumpridas, afim de impedir flutuações, mudanças de andadura e consequente fadiga da tropa. Os comandantes de esquadrões regulam a marcha das testas de suas unidades de modo a conservar a distância e uma andadura regular, sem aumento ou diminuição brusca de velocidade.

São proibidos os gritos de marche, alto ou meia volta. Só os oficiais e sargentos comandantes de frações podem fazer comandos.

Ninguém pode sair de forma sem autorização, que só é dada em caso de necessidade absoluta cavalo desferrado, manta caída, equipamento desarranjado). Um cavaleiro deixado momentaneamente para trás deve ficar acompanhado pelo cabo de esquadra ou um companheiro, os quais reunem-se em seguida à cauda da coluna e continuam ao trote durante os tempos de passo, até retomarem seus lugares em forma no primeiro alto.

Um oficial marcha na cauda de cada esquadrão. Os comandantes dos pelotões do centro marcham á retaguarda ou nos flancos de seus respectivos pelotões para fiscalizar a marcha, porem com a preocupação de não perturbar a circulação (13). Fiscalizam a posição dos cavaleiros a cavalo, principalmente em fim de etapa, pois nessa ocasião a diminuição da tensão de espirito causada pela fadiga ou pelo sono podem ser causa de graves feridas no dorso dos animais.

As unidades e veículos parados não devem interceptar a estrada de marcha das colunas; encostam-se as viaturas para o lado direito normalmente, mas, tratando de veículos pesados, convem deixá-los na parte empedrada, quando os lados não oferecerem a solidez necessária.

Nos altos, os homens permanecem no mesmo lado da estrada que os cavalos e os autorizados a passarem para o lado oposto devem deixar a estrada completamente desembaraçada.

À retaguarda de cada corpo marcha uma guarda de polícia fornecida pela unidade da cauda sob o comando de um oficial ou sargento, destinada a fazer unir à frente os retardatários. Compõe-se de um grupo de combate para o regimento.

Nas colunas importantes o destacamento de polícia que marcha na cauda do último elemento deve ser reforçado.

CASOS PARTICULARES DE MARCHA

      Passagem de pontes

225. A passagem de pontes de barcos, pontes suspensas e de fortuna exige precauções especiais.

As unidades subordinam-se às ordens particulares estabelecidas para cada ponte. O comandante de uma ponte de barco exerce sua ação não só sobre a ponte, como tambem quanto às rampas de acesso. Comunica aos comandantes das colunas com a antecedência suficiente as formações a tomar e as ordens a observar.

(13) A mesma precaução é tomada durante os altos.

Na passagem devem ser observadas as seguintes regras gerais:

– guardar o maior silêncio e evitar as paradas capazes de ocasionar o atravancamento da ponte;

– os elementos a pé passam em coluna de estrada (sem cadência), por dois, por tres;

– as tropas a cavalo passam em coluna por um ou por dois, os cavaleiros a pé com os cavalos pela rédea; os cavalos marcham no centro, pelo meio da ponte, e os cavaleiros aos lados; os esquadrões guardam 20 metros de distância e os regimentos 80;

– os comboios hipomóveis marcham ao passo; as viaturas avançam pelo meio da ponte e conservam 10 metros de distância entre si.

Os condutores apeiam e conduzem os cavalos da esquerda pela mão.

Os homens transportados apeiam tambem e recebem ordem de marchar um à frente e outros à direita e à retaguarda das viaturas;

– Os veículos hipomóveis mais pesados são descarregados antes de entrar na ponte; o excesso de carga é transportado para a outra margem por meio de barcos ou de outros meios de passagem;

– em caso de ataque aéreo, os elementos que estiverem sobre a ponte continuam o movimento para o lado oposto e os que ainda e acharem em terra tomam as medidas regulamentares para se dissimularem e organizarem a defeza.

 As ordens particulares de cada ponte completam ou modificam as regras gerais, fixando :

– segundo a resistência da ponte, estado de conservação e as condições atmosféricas, o peso máximo de cada veículo, a distância mínima entre os veículos, e processo de transporte do material descarregado das viaturas para a outra margem, as formações determinadas para a passagem;

– segundo as ordens de comando, as disposições relativas à ordem de passagem das tropas, ao sentido da circulação e ao balizamento dos itinerários de acesso, etc.

É proibido fazer alto nas imediações das pontes, que devem ficar desembaraçadas nos dois sentidos.

As pontes de via-férrea que não tenham taboleiro devem ser previamente preparadas para servirem aos elementos a cavalos e viaturas, por meio da adaptação de um lastro de madeira ou outro , qualquer meio expedito.

Marechas forçadas.

226. Quando a situação exige, as tropas executam marchas forçadas, durante as quais o movimento continua dia e noite.

Convém, em semelhante caso, diminuir a carga dos equipamentos, conduzindo uma parte em viaturas de requisição (principalmente a ração dos animais).

Efetua-se a marcha em andadura lenta, grandes percursos no passo, entrecortados por pequenos períodos de trote e trecho a pé.

Concedem-se longos períodos de repouso, no mínimo de 6 horas, para os homens comerem e dormirem, quando a extensão do percurso exige.

Nestes repousos as tropas acantonam, quando possível e os cavalos devem ser sempre desencilhados (14).

E necessário explicar aos homens o objetivo do esforço pedido, para que eles o compreendam e mantenham o moral elevado.

(14) Exemplo – Uma marcha forçada de 100 quilômetros em 24 horas seria executada em 16 horas de marcha, dois grandes altos de uma hora cada um e um longo repouso de seis horas.

  Marchas à noite :

227. As marchas noturnas devem ser cuidadosamente preparadas, devido à grande fadiga que causam. O comando toma todas as medidas para gararitir a regularidade da marcha; põe guias à disposição dos elementos principais, diminue as distâncias entre as unidades e determina o balizamento do itinerário, princìpalmente, nos cruzamentos e bifurcações de caminhos.

Quando as circunstancias permitem, é preferível partir à noite para chegar de dia e não proceder de modo diverso.

Nas marchas noturnas as paradas bruscas são mais inconvenientes que durante o dia.

O comando deve esforçar-se, ainda mais do que de dia, para que os diversos elementos marchem em suas andaduras próprias, dando-lhes itinerários especiais ou determinando distâncias suficientemente grandes no interior das colunas.

Executar-se  marcha em silência; grandes percursos ao passo, entrecortados com tempos de trote e alguns períodos a pé. Os altos são mais freqüentes do que durante o dia; os oficiais e sargentos os aproveitam para fiscalizar cuidadosamente os equipamentos, ferraduras, etc.

Todos os oficiais devem ter conhecimento do itinerário.

Quando a fadiga dos dias anteriores é tal que a tropa não possa resistir ao sono durante os altos, os oficiais organizam um serviço de quarto.

Quando há  necessidade absoluta de deixar um homem retaguarda momentaneamente, ele fica sempre acompanhado por um graduado.

É proibido fumar, sempre que a situação exige, e principalmente  os reconhecimentos aereos são para recear; o emprego de lâmpada elétricas de bolso pode tambem ser vedado.

Marchas com o calor ou o frio ou em terrenos dificeis:

228. Quando faz calor aumentam-se as distâncias entre os elementos, diminue-se a velocidade, faz-se alto nas horas mais quentes do dia e evita-se parar nos lugares abafados. Convem que os cavaleiros marchem dos dois lados da estrada, deixando o centro para a circulação. E de grande importância que os homens e os cavalos bebam agua durante o percurso.

Havendo bebedouros ao longo da estrada e sendo possivel aos esquadrões se distanciarem ao menos de um comprimento de pelotão, é possivel, durante um tempo de passo, encher os cantis; os cavalos bebem, sem parar a coluna pelo seguinte processo:

– Quando o primeiro pelotão do esquadrão chega à altura de um bebedouro, sai da coluna, dá agua aos animais e entra na cauda do esquadrão. O segundo pelotão, que fica na testa do esquadrão, ao atingir por sua vez o segundo bebedouro, sai da coluna e procede do mesmo modo; e assim sucessivamente, para os outros pelotões.

Com frio – é preciso aumentar a ração e impedir que os homens permaneçam imoveis durante os altos.

Convem que os cavaleiros percorram frequentes trechos a pé ao lado de seus cavalos.

Nas circunstâncias que impõem particular fadiga aos elementos da testa da coluna (terrenos pedregosos, com espinheiros e culturas altas)  estes são substituidos frequentemente.

Quando a temperatura ou o terreno tornam a marcha dificil, os altos são mais frequentes, limitando, se necessário, sua duração.

ARTIGO V

REGRAS PARTICULARES ÀS UNIDADES AUTOMOVEIS

Fracionamento das colunas:

229. As unidades automoveis são fracionadas em unidades de marcha, levando-se em conta a situação, a missão e a necessidade de serem respeitados os seus laços táticos. Para isso, as colunas são articuladas por unidades constituidas, em grupos de dez a doze viaturas, mais ou menos.

Atrás do último veículo de cada grupo é colocado um disco vermelho (15) ou um outro sinal especial.

O estacionamento dos elementos automoveis e a sua preparação para a marcha devem ser regulados de forma a que a circulação esteja sempre para as outras unidades, não só nas estradas como tambem nas imediações dos pontos de reunião.

Preparação do movimento :

230. Os movimentos das colunas automoveis devem ser estudados e préparados com um cuidado todo particular, pois qualquer falha ou erro cometidos na direção dessas colunas acarretam consequências graves (engarrafamentos, meias voltas, "pannes”).

Reconhecimento dos itinerários .– No caso de marchas em estradas livres, o itinerário deve ser reconhecido com antecedência por um oficial. Este examina o estado da estrada, sua largura, suas dificuldades; anota as partes que permitem a circulação em duplo sentido ou em sentido único, as facilidades para encostar fora da estrada as frações ou os veículos imobilizados, as dificuldades para atravessar as localidades; estuda particularmente a resistência e largura das obras de arte (com exclusão das calçadas), assim como a forma de passagem a adotar (tração direta, manobra de força com o cabrestante, organização eventual de um estacada) ; informa-se sobre os tiros sistemáticos do inimigo e as zonas que possam estar infestadas de gases; estuda as variantes que conduzem ao itinerário projetado sem a necessidade de se fazerem meias voltas na estrada.

Preparativos da partida – O comandante da coluna estabelece uma ordem de movimento.

Os comandantes de unidades certificam-se se as mesmas estão prontas, e mandam reconhecer as saidas dos parques e do local do estacionamento. Após o recebimento da ordem de movimento, eles mandam reconhecer o itinerário que vai ter ao ponto inicial, e estabelecem por escrito a ordem de movimento da sua unidade, fixando, especialmente, si for necessário um ponto inicial particular aos diversos elementos sob suas ordens.

Quando a partida tiver de ser á noite a coluna é reunida, sempre que possivel, antes do escurecer, na sua formação de estrada.

Os mecânicos suspendem as reparações em curso com o tempo necessário para que os veículos que se encontram na oficina possam ocupar o lugar que Ihes é destinado na coluna.

Os veículos que não puderem ficar prontos em tempo (ou em condições de serem rebocados) ficam no lugar.

(15) Este disco terá, 0m,25 de diâmetro e é colacdo atrás a um metro do corpo do veiculo.

Os comandantes de pelotão dão ordens pormenorizadas para a partida e, em particular, mandam entregar a cada chefe de viatura uma ficha que indica o primeiro ponto de destino e o itinerário. Eles verificam se os chefes de viaturas as fizeram abastecer de essência e de óleo, se muniram cada uma de uma vasilha de socorro (cheia) e se verificaram o nivel dágua, da gasolina e do óleo.

A alimentação é prevista pelo comandante da unidade. Em princípio os homens são alimentados antes da partida; se as cozinhas rolantes não seguem as unidades, eles conduzem uma refeição fria. Tomam-se medidas no sentido de regular a alimentação do pessoal dos veiculos em "panne”.

Os fogos são apagados; os locais ocupados deixados em ordem; não deve permanecer nenhuma indicação que possa ser util ao inimigo.

Os relógios são acertados pelo do Comandante da coluna.

Execução do movimento

231. Quando várias unidades estacionam no mesmo local, as minúcias relativas à partida são reguladas pelo oficial mais graduado (ou mais antigo entre os de maior graduação) .

O movimento das viaturas isoladas (viaturas bagagem, cozinha, etc.) é regulado com todo o rigor.

Reunião – Os veículos são dispostos pelo menos meia hora antes da partida de maneira a poder romper em coluna facilmente.

Os graduados e condutores fazem uma inspeção em seus veículos e respectivo material (estado, carregamento, arrumação). Os chefes de viaturas fazem a chamada do pessoal que deve embarcar, este  reune na frente da viatura, se necessário em várias fileiras.

Os oficiais verificam se os chefes de viaturas possuem a indicação do itinerário fazem funcionar os motores durante alguns minutos e comunicam ao comandante da unidade quando estiver tudo pronto.

232. Balizamento do itinerário – Toda coluna automovel é precedida por uma equipe de esclarecedores. mesmo que o itinerário haja sido reconhecido.

Nas colunas de efetivo importante esta equipe funciona sob as ordens de um oficial.

Em principio, a equipe precede a coluna a uma distância correspondente a um lanço, seguindo o itinerário prescrito. Sua missão é poupar à coluna erros de itinerário, o risco  d: ter de fazer meia volta, etc. Em todos os cruzamentos onde possa haver dúvidas sobre a direção, a equipe põe cartazes de facil identificação, afim de assinalar o verdadeiro itinerário; o chefe dos esclarecedores-orientadores reconhece a travessia das localidades e, se for possivel, deixa à sua entrada um balizador para guiar a unidade quando esta tiver de  atravessá-la. Assinala ao comandante da coluna as pontes, as passagens de nivel, as subidas e descidas dificeis, as curvas perigosas, os diversos obstáculos, as colunas a cruzar ou a dobrar.

Ele se esforça em tornar a estrada livre, particularmente fazendo entrar em fila ou fora da estrada os veículos que poderiam obstruí-la; se, por uma razão qualquer, a passagem torna-se impossivel ou o itinerário impraticavel momentânea ou definitivamente, ele previne sem demora ao comandante da coluna, afim de que esta seja detida a tempo ou desviada por outro itinerário.             

Quando várias unidades entram na composição de uma coluna, o comandante desta regula as condições em que cada unidade deve participar do serviço de balizamento.

Se há elementos que devem seguir certos itinerários particulares, seja no começo da marcha, para entrar na coluna, seja durante essa, a equipe da coluna assegura o serviço no percurso comum e cada elemento que segue um itinerário fora desse assegura, no mesmo, o seu próprio balizamento.

233. Partida – Na hora da partida o comandante da coluna determina que os homens embarquem nas viaturas e que os motores comecem a funcionar; os chefes de viaturas, e depois os comandantes de pelotões, levantam o braço quando os respectivos veículos estiverem prontos para partir. O comandante da coluna faz, então o sinal de – Em frente!

A viatura da testa movimenta-se lentamente; as da fração da testa partem sucessivamente. A viatura da testa conserva uma velocidade muito reduzida até que a fração inteira esteja em marcha; toma então progressivamente a velocidade prescrita. As frações seguintes se põem em movimento sucessivamente e de forma análoga, tomando progressivamente as distâncias regulamentares.

Com relação aos veículos que entram em "panne” no momento da partida, procede-se como foi dito para os que entram em "panne” na estrada e ao atingir o ponto inicial, o comandante de cada fração comunica ao chefe. O cerra-fila geral faz o mesmo com relação ao comandante da coluna, após a chegada da última viatura.

234. Execução da marcha – Os veículos automoveis marcham em uma única fila no lado direito da estrada.

Um dispositivo de ligação é realizado entre o pessoal que está na parte de trás da viatura e o condutor, geralmente isolado pela “carrosserie" e o ruido do motor. O condutor assim pode ser prevenido mais facilmente quando um veículo pede passagem. As cortinas de proteção da esquerda de todos os veículos, inclusive das viaturas de reconhecimento, ficam erguidas para permitir os gestos e facilitar a vigilância. É proibido aos homens sentarem-se nos estribos ou nos para-lamas, Os condutores não devem fumar nem acender qualquer luz sem autorização.

Quando nenhuma causa particular intervier (mau estado dos veículos, dificuldades da estrada mau tempo, rampas fortes. atravancamento, prescrições particulares, etc.) os veículos automoveis podem marchar na velocidade maxima autorizada; todavia na partida das colunas e após cada parada a velocidade dos veículos da testa de cada fração deve manter-se moderada durante alguns minutos.

Quando há uma diminuição da velocidade devida a uma causa qualquer (subida, obstáculos, mau estado da estrada, etc.) o veículo da testa de cada fração não deve tomar sua velocidade normal senão quando o último veículo da mesma possa tambem fazê-lo.

Em qualquer caso, as mudanças de velocidade devem ser feitas tida das colunas e após cada parada, a velocidade dos veículos da frente.

Nos itinerários sinuosos ou acidentados, notadamente nas localidades, reduz-se a veIocidade do veículo da testa. O mesmo se dá durante a noite ou quando há mau tempo, (chuva, cerração). O veículo da testa pode mesmo parar, se necessário, depois de uma passagem difícil, até que a coluna esteja novamente formada.

Da mesma forma, quando ha muita poeira, a velocidade é reduzida, em principio, durante o dia, nas proximidades do inimigo.

A distância entre dois veículos em marcha é contada da frente de um à cauda do que o precede. É normalmente de 20 metros, não devendo ultrapassar 50 metros, nem ser menos de 5. Se uma distância aumentar, o terreno perdido é recuperado progressivamente.

Quando uma viatura se retarda, a que a segue conserva a sua velocidade até que a distância que as separava esteja reduzida a 10 metros (metade da distância normal). Toma então progressivamente a velocidade da precedente e acompanha as variações da sua velocidade sem cerrar a menos de 5 metros.

Quando um condutor percebe que o seu veículo corre o risco de se imobilizar em pouco tempo, desembaraça a estrada e encosta, o mais possivel, para a direita, aproveitando a margem. Ao mesmo tempo faz sinal ao veículo seguinte para ultrapassá-lo.

O condutor de um veiculo imobilizado momentaneamente, depois de retomar o movimento, não deve procurar voltar ao seu lugar durante a marcha. É-lhe proibido dobrar a coluna. Toma lugar atrás de uma fração da coluna e se conforma, a partir desse momento, as indicações do cerra-fila da mesma.

Durante os altos, os veículos cerram, ao mesmo tempo que diminuem as distancias e se desviam, o mais possivel, para a direita. Em certos casos, pode ser necessário cerrar demasiado, porem, levando em conta que abaixo de 3 metros uma viatura não pode, na partida, em caso de "panne” da viatura que a precede, ultrapassá-la sem recuar afim de ganhar uma distância suficiente. Essas regras são aplicaveis às frações que, em certos casos, podem, durante o alto, cerrar até 5 metros.

Nenhum veiculo deve ultrapassar, durante a marcha, um outro veículo da mesma natureza. Somente viaturas isoladas e rápidas (viaturas de reconhecimento, de transmissão e sanitárias) ou motocicletas são permitidas ultrapassar uma coluna automóvel em movimento. Toda viatura ou motocicleta marcha rapidamente, de desvio em desvio, permitindo assim ser ultrapassada ou cruzar com outras viaturas que marchem em sentido contrário. Nenhum veiculo tem permissão de se intercalar permanentemente em uma coluna automóvel.

Em principio, uma coluna automóvel, qualquer que seja sua velocidade, não deve ultrapassar uma outra coluna em marcha. No caso de necessidade de ultrapassar, efetuar-se-á somente após entendimento entre os dois comandantes da coluna; a execução será, sempre realizada pela esquerda e em marcha moderada.

235. Altos – Os altos e grandes altos são feitos de preferencia em terreno plano e nas proximidades de pontos onde exista água.

São proibidos em trechos de estrada cuja circulação possa ser realizada em um único sentido, a menos que o itinerário seja especialmente reservado ás formações que têm de parar ou que a autorização tenha sido concedida pela Comissão Reguladora. Em qualquer caso, liberam-se as sadias das estradas laterais e os desfiladeiros (pontes, passagens de nível, etc.).

Evita-se parar em pontos que constituírem objetivos indicados para a artilharia e aviação inimigas, assim como nas vilas onde as estradas são muitas vezes estreitas, o atravancamento a receiar e a vigilância difícil.

Quando os veículos param, cada viatura se coloca sucessivamente atrás da última que lhe precede, guardando a distancia preconizada. O lugar das viaturas que faltam é conservado em cada fração na frente da viatura do cerra-fila da mesma fração.

Si os veículos fazem alto em um declive bem pronunciado, os calços são colocados sob as rodas, afim de poupar os freios; estes calços devem ser tirados da estrada no momento da partida.

Em principio, as colunas automóveis fazem um alto de 20 a 30 minutos no decurso da Primeira hora de marcha. Este alto é consagrado especialmente á revista do material. Os condutores inspecionam cuidadosamente seus veículos, dispõem tudo em ordem, abrem as tampas do motor; informam-se sobre os ruídos anormais e defeitos de funcionamento que conseguem perceber. Os chefes de viaturas e os comandantes de pelotão inspecionam os elementos sob suas ordens. Participam ao comandante da coluna os incidentes havidos (veículos que ficaram atrás ou que já alcançaram a coluna).

Se a duração da etapa for maior de 3 horas, far-se-á um alto de 10 minutos em cada período de cerca de duas horas. A duração do  último alto feito de dia é de 30 minutos para permitir o recompletamento da essência e reservas de carburantes dos diversos veículos; esta operação não deve, em princípio, ser realizada durante a noite, tendo em vista os perigos de incêndio.

Quando a etapa é muita longa ou não permite chegar com dia ao acantonamento, pode ser útil fazer-se um grande alto, quando atingido dois terços ou três quartos do percurso a vencer. A determinação do grande alto é da competência do comandante da coluna, que o fixará após as informações recebidas dos reconhecimentos. Durante o grande alto, se fôr oportuno, consome-se a refeição quente das cozinhas rolantes e enchem-se d’água os motores (16).

Muitas vezes, também, faz-se no grande alto o recompletamento de essências e das reservas de carburantes.

236. Veículos imobilizados – Nenhum veículo deve parar na estrada alem dos altos previstos. Se, por motivo de "panne” ou acidente, um veiculo for obrigado a parar, o seguinte o ultrapassa sem se deter e sem modificar a marcha de modo notável, seguido por toda a coluna.

Para os veículos que se detém na estrada, três casos podem ser encarados:

1º caso – A “panne” é ligeira e o veicuIo pode retomar a marcha alguns instantes apos sua imobilização, antes do escoamento completo da coluna da qual faz parte.

Neste caso, o veículo retoma lugar na coluna logo que possa, na frente da viatura de um cerra-fila. No primeiro alto, torna a ganhar a cauda da fração de que fazia parte de inicio e toma lugar na frente da viatura do cerra-fila desta fração.

2º caso – O veiculo pode ser reparado no próprio local, com seus meios próprios, ou dos que dispõe o cerra-fila geral. O cerra-fila geral dá ao condutor do veiculo as indicações necessarias que lhe permitam alcançar a coluna; cabe-lhe retomar seu lugar na cauda da coluna.

O veiculo atrazado não deve, para se reunir à coluna, exceder à velocidade regulamentar.

3º caso – O veiculo não pode ser reparado no local da “panne”. O cerra-fila toma todas as medidas para assegurar o reboque da viatura.

Se o reboque não pode ser efetuado, torna-se necessário transportar a carga do veiculo imobilizado para um outro vazio ou repartí-la entre os outros; informa-se ao chefe do serviço automóvel da coluna.

___________________

(16) O recompletamento d’água se faz de preferencia no fim do alto. Para cada viatura, tomam-se as precauções particulares ao seu modelo.

Quando uma viatura imobilizada correr o risco de cair nas mãos do inimigo, deve-se inutilizá-la para o serviço.

237. Disciplina de marcha –  O comandante da coluna exige rigorosa disciplina de marcha nas unidades que a constituem. Organiza, conforme os meios de que dispõe, o enquadramento e a vigilância da coluna e designa um guia e um cerra-fila geral. Fiscaliza e velocidade e a conservação das distâncias e faz cumprir as ordens sobre a circulação.

Com esse objetivo, pode-se transportar, a todo momento, para um ponto qualquer da coluna, com sua viatura de reconhecimento, utilizando-se for o caso, itinerários diferentes do da coluna; por vezes para, afim de assisti-la desfilar.

O chefe do serviço automóvel vela pela conservação do material de transporte e é responsável por ele. Está ao par de todos os incidentes com os veículos na estrada e, se for o caso, faz proceder à depannage dos veículos imobilizados.

Os comandantes de unidade asseguram durante a marcha a vigilância do elemento posto sob suas ordens e conservam o contato com o elemento que os precede. Designam, em cada fração, graduados para exercerem as funções de guia e de cerra-fila.

Os comandantes de pelotão e de viatura são responsáveis por tudo que diz respeito a velocidade, à observação das distâncias, à ordem e a disciplina.

O guia é um oficial ou um graduado, conforme a importância da tropa. Marcha no primeiro veículo da coluna. É encarregado de regular a velocidade no itinerário dado ou balizado. Faz parar a coluna para os altos prescritos ou em caso de necessidade.

Dispõe, em princípio, de um agente de transmissões em motocicleta, que marcha à retaguarda de sua viatura.

O guia se interessa em impedir os erros ou os altos intempestivos, conservando uma velocidade tão regular quanto possivel ou adaptando-a nos casos particulares, aos princípios enunciados a seguir. Observa frequentemente a retaguarda, afim de estar ao par do movimento do conjunto da coluna e particularmente da cauda.

O cerra-fila geral, quasi sempre um mecânico, será um oficial ou um graduado, de acordo com a importância da coluna; marcha na cauda, numa viatura de reconhecimento ou, na falta desta, na ultima viatura da coluna. Dispõe, em principio, de um agente de transmissões em motocicleta e, se possivel. de um caminhão-oficina e de um trator pesado de socorro com o respectivo pessoal.

Deve ser informado, antes da partida e se possivel por escrita, pelo comandante da coluna, do itinerário e do destino da mesma.

O cerra-fila geral vela para que nenhum elemento da coluna fique para trás sem motivos; decide nos casos de imobilização de viaturas por defeito ou acidente, dando ordem para o socorro e fornecendo aos chefes de tais veículos as indicações necessárias para que alcancem a coluna.

O cerra-fila geral impede também os dobramentos não autorizados. Nos altos, se sua duração o permite, vai até o comandante da coluna, para informa-lo sobre os acontecimentos da marcha. Na chegada ao ponto de destino, obrigatoriamente assim deve proceder.

O cerra-fila geral verifica se todos os cartazes, colocados pelos grupos de balizadores da coluna, foram retirados pelo pessoal da última viatura.

Na sua ausência, as funções de cerra-fila geral são desempenhadas pelo chefe da última viatura da coluna.

Casos particulares

238. Colunas automóveis enquadradas em unidades a cavalo – É preciso evitar fazer marchar elementos automóveis intercalados em colunas a cavalo.

Todavia, se, excepcionalmente, se impuser um tal dispositivo, as unidades automóveis subordinam seus movimentos (velocidade, altos, etc.) ao das tropas que os enquadram. Em tais casos, esforçam-se em reduzir o aquecimento e a fadiga dos motores, tomando as precauções necessárias.

Tendo em vista evitar o aumento de vaporização d’água e as dificuldades de reabastecimento durante os altos, cada veículo automóvel transporta aprovisionamento d’água em depósito fechados.

239. Subidas e descidas – Nas subidas importantes, evita-se diminuir o menos possível a velocidade geral da coluna, reduzindo-se, se necessário, dentro dos limites permitidos, as distâncias entre veículos.

Após uma subida longa e penosa, pode haver interesse em fazer um alto e abrir as tampas dos motores.

Nas descidas é preciso combater o aumento de velocidade; com os motores que o permitam, utilizam-se os freios e não se desembreia.

Quando um veículo tem dificuldades em subir uma rampa ou seja preciso descarrega-lo, o pessoal transportado desce e o empurra, se necessário.

240. Meia volta – O comandante de uma coluna automóvel empenha-se em evitar a necessidade de executar meia volta. Caso seja obrigado a fazê-lo, prescreve os movimentos capazes de obstruir o menos possível a estrada as viaturas são conduzidas, sucessivamente, para um ponto favorável à meia volta; a coluna se refaz em um local mais à retaguarda. Com motoristas experimentados e em estradas suficientemente largas, é possível fazer a meia volta no próprio local em que foi dada a ordem.

241. Passagem pelos caminhos de corrente única de circulação – Em uma zona não vigiada pelo serviço de transporte de estrada, uma coluna automóvel só deve tomar um itinerário de sentido único após a verificação do possível desembocar dessa via. Para isso, o oficial orientador, deixando um esclarecedor à entrada do caminho, para impedir a coluna de tomá-lo prematuramente, vai colocar um outro esclarecedor à sadia do mesmo, com o fim de interditá-lo aos veículos ou comboios, que pretendam tomá-lo em sentido inverso.

Fecha igualmente as vias transversais e assegura o livre desembocar da sua coluna no termo do caminho ai colocando, se necessário, um cartaz indicador; em seguida, com o resto do seu grupo de esclarecedores-orientadores, ganha o lanço seguinte. Os esclarecedores deixados para trás são libertados com a chegada da coluna.

242. Travessia de Localidades – E preferível, geralmente, contornar uma localidade importante que atravessá-la, mormente se é ela percorrida por bondes.

Se a travessia é obrigatória, recomendam-se as vias mais largas, os itinerários mais faceeis, cuidadosos balizamentos do percurso, encurtamento da profundidade da coluna, reduzindo-se à metade as distâncias normais de marcha, pela diminuição da marcha da testa, redução da velocidade de marcha durante a travessia. Quando são esperadas dificuldades particulares (estreiteza ou ocupação das vias, presença de bondes, sinuosidade do percurso), pode-se parar a coluna na entrada da localidade, cerrar os veículos a cinco metros e as frações a 10 ou 20, regular a marcha durante o percurso por homens a pé e empregar, em caso de necessidade, o processo de passagem por caminho estreito.

Após a travessia da localidade, faz-se, se preciso, um alto, para reformar a coluna. Os balizadores são recuperados. Se houve algum incidente, um oficial fica para trás, afim de averiguá-lo e redigir uma parte sobre o fato.

243. Cruzamentos de colunas – Se duas frações de colunas chegam ao mesmo tempo a um cruzamento, a fração que tem a outra na sua direita. deixa-a passar primeiro.

Quando são colunas de efetiva superior a um esquadrão, um oficial, designado pelo mais antigo chefe de coluna, fica no cruzamento, regulando a passagem das colunas por frações alternadas.

244. Passagem de vaus – Excepcionalmente, os veículos automóveis podem ter que passar a vau alguns cursos d’água. Tal passagem só é possível se o fundo é resistente e se a profundidade d’água não ultrapassa um certo limite, variável com a natureza do material.

As precauções que devem ser tomadas são as seguintes :

– reconhecer o vau a pé, verificando se ele satisfaz as condições indicadas:

– balizar a direção que deverá, ser seguida;

– colocar graduados na entrada e na saída do vau, para dirigir o movimento dos veículos;

– tomar as disposições necessárias para proteger os órgãos essenciais do motor (sistemas de carburação e de rebocar certos veículos) ;

– só deixar entrar no vau um veículo de cada vez;

– transpor o vau em velocidade bastante moderada.

Pode haver interesse em melhorar o fundo do vau, tomando-o mais resistente por meio de faxinas e pedras.

245. Passagem de pontes – A  passagem das pontes se efetua em condições fixadas após reconhecimento em que são levados em conta a natureza do material que vai passar, o tipo da ponte, e as determinações particulares, se existirem.

A passagem se executa em velocidade lenta (6 km. por hora, no máximo), sem precipitação, cada veículo guardando, em relação ao seguinte, rigorosamente, a distância fixada pela determinação particular à ponte (na ausência desta determinação – a distância normal) e conservando-se sempre na linha central da via. O pessoal transportado não apeia.

O acesso à ponte será conservado livre, nos dois sentidos, sendo proibidos altos nas suas proximidades. Quando um veículo é muito pesado para o tipo de ponte, será descarregado em parte ou totalmente e o material transportado, por outros meios, para a outra margem.

246. Marcha de noite – A circulação de automóvel de noite é difícil de regular, penosa para o pessoal e muitas vezes prejudicial aos veículos. Portanto, só deve ser empregada em caso de necessidade.

Impõe-se, entretanto, para furtar o movimento As investigações aéreas.

Durante a noite, a velocidade das colunas automóveis é reduzida em proporções variáveis com as dificuldades do itinerário, a Obscuridade e as possibilidades de iluminação.

Visando-se uma partida de noite, dispõe-se a coluna com as distâncias aumentadas entre as frações e mesmo entre os veículos, mas de jeito que o contacto entre um elemento e o seguinte seja verdadeiramente assegurado.

A disciplina de marcha é particularmente rigorosa; as viaturas mantêm-se estreitamente ligadas.

Fora das zonas de “iluminação proibida”, há interesse de se empregarem balizadores munidos de lanternas brancas e vermelhas, para os sinais convencionais ou, então, de faróis para iluminação da estrada.

Se, para uma partida de noite, dispõe-se a coluna, em formação de marcha, na estrada, tomam-se as precauções necessárias para assinalar e cobrir o obstáculo que ela constitue assim parada.

ARTIGO VI

EXECUÇÃO DAS MARCHAS ANTES DA TOMADA DE CONTACTO

247. Longe do inimigo, quando as circunstâncias indiquem não haver probabilidade de encontro com forças importantes, as disposições tomadas visam facilitar o movimento e diminuir a fadiga inutil da tropa, manter os laços orgânicos entre as unidades e adotar as medidas preventivas contra a artilharia, de longo alcance e aviação inimigas.

Cada unidade utiliza da melhor forma as estradas da sua zona de marcha; as distâncias entre os elementos de cada itinerário são aumentadas, de maneira a dar-lhes independência. Emprega-se sempre o maior empenho para atribuir itinerários diferentes às diferentes armas.

Destinam-se às unidades transportadas a às de autos-metralhadoras as estradas melhor conservadas. Na impossibilidade de lhes dar itinerários distintos, as horas dos seus diferentes movimentos são regulados de maneira que as unidades possam terminar a etapa na sua velocidade própria, sem embaraço para elas nem para os outros elementos. Em determinados casos, elas podem fazer em dois dias a etapa de um, afim de proceder às reparações do material.

Convém reservar para a artilharia itinerários particulares; quando tal não é possível ela é intercalada na coluna ou excepcionalmente colocada na cauda.

Quando a divisão dispõe de uma esquadrilha, esta desloca-se normalmente por lanços de 40 quilômetros no mínimo.

Regula-se o movimento dos trens – quer sigam, quer precedam a unidade – de maneira a permitir a distribuição dos víveres e bagagem logo a chegada ao estacionamento, poupando o mais possível o material, as atrelagens e os animais indisponíveis. Os doentes e feridos que não devem ser evacuados, são transportados nas viaturas dos corpos.

Poderá convir, durante este periodo, executar marchas noturnas para escapar às investigações aéreas e preparar uma ação de surpresa.

Ao chegar às proximidades do inimigo tomam-se precauções para reduzir os efeitos dos tiros de interdição e tomar mais dificil a tarefa da aviação adversária. As unidades que vinham utilizando as estradas principais passam a aproveitar completamente a rede de comunicações; à medida que se aproximam do inimigo modificam o dispositivo, de acordo com a situação tática, as circunstâncias e o terreno.

Nas colunas as unidades se desenvolvem em largura e diminuem a profundidade; a artilharia é colocada de tal modo que possa entrar rapidamente em ação, sem comprometer sua segurança.

Os trens de combate acompanham as unidades, mas todos os elementos inuteis no campo de batalha ficam à retaguarda.

As unidades a cavalo ou montadas deixam as estradas e aproveitam os caminhos favoráveis. Realizam-se os altos nos pontos menos expostos.

A artilharia aproveita, o maior tempo possivel, os caminhos.

Atribuem-se às unidades transportadoras e aos autos-metralhadoras não empregados itinerários judiciosamente escolhidos, tanto quanto possível, um para cada Regimento Transportado ou Esquadrão de Auto-Metralhadora; pode haver vantagem em lhes indicar uma linha que não deverão ultrapassar ou um ponto (cruzamento, se possível) onde devem parar e aguardar novas ordens.

Quando as unidades a cavalo ou transportadas abandonam os caminhos, passam a avançar em ordem dispersa; os primeiros elementos cobrem-se por patrulhas (a cavalo ou A. M. D. R. ).

As unidades de metralhadoras a cavalo acompanham os esquadrões, mas aproveitam o maior tempo possível os caminhos e estradas.

As unidades tomam formações que lhes diminuam a vulnerabilidade e lhes permitam utilizar inteiramente o terreno e seus caminhamentos; põem em prática todas as medidas para escapar às investigações ou se defender contra os ataques da aviação inimiga;

Realiza-se a marcha de dia ou de noite, conforme as exigências da situação tática e da missão. À noite os perigos resultantes da ação da artilharia e da aviação, se bem que atenuados pela obscuridade, obrigam a dispositivos semelhantes aos adotados durante o dia. Tem-se, entretanto, em conta a dificuldade maior relativamente à marcha fora das estradas.

Ao entrar na zona de combate, isto é, na zona exposta aos tiros de artilharia de todos os calibres, os movimentos executados têm por fim terminar a colocação de todos os meios disponíveis diante de seus objetivos, em vista do combate.

A marcha continua por lanços e por elementos de pequenos efetivos, suficientemente escalonados, por caminhamentos desconfiados e, quando possível, sob a proteção da aviação, das vanguardas e de escalões de fogos de artilharia.

Em muitos casos a terminação da colocação dos meios em posição só se pode executar sob a proteção da obscuridade. O movimento realiza-se, então, sob a proteção das vanguardas, que ocuparem de dia as posições necessárias. Devem ser evitadas as tomadas de contacto à noite.

ARTIGO VII

MARCHAS AO ABRIGO DE UMA FRENTE CONSTITUÍDA

248. Longe da frente, devido à segurança relativa resultante do afastamento, a necessidade de proporcionar às tropas o maior conforto superpõe-se a todas as outras considerações. Utiliza-se completamente a rede de comunicações disponível, respeitando a organização das unidades. Os dispositivos adotado; visam principalmente a facilidade da marcha e a diminuição da fadiga.

Quando há elementos importantes da aviação inimiga próximos frente constituida, torna-se muitas vezes necessário marchar à noite. Se, porem, são indispensáveis os deslocamentos de dia, adotam-se as formações apropriadas. Na zona exposta aos tiros de artilharia o inimigo pode estar em condições de concentrar rapidamente fogos ajustados.

Assim, os elementos que se deslocam de dia operam por frações de pequenas efetivos que utilizam itinerários desenfiados às vistas do inimigo e eventualmente conservam-se prontos para tomar as medidas de proteção contra os gases.

CAPÍTULO III

Estacionamento

                                                                    ARTIGO I

         GENERALIDADES

249. É indispensável dar tempo à tropa para repousar, preparar os alimentos, cuidar das cavalos e conservar o material, sob pena de inutilizá-lo prematuramente. Os períodos de movimentos são, pois, interrompidos por jornadas de repouso, sempre que a situação permita. O comando, em todos os escalões, deve esforçar-se para apressar a instalação dos acampamentos ou bivaques.

Esta instalação torna-se particularmente difícil na obscuridade, convindo assim realizá-la durante o dia.

Fora do combate, mesmo próximo do inimigo, pode-se geralmente estabelecer, desde a chegada, um acampamento ou bivaque: a ação dos elementos de segurança ou da primeira linha, uma judiciosa repartição do estacionamento, as disposições de alerta perfeitamente conhecidas por todos permitem na maioria das vezes obter esse resultado sem prejudicar a fácil utilização das unidades em caso de alerta. Em certas condições, porem (tais como na possibilidade de um ataque, em uma situação indecisa, na preocupação de esconder, depois de uma marcha de dia, os pontos de estacionamento às vistas da aviação adversária, etc.), pode ser retardada até a noite a instalação das tropas.

Convém, então, providenciar sobre tudo que possa facilitar esta instalação: os estacionadores preparam-na em detalhes, aproximam-se os trens, fazem-se as distribuições, tanto quanto possível antes do anoitecer.

As tropas repousam de dia, quando tiverem marchado à noite.

Para cada grande unidade ou grande agrupamento é reservada uma zona de estacionamento. Em cada escalão esta zona é repartida pelos elementos subordinados. As tropas instalam-se conservando o mais possível os lanços táticos.

As cobertas são aproveitadas cuidadosamente para escapar a observação aérea. Quando os bombardeios de artilharia ou da aviação são possíveis, evita-se o agrupamento de tropa em espaços restritos.

Empregam-se todos os esforços para abrigar primeiramente os homens; mas para evitar o esgotamento rápido das armas montadas é preciso não desprezar nenhum recurso que permita a proteção dos cavalos, contra as intempéries.

ARTIGO II

DIVERSOS MODOS DE ESTACIONAMENTO

250. A tropa estaciona em bivaque, em acampamento e em acantonamento :

– em bivaque, quando se instala ao ar livre e sem abrigo ou sob abrigos improvisadas;

– em acampamento, quando arma barracas;

– em acantonamento, quando ocupa lugares habitados e se aloja nos edifícios.

Quando os recursos de um acantonamento são insuficientes, aproveitam-se os abrigos existentes e os elementos excedentes bivacam perto. Denominam-se acantonamento bivaque.

Uma tropa estacionada deve estar instalada nas melhores condições possíveis de higiene e repouso, em qualquer um dos modos de estacionamento; deve ficar em estado de marchar ou combater,  prontamente.

Quando os cavalos não podem estacionar perto dos cavaleiros (fim de combate, em uma frente organizada, nos postos avançados para algumas unidades), o estacionamento dos cavalos de mão têm a maior importância. As prescrições que o regulam acham-se no n. 255.

Em fim de combate, as tropas estacionam geralmente na própria posição; é quase sempre perigosa a instalação em acantonamentos próximos da frente; o bivaque torna-se a regra para as unidades que constituem a linha de combate.

Em uma frente organizada as tropas são mantidas perto das posições de combate; ocupam os abrigos existentes ou fazem outros, quando necessário.

ARTIGO III

ORGANIZAÇÃO DO ESTACIONAMENTO

Escolha dos pontos de estacionamento

251. Os estacionamentos da cavalaria são colocados nas proximidades de aguadas, riachos, lagoas, etc., ou nas localidades que tenham água suficiente.

Na falta de outras indicações pode-se avaliar a capacidade dos lugares cobertos à razão de um homem para dois metros quadrados e de um cavalo para três metros quadrados. Na maior parte das regiões, a proporção entre as estrebarias e os lugares de habitação, etc., é tal que o acantonamento dos homens estará assegurado desde que se encontrem os abrigos suficientes para os cavalos.

A localização dos bivaques depende da situação tática e do terreno. Instalam-se os bivaques ao abrigo das vistas do inimigo e de preferência nos terrenos ligeiramente inclinados, com saídas faceis e ao alcance d’água e lenha. O fundo dos vales, as terras preparadas para a lavoura, e as planícies artificias não servem. Evita-se tambem a escolha de lugares próximos a pontos notáveis do terreno (encruzilhadas, observatórios, etc. ), especialmente expostos aos bombardeios do inimigo e à sua observação aérea.

Quando uma mata satisfaz as condições para bivaque e dispõe de comunicações faceis, há vantagem em utilizá-la para esse fim, sob a condição de exercer a vigilância sobre os fogos; pode-se assim dissimular a tropa que a ocupa, ou pelo menos uma parte dela.

Em terrenos descobertos os bivaques devem ser instalados irregularmente ao lado dos pequenos matos, nos jardins, e bem, disfarçados para escaparem à observação aérea. Evita-se a formação de caminhos novos que chamariam a atenção dos reconhecimentos da aviação.

Os terrenos da aviação nunca devem ser utilizados para estacionamento das tropas.

Regras gerais para os acantonamentos

252. Nos acantonamentos são reservados setores distintos para cada corpo, que por sua vez distribue as unidades subordinadas por setores menores.

Os dois lados de uma mesma rua são dados à mesma unidade, sempre que possível.

Nas localidades utiliza-se toda a superfície coberta. Os oficiais acantonam no setor de sua tropa. Os oficiais generais e seus estados maiores instalam-se nos locais em que se encontram as respectivas secções ou perto delas.

Os alojamentos dos oficiais generais e dos estados-maiores são assinalados por letreiros e bandeirolas e lanternas regulamentares (anexo II ao R. S. C.), devidamente disfarçadas para escaparem à observação aérea. Tomam-se as mesmas providências quanto às ambulâncias.

As diversas taboletas indicadoras (ou letreiros a giz) são colocadas pelos estacionadores logo que estes chegam ao local ou quando a tropa chega ao estacionamento; essas taboletas são retiradas e os letreiros apagados assim que as unidades deixam o acantonamento (n. 152 do R. S. C. ).

As placas ou inscrições devem indicar os postos de polícia e socorro, os diferentes serviços e os alojamentos dos oficiais, etc.

Nas esquinas colocam-se setas indicadoras das direções mais importantes (localização do Estado-Maior, alojamento do comandante do acantonamento, postos de polícia, bebedouros, localidades vizinhas, etc.).

Cada corpo tem sua guarda instalada na proximidade do comando da unidade.

Quando vários corpos estacionam reunidos em um mesmo acantonamento, estabelece-se um posto central, destinado a assegurar a transmissão das ordens do comando.

O posto central deve ficar situado no centro de acantonamento, em geral no edifício da Intendência (ou Prefeitura). Os órgãos de comando do acantonamento instalam-se nas proximidades desse posto, afim de serem facilmente encontrados.

Em princípio as viaturas dos trens de combate e de estacionamento das unidades acantonam com estas; as outras viaturas estacionam em um lugar escolhido fora das ruas e estradas e desenfiada das vistas aéreas.

A ordem de estacionamento prevê um local para a reunião das viaturas em caso de partida.

Regras gerais para os bivaques

253. Instala-se um bivaque de unidade de cavalaria de preferência sob arvoredos e em forma regular, de modo que facilite a ordem e a disciplina.

Quando se estabelece um bivaque em terreno descoberto, ele é constituido, para o regimento ou esquadrão, pela juxtaposição de pelotões, secções de metralhadoras e mesmo grupos de combate e esquadras, dispostos irregularmente ao longo das cercas vivas, alinhamentos de árvores, etc. e aproveitando todos os abrigos e cobertas, tanto quanto possível dissimulados.

No regimento, na ala de regimento e no esquadrão, os pelotões são dispostos em profundidade ou em largura ou ainda em qualquer outra disposição que não prejudiquem os laços táticos, guardando intervalos e distâncias, variaveis segundo o terreno e suficientemente grandes para atenuar os efeitos dos bombardeios.

Os bivaques das unidades de artilharia, dos autos-metralhadoras e das viaturas dos trens são escolhidos perto das estradas, que devem permanecer desembaraçadas depois de verificado que suportam o trânsito daquelas viaturas; empregam-se os disfarces necessários para dissimular os parques às investigações aéreas.

São terminantemente proibidos os dispositivos de forma geométrica.

As regras gerais dos acantonamentos aplicam-se aos bivaques, completadas pelas seguintes indicações:

– o oficial encarregado da repartição do bivaque indica aos diferentes corpos os locais em que devem bivacar, evitando misturá-los ou apertá-los:

– cada chefe de estacionadores demarca os limites do bivaque de sua unidade.

Regras gerais para o acantonamento-bivaque

254. As tropas instalam-se em acantonamento-bivaque quando os recursos de um acantonamento não chegam para abrigar a totalidade dos unidades.

O acantonamento-bivaque é preparado e repartido da mesma forma que o acantonamento comum.

Convém, em principio, repartir a superfície coberta de modo a contemplar o maior número possível de unidades, porque assim até o próprio pelotão pode dispor de um abrigo parcial e utilizá-lo da melhor forma,

Tratando-se, por exemplo, de um regimento, a localidade é repartida em setores equivalentes para serem entregues, um a cada esquadrão.

Os capitães comandantes dos esquadrões aproveitam completamente as habitações que lhes são atribuidas e abrigam o maior número possível de homens e cavalos, que tenham mais necessidade de repouso, assim como a cozinha e as armas.

Os elementos que não podem ficar abrigados bivacam nos pateos e jardins, perto das casas onde se achar em alojados os elementos acantonados de seus pelotões ou esquadrões, deixando livres as ruas ou caminhos.

Regras gerais para o estacionamento dos cavalos de mão

255. Quando os cavalos não podem estacionar nas proximidades imediatas de suas unidades, a autoridade que determina a condução deles para a retaguarda deve assegurar o comando do grupo de cavalos de mão e tambem o enquadramento, de acordo com as prescrições contidas na primeira e segunda partes deste Regulamento.

O oficial ou graduado comandante do grupo de cavalos de mão reparte o terreno pelos grupos de cavalos das diferentes unidades, de modo que fiquem articulados e possam escapar às observações aéreas. Providencia sobre a forragem, a água e outros cuidados dos animais.

A posição escolhida deve ser acessivel às viaturas dos trens de combate e de estacionamento e situada perto de aguada, sempre que possível.

A ligação com os combatentes a pé deve ser permanentemente mantida.

Ordem para estacionamento

256. As ordens de estacionamento indicam :

– a situação geral:

– a zona geral do estacionamento atribuida a cada unidade imediatamente subordinada, a localização de seu Estado-maior e da autoridade que dá a ordem; quando é preciso, o modo de estacionamento;

– as medidas gerais de segurança (destacamento de segurança, defesa contra aviões, contra autos-metralhadoras, contra os gases;

– as ligações e transmissões a estabelecer ;

– as disposições em caso de ataque aéreo ou terrestre;

– as condições de execução do reabastecimento e evacuações;

– eventualmente, a hora em que as unidades deverão estar prontas para partir na  manhã seguinte.

Estacionadores

257. O pessoal encarregado de reconhecer e preparar um estacionamento ou bivaque constitue a turma de estacionadores.

A turma de estacionadores de um regimento de cavalaria compõe-se de um, oficial (o ajudante) assim como de um sargento, um cabo e 4 cavaleiros por esquadrão ou esquadrão de metralhadoras.

Essas composições podem ser modificadas de acordo com as circunstâncias. Geralmente a turma de estacionadores é reforçada pelo elemento designado para guarda do acantonamento ou bivaque. Quando é possível, um ferrador acompanha os estacionadores.

Em alguns casos, principalmente quando convém ocupar imediatamente os edifícios dos telégrafos e dos telefones ou quando há necessidade de preparar as ligações, pode ser anexado um destacamento de transmissões.

Quando várias unidades devem acantonar na mesma localidade, é conveniente que os estacionadores constituam um único destacamento, sob o comando do oficial mais graduado.

Um oficial do serviço de saúde da unidade a acantonar é geralmente designado para estudar previamente as medidas relativas à higiene das tropas no estacionamento.

Preparação do acantonamento ou do bivaque

258. Chegando à localidade em que a tropa deve acantonar, o oficial estacionador faz um reconhecimento rápido e entra em ligação direta com a autoridade que está à testa da localidade; se houver tempo e existirem plantas, estuda o modo mais conveniente de distribuir os acantonadores.

Procede em seguida à repartição do acantonamento entre o grupo do comando, os esquadrões e o esquadrão extranumerário designando para cada sub-unidade um quarteirão diferente, mas de forma que os dois lados de uma mesma rua fiquem para o mesmo esquadrão. Aproveita as fábricas e as grandes fazendas para nelas estabelecer esquadrões inteiros, pois assim facilita a vigilância e as reuniões.

Instala, em princípio, o comandante, os oficiais do estado-maior e o grupo de comando, no centro do acantonamento.

Escolhe um ponto central para o posto da guarda. Designa o local para a instalação do posto de socorro. Determina a colocação dos parques das viaturas, perto do posto, mas fora das ruas e estradas.

Reconhece ou faz reconhecer os bebedouros, as aguadas potaveis, e os lugares próprios para lavagem de roupa. Quando são necessários alguns trabalhos, manda executá-los pelos habitantes ou pelos cavaleiros a sua disposição.

Depois de haver tomado todas essas providências faz organizar um quadro contendo as informações uteis à tropa : quarteirão que cada esquadrão ocupa, indicações sôbre os alojamentos do comandante, do médico e do veterinário de serviço, posição dos bebedouros, da guarda, do parque das viaturas, dos pontos de distribuição, etc.

Coloca um exemplar deste quadro de informações na guarda e remete outros ao comandante da coluna.

Ultimada a preparação do acantonamento, vai ao encontro do comandante da coluna para informá-lo do desempenho de sua missão.

Quando uma localidade deve ser ocupada por vários corpos, a repartição do acantonamento é feita pelo oficial especialmente designado pelo comando ou pelo mais graduado dos chefes de turmas de estacionadores.

Este oficial executa essa repartição de acordo com as necessidades de cada corpo ou serviço; determina, se for preciso, o lugar do posto central e o dos parques das diversas unidades; reserva, eventualmente, os principais edifícios para fins especiais tais como para a instalação do quartel-general que porventura fique na localidade.

O sargento estacionador do esquadrão extra determina o acantonamento dos diversos grupos do esquadrão extranumerário; reconhece e divide os locais designados para os parques; reconhece os alojamentos do comandante do regimento e providencia sobre a instalação do estado-maior.

Em cada ala de regimento um sargento providencia sobre a instalação do comandante da ala e do seu grupo de comando.

Os sargentos estacionadores dos esquadrões reconhecem as casas do quarteirão distribuido às suas sub-unidades; fazem divisão pelos pelotões ou secções de metralhadoras, evitando misturá-las.

Alojam, sempre que possível, no mesmo edifício, fábrica, etc., elementos constituidos (pelotão, secção de metralhadora, grupo de combate, esquadra).

Indicam como letreiros, a giz ou placas na porta da casa, o número do esquadrão, pelotão, número de homens e de cavalos que a casa pode abrigar.

Indicam da mesma forma, os nomes e graduações dos oficiais, na porta da habitação que lhes servirá de alojamento e que deve ser escolhida no centro de sua tropa.

Antes da partida das tropas todas essas inscrições serão apagadas cuidadosamente e todas as placas serão retiradas para que não revelem a composição da tropa que ocupou a localidade.

Depois de terminada a preparação do estacionamento, os sargentos vão ao encontro de suas unidades, para conduzí-las diretamente a seus setores.

Quando os elementos destinados às guardas tiverem acompanhado os estacionadores, instalam-se imediatamente sentinelas uns saídas do acantonamento para impedir que os habitantes se retirem ou se comuniquem com o exterior.

O destacamento de transmissões ocupa os edifícios dos correios, telégrafos e telefones; apreende os postos de T. S. F. e a correspondência postal.

Quando a tropa deve bivacar, o chefe dos estacionadores determina e faz demarcar os lugares destinados a cada esquadrão. Reconhece os bebedouros e manda executar os trabalhos necessários, pelos cavaleiros à sua disposição ou pelos próprios habitantes. Indica, por meio de balizas, os poços e fontes.

Instalação no acantonamento

259. Depois de haver recebido o relatório do chefe da turma de estacionadores, o comandante da unidade ou destacamento dá ordem para a instalação do acantonamento e vela para a sua rápida execução. Em princípio, a tropa só deve entrar no acantonamento após o regresso do chefe da turma de estacionadores.

A ordem do estacionamento determina primeiramente as medidas de segurança no interior do acantonamento, o ponto de reunião em caso de alerta, e os itinerários que a ele conduzem. Determina eventualmente o serviço a executar, as medidas de ordem e de polícia, a hora das visitas médicas e veterinárias, a posição dos bebedouros e todas as indicações uteis aos oficiais e praças.

A guarda vai tomar imediatamente posse de seu posto, se ainda não o fez. Quando há prisioneiros, eles são encarcerados na própria casa da guarda ou em outra que lhe fique perto, mas sob a condição de ficarem separados os graduados das outras praças.

Os esquadrões, guiados pelos respectivos sargentos estacionadores, entram nos quarteirões designados e se instalam.

Cada capitão inspeciona rapidamente o seu acantonamento, modifica a repartição preparada quando julga conveniente, dá as ordens necessárias para a instalação, fixa o ponto de reunido para o esquadrão, o local de seu posto de comando, assim como o do trem de combate, dos serviços da ferraria, etc.

Cada comandante de pelotão dirige pessoalmente a instalação de sua unidade; providencia para que os homens fiquem perto de seus cavalos de preferência nos pavimentos térreos; escala os cavalariços necessários, recomendando-lhes principalmente as precauções para evitar incêndio, determina o ponto de reunião do pelotão e mostra o seu próprio alojamento. Os graduados instalam-se com as frações que comandam.

Os letreiros afixados nas esquinas indicam as direções dos diversos esquadrões, do posto do comandante do regimento, do posto de polícia, dos bebedouros, etc. Quando não houver tempo para enviar os estacionadores, o comandante da tropa reparte aproximadamente os recursos da localidade, de acordo com a carta e as informações colhidas das autoridades civis.

Durante esse tempo empregado no reconhecimento e divisão de acantonamento os animais bebem e comem a ração de milho e os homem comem uma refeição fria.

A entrada no acantonamento deve ser feita o mais cedo possivel sem qualquer preocupação de perfeição na repartição. Melhora-se a instalação se a tropa demora sua estadia.

Desde que as unidades estejam instaladas no acantonamento. os cavalos são cuidadosamente tratados, qualquer que seja o estado de fadiga da tropa.

Tratando-se de uma parada de curta duração os comandantes de unidades providenciam para que os animais comam e bebam.

O estacionamento devendo, porem, prolongar-se, desencilham-se os cavalos e dá-se-lhes massagem no dorso e nas membros. Se a tropa deve permanecer estacionada, os cavalos recebem cuidados completos.

Cada comandante de esquadrão inspeciona rapidamente o acantonamento de sua unidade e apresenta um relatório da instalação  ao seu chefe imediato.

Os esquadrões destacam um agente de transmissões para junto do comandante do regimento, assim que chegam ao acantonamento.

Estabelecem-se as comunicações telefônicas entre os comandantes das unidades e os generais, quando for possivel.

Instalação do bivaque

260. A instalação do bivaque obedece às mesmas regras que a do acantonamento, acrescidas das indicações seguintes :

– Modo de prender os cavalos: processos da corda de acampamento e do anel de bivaque. Empregando-se a corda de acampamento e as estacas regulamentares com argolas, consegue-se rapidamente um recurso para prender os animais. Na falta do material regulamentar pode-se improvisar facilmente com as cordas de forragem e estacas obtidas no próprio local. O anel de bivaque consiste no aproveitamento de um estribo para nele amarrar os cavalos em círculo; improvisa-se tambem um anel feito de corda.

Podem ser amarrados cerca de 12 cavalos encilhados ou 16 desencilhados em cada anel de bivaque.

Os cavalos ariscos e irrequietos não devem ser presos com os outros, seja na corda de acampamento, seja no anel de bivaque. Esses animais ficam amarrados separadamente em uma árvore, estaca ou mesmo dois a dois, isto é, a rédea de um presa na cilha do outro e reciprocamente, excetuados deste último processo os cavalos inteiros.

Formações de bivaque

261. Instala-se o bivaque, em princípio, de acordo com as regras do n. 259.

As formações regulares mencionadas abaixo figuram apenas como indicação. Correspondem a condições excepcionais de emprego.

As unidades de pequenos efetivos (pelotão, secções de metralhadoras, etc.) poderão utilizá-las para bivaques sob grandes cobertas, como matos altos, por exemplo.

Bivaque de pelotão

262. O pelotão bivaca em batalha, com os cavalos presos na corda ou no anel.

1º Processo da corda – Estando o pelotão em batalha ou em uma fileira, o respectivo comandante manda colocar todos os cavalos na fileira, inclusive os seus e os cargueiros. Os cavaleiros apeiam e estendem a corda de acampamento, para que os cavalos sejam amarrados de um lado só, sempre que isso é possivel.

Arrumam-se os arreiamentos a 20 metros à retaguarda dos respectivos cavalos (Fig. 1) :

As partes inferiores das selas, as mantas, etc. não devem ficar em contacto com o terreno.

Colocam-se as armas, os equipamentos e as máscaras contra os gases, etc., a um metro à retaguarda dos arreiamentos; organizam-se as barracas para os homens a 10 metros atrás das armas.

Durante a noite, os cavaleiros guardam nas próprias barracas os mosquetões e máscaras.

Arrumam-se as rações de forragem a 10 metros atrás dos cavalos e do lado oposto aos arreiamentos.

Constroem-se as latrinas em um dos lados do bivaque, na direção dos ventos.

Abrigos

Armas e equipamentos

Arreiamentos

Cavalos

Forragem

 Fig.1

2º Processo do anel – Estando o pelotão em batalha, o respectivo comandante manda colocar todos os cavalos na fileira, inclusive os seus e os cargueiros e depois ordena abrir fileiras e apear.

Cada grupo de combate (ou esquadra, segundo a ordem) forma em círculo e os cavalos são amarrados em volta do anel de bivaque.

Os arreiamentos, equipamentos, abrigos, forragens, etc., são arrumados em várias linhas como no bivaque pelo processo da corda.

Bivaque da secção de metralhadora (17)

263. A secção, em coluna por peça, é conduzida para a posição do bivaque, normalmente à linha que os cavalos devem ocupar; faz alto 10 metros antes de atingir esta linha.

A segunda peça desvia e coloca-se a 20 metros à esquerda da primeira.

Em cada peça, o chefe de peça e os serventes da primeira fileira colocam-se à esquerda e à altura da parelha guia; os serventes da segunda fiIeira colocam-se à direita e à altura da parelha guia, deixando o espaço necessário aos cavalos da parelha tronco.

O chefe da secção, os graduados e cavaleiros do grupo de comando são repartidos entre as duas peças e colocam-se à esquerda da fileira dos cavalos.

Todos apeiam e os condutores desatrelam. Os cavalos são amarrados pelo processo da corda de acampamento ou do anel de bivaque (um por peça).

As barracas, viaturas, equipamentos, arreiamentos e as rações de forragem são dispostas como no pelotão.

As viaturas permanecem carregadas, salvo quanto ao material necessário à defesa anti-aérea; colocam-se os arreiamentos aos pares sobre os varais das respectivas viaturas.

Abrigos

Viaturas armas e equipamentos

Arreiamentos

Cavalos

Barragem

Fig. 2

Bivaque do esquadrão

264. A formação de bivaque normal de um esquadrão com secção de metralhadoras ou sem ela, ou de um esquadrão de metralhadoras, é obtida pela juxtaposição dos bivaques dos pelotões ou secções de metralhadoras em linha ou em colunas, com ou sem intervalos.

Neste caso :

– os cavalos do grupo de comando e dos trens de combate e de estacionamento são colocados à esquerda dos seus pelotões ou secções respectivas;

– a guarda e as viaturas (trens de combate) do esquadrão ficam em um dos lados, a, 20 metros do bivaque;

         as barracas dos oficiais são organizadas a 10 metros atrás da guarda de polícia;

_________________

(17) Transportada em viatura. A secção de metralhadora em eragueiro bivaca como um pelotão.

– as cozinhas são colocadas segundo a direção do vento, normalmente em um dos lados do esquadrão; arrumam-se as forragens do lado oposto às cozinhas; as latrinas a 60 metros, de um dos lados do bivaque;

– o esquadrão extranumerário bivaca em um dispositivo análogo ao dos esquadrões de cavalaria.

O estado maior, o grupo de comando e a secção de veterinária bivacam como os pelotões de um esquadrão.

O comando e os serviços do esquadrão extranumerário, o serviço de aprovisionamento e a secção de saúde bivacam como as unidades de metralhadoras.

Acantonamento de alerta

265. Quando uma tropa acantona perto do inimigo, e por conseguinte sob o risco de partir rapidamente, instala-se em acantonamento de alerta.

Quando não há receio dos tiros de artilharia utilizam-se os grandes edifícios que podem abrigar pelotões ou mesmo esquadrões inteiros.

Os cavaleiros deitam-se uniformizados, junto de seus cavalos, e prontas a empunhar as armas; os condutores ficam perto das viaturas e os oficiais com a tropa.

As portas das casas ocupadas permanecem abertas; abrem-se saídas suplementares, quando necessário.

A iluminação interna das casas deve ser assegurada mas com as precauções necessárias para que escape à observação aérea e terrestre do inimigo.

Os cavalos ficam encilhados e as viaturas atreladas, quando a situação exige.

Cada esquadrão desfaça um graduado para junto do comandante do regimento.

Dão-se ordens precisas para o caso da bombardeio aéreo; fixa-se geralmente, para cada unidade, um ponto de reunião fora da localidade e perfeitamente conhecido por todos

Prescrições especiais para as pequenas unidades

266. Os elementos de pequeno efetivo e os pequenos destacamentos momentaneamente separados de seus corpos, são normalmente anexados a uma unidade designada pelo comando para efeito dos reabastecimentos de víveres e munição, dos cuidados médicos e veterinários e das evacuações. Quando não há essa designação, o chefe do destacamento apresenta-se ao comandante do acantonamento mais próximo e solicita as providências de que necessitar.

Alimentação dos homens

267. Em companhia, quando as tropas não são providas das cozinhas-rolantes, organizam-se cozinhas, por esquadrão, por pelotão, por grupo de combate e mesmo por esquadra.

Um oficial por esquadrão, assistirá, em princípio, à distribuição das refeições às sub-unidades.

ARTIGO IV

PRESCRIÇÕES RELATIVAS ÀS UNIDADES AUTOMÓVEIS

Escolhas dos pontos de estacionamento

268. Os pontos de estacionamento para as unidade automóveis devem oferecer facil acesso, água suficiente para limpeza do material e terreno consistente.

Preparação do estacionamento

269. O chefe dos estacionados reconhece e fixa os locais de estacionamento ou de parques para os veículos automóveis. Esses locais devem ser escolhidos em terreno resistente, de preferência calçados ou empedrados que permitam facil partida mesmo com chuva.

Deve ser preocupação constante a utilização de matos e cobertas para esconder o material as vistas aéreas.

270. O chefe dos estacionados fixa, igualmente, a localização das viaturas cisternas e oficinas.

As viaturas cisternas e as de munição, quando cheias, são colocadas longe dos outros veículos e das casas.

O local, para instalação da oficina deve ser tal  que permita:

– instalar sem prévia preparação os caminhões, oficinas e depósitos assim que cheguem (o que permitirá que os operários iniciem, sem tardança, o trabalho;

– facial acesso aos veículos sujeitos a reparações;

– trabalhar longe do movimento do pessoal estranho às oficinas;

– área suficiente para o movimento dos veículos que devam ser reparados.

271. Os sargentos chefes de turma efetuam o reconhecimento do local de estacionamento das respéctivas unidades. Terminada a preparação do estacionamento, o oficial chefe dos estacionadores organiza um quadro de informações que será submetido ao comandante da coluna e, depois de aprovado, remetido ás unidades interessadas, assim que cheguem. Esse quadro indicará, particularmente:

– alojamento dos oficiais mecânicos;

– localização da oficina e itinerários que a ela conduzam;

– locais das aguadas;

– localização das cisternas e viaturas munição (cheias);

– hora de distribuição de gasolina e óleo;

– visita automovel ;

– medidas que devem ser tomadas em caso de incêndio;

– medidas que devem ser tomadas em caso de alerta.

A esse quadro pode ser anexado um esboço que indique a repartição  geral do estacionamento, as vias que dão acesso ao estacionamento e o sentido da circulação.

Chegada e instalação

272. O chefe dos estacionadores vai ao encontro do comandante da coluna e informa-lhe sobre as medidas que tomou.

O comandante da coluna, que deve preceder á tropa, faz um reconhecimento rápido e, antes da chegada desta, dá a “Ordem de estacionamento”.

Ele fixa, se tiver cabimento, um ou vários pontos de deslocamento, levando em conta o sentido da circulação e a necessidade de evitar que as colunas façam meia volta para entrarem na direção ulterior de marcha.

273. As unidades quando chegam são guiadas para seus lugares pelos estacionadores.

Se as viaturas forem colocadas em zona que deva ser preparada, dispostas em grupos com 5 metros de intervalos no mínimo e, se possivel, em várias fileiras distantes umas das outras, tambem de 5 metros, no mínimo.

Os intervalos e distâncias entre os esquadrões são dobrados sempre que possível.

Se as viaturas forem colocadas em zona que deva ser preparada, os trabalhos obedecerão à seguinte ordem:

 – dissimulação máxima dos locais das viaturas;

 – melhoramentos das vias de acesso;

 – preparação do terreno para escoamento das aguas pluviais;

   medida contra perigo de incêndio, isto é, colocação de montículos de areia ou terra, de longe em longe, na proporção de uma para 10 viaturas.

Quando as viaturas devem ficar na estrada podem ser dispostas:

1º Si a largura da estrada permite, em batalha, perpendicular ou obliquamente ao seu eixo.

Este processo proporciona facil partida para cada veículo, diminue o comprimento do parque mas  somente é aplicavel quando a estrada tem leito largo e mangues consistentes.

  Em regra, sobretudo quando se chega á noite, as viaturas são postas em coluna, no lado direito da estrada, a 3 metros de distância, deixando-se livres as saidas das casas, páteos, entradas de caminho e viradouros.

Para os veículos qualquer-terreno, que podem sair facilmente das estradas, é de todo interesse aproveitar-se os campos e cobertas existentes nas imediações, quando se chega de dia.

Regras gerais para o estacionamento das viaturas de transporte de tropas

274. Sempre que as viaturas de transportes não possam estacionar nas proximidades imediatas dos combatentes a pé, cabe ao chefe que as envia para à retaguarda, regular-lhes o comando e o enquadramento (18).

O oficial que comanda os escalões de viaturas articula-os em formações tão dispersas quanto lhe permitam o  terreno (viaturas Q. T.) e a rede de estradas (caminhões comuns) e esforça-se por dissimulá-los às vistas aéreas.

(18)  De acordo com os princípios enunciados na 2ª parte.

Em todos os escalões o estacionamento é aproveitado para o reabastecimento de gasolina e agua.

A ligação com os combatentes a pé deve ser constantemente mantida.

ARTIGO V

SERVIÇOS NOS ESTACIONAMENTOS

275. Nos bivaques, acampamentos e acantonamentos, aplicam-se as disposições do R. I. S. G., em tudo que não for contrário no presente regulamento.

Nenhum oficial ou praça pode afastar-se da bivaque, acampamento ou acantonamento sem autorização do comandante do corpo.

Comando do acantonamento, acampamento ou bivaque

276. Em qualquer local de estacionamento, o oficial mais graduado é o comandante do acantonamento, acampamento ou bivaque.

Compete-lhe ordenar o serviço geral concernente à proteção, disciplina e medidas higiênicas, sem intervir no serviço interno dos Corpo.

Quando é oficial general o comandante de um estacionamento em que se acham reunidos muitos corpos, ele designa um oficial superior para secundá-lo, sob o título de sub-comandante do acamtonamento, acampamento ou bivaque.

Serviço de dia

277. As guardas, destacamento e fachinas são sempre fornecidos por fracções constituidas.

Escalam-se diariamente em cada regimento de cavalaria, meio esquadrão para fornecer as guardas e piquetes. Denomina-se esquadro de dia.

Em cada corpo o comandante do esquadrão de dia tem a seu cargo as distribuições e é auxiliado pelo pessoal de dia às companhias ou esquadrões.

O comandante do esquadrão de dia tem a guarda às suas ordens e fiscaliza os seus postos.

Em cada esquadrão um oficial de dia é encarregado de receber os gêneros e forragens destinados á sub-unidade. Complete tambem assistir às revistas determinadas para o esquadrão e comunicar ao capitão todas as ocorrências do serviço.

Guardas

278. Nos estacionamentos há um serviço de guarda fornecido pela subunidade de dia.

O efetivo da guarda é geralmente de um grupo de combate par a um regimento e de uma esquadra para um esquadrão isolado.

A guarda dispõe sempre de um clarim.

Quando necessário, cada esquadrão destaca ás noite, para junto da guarda, um agente de transmissão conhecedor dos alojamentos dos oficiais.

As guardas têm o encargo de manter a ordem no estacionamento, vigiar os trens e comboios e custodiar os presos.

O comandante da guarda subordinar-se às ordens do capitão quanto às rondas e patrulhas em serviço durante o dia, e vela para que, durante a noite, todas as luzes sejam cuidadosamente disfarçadas e nenhum fogo seja aceso antes de clarear o dia.

Manda vigiar os cafés e botequins e evacuá-los ao anoitecer.

Interroga os indivíduos suspeitos detidos pelas sentinelas e os envia, quando preciso, ao capitão de dia.

Mantem sob vigilância os homens presos e entregues à guarda.

Ao amanhecer comunica as ocorrências no capitão de dia.

Fornece as sentinelas necessárias, particularmente para a frente do posto, para os trens, para a manutenção da ordem, para a fiscalização dos pontos onde se encontra água e para os edifícios públicos, quando reforçada pela sub-unidade de dia; pode ainda estabelecer postos para impedir que as praças ultrapassem os limites do acantonamento ou do bivaque.

A guarda não comparece às distribuições; as rações que lhe cabem são recebidas e levadas à guarda pelo piquete.

Na maioria dos casos, as praças da guarda tratam dos seus cavalos, alojados nas proximidades do posto; no bivaque os cavalos são presos em lugar próximo à guarda.

Piquete

279. A fracção disponivel da sub-unidade de dia, chamado piquete, destina-se a fornecer destacamentos e guardas extraordinários e os soldados precisos para transporte de viveres ou rancho para as guardas.

O piquete fica às ordens do capitão da sub-unidade de dia e à disposição do oficial superior de dia.

Os oficiais e praças do piquete mantêm-se sempre armados e equipados e os cavalos prontos para serem selados.

Permanecem assim em condições de empunhar as armas e montar rapidamente. Os cuidados com os cavalos, bem como com a alimentação do homens, são ordenados de acordo com essa situação especial.

Revezamento das unidades

280. Para evitar fadigas excessivas, o comando manda alternar as unidades entre si na execução dos diferentes serviços. Quer em marcha, quer em estacionamento, as frações constituidas que compõem a coluna alternam-se nos diversos serviços de segurança e de dia.

Guarda dos presos

281. As praças castigadas com prisão simples ficam recolhidas a local apropriado e sob a vigilância de uma guarda.

As que tiverem de responder a conselho são entregues à polícia para serem conduzidas à prisão do Q. G.

Medidas de ordem

282. Nos estacionamentos, o comando, em todos os graus de hierarquia, deve assegurar rigorosamente a ordem, a disciplina e a higiene.

Tomam-se medidas severes contra incêndios. Preparam-se depósitos dágua para esse fim.

É proibido fumar em lugares que contenham palha ou quaisquer outras matérias de fabril combustão. As velas devem ser sempre colocadas em lanternas.

Os oficiais e sargentos fiscalizam o tratamento cuidadoso doa cavalos. Velam pela conservação do equipamento, das armas e ferraduras; pelo asseio corporal e medidas de higiene; pelos cuidados com o arreiamento as viaturas, a munição e os víveres de reserva; inspecionam o estacionamento.

Quando acantonados devem procurar manter a harmonia entre os habitantes e os soldados.

São reprimidas rigorosamente as infracções das medidas sanitárias ordenadas.

Proibem-se os toques de clarim, salvo em caso de alarme.

A tropa permanece em condições de imediatamente pegar em armas. Os equipamentos ficam preparados todas as noites, de modo que possam ser rapidamente completadas e carregados; arrumam-se individualmente os arreiamentos, de sorte que seja possível encilhar prontamente os animais.

Os comandantes de unidades devem reconhecer, quando chegam ao estacionamento, as direções dos caminhos e estradas existentes. Indicam, para as suas respectivas unidades, o local de reunião, que deve ser conhecido por todos, afim de que possam com facilidade, e mesmo à noite, entrar em forma ao primeiro sinal. Nesse mesmo local fazem as reuniões para as partidas, revistas, etc. Designam-se, igualmente, um ou mais lugares de reunião para o agrupamento de toda a tropa em caso de alerta.

Os itinerários para esses pontos são previamente reconhecidos.

Todas as sentinelas devem saber indicar o caminho do posto central.

Fazem-se duas chamadas diariamente: uma de manhã, ao despertar ou na formatura para a partida, e outra à noite, na hora fixada pelo comando. Este pode determinar revistas extraordinárias e incertas.

É essencial não perturbar o repouso da tropa à noite com transmissão de ordens, que são comunicadas apenas aos oficiais encarregados de preparar-lhes a execução.

Salvo ordem contrária, todas as manhãs, à hora fixada pelo comando, os esquadrões formam nos seus pontos de reunião, prontos para partir. É nesse ponto que se transmitem as ordens que não foram dadas na véspera.

 Excetuam-se dessa regra apenas as unidades ou destacamentos que tenham de partir antes da hora fixada, caso em que o despertar é feito, à hora precisa pelos plantões ou sentinelas.

PRESCRIÇÕES DE PORMENORES PARTICULARES ÀS UNIDADES AUTOMOVEIS

Serviço de guarda

283. A guarda fornece sentinelas para a guarda de viaturas, na proporção, em princípio, de uma por esquadrão.

Uma sentinela especial é destacada, si necessário, para guardar caminhões de essência e os carregados com munições. Desde a chegada ao estacionamento, o chefe do posto recebe ordens relativas às providências a tomar em caso de incêndio e de alarme; reconhece a localização das bombas e o acantonamento do piquete de incêndio. Recebe ordens particulares relativas principalmente à circulação de viaturas isoladas. Nenhuma viatura deve deixar sua posição, salvo para um serviço determinado.

Conservação do material

284. A limpeza e conservação dos veículos, bem como a revista do material pelos oficiais mecânicos, são realizadas em horas determinadas pelo comando.

A revista pormenorizada do material só poderá ser efetuada após ordem do comandante do corpo.

Veículos em pane

285. O chefe do Serviço automovel do corpo dá ordens com relação aos veículos em pane e as providências a tomar no que concerne à sua carga. Cogita, outrossim, dos veículos abandonados na estrada.

Reabastecimento em essência

286. Si o reabastecimento em essência não pode ser feito no decurso da etapa, durante o último alto, será realizado de dia, no estacionamento, obedecendo às condições estabelecidas pelo Chefe do Serviço automovel do corpo.

O reabastecimento em essência não pode ser feito durante a noite, salvo mediante ordem do comandante da tropa, o qual prescreverá todas as precauções a tomar em tal eventualidade.

ARTIGO VI

MEDIDAS DE SEGURANÇA

287. independente das medidas de proteção tomadas para o conjunto do estacionamento, cada comandante de acampamento ou acantonamento toma todas as disposições precisas para garantir a segurança da sua tropa.

Os caminhos ou as circunvizinhanças são guardados por frações cuja importância varia com a situação.

Conforme as circunstâncias estabelecem-se sentinelas, colocam-se postos em trincheiras ou barricadas que interceptam os caminhos ou organizam-se pontos de resistências.

Fica subentendido que essas medidas só são tomadas se não houver inconveniente para a circulação. As trincheiras ou barricadas devem ser construidas, deixando passagem para os agentes de ligação, estafetas, ciclistas, automoveis, em caso de necessidade,

As vias de comunicação ficam desimpedidas e preparam-se caminhos suplementares conduzindo aos estacionamentos.

Todo comandante de posto, ou vedeta encarregado de guardar uma barricada deve saber informar:

– os caminhos que conduzem ao posto de comando do comandante do acantonamento ou bivaque e do posto de Socorro mais próximo;

– o nome da primeira localidade atravessada pela estrada sobre a qual está instalada a barricada.

Em caso de ataque, o comandante da fração atacada dirige a defesa e informa ao comandante do estacionamento.

Este último é o único qualificado para dar ordens de manter ou evacuar o local do estacionamento.

288. Para dissimular a presença da tropa às investigações aéreas durante a noite, todas as luzes são apagadas, mesmo dentro do mato.

A protecção contra os aviões constitue objeto de um plano de defesa, estabelecido pelo comandante do estacionamento, levando-se em conta a necessidade de proteger as tropas e os parques.

Elementos fornecidos por, unidades de metralhadoras são instalados em locais escolhidos, segundo as direções provaveis de ataques de aviões.

Esses locais de vistas extensas são ocupados e preparados de conformidade com as prescrições do emprego das matralhadoras de terra contra aviões.

289. Em caso de bombardeio, cada comandante de unidade faz conduzir seus cavalos para locais abrigados, reconhecidos e fixados com antecedência.

Os homens a pé utilizam os abrigos existentes ou trincheiras preparadas fora do estacionamento. Os abrigos subterrâneos só são ocupados quando houver certeza da sua solidez.

290. Os sinais de alerta são feitos por clarins nas condições seguintes :

Alerta geral :

– alerta contra aviões: uma série de notas breves para o começo da alerta; uma série de notas longas para o fim;

– alerta contra gases: várias séries de tres notas breves, para o começo da alerta e várias séries de tres notas longas para o fim.

Nas localidades importantes onde as notas dos clarins podem não ser ouvidas por todas as tropas interessadas, a alerta é dada por meio dos sinos das igrejas nas seguintes condições :

Para alerta contra aviões :

Uma série ininterrupta de badaladas aproximadas para o começo da alerta e uma série de badaladas espaçadas para o fim.

Para alerta contra gases :

Várias séries de tres badaladas aproximadas, para o começo da alerta e várias séries de 3 badaladas espaçadas para o fim.

Higiene da tropa

291. Acontece frequentemente que as mesmas localidades ou trechos do terreno sejam ocupados sucessivamente por tropas diferentes.

Nestas condições só se pode evitar o desenvolvimento de epidemias, cuja repercussão for-se-ia sentir gravemente no estado geral da tropa, mandando observar regras de higiene extremamente sevéras.

Indicam-se como principais, as seguintes :

a) proibição de beber água que não seja das fontes designadas pelo comando ;

b) a tropa não acantona em casas onde haja ou tenha havido doentes de molestia contagiosa. Tais casas são assinaladas com letreiros afixados pelos estacionadores ou pelas unidades a que pertencerem os enfermos. Conservando-se esses avisos mesmo ao deixar o estacionamento;

c) qualquer caso de moléstia contagiosa ou epidêmica será imediatamente comunicado à autoridade superior, que tornará logo as providencias necessárias;

d) em qualquer estacionamento ou parada prolongada preparam-se latrinas utilizaveis obrigatoriamente, com exclusão de qualquer outro lugar. Cobrem-se cuidadosamente com terra e assinalam-se os pontos dessas latrinas, quando a tropa parte do estacionamento;

e) os detritos dos animais abatidos e os corpos dos animais mortos são enterrados profundamente. Queimam-se os detritos de qualquer natureza.

TÍTULO IV

Cavalaria e Aviação

292. O presente título tem por fim completar, no que se refere à busca de informações e às ligações, as prescrições contidas na segunda parte deste Regulamento, sobre a cooperação da cavalaria e da aviação.

CAPÍTULO I

Cooperação da Cavalaria e da Aviação

ARTIGO I

PROCURA DE INFORMAÇÃO

Exploração

293. A procura da informação ó confiada a uma descoberta terrestre e a uma descoberta aérea, que se conjugam e se completam.

A velocidade dos aparelhos, a extensão da superfície observada de um só golpe de vista e a rapidez das transmissões (T. S. F., mensagens lastradas, etc. ), permitem dar à descoberta aérea um raio de ação maior do que o da descoberta terrestre e prolongar a anão desta alem do contorno aparente do inimigo.

A descoberta aérea é, não só o prolongamento da descoberta terrestre, como tambem sua auxiliar. A descoberta aérea esforça-se para assinalar certos obstáculos e para prevenir a presença de destacamentos inimigos à descoberta terrestre, aumentando-lhe assim as possibilidades e diminuindo-lhe as fadiga.

A colaboração das duas descobertas não deve consistir em atribuir à aviação missões de acompanhamento, mas sim  em empregá-la sob a forma de golpes de sonda de amplitude superar aos que poderiam ser executados por um destacamento de cavalaria.

Mas as condições a que a aviação se acha subordinada (número limitado de aparelhos, duração de vôo restringida pela resistência do pessoal, condições atmosféricas, etc.) não permitem multiplicar as missões confiadas à descoberta aérea.

Si durante um reconhecimento a grande ou média altitude, um aviador pode ver e fotografar os movimentos de elemento de alguma importância, os combóios nas estradas e os trabalhos de organização do terreno, ser-lhe-á porem muitas vezes difícil descobrir os elementos em marcha através dos campos em formações diluidas ou abrigados em cobertas e as tropas em marcha noturna.

A informação negativa da aviação não tem um carater absoluto: significa apenas que o aviador não viu na zona em que voou, nenhuma tropa ou indício da ocupação.

Tomada de contacto

294. Na tomada de contacto, a aviação informa o comandante da divisão, não sómente a respeito dos elementos inimigos com os quais os destacamentos avançados entram em contacto, como tambem, e principalmente, quanto à existência ou não de outros elementos em um raio de ação mais afastado.

Os aviões são geralmente obrigados a voar baixo, afim de acompanharem de perto as unidades de cavalaria; têm mesmo frequentemente que se ligar com os elementos mais avançados e mais imediatamente ameaçados.

Os aviadores, para bem se desempenharem de sua tarefa, precisam conhecer perfeitamente a organização, as possibilidades e os processos da cavalaria. Pode ser vantajoso confiar as missões deste gênero a oficiais de cavalaria, observadores de avião, destacados nas esquadrilhas em cooperação com a divisão de cavalaria.

Exploração do êxito

295. A aviação coopera na exploração do êxito, informando o chefe de cavalaria sobre os movimentos do inimigo que escapam à descoberta terrestre e principalmente quanto aos reforços que estejam em condições de intervir na batalha.

Perseguição

296. Na perseguição a aviação dá o seu maior esforço para permitir que a cavalaria obtenha resultados decisivos. Para que a cavalaria possa durante vários dias repelir e inquietar o inimigo, impedindo-o de se reconstituir, é preciso que não tenha gasto prematuramente seus cavalos em movimentos inuteis.

O comandante da aviação aumenta as saidas, faz voar simultaneamente vários aparelhos e dá a cada um deles uma zona de ação estreita para que possam, voando baixo, esquadrinhar detalhadamente o terreno, assinalar os obstáculos criados pelo inimigos em retirada ou os caminhos que pareçam desembaraçados, designar os objetivos interessantes e os pontos cuja posse convenha efectuar sem demorá.

Nesta fase das operações algumas horas ganhas ou perdidas podem dar resultados incalculaveis.

Ação retardadora

297. Ao combate defensivo, e mais particularmente na ação retardadora, o comando da divisão precisa ser informado :

– sobre as condições em que os primeiros elementos inimigos podem abordar a primeira posição, ou as posições sucessivas sobre as quais tenciona estabelecer-se; e

– sobre o movimento dos grossos do adversário.

A primeira destas missões é realizada pelos elementos de cavalaria em descoberta, enviados até o contacto com os destacamentos avançados inimigos, cujas informações são completadas pela aviação, a única arma capaz de ver alem da linha do contacto.

A segunda missão depende quasi exclusivamente da aviação, que procura descobrir se o adversário, aproveitando-se da cortina constituida pelos seus elementos em contacto, tente desviar os grossos, para lançá-los por outra direção.

O observador deve estar sempre perfeitamente orientado sobre as intenções do comando e especialmente conhecer com precisão as linhas do terreno sobre as quais o comandante de cavalaria pretende deter o inimigo.

 298. Quaisquer que sejam as missões atribuidas a uma grande unidade de cavalaria, as informações colhidas pela aviação, que trabalha em seu proveito, interessam geralmente ao comando e aos elementos avançados simultaneamente e algumas vezes tambem à artilharia.

Não é possível estabelecer previamente uma, ordem de urgência segundo a qual os destinatarios devam receber as informações. Compete ao próprio observador, em cada caso particular, julgar qual é o escalão mais diretamente interessado e, quando preciso, enviar a mesma informação a vários destinatários.

ARTIGO IV

LIGAÇÃO

299. Sob a condição de não lhe pedir serviços incompatíveis com suas possibilidades técnicas, o avião é um ótimo agente de ligação, devido à velocidade e porque não se lhe opõem os obstáculos do terreno. Suas qualidades são particularmente uteis na sua cooperação com a cavalaria.

Seu rendimento, porem, fica subordinado à existência de campos de aterrissagem convenientes. Quando uma grande unidade de cavalaria marcha na direcção do inimigo, os campos de base de sua aviação distanciam-se rapidamente, o que pode prejudicar o rendimento. Há então necessidade de utilizar, quando a situação permite, campos de trabalho, para onde os aviões avançam ao raiar do dia e de onde partem para executar as missões. O aproveitamento prático e completo da ligação aérea exige tambem a existência de campos auxiliares, nas proximidades dos postos de comando. O comando da grande unidade é então muitas vezes levado a fixar os locais sucessivos de seu posto de comando considerando a existência desses campos ou a mandar executar a preparação necessária pelos elementos disponíveis (19).

Na falta de um campo de aterrissagem, utiliza-se o apanha mensagens (n. 307), sempre que o terreno permite.

A ligação aérea comporta:

– ligações no interior da grande unidade de cavalaria;

– ligações com as unidades vizinhas e para a retaguarda.

Ligações interiores

300. A ligação aérea no interior da grande unidade consiste de modo geral, em informar o comando sobre a situação de seus diversos elementos (ligação da frente para a retaguarda), em manter estes últimos ao par das intenções do chefe (ligação da retaguarda para a frente) e finalmente em facilitar a colaboração de elementos empenhados na mesma missão (ligação artilharia-cavalaria, por exemplo).

301. Ligação da frente para a retaguarda – Esta ligação é empregada no decorrer de todas as missões que podem ser confiadas a uma unidade de cavalaria e principalmente naquelas em que a flexibilidade e a mobilidade da arma têm a máxima utilização, pois nesses casos a maioria dos outros meios de ligação torna-se precária.

Convem, particularmente, prender o emprego da ligação aérea durante a exploração; aí ela se impõe especialmente devido ao grande escalonamento da divisão em profundidade e à necessidade de manter o chefe ao par da situação de sua descoberta.

A ligação aérea pode tambem prestar serviços duplicando ou executando a transmissão de informações importantes, colhidas pelos destacamentos de descoberta.

A ligação aérea entre o chefe e a sua descoberta não se realiza pelo acompanhamento dos destacamentos, mas sim pelo vôo intermitente sobre aqueles, em horas fixadas previamente, ou a pedido do comandante da cavalaria, ou ainda por iniciativa do observador encarregado de executar a descoberta aérea.

Para que o observador possua resolver em boas condições o dificil problema que representa a ligação com os destacamentos moveis de descoberta, articuladas aproveitando todas as cobertas do terreno, é necessário que seja orientado previamente com precisão sobre as intenções dos comandantes de destacamento.

Estabelece-se, sempre que possivel, o contacto direto entre os comandantes de destacamento e o observador designado.

Na falta desse contacto, os comandantes dos destacamentos indicam à esquadrilha, por intermédio do respectivo chefe, as condições em que esperam cumprir a missão: eixo geral de marcha, lanços sucessivos previstos, horário aproximado, zona (20) onde deverá ser procurado pelo aviador era cada lanço e o painel de identificação do destacamento.

(19) Trata-se evidentemente de uma preparação sumária, cinsistindo por exemplo em roçar a mato retirar as pedras grandes e tapar os buracos. Batiza-se o limitado campo por qualquer processo de fortuna.

(20) Triângulos ou retângulos de alguns quilômetros de lado, isto é, suficientes, para que o ponto procurado pelo observador aéreo não fique sujeito a uma modificação ligeira, forçada pelo itinerário ou pelo horário presumido da marcha.

Logo que o avião, munido ao sinal convencionado, aparece voando sobre a zona fixada, o comandante do destacamento de descoberta manda abrir seu painel em um ponto favoravel (21) durante o tempo necessário à troca de comunicações.

Se o observador não percebe o painel na zona correspondente ao horário combinado, avança até a zona correspondente ao lanço seguinte; se ainda não descobre o destacamento, o observador volta trazendo para a retaguarda o resultado de suas investigações sucessivas sobre as zonas correspondentes aos lanços anteriores. Se o observador não acha o destacamento sobre o eixo de marcha ou na proximidade, voa sobre o centro de informações avançado, cuja posição deve conhecer precisamente, e transmite-lhe as informações colhidas.

Estes processos, de uso corrente na exploração, podem tambem ser empregados no caso de uma descoberta que mantem o contacto com um inimigo agindo ofensivamente, assim como no aproveitamento do èxito e na perseguição.

No combate ofensivo ou durante o desenvolvimento de uma ação retardadora da cavalaria, a ligação aérea da frente para a retaguarda toma geralmente a forma de missão de acompanhamento. O observador acompanha pela vista a progressão dos elementos amigos ou inimigos, observa ou provoca o balizamento da linha de combate e observa os sinais a ele dirigidos pelos postos de comando. Transmite tais indicações ao comando da divisão de cavalaria e, quando preciso, à artilharia, por T. S. F, artifícios ou mensagem lastrada.

302. Ligação, artilharia-cavalaria – As grandes unidades de cavalaria, devido a sua mobilidade e a flexibilidade de seu dispositivo, podem aproveitar os serviços particularmente eficazes da ligação aérea entre os elementos engajados e a, artilharia encarregada de apoiá-los.

Em algumas circunstâncias, tomada de contacto, por exemplo, em que a situação é indecisa, as vistas terrestres são insuficiente para assinalar com precisão os objetivos e as informações são demoradas, etc., a artilharia pode hesitar em abrir o fogo contra objetivos duvidosos e, talvez, já atingidos ou mesmo ultrapassados pelos primeiros elementos. O avião pode, em semelhante caso, designar com precisão os objetivos interessantes e dar assim, em um lapso de tempo muito curto, apoio de artilharia aos elementos em contacto.

Ligações com as unidades vizinhas e com a retaguarda

303. A ligação se faz, sempre que possível, por meio de aterrissagem perto dos postos de comando de modo que o observador ou o oficial de estado-maior designado, possa transmitir pessoalmente as informações; utiliza-se um meio de transporte rápido entre o campo de aterrissagem e os postos de comando. Na falta de aterrissagem a transmissão dos relatórios e informações urgentes realiza-se por mensagens lastradas.

O aviador, conforme o caso, pode enviar rapidamente as mensagens por pombos correios, quando há um pombal instalado na base da esquadrilha. Esta providência tem a vantagem de suprimir o tempo perdido na aclimação dos pombos, exigido quando se fazem deslocamentos sucessivos do pombal; graças à velocidade do avião, a transmissão das mensagens não sofre demora apreciavel devido ao afastamento do pombal.

(21) Reconhecido previamente, quando possivel.

Quando faltam os meios elétricos usuais de transmissão, o avião pode ainda realizar a retransmissão dos telegramas urgentes de qualquer natureza.

Quer se trate de ligações interiores, laterais ou com a retaguarda, as qualidades de rapidez do avião só serão realmente aproveitadas no caso em que os orgãos centralizadores das informações permaneçam em condições de se comunicarem com ele. Compete ao comando tomar todas as providências para garantir a estes orgãos (postos de comando e centros de informações avançados) a estabilidade necessária.

CAPÍTULO II

Processo de  transmissão

TRANSMISSÃO DO AVIÃO PARA A TERRA

304. Os aviões caracterizam-se pelo sinal distintivo (em geral, uma ou mais bandeirolas), pelo indicativo e por um grupo de letras (assinatura).

Para transmitir mensagens para terra o avião dispõe :

– de um posto emissor de T. S. F. ;

– de foguetes;

– de mensagens lastradas.

T. S. F. – As transmissões de um avião por T. S. F. são caracterizadas pelo comprimento da onda e pela sua tonalidade. Identifica-se um avião por meio do indicativo e eventualmente pelo nome (grupo de letras).

A T. S. F. é utilizada para as transmissões dos aviões aos postos de comando ou para transmissões dos aviões aos postos de artilharia (designações dos objetivos, regulagem dos tiros, etc.).

Foguetes – Os foguetes lançados por avião são de uso simples e rápido; são vistos imediatamente por todos, mas só permitem poucos sinais e seu emprego pode revelar a tropa à que são dirigidos.

Mensagem lastrada – A mensagem lastrada oferece a vantagem de permitir explicações mais detalhadas e até remessa de croquis; pode ser lançada para qualquer elemento, por menor que seja.

É necessário, porém, que o lançamento da mensagem se execute a pequena altura (200 a 300 metros no máximo) para que haja certeza de chegar ao destino; torna-se assim uma operação perigosa em alguns terrenos.

Quando uma tropa reconhece um avião da grande unidade à qual ela tambem pertence, o seu chefe deve estender os painéis em lugar bem visível.

TRANSMISSÃO DA TERRA PARA O AVIÃO

305. As tropas de terra comunicam-se com o avião utilizando os seguintes meios :

a) painéis :

– de identificação dos postos de comando;

– de identificação de artilharia:

– de balizamento;

– de sinalização;

b) artifícios;

c) excepcionalmente o processo de apanha-mensagens.

306. A. descrição dos painéis e artifícios, bem como as regras de emprego, encontram-se no Reg. de Ligações e Transmissões.

307. Emprego do apanha-mensagens – O aparelho apanha-mensagens instalado a bordo de um avião consiste em :

– uma roldana ;

– um cabo de aço de 20 a 30 metros de comprimento;

– uma ancora com quatro ganchos, pendurada na parte inferior do cabo.

O material empregado pela tropa de terra, consiste em (fig. 3) :

a) duas varas de 4 metros no mínimo, semelhantes às empregadas para instalação de linhas telefônicas de campanha, e terminadas na parte superior por uma forquilha bem aberta;

b) uma corda de 45 a 50 metros, atravessada no orifício da caixa-mensagem e cujas extremidades são reunidas por um nó;

c) uma caixa-mensagem, que pode ser uma caixa de mensagem lastrada desprovida da bandeirola ou apenas um saquinho;

d) painéis brancos de balizamento.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 227 Figura.

Coloca-se este material da seguinte maneira, em um terreno bem desembaralhado de qualquer obstáculo (nem árvores, nem linhas telefônicas). Fixam-se as 2 varas ligeiramente no terreno (podendo mesmo ser sustentadas sem perigo por 2 homens), intervaladas de 20 metros, de modo que a linha que os une fique perpendicular ao sentido do vento e as forquilhas que suportam o cordel sejam voltadas para o lado oposto ao sentido da marcha do avião.

O cordel porta-mensagem repousa simplesmente sobre as forquilhas; deve ficar ligeiramente esticado e ter o comprimento suficiente para que a mensagem repouse em terra.

O peso da mensagem não deve ultrapassar de um quilo.

Para chamar a atenção do aviador colocam-se, alguns páineis de balizamento em torno do pé de cada vara.

Para indicar o sentido do vento, coloca-se um outro painel de balizamento sobre a perpendicular tirada do meio da reta que une as 8 varas e a uns 30 metros de distância desta reta e do lado de onde o vento sopra.

O avião deve passar entre as varas, com a frente para o vento e a 10 ou 15 metros acima da corda, afim de apanhar a mensagem. Assim que a ancora se engancha na corda, o aviador recolhe o cabo.

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES

308. Deve-se evitar de modo absoluto:

– fixar solidamente as varas no terreno;

– prender a corda porta-mensagem nas varas;

– colocar lastro na caixa ou saco porta-mensagem.

As recomendações acima devem ser rigorosamente observadas sob pena de poder causar acidentes mortais.

TÍTULO V

Método do ensino

CAPÍTULO I

Prescrições gerais

309. As duas primeiras partes deste Regulamento têm por fim formar graduados e cavaleiros capazes de desempenhar as suas fundes no combate de sua unidade. A instrução do serviço em campanha, exposta no presente título, tem por fim ensinar-lhes a viver e a operar em todas as circunstâncias, em campanha, e a agir isoladamente fora da fileira, desenvolvendo a individualidade.

A instrução individual deve ocupar um lugar preponderante no ensino do serviço em campanha.

O comandante de um destacamento, de um reconhecimento, de uma patrulha ou posto, o cavaleiro explorador, vedeta ou estafeta, só podem contar consigo mesmo. Desenvolvendo-lhes o valor moral e o raciocínio é que se conseguem cavaleiros capazes de cumprir estas missões individuais, cujo privilégio e honra de executá-los a cavalaria divide cem a aviação.

A educação moral é a base da instrução militar e especialmente do ensino de serviço em campanha.

É inutil ensinar a um graduado a comandar um posto ou patrulha; a um cavaleiro a observar, a transmitir um despacho através de uma região dificil, ocupada pelo inimigo ou por população hostil, se não foi gravado em seu espírito, previamente, o sentimento de honra e do dever militar.

A instrução do serviço em campanha deve ser orientada francamente para o sentido da ofensiva.

A cavalaria que, quando as operações se desenvolvem em terreno aberto, é chamada a preceder às outras armas, só pode desempenhar a sua missão expando-se a si própria.

Não será com uma atitude tímida que a cavalaria cumprirá as missões que lhe competem; os meios de limitar as perdas só devem ser procurados na habilidade de seus processos e disposições.

Todos os cavaleiros devem se convencer profundamente desta idéia.

O instrutor aproveita todas as oportunidades para mostrar ao cavaleiro a importância de seu papel. O cavaleiro vedeta ou explorador precisa saber que a segurança de sua unidade depende muitas vezes da sua vigilância; o estafeta deve compreender as consequências que pode ter a sua chegada ao destino em tempo util ou, ao contrário, o extravio da informação que lhe foi confiada.

É necessário exaltar diante dos cavaleiros, a grandeza destas missões, mostrando-lhes por meio de exemplos das guerras passadas, que o êxito das operações repousa algumas vezes na perspicácia e na bravura de um simples cavaleiro.

Esta educação é o maior dever do oficial.

Depois do valor moral, o mais importante a desenvolver aos cavaleiros é o raciocínio. Chega-se a este resultado justificando cada noção com a respectiva prova, isto é, mostrando a razão de ser de tudo que se ensina, agindo metodicamente do simples para o composto e tendo sempre o cuidado de não fazer abstração do terreno e do inimigo.

As lições devem revestir o aspeto de realidade isto é, no terreno ocupado por tropas amigas e inimigas.

O ensino compreende, para os quadros, exercícios na carta, no caixão de areia e no terreno, podendo, durante estes últimos, apenas indicar a direcção e a força suposta do inimigo. Para a tropa, ao contrário, compreende somente os exercícios de caixão de areia e no terreno, onde o inimigo deve ser obrigatoriamente figurado por alguns cavalheiros ou com o sua força efetiva.

Quando não é possivel sair das estradas e caminhos, aproveitam-se os campos de exercícios para ensinar tudo que se relaciona  com a marcha das tropas através do campo. Pode-se estudar as diferentes formas de marcha de uma patrulha, as diferentes organizações de um posto, os processos para escapar às vistas aéreas, etc., assim como a utilização do terreno e a regulação das andaduras.

Mas os campos de exercícios só permitem o estudo de um número limitado de casos concretos e é indispensavel dar aos cavaleiros noções mais sólidas variando os terrenos em que operam.

Importa, principalmente, aproveitar todas as circunstâncias, no terreno de exercícios, na ida e na volta para esse terreno, de preferência em terreno variado, para fazer os cavaleiros compreenderem que, uma unidade em qualquer situação (marcha, estacionamento ou combate) deve destacar em torno de si patrulhas, postos, cavaleiros isolados, para informar-se, cobrir-se, transmitir ordens, relatórios ou informações.

O ensino ministrado no terreno de exercícios e o serviço de campanha se intercalam e se completam.

310. A instrução do serviço em campanha compreende:

– a instrução individual;

– a instrução de conjunto;

– a instrução especial.

A instrução individual dos quadros e da tropa constitue a base do ensino do serviço em campanha.

A instrução de conjunto consiste em aplicar a instrução individual, reunindo os quadros e a tropa instruidos individualmente.

Exercitam-se sucessivamente a patrulha e o posto o pelotão e o esquadrão e mesmo destacamentos constituidos por pelotões, secções de metralhadoras, autos-metralhadoras e eventualmente de artilharia e trens de combate.

É principalmente durante a instrução de conjunto que os chefes e subordinadas têm oportunidade de se conhecerem e adquirirem a confiança mútua, que na guerra é um fator primordial do êxito.

A instrução especial tem por fim preparar quadros e cavaleiros para desempenharem as missões especiais que lhes poderão tocar na guerra; trabalhos de campanha, destruições, embarques e transportes por vias férreas, ligação com a aviação, transposição de cursos dágua, etc.

É essencial que o instrutor estabeleça previamente o programa escrito de sua instrução, em cada sessão, qualquer que seja o assunto a tratar.

CAPÍTULO II

Instrução individual

ARTIGO I

INSTRUÇÃO DOS QUADROS

Instrução dos oficiais

311. A instrução dos oficiais tem por fim formar chefes e instrutores. Compete pessoalmente ao coronel comandante, o qual é por ela responsavel.

Alem do resultado que o coronel pode obter melhor que qualquer outro, pela autoridade do posto e pela experiência que possue, essa instrução oferece a melhor oportunidade de conhecer seus oficiais, sob o ponto de vista da aptidão para a guerra.

Seu papel consiste em orientar os oficiais para uma doutrina comum e esforçar-se para dar-lhes o gosto pelas soluções audaciosas, porem, raciocinadas, em desenvolver-lhes a personalidade, para torná-los, não executantes que esperam passivamente as ordens, mas, chefes capazes de raciocinar e decidir, sabendo assumir a responsabilidade e conservar o sangue frio nas situações mais difíceis.

Colocando frequentemente os oficiais na hipótese de uma operação simples, mas cujo objetivo esta nitidamente definido, é que o comandante os habitua a decidir, procurando progressivamente habituá-los a proceder com mais rapidez.

A instrução dos oficiais compreende uma parte tática e uma parte técnica.

312. A instrução tática dos oficiais tem por fim prepará-los para exercer os comandos relativos ao próprio posto e ao posto imediatamente superior, no quadro do regimento.

Em qualquer função que estejam, os oficiais superiores e capitães devem se manter em condições de comandar um destacamento compreendendo autos-metralhadoras, frações transportadas ou de infantaria e artilharia.

Esta instrução continua durante o ano todo de acordo com uma progressão que permita o estudo de todas as fases das operações ofensivas e defensivas no prazo máximo de dois anos.

A instrução tática compreende um ensino teórico em sala, estuda do regulamento, exercícios sobre a carta, exercícios de transmissões e um ensino prático ministrado no terreno.

Os exercícios no terreno comportam, sucessivamente :

– exercícios de quadros;

– exercícios com tropa.

Este último gênero de exercícios depende das possibilidades de efetivo e dos terrenos de que se possa dispor.

Os exercícios no terreno realizam-se em ação simples ou em dupla ação. O inimigo pode ser suposto, figurado ou representado por um plastron ou unidades de manobra. É porém, sempre manejado pelo diretor do exercício.

Cada exercício ou fase de exercício (quando se desenvolve em várias fases) visa dar um ensinamento determinado. Estudado primeiramente no escalão regimento ou ala, é retomado depois pelos escalões inferiores.

313. Embora a execução de um reconhecimento só seja confiada em campanha a um número limitado de oficiais, constitue entretanto, um exercício dos mais proveitosos para todos.

A execução de um reconhecimento exige as qualidades que mais se deve desenvolver nos oficiais de cavalaria: a iniciativa, a audácia, o raciocínio, a rapidez de decisão, o método e o sentimento da responsabilidade, assim como o sentimento do terreno, o conhecimento profundo do cavalo, do material e de suas possibilidades.

Confia-se aos oficiais a execução de missões deste gênero, enviando-os a distâncias análogas às que teriam de percorrer na guerra, para reconhecerem, sem se mostrarem, os movimentos de tropa das guarnições vizinhas. Estes exercícios podem durar vantajosamente vários dias. A execução do reconhecimento, os relatórios enviados e o estado dos cavalos na volta, constituem objeto de um exame minucioso.

É bom juntar primeiramente os jovens oficiais a outros já com experiência confirmada destes serviços; aqueles são, depois, entregues à sua própria iniciativa.

A prática de uma equitação vigorosa e ousada em terrenos variados e especialmente nos campos de obstáculos e de sports a cavalo, constitue para os oficiais uma formação tanto moral como física. Desenvolve-lhes a audácia e a habilidade em manejar os cavalos; torna-os aptos a decidir rapidamente; dá-lhes capacidade para se dominarem no ardor da luta, para regular, coordenar e reservar seus esforços; exige, porem, um adestramento físico muito forte.

314. A  instrução técnica dos oficiais tem por fim o estudo das missões que lhes poderão tocar em campanha, tais como a preparação material de um estacionamento, a organização da defesa de uma localidade, de um posto, de um ponto de apoio, de um desfiladeiro, de uma posição, assim como todas as destruições sumárias, etc.

A observação metódica a binóculo, a leitura de cartas de qualquer natureza, a execução de croquís panorâmicos e pela carta, devem ser praticados por todos os oficiais.

É tambem necessário o treinamento de cifrar e decifrar despachos; remeter estes por meio de pombos correios e tanto quanto possível pelo telégrafo.

Devem saber dirigir automovel e andar em bicicleta e motocicleta.

Convem, finalmente, que se exercitem em observar de avião; que nadem perfeitamente e falem correntemente várias línguas.

Os oficiais devem confiar tanto na própria habilidade de utilizar suas armas, como nas suas qualidades equestres e no valor do cavalo.

ARTIGO II

INSTRUÇÃO DOS GRADUADOS

Instrução dos graduados de carreira

315. A instrução dos graduados de carreira tem por fim dar-lhes os conhecimentos necessários ao comando de um grupo de combate e de um pelotão, em todas as situações da guerra.

Os sargentos devem, especialmente, ser adestrados nas funções de chefes de posto, de patrulha e de reconhecimento.

A instrução tática dos quadros de carreira é dirigida em cada esquadrão pelo capitão, sob a fiscalização do comandante da ala. Os sargentos podem assistir, com os oficiais, aos exercícios dirigidos pelo coronel, quando esta julgar conveniente.

Esta instrução compreende uma parte teórica, executada em sala (estudo dos regulamentos, exercícios na carta, no caixão de areia, no plano relevo e de transmissões) e uma parte prática, executada no terreno.

Os exercícios no terreno podem ser de quadros ou com tropa.

A instrução técnica dos quadros de carreira é feita nas mesmas condições, pelos capitães. Tem por fim :

1º, ensinar aos sargentos os detalhes de suas funções em marcha e em estacionamento (disciplina de marcha, instalação do estacionamento, cuidados com os homens e cavalos, conservação das armas, víveres, munição e material) ;

2º, prepará-los tambem para ministrar aos soldados a instrução elementar do serviço em campanha (vedetas, exploradores, estafetas).

Os sargentos aprendem a ler as cartas utilizadas no Exército, a orientar-se, a marchar com auxílio da bússola, a redigir ordens e relatórios, a desenhar croquís sumários, a observar metodicamente o terreno, a desgnar os objetivos (tanto à vista como pelas coordenadas), a avaliar distâncias, a empregar o binóculo, o milésimo, o grau, o grado e o transferidor, a observar e interpretar os indícios.

O instrutor consegue, seguindo uma progressão estabelecida previamente com cuidado e metódo, criar nos executantes os reflexos necessários para agirem em qualquer situação com a rapidez conveniente.

Procura desenvolver nos sargentos o raciocínio, colocando-os diante de casos concretos repetidos e exercitando-os progressivamente a tomar, em presença de incidentes diferentes e imprevistos, decisões simples e rápidas, mas raciocinadas.

Instrução dos graduados do contingente

316. Esta instrução tem por fim ensinar aos cabos os conhecimentos necessários ao comando de uma esquadra e de um grupo de combate e especialmente de um posto e de uma patrulha.

É dirigida pelos capitães e realiza-se em sala, no caixão de areia e no terreno.

Cada sessão no terreno é precedida, tanto quanto possível, de uma instrução no caixão de areia.

Os cabos fazem tambem exercícios de orientação e marchas com a bússola, de redação de ordens e relatórios, de observação metódica do terreno, de designação de objetivos e de avaliação de distâncias. Recebem noções de leitura de cartas.

Os candidatos a cabos tornam parte em alguns exercícios dos cabos, quando a instrução individual daqueles candidatos o permite.

Instrução do comandante do posto.

317. Exercitam-se os graduados na escolha das posições das vedetas, no estabelecimento das ordens particulares, na determinação do procedimento que elas devem ter em caso de ataque, nas substituições no serviço.

Não se despresa nenhum pormenor da organização de um posto: instalação material do posto, organização da observação, ligação com o sub–quarteirão e com os postos vizinhos, sinais a empregar, alimentação dos homens e cavalos, redação de partes e relatórios, etc.

A organização da observação e da defesa do posto são atentamente examinadas. Quando é possível, essa preparação tem um começo de execução.

O instrutor esforça-se por fazer compreender ao comandante do posto a vantagem que ele pode tirar do terreno (obstáculos naturais ou artificiais) e dos processos de disfarce.

Exercitam-se os graduados no comando de um posto de correspondência.

Instrução do comandante de patrulha

318. Esta instrução visa a conduta das patrulhas e dos reconhecimentos.

A quantidade essencial que se deve desenvolver no comandante de patrulha é a ousadia; uma patrulha, em qualquer das suas missões, é sempre um pequeno destacamento encarregado de observar; e para observar é preciso ir até onde se pode ver.

O comandante de patrulha deve ainda adquirir a noção da força que possue uma tropa de cavalaria que ataca resolutamente um elemento inimigo abordado à pequena distância. Nada mais perigoso a esse respeito do que deixar acreditar, durante a instrução, que uma patrulha deve fazer meia volta diante de uma outra mais forte. Ensina-se que na realidade a patrulha que toma a iniciativa do ataque a curta distância obtem o êxito. Um comandante de patrulha não deve, porem, parar e interromper sua missão para travar combate a pé, logo que recebe o primeiro tiro. Exercitam-se os graduados nesses diversos comandos, principiando pelo mais simples.

Há patrulhas de várias espécies; recebem as denominações de acordo com as missões. Cada uma delas é objeto de um estudo particular, mas, alguns princípios aplicáveis a todas, devem ser evidenciados desde o começo da instrução; tais princípios acham-se expostos no artigo 1, capítulo II, título II.

O instrutor ensina a aplicação de tais princípios aos graduados em uma situação determinada e estudando sucessivamente:

         a patrulha de vanguarda;

         a patrulha de flanco;

         a patrulha de postos avançados;

         a patrulha de ligação;

         a patrulha de reconhecimento de terrenos;

         o grupo de balizadores.

Prescrições comuns aos postos e patrulhas

319. Tratando-se de um posto ou de uma patrulha, o essencial é habituar os graduados a tomar uma decisão de acordo com o objetivo designado, quando o inimigo se apresenta no terreno que lhes compete vigiar, continuando depois energicamente a execução da missão.

Essas missões comportam sempre a redação e a transmissão de informações. É necessário, pois, exercitar os graduados em avaliar o efetivo e a formação de uma tropa, em definir a situação desta tropa no terreno, em redigir a informação consequente e finalmente em transmitir esta informação, isto é, determinar um itinerário para o estafeta que expedem.

Missões individuais

320. A execução de “missões individuais”, de dia e de noite, constitue um excelente exercício. Permite que os graduados estudem, independentemente da exiguidade dos efetivos, numerosos problemas de guerra, tais como reconhecimentos de terreno e de itinerários, confecção de croquis, avaliação de distâncias, escolha de posições para armas automáticas, organização do terreno, repartição de um acantonamento ou bivaque.

O instrutor escolhe uma situação simples; estabelece um tema, dá aos graduados a missão sob a forma de uma ordem, formulando diferentes hipóteses de intervenção do inimigo.

Os graduados vão isolados ao terreno e estudam as missões que receberam. Ao regressarem, redigem ligeiros relatórios mostrando claramente as decisões tomadas, apresentam por escrito as informações que teriam enviado e organizam o croquís, quando preciso. Redigem tambem, se for o caso, as ordens que realmente teriam dado a seus subordinados.

O instrutor corrige estes trabalhos, apresentados com suas observações ao chefe hierárquico, e depois comenta-os, mostrando as correções aos próprios graduados.

Este processo obriga os graduados a exprimirem precisamente suas idéias sobre as situações de guerra, suas decisões e ordens; desenvolve neles a iniciativa e a personalidade.

Os trabalhos assim conduzidos aproveitam tambem aos oficiais que, depois de estudarem o terreno, estabelecem os temas e redigem as ordens das missões, e, procedendo em seguida às correções detalhadas e justificadas, são levados a aplicar em casos concretos, os conhecimentos teóricos.

Finalmente, o exame dos temas, dos trabalhos e das correções, constitue para todos os escalões um elemento excelente para apreciação do valor dos quadros.

321. Para desempenharem com perfeição suas missões de serviço em campanha e de combate, os graduados devem ser exercitados, por trabalhos frequentes de :

1º, tomar rapidamente uma decisão, ou melhor, decisões sucessivas;

2º, dar ordens decorrentes dessas mesmas decisões;

3º, passar imediatamente a uma execução enérgica.

A solução de uma questão de serviço em campanha exige apenas bom senso e coordenação de idéias.

O chefe que recebe uma missão e que no desenvolvimento dela depara com uma situação imprevista, formula a si mesmo estas duas perguntas:

1º, de que se trata?

2º, em vista da situação quais os meios para alcançar o objetivo fixado?

Depois disso basta querer cousas possiveis e persistir na execução.

ARTIGO III

INSTRUÇÃO DOS CAVALEIROS

322. A instrução do serviço em campanha para os cavaleiros tem por fim prepará-los para o desempenho das missões individuais de vedeta, explorador e estafeta, isto é, ensinar-lhes a ver, marchar e informar.

No decorrer da instrução do serviço em campanha ministra-se ao cavaleiro todos os conhecimentos necessários para viver e assegurar tambem a vida do cavalo em todas as situações da guerra.

A experiência tem demonstrado, e todo cavaleiro deve ficar disso convencido, que uma cavalaria só subsiste quando os cavalos comem, bebem, dormem e são tratados diariamente.

Um cavaleiro só deve permanecer montado em seu cavalo quando necessário, pedir-lhe apenas o esforço indispensavel e escolher terreno. Cumpre-lhe não esquecer de:

         fazê-lo beber sempre que possivel e pelo menos duas vezes por dia;

         fazê-lo comer, aproveitando as ocasiões favoraveis. A melhor oportunidade para forrageá-lo é na chegada ao estacionamento;

         desencilhá-lo e tratá-lo sempre que a situação permitir uma demora suficiente;

         fazer a pensagem diariamente (22).

Finalmente, ensina-se ao cavaleiro o modo de conservar o material sob sua guarda, para que não lhe falte quando fôr necessário.

323. A instrução é dada no esquadrão, pelos oficiais encarregados das turmas de recrutas ou dos engajados, sob a direção do capitão que a fiscaliza com particular interesse.

Quanto menor é a duração do tempo de serviço, tanto maior a obrigação de se empregar nesta instrução primordial todo o tempo disponivel. Esta instrução deve começar desde a incorporação dos recrutas e prosseguir durante o ano inteiro: cada sessão no exterior deve comportar um ensinamento do serviço em campanha.

Considerando que todos os cavaleiros não têm a mesma aptidão para as missões do serviço em campanha, compete ao instrutor escolher os que mostram possuir um conhecimento natural do terreno e qualidades de visão, inteligência e energia nitidamente superiores ao tipo médio, e só a estes dar a instrução do explorador e do estafeta especializado; os outros recebem a instrução elementar correspondente ás missões que se executam em comum ou sob as ordens de um chefe.

Esta instrução compreende duas fases:

         a fase elementar, que corresponde aos seis primeiros meses do serviço (período de instrução dos recrutas);

         a fase complementar, que vai do sexto mês até à data da exclusão dos sorteados (período de instrução das praças prontas).

Instrução elementar

324. A instrução elementar tem por fim preparar o recruta, nos seis primeiros meses de serviço. para desempenhar as suas missões no posto e na patrulha e para executar as funções de vedeta, explorador e estafeta em casos muito simples.

O ensino versa sobre os assuntos seguintes:

    orientação;

    conhecimento e utilização do terreno; regulação das andaduras;

    princípios de observação em estação e em marcha;

         papel das vedetas e dos exploradores; indícios;

         modo de informar; de interrogar os habitantes;

         princípios da transmissão Papel do estafeta.

(22) Compreendendo os cuidados seguintes: lavar e dar massagens no dorso e nos membros, tratar dos cascos, lavar a cabeça e partes genitais esfregar cuidadosamente todo o corpo (vêr Manual de Hipologia, capítulo XXVIII).

Instrução complementar

325. A instrução complementar consiste em conservar, em todos os cavaleiros, os conhecimentos adquiridos durante o primeiro período e em aperfeiçoar os exploradores de escol, designados entre os cavaleiros sem função especial. Os exploradores devem ficar em condições de operar isoladamente e de substituir um graduado no comando de uma patrulha ou de um posto.

A instrução do explorador comporta a leitura de carta (planimetria), o emprego da bússola e do binóculo e redação de pequenas informações. Adestram-se os cavaleiros nos papéis de explorador e estafeta, os quais efetuam grandes percursos em circunstâncias difíceis; os exploradores de escol participam obrigatoriamente dos concursos de estafetas.

Aperfeiçoam-se na prática da observação e exercitam-se particularmente em assinalar, sobre uma linha de fogos, a posição de uma arma automática, um observatório, etc.

Processos de instrução

326. A instrução do serviço em campanha é ministrada em sala (no caixão de areia) e no terreno, segundo uma progressão cuidadosamente estabelecida.

Cada sessão no terreno é precedida de uma ou mais aulas teóricas no caixão de areia em que se representa o terreno do exercício.

A utilização do caixão de areia permite ao instrutor ganhar tempo e dar uma instrução mais proveitosa com os cavaleiros ao alcance da voz e sem desviar a atenção para os cavalos e as intempéries. Permite-lhe ainda variar o terreno ao infinito e atenuar até certo ponto a impossibilidade de sair das estradas.

327. O método de ensino deve ser inicialmente demonstrativo. Mostra-se ao cavaleiro o que é preciso fazer e o que não deve fazer procurando despertar-lhe o raciocínio; manda-se depois que ele execute o que viu. Estimula-se sua atenção, obrigando-o a procurar por si mesmo o caminho livre, a posição a ocupar e o procedimento em cada caso particular.

Nesta ordem de idéias, a intervenção do inimigo, regulada cuidadosamente pelo instrutor, de acordo com a lição a desenvolver, é proveitosamente empregada desde o início da instrução. O instrutor parte do simples para o composto e esforça-se por ensinar de modo muito simples.             

A aplicação repetida dos  mesmos princípios, em condições e terrenos tão variados quanto possivel, desenvolve os reflexos dos cavaleiros. As indicações breves e precisas do chefe deve suceder uma execução imediata e raciocinada. Para esse fim é necessário exigir em todos os exercícios que os graduados dêem, ordens com a precisão de um comando. A instrução deve ser variada para evitar a monotonia. Passa-se frequentemente da instrução do explorador para a, da vedeta ou do estafeta e reciprocamente.

Orientação

328. Basta ensinar a assinalar a posição dos pontos cardiais e colaterais pelo sol durante o dia e pelo cruzeiro do sul e pela lua durante a noite. Exercita-se depois o cavaleiro a seguir um itinerário pela orientação; por exemplo: “Á saída da cidade, tomar a estrada para o Sul e na primeira encruzilhada seguir para Oeste”, Todos os cavaleiros devem praticar este exercício repetidamente; em horas diferentes, de dia e de noite.

CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DO TERRENO

Regulação dar andaduras

329. Ensina-se aos cavaleiros a designar as diferentes formas do terreno por suas denominações regulamentares, assim como as vias de comunicação e os cursos dágua.

Ensina-se a utilização do terreno, explicando-se o valor dos mascaramentos e obstáculos naturais ou artificiais; os meios de verificar quando um curso dágua é facilmente transponivel; a maneira de servir-se das alturas para observar ou dissimular-se; o aproveitamento das cercas, alinhamento de árvores, para dissimular-se às vistas áreas e terrestres; a escolha dos fundos em que, segundo a iluminação, destaca-se menos, etc. Quanto às vistas aéreas, ensina-se que a imobilidade é, em terreno descoberto, o melhor recurso para passar desapercebido ao aviador.

Exercitam-se os cavaleiros em marchar isoladamente pelas estradas ou através do campo para um objetivo determinado e no tempo estabelecido, mas poupando os cavalos. Completa-se esta instrução ensinando a escolher o terreno, conforme a missão e a regular a velocidade de acordo com o tempo de que dispõem.

Habitua-se o cavaleiro a marchar sempre na andadura perfeitamente regulada, não só para poupar os cavalos, evitando esforços exagerados, como também para permitir ao próprio cavaleiro regular a velocidade em um percurso dado, de modo a chegar ao ponto determinado na hora prescrita.

Obtem-se este resultado por meio de um cálculo muito simples, ao alcance de todos os cavaleiros.

Admite-se. para simplificação de cálculo, que o cavalo percorre um quilômetro em:

         10 minutos ao passo ;

         4 minutos ao trote,

         3 minutos ao galope,

números aproximados, mas satisfatórios para o fim colimado.

Em consequência, um cavaleiro ganha:

         ao galope, 1 minuto por quilômetro sobre o mesmo tempo ao trote e 7 minutos sobre o tempo de passo;

         ao trote, 6 minutos por quilômetro sobre o mesmo tempo de passo.

Consideremos um cavaleiro tendo de percorrer uma distância determinada, 20 quilômetros, em um tempo fixado, 1 hora e 45 minutos ou 105 minutos.

O cavaleiro calcula :

1º, o tempo que gastaria para fazer todo o percurso ao trote:

20 X 4 = 80 minutos;

2º o tempo ganho : 105’ – 80’ = 25’.

Dividindo por 6 o tempo ganho, obterá o número de quilômetros que ele poderá marchar ao passo ; 25 ÷ 6 = 4,...

Pode percorrer ‘4 quilômetros ao passo.

Se a missão é simplesmente ir de um a outro ponto, longe do inimigo, o cavaleiro escolhe o terreno mais conveniente para seu cavalo. Se precisa realizar o percurso sem ser. visto de tais a tais pontos, ou ao contrário, sem perder de vista uma tropa que marcha por um itinerário dado, faz a escolha do terreno de acordo com estas necessidades.

MODO DE INTERROGAR 0S HABITANTES

330. É essencial que os cavaleiros aprendam a interrogar os habitantes. Raramente sabem fazê-lo com clareza; e isto tem grande importância, porque as respostas dos camponeses são geralmente confusas, sobretudo quanto à viabilidade dos caminhos e às distâncias.

Os cavaleiros só se habituam a interrogar e a informar com clareza e exatidão por meio de um treinamento constante, para o qual se aproveitam as marchas de ida e volta para os terrenos de exercícios e as sessões de serviço em campanha.

PRINCÍPIO DA OBSERVAÇÃO

Instrução de vedeta

331. Depois de terminado o ensino preliminar exposto e que o cavaleiro saiba orientar-se, utilizar o terreno, regular as andaduras, interrogar e informar, sua instrução elementar acha-se quase concluída. Resta-lhe aplicar o que aprendeu, exercitando-se nas funções de vedetas, exploradores e estafetas.

332. O essencial para observar é ver. Mas importa não ser visto, não só em proveito da segurança própria, como também para não revelar a tropa a que pertence. De acordo com estes princípios, ensina-se ao cavaleiro a escolher o seu ponto de abservação; mostra-se-Ihe que não se deve mostrar em cima de uma crista e que precisa escolher também o fundo no qual se destacará menos devido à luz. Exercita-se em apear para alcançar, rastejando, o ponto de observação escolhido.

Em marcha não se observa bem. É lógico iniciar a instrução pela observação em estação, isto é, pela função da vedeta. A instrução versa sobre o modo de  colocar no ponto de observação designado e sobre o que é preciso vigiar – estradas, pontes, saídas de povoações; sobre a necessidade de tomar pontos de referência para não perder a direção a vigiar. É preciso exercitar também a vista fazendo aparecer grupos inimigos a cavalo ou a pé, a distâncias variáveis.

Os cavaleiros exercitam-se finalmente em observar os diversos indícios que podem revelar a aproximação do inimigo (poeiras, reflexos de armas ou de equipamentos, ruídos diversos, principalmente os de motores) e em notificar esta aproximação por meio de sinais convencionados. A atenção das vedetas deve ainda dirigir-se para o céu, para descobrir a aproximação de aviões.

A observação não se realiza apenas, pela vista, mas também pelo ouvido. Em conseqüência, habituam-se as vedetas a escutar tanto durante o dia como à noite e a assinalar os ruídos suspeitos.

OBSERVAÇÃO EM MARCHA

Instrução do explorador

333. A observação em marcha (cavaleiro explorador! é uma sucessão as observações em estação, separadas por lanços, isto é, pelo percurso rápido entre dois pontos de observação. O próprio explorador escolhe os seus pontos de observação e algumas vezes também o itinerário.

Começa – se pelo caso mais simples, consistindo na escolha dos pontos de observação sucessivos sobre uma estrada designada  (explorador de ponta).

Há necessidade de insistir sobre o modo de observar e reconhecer uma povoação. Não se pode estabelecer uma regra absoluta. A maneira de verificar se uma localidade esta ou não ocupada depende de sua forma, extensão e facilidade com que se pode ver das alturas vizinhas o que se passa nas ruas e praças. É necessário, porém, que os cavaleiros compreendam que esta observação exterior de uma localidade só é suficiente quando a presença do inimigo se manifesta visivelmente. Mesmo que do exterior não se veja nada suspeito, só se pode afirmar que a povoação está desembaraçada depois de tê-la percorrido em todos os sentidos e esquadrinhado algumas casas.

Exercitam-se depois os exploradores em escolher, não só os pontos de observação, como também os itinerários entre esses pontos, regulando a própria marcha de acordo com a marcha da tropa em proveito da qual trabalham (caso dos franquedores).

O explorador deve permanecer atento aos gestos ou chamados do comandante da patrulha.

Ensina-se ao explorador a continuar a pé a missão que iniciou a cavalo. A marcha do explorador a pé realiza-se, segundo os mesmos princípios, por lanços de um a outro ponto de observação.

Exercitam-se também os cavaleiros como exploradores de uma unidade de infantaria, pois como tais poderão funcionar várias vezes estando na reserva.

PRINCÍPIOS DE EMPREGO DO AGENTE DE TRANSMISSÃO

334. Cada ala de regimento, ou esquadrão isolado, destaca um agente de transmissão para junto do chefe ao qual se acha subordinado.

Quando uma unidade é destacada. o agente de transmissão a acompanha até o estacionamento fixado ou até os primeiros limites de sua zona de ação; regressa depois para junto do chefe cujas ordens deve transmitir.

O agente de transmissão, na marcha de ida, vai observando os pontos notáveis, acidentes ou particularidades do terreno que lhe permitirão encontrar, mesmo à noite, o itinerário de regresso volta-se freqüentemente para considerar estes pontos de referência no sentido e aspecto sob os quais os verá depois. Prevendo um percurso á noite, observa especialmente os detalhes das encruzilhadas e as dificuldades de marcha, gravando na memória quais os trechos em que só poderá andar ao passo e aqueles em que a andadura pode ser mais rápida.

Acontece freqüentemente que um graduado ou cavaleiro, agente de transmissões, tenha de prestar informações ao chefe junto ao qual se acha, sobre a situação da unidade que o destacou. Pode mesmo dar informações para completar a ordem que ele próprio conduzira. Deve ainda ser capaz de relatar ao chefe tudo quanto notou durante o percurso, capaz de interessar a missão daquele seu superior. Escolhem-se os agentes de transmissão entre os graduados e cavaleiros mais inteligentes, que se mostrem mais observadores, dotados de melhor raciocínio e maior senso de orientação. Devem possuir o sangue frio e a coragem indispensáveis para cumprirem isolados, missões geralmente perigosas.

335. Ao agente de transmissão dá-se conhecimento da comunicação de que é portador e da urgência com que deve chegar a destino. Em consequência ele regulará a andadura adaptando-a ao terreno a percorrer. Se o terreno permite e ele dispõe de tempo, marcha de preferência sob cobertas e abrigado pelas árvores, afim de escapar ás vistas das patrulhas inimigas.

Convem aliviar a carga dos agentes de transmissão, sempre que as circunstâncias permitem.

Se o destinatário do despacho de que é portador acha – se sobre a linha de fogo, o agente de transmissão apeia á distância conveniente, amarra o cavalo (quando não há um camarada para segurá-lo) e continua sua missão a pé.

Dissimula-se do melhor modo possível, toma todas as precauções ao abordar o posto de comando do oficial destinatário, afim de não o assinalar aos observadores inimigos.

336. No combate, o chefe exerce comumente seu comando por meio de agentes de transmissões. Em conseqüência, cada ala de regimento ou cada esquadrão de cavalaria, esquadrão de metralhadoras, trem de combate e grupo de cavalos de mão, destaca um ou vários agentes de transmissão para junto do coronel comandante e para as unidades vizinhas.

Por sua vez cada pelotão, seção de metralhadoras ou de morteiros, destaca para junto do capitão do respectivo esquadrão um agente de transmissão.

Sua missão exige coragem, sangue frio e um devotamento particular; o cavaleiro para ela designado precisa ter uma grande energia moral e a convicção de que do seu valor e habilidade pode depender o desenlace do combate e, por conseguinte, a sorte de seus chefes e camaradas.

Os estafetas e mensageiros observam de antemão as retaguardas das linhas de combate e procuram determinar as partes do terreno menos batidas pela artilharia inimiga. Aproveitam, no decorrer da missão, todas as cobertas e abrigos do terreno, bem como os períodos de sossego que se produzem no fogo. Devem saber, entretanto, que muitas vezes a rapidez da marcha tem maior importância do que a procura da própria segurança. Precisam conhecer a situação da tropa cuja ligação com o comando eles asseguram. Estudam o terreno que percorrem, para poderem guiar da melhor maneira os reforços que sejam enviados para a linha de combate.

Instrução do agente de transmissão

337. A instrução do estafeta consiste em preparar o cavaleiro para ir de um ponto a outro sem se perder e sem se deixar aprisionar.

Decompõe-se o ensino, exercitando primeiramente o cavaleiro em marchar isolado, por um itinerário designado e em condições cada vez mais difíceis, porem sem intervenção do inimigo. A progressão é a seguinte:

1º, percorrer em sentido inverso um itinerário já utilizado; habituar os cavaleiros a tomarem pontos de referência para se orientarem.

2º, seguir um itinerário não percorrido, mas indicado com precisão; fácil no início e de dificuldade crescente depois;

3º seguir um itinerário por orientação e informações pedidas aos habitantes; nesse caso o instrutor dá, apenas, o ponto de chegada e indica um ou vários pontos intermediários pela sua situação em relação ao local da partida.

Realizam-se depois os mesmos exercícios fazendo intervir cavaleiros inimigos que procuram barrar a estrada ao estafeta ou aprisioná-lo. Acostuma-se assim o cavaleiro a vigiar de longe, mesmo em marcha, o terreno em torno de si, a escolher em consequência um outro caminho sem se afastar do itinerário, a desviar-se de uma perseguição ou contornar um obstáculo e retomar a direção do objetivo. Essa parte da instrução só pode ser executada no terreno.

Interessando profundamente aos cavaleiros, estes exercícios permitem ao instrutor escolher quais os que tem o sentimento do terreno, o instinto cavalariano e a audácia "racionada; esses cavaleiros é que devem se especializar como exploradores.

Aos exploradores de escol ensina-se também a procurar um objetivo móvel em uma zona ou estrada determinadas.

A instrução dos mensageiros é ministrada segundo os mesmos princípios.

Aliviam-se os mensageiros o mais possivel do equipamento; só transportam o essencial.

CAPÍTULO III  

Instrução de conjunto

PRESCRIÇÕES GERAIS

338. Depois de terminada a instrução individual, resta precisar, na instrução de conjunto, a relação que deve existir entre os elementos de uma mesma fração ou entre as diferentes frações de uma mesma unidade, como por exemplo: entre as vedetas e o posto; entre este e a tropa por ele coberta; entre os diversos elementos de uma patrulha; entre a vanguarda e a coluna, etc.

Para esta instrução é sempre conveniente constituir as unidades ou frações com os seus efetivos de guerra.

É necessário vitar a errônea compreensão de um ensinamento qualquer e para isso escolhem-se consienciosamente os temas e terrenos. As possibilidades de marchas em terrenos variados, perto das guarnições, devem ter o maior aproveitamento possivel.

Consideram-se tambem cuidadosamente as condições de distância e de tempo que a operação em estudo exigiria na realidade. Tratando-se, por exemplo, de um pelotão no serviço de vanguarda, é preciso figurar a tropa que ele cobre e conservá-la à distância em que realmente ficaria,

Figura-se ou representa-se sempre o inimigo, mas sua intervenção deve ser cuidadosamente prevista e regulada pelo instrutor.

Especialmente as possibilidades do fogo adversário são representadas de modo a dar motivo para que a tropa a instruir tome a formação e regule a sua conduta em consequência.

Convem, sempre que o instrutor não pode assistir a todos os detalhes do exercício, designar árbitros que eliminem as dúvidas e reduzam as inverossimilhanças.

É vantajoso, no fim da instrução, realizar alguns exercícios de dupla ação, nos quais os adversários ficam com os movimentos livres. Estes exercícios, porem, são de execução dificil, pela impossibilidade de sair das estradas, tomar as formações apropriadas, aproveitar as cobertas do terreno, etc. De qualquer maneira, estas manobras exigem a presença de árbitros numerosos, tanto para regular as situações, como para impedir o que for inverossimil e corrigir os erros cometidos.

A instrução de conjunto do serviço em campanha dirige-se não só aos oficiais e graduados, como também aos especialistas e aos cavaleiros de fileira. As sessões de instrução de quadros, mesmo dadas no terreno, ficam no domínio da teoria, desde que a tropa não esteja presente. Só a tropa faz intervir, com as dificuldades de transmissão de ordens e informações, a noção do espaço e do tempo necessários e aproxima o exercício da realidade.

Nos exercícios com tropa procura-se empregar frequentemente os órgãos de ligação e transmissão.

Havendo tropas de infantaria, carros de combate, artilharia e aviação na mesma guarnição ou em guarnição próxima, deve-se aproveitar esta circunstância para dar á cavalaria uma idéia exata de seus processos de marcha e de combate em ligação com ela.

A instrução de conjunto visa principalmente mostrar que, em todas as circunstâncias, o papel de uma tropa de cavalaria é trabalhar em ligação com as outras armas, para lhes garantir a segurança e o repouso e colaborar com elas para o êxito das operações,

O método a empregar para a instrução de conjunto é o mesmo estabelecido para a instrução individual: parte-se do simples para o composto, isto é, instruindo primeiramente a patrulha, o posto, o pelotão (instrução coletiva) e finalmente o esquadrão (instrução de conjunto).

Instrução da patrulha, do posto e do pelotão

339. Começa-se pelos casos mais simples e na ordem indicada para a instrução dos graduados comandantes de patrulha. Estuda-se primeiro a conduta da patrulha de uma esquadra, e depois o grupo de combate. Estuda-se depois as diferentes missões do pelotão enquadrado e isolado: pelotão no escalão de reconhecimento ou de combate de uma Vg. ou Rg. pelotão encarregado de uma missão de descoberta ou segurança, de vigiar e defender um setor de cobertura, ocupar um ponto importante, proteger uma requisição ou um combóio, fazer uma destruição, executar um golpe de mão.

No estudo das marchas das patrulhas figura-se sempre a unidade que as destaca e cuja andadura é regulada previamente.

Ministra-se a instrução do posto da mesma maneira.

Gradua-se a dificuldade para escolha, primeiramente de terrenos descobertos, depois de terrenos cobertos e de comunicações dificeis.

O instrutor faz primeiramente intervir na zona de vigilância do posto simples patrulhas inimigas, a cavalo e a pé, passando depois a empregar destacamentos cuja atitude obriga o posto, segundo as instruções recebidas, a combater ou a retrair-se.

Os cavaleiros que não fazem parte do posto ou da patrulha, que não representam o inimigo e não figuram no grosso da tropa, assistem ao exercício como espectadores sob a direção do instrutor e prestando atenção aos seus ensinamentos. Procuram descobrir os erros cometidos e passam depois a executantes.

Instrução do esquadrão

340. A instrução de conjuntos da tropa termina virtualmente quando a instrução da patrulha e do posto (esquadra, G. C., pelotão) está completa porque a instrução do esquadrão é mais um exercício para os quadros com comando e emprego real da tropa.

Estudam-se primeiramente casos simples – esquadrão vanguarda ou retaguarda; depois o papel de um esquadrão fazendo parte de um destacamento de descoberta. Deve-se estudar também, especialmente nos regimentos independentes, o papel do esquadrão divisionário. Finalmente faz-se uma revisão de todos os casos particulares do emprego de um esquadrão.

Consagra-se ao estudo de uma operação completa o tempo que ela exigiria na realidade. Quando não se dispõe do tempo necessário, convem, em uma sessão posterior, retomar o exercício no ponto em que foi interrompido e, se possivel, utilizado um terreno mais próximo.

É essencial que os autos-metralhadoras tomem parte nos exercícios, sempre que possivel.

Exercícios à noite

341. As condições da guerra moderna obrigam frequentemente a realizar movimentos à noite, mesmo longe do inimigo.

Torna-se, pois, necessário preparar desde o tempo de paz os quadros e a tropa para tais marchas, ensinar-lhes os processos especiais a empregar:

         para evitar os erros de itinerário (utilização de guias especiais, balizamento da estrada de marcha, diminuição das distancias entre os elementos da mesma unidade, emprego da bússola);

         para conservar o segredo na proximidade do inimigo cuidados para evitar os ruidos das armas e equipamento, emprego de lanternas surdas, proibição de falar e fumar);

         para evitar as flutuações durante a marcha, esforçando-se por manter a regularidade das andaduras.

Pequenas operações podem ser realizadas a noite (golpes de mão, patrulha, etc. ).

É também necessário habituar os cavaleiros a estudar um terreno durante o dia, para depois percorrê-lo à noite sem revelar sua presença por um ruído qualquer.

CAPÍTULO IV

Instrução especial

ARTIGO I

PRESCRIÇÕES GERAIS

342. A instrução especial compreende essencialmente os trabalhos de organização do terreno, as destruições, os exercícios de transposição de cursos dágua e os exercícios de embarque e desembarque em estradas de ferro ou em caminhões.

Comporta uma parte técnica e uma parte tática.

343. A instrução técnica é ministrada individualmente no começo e depois em exercícios de conjunto.

A instrução individual tem por fim acostumar os cavaleiros com o emprego das ferramentas e ensinar aos especialistas (sapadores) o emprego dos explosivos, assim como os processos utilizados para as destruições comuns, transposição de cursos dágua, etc.

Os exercícios de conjunto comportam:

         a organização de turmas de trabalho e a aplicação das medidas de ordem e de segurança;

         treinamento das turmas para execução dos trabalhos correntes que competem ás tropas de todas as armas,

344. A instrução tática tem por fim preparar os quadros e a tropa para executar os diversos trabalhos destinados a uma operação de guerra determinada.

Todos os cavaleiros devem ficar em condições de executar com as ferramentas portateis, com as ferramentas de parque ou mesmo com as ferramentas de requisição, os trabalhos mais correntes de organização do terreno. Esta instrução é dada no esquadrão.

Exercitam-se mais especialmente os sapadores nos trabalhos que exigem uma certa habilidade técnica (construção de abrigos, destruições e transposição de cursos dágua).

Essa instrução é dirigida no regimento. Os sapadores graduados aperfeiçoam-se em estágios nos batalhões de engenharia, se possivel.

Enfim, todos os quadros das unidades devem conhecer o emprego do petardo, assim como os dados para efetuar as destruições mais correntes. Esta instrução, da mesma forma que a dos sapadores, é dada no Regimento.

345. A instrução especial compreende também exercícios de cooperação da cavalaria com a aviação.

ARTIGO II

TRABALHOS DE ORGANIZAÇÃO DO TERRENO

346. O Regulamento para a Organização do Terreno define os elementos da organização do terreno e os diversos trabalhos a executar:

         preparação das cobertas naturais e abrigos individuais;

         espaldão para armas automáticas e engenhos;

         trincheiras;

         organizações para postos de combate;

         obstáculos;

         comunicações enterradas; balizamento dos itinerários;

         abrigos a céu aberto;

         trabalhos complementares (faxina, revestimentos) .

347. Todo o cavaleiro deve saber preparar as cobertas natural para posições de tiro, organizar abrigos individuais e espaldões para armas automáticas e engenhos.

Estas organizações são executadas de forma que os trabalhos individuais possam constituir o começo de uma organização de conjunto.

ARTIGO III

DESTRUIÇÕES

348. As destruições importantes competem às tropas de engenharia, com ou sem auxiliares.

As destruições simples são realizadas pelas tropas de todas a armas. Algumas destruições (interrupção de vias de comunicação trabalhos de obstrução ou de demolição), podem ser executadas só com o emprego de ferramentas (enxadas, picaretas, machado, etc.).

Outras exigem explosivos: tais são as destruições de obras de arte, de certos trabalhos de organização do terreno, das habitações do material, etc. Tais operações são confiadas aos especialistas.

As destruições mais comuns que podem caber a uma tropa de cavalaria em campanha, são as de material de artilharia, de automóveis, de aviões, de estradas de ferro, etc.

Os processos mais rápidos e eficazes para a destruição dos materiais de artilharia e automóvel, são os seguintes :

1º Material de artilharia.

Por meio de granadas incendiárias: colocar na câmara um granada escorvada e fechar a culatra.

Por meio de petardos: preparar uma carga de petardos, introduzí-la no tubo, deixando a mecha lenta sair pela boca; tapar esta hermeticamente com terra, leivas, etc. Acender a mecha e abrigar-se rapidamente.

2º Material automovel ou de aviação.

Derramar gasolina sobre o carro ou aparelho e abrir a torneira do depósito. Colocar uma granada incendiária escorvada sobre o depósito perto do carburador.

Na falta de granadas incendiárias, acender diretamente a gasolina do carburador. Quando não se dispõe de granadas e os reservatórios estão vazios, quebrar a marteladas o bloco do motor ou a caixa de mudança.

3º Trechos de via férrea

A indicação dos processos para destruições de trechos de via férrea consta da 2ª parte do R. O. T.

PETARDO DA CAVALARIA

(Tipo francês)

349. O petardo de cavalaria. compõe-se de um envólucro prismático, de latão, contendo 135 gramas de milinite, munido de um estojo de escorvamento e fechado por uma tampa soldada.

Peso total do petardo – 200 gramas.

O estojo de escorvamento apresenta três alhetas também de latão, destinadas a reter a escorva quando introduzida no alojamento que lhe é próprio .Esse dispositivo é fechado por um disco de papelão, sobre o qual passa uma fita de latão, soldada por três lados. Fica, assim, uma ponta livre que se adapta a um anel, afim de, mediante simples tração, deixar o dispositivo de escorvamento descoberto.

O detonador para petardo consta de um pedaço de mecha lenta, de um metro de comprimento, ao qual se adapta uma espoleta de fulminanto.

A espoleta, sendo de uma sensibilidade extrema, detona sob a ação de um atrito, ou de um choque muito fraco; o seu manejo exige grande precaução.

Escorvamento do petardo:

1º Descobre-se o estojo de escorvamento, exercendo-se uma tração com o dedo index direito no anel e segurando-se o petardo com a mão esquerda.

2º Introduz-se a espoleta de um detonador no alojamento.

3º Firma-se essa espoleta fechando-se levemente as alhetas.

4º Completa-se essa preparação amarrando-se a mecha lenta ao petardo por meio de um barbante.

Detonação do petardo:

Acende-se a extremidade livre da mecha lenta, tomando em consideração para abrigar-se o tempo da combustão da mecha – em média 90 segundos para cada metro.

CORDEL DETONANTE

35O. O Cordel detonante consta de um tubo de estanho Com a alma cheia de milinite. Detona sob a ação de uma espoleta fulminante. A detonação da espoleta é transmitida com a velocidade de 7.000 metros por segundo.

EXERCICIOS DE DESTRUIÇÕES

351. Os exercícios de destruições exigem material especial e a observância de regras rigorosas para evitar acidentes.

Material especial – Os exercícios de destruições no regimento exigem material de quartel e material de campo de exercícios.

O material de quartel, destinado a instrução teórica, compreende:

– um trecho de via férrea de dois metros de comprimento (trilhos, dormentes e acessórios correspondentes) ; ferramentas especiais (chave inglesa, chave de fenda, talhadeiras, toca-pinos, martelos);

– um trecho de linha telegráfica: dois postes com isoladores, dois braços de ferro com isoladores para serem cravados em parede e destinados a suportar os fios (200 metros de fio, 100 metros para derivação); um galvanômetro; dois elementos de pilha; três alicates corta-fios; 10 metros de fio isolado; duas alavancas.

O material de campo de exercícios, destinado aos exercícios prática de destruição, compreende:

         um trecho de via férrea, constando de dois pares de trilhos colocados sobre leito de cascalho com os acessórios correspondentes (parafusos, dormentes, etc. );

         postes telegráficos: de madeira para serem cortados com a serra articulada (seis a oito metros de comprimento por 16 a 30 centímetros de diâmetro); troncos de árvores de dois a três metros de altura e de diâmetro superior a 35 centimetros, destinadas a serem abatidas com o emprego de petardos; um poste de cimento armado do tipo comum; poste de ferro;

         um paredão de seis metros de comprimento, 0m,50 de espessura e 2m,50 de altura, de argamassa e pedra;

         uma rede de arame com 10 metros de comprimento.

Os comandantes de unidades devem aproveitar o mais possivel os cursos locais e adquirir os objetos necessários para aperfeiçoar a instrução técnica dos quadros e da tropa (sinais de via férrea, receptor e manipulador  telegráficos, etc.)

ARTiGO IV

TRANSPOSICÃO DE CURSOS DÁGUA

352. Em princípio, a presença de um curso dágua não deve constituir um obstáculo capaz de impedir que um chefe de cavalaria prossiga na execução de sua missão. Deve tentar a passagem, em qualquer caso.

353. A escolha do processo de passagem depende principalmente do efetivo da unidade e também da missão, da situação, natureza do curso dágua e das condições atmosféricas.

Os pequenos elementos a cavalo só devem contar com os próprios recursos. Quando não encontram barcos nas proximidades, os cavaleiros atravessam a nado ou sobre flutuadores improvisados com os sacos de distribuição, pranchões, feixes de lenha, troncos de árvores, tonéis, etc. Governam-se estes flutuadores com varas, remos ou pedaço de madeira; podem também ser puxados para a outra margem por meio de cordas ou deslizar ao longo de um cabo estendido de margem a margem. Os cavalos passam a nado porem seguros pelo cabresto e sempre que possivel desencilhados.

Pode-se, em alguns casos, improvisar uma passadeira, por onde passam os homens, quando se dispõem de flutuadores, pranchas, portas e janelas para constituir o taboleiro.

As unidades maiores dispõem do material especial para a travessia de cursos dágua, pertencentes à D. C. Esses materiais são empregados de acordo com as instruções técnicas correspondentes.

A equipagem de uma divisão (secção de equipagem de pontes tipo Delacroix) permite construir 106m,50 de passadeira ou 63m,50 de ponte leve.

354. Uma travessia a viva força em presença do inimigo exige geralmente o emprego de grandes recursos.

O comandante encarregado do ataque instala, na margem de partida, uma forte base de fogos, a cuja ação se junta a que possa ser prevista para a artilharia e para a aviação. Fraciona seu escalão de fogo em elementos de transporte, evitando romper os lagos táticos e designando para esse fim o mesmo ponto de passagem aos elementos sucessivos da mesma unidade. Organiza, também nessas condições, a travessia das unidades do segundo escalão e prevê a passagem ulterior dos elementos da base de fogo e dos meios de transmissões.

A travessia das primeiras frações deve ser tentada por surpresa ou utilizando projetos e engenhos fumigenos. Se o inimigo descobre o ataque, o sistema de fogos previamente preparado desencadeia o fogo com a intensidade máxima.

Logo que as primeiras unidades do escalão de fogo atingem a margem oposta, reorganizam-se e avançam rapidamente para tirarem o maior proveito da surpresa e envidarem esforços para alcançar os objetivos que lhes tenham sido designados. Estabelecem-se imediatamente as transmições necessárias com os elementos de apoio ainda na outra margem.

Depois de ocupado o primeiro objetivo, os elementos da base de fogo iniciam a passagem por escalões, de modo que possam constituir na margem conquistada uma nova base de fogo o mais depressa possivel.

Assim que os combatentes ocupam a linha fixada pelo comando, organizam-se defensivamente sob a proteção da base de fogos e eventualmente de artilharia. 

 EXERCÍCIOS DE TRANSPOSIÇÃO DE CUROS DÁGUA

355. Estes exercícios comportam a transposição de Cursos dágua por pequenos elementos a cavalo, empregando seus próprios meios, e por unidades mais importantes, utilizando barcos, jangadas ou pontes de circunstância.

Exercitam-se os cavalos em passar a nado, em jangadas, balsas ou em passadeiras.

536. As medidas de precaução a tomar para estes exercícios são as seguintes:

1º, construir, em cada regimento, uma turma de nadadores muito bons (de preferência os sapadores), sabendo manejar um barco a remo, a vara ou croque, abordar e amarrar, etc.

2º, estabelecer na margem, em um ponto dominante, um posto de vigilância que possa ver uma grande extensão dágua para dar aviso de homens e cavalos em perigo;

Ocupa esse posto, durante todo o exercício, um graduado ou um prático experimentado, cuja atenção não deve ser desviada para nenhum outro serviço enquanto durar sua missão especial.

3º colocar nas duas margens, em barcos e a montante do ponta de passagem excelentes nadadores, munidos de salva-vidas e prontos para se lançarem em socorro dos homens e cavalos em perigo;

4º, exigir que o grupo de homens que atravessam simultaneamente, seja sempre inferior ao dos nadadores prontos para os socorrer em caso de perigo;

5º, manter um médico presente ao exercício, com o material necessário ao socorro de vítimas de começo de asfixia.

É tambem útil a presença de um veterinário.

ARTIGO V

EXERCÍCIOS DE EMBARQUE E DESEMBARQUE EM ESTRADAS DE FERRO E CAMINHÕES

357. As disposições técnicas relativas aos embarques e desembarques em estradas de ferro e caminhões, constam do Título V, do R.S.C.

ARTIGO VI

EXERCÍCIOS A EXECUTAR EM COMUM PELA CAVALARIA E A AVIAÇÃO

358. A cooperação da cavalaria e da aviação exige uma preparação minuciosa para ser eficaz. Compreende uma série de exercícios combinados, cuja progressão é a seguinte:

– instrução preparatória pormenorizada nas unidades de cavalaria.

– exercícios de aplicação em comum, ou exercícios combinados.

Instrução preparatória nas Unidades de Cavalaria

359. nas unidades de cavalaria esses exercícios têm por fim

1º. Habituar o pessoal das transmissões a receber as comunicações de bordo dos aviões; exercitá-lo em manipular rapidamente e estender os painéis corretamente; fazê-lo assistir aos exercícios de lançamento de mensagens pelos aviadores e acostumá-lo ao emprego do apanha-mensagens.

No caso geral em que não há unidade de aviação na mesma guarnição ou nas proximidades, esta instrução preparatória pode ser proveitosamente dada durante estágios períodos realizados pelo pessoal das transmissões e pelos quadros nos corpos de aviação.

Este pessoal recebe também instrução quanto ás características dos aviões e das condições que um campo de aterrissagem deve satisfazer, pois a ele compete a preparação sumária dos terrenos auxiliares.

2º. Exercitar as unidades a se subtraiíem ás vistas aéreas, tanto em marcha como paradas. Realizam-se exercícios repetidos com o fim de familiarizar os quadros e a tropa com essa imperiosa necessidade. No decorrer das manobras de unidades de cavalaria e mesmo que não se tenha organizado nenhum desses trabalhos em conjunto, o comando deve esforçar-se para obter a participação da aviação. Ao aparecer o avião as unidades de cavalaria tomam as medidas mais de acordo com o terreno e as circunstâncias, afim de escaparem ás observações aéreas.

Depois de terminar o vôo, o aviador denuncia as unidades que conseguiu localizar bem como os erros que porventura tenham sido cometidos.

Exercícios combinados

360. Realizam-se os exercícios combinados primeiramente em cada regimento e depois no conjunto da divisão, aproveitando a sua permanência em um campo de manobras.

Consistem geralmente em exercícios de quadros com o emprego de todos os meios de transmissões. Convem entretanto, completar esta instrução com exercícios com a tropa. Esses exercícios, estabelecidos em um tema geral, comportam principalmente:

1º. Exercícios de ligação entre a aviação e uma unidade de cavalaria em missão de exploração ou em marcha de aproximação, sobre um terreno de grande frente e profundidade.

Estudam-se especialmente os seguintes pontos:

– ligação entre o centro de informações avançado ou o posto de comando da divisão e a aviação;

– ligação entre os destacamentos de descoberta e a aviação, considerando os incidentes de marcha que podem surgir durante a progressão dos destacamentos.

2º.  Ligação entre a aviação e uma unidade de cavalaria, operando em combate ofensivo ou uma ação retardadora.

3º.  Exercícios de ligação entre a artilharia da divisão e a aviação, nos casos de tomada de contato, de combate ofensivo e de ação retardadora.

Rio de Janeiro, D. F., .....de....................de 1940.

NOTAS COMPLEMENTARES

N.1

Conhecimento do terreno – Indícios .

CAPÍTULO I

Orientação

361. A orientação permite determinar a direção do ponto norte (N) e, consequentemente, as direções dos outros pontos cardiais – sul (S), leste (E) e oeste (W).

         Esta operação permite, em região desconhecida:

         indicar a situação de um ponto do terreno;

         seguir sem se desviar, uma direção dada;

         finalmente, determinar os elementos do tiro (tiro indireto de metralhadoras, tiro de artilharia, etc.).

Os processos mais simples de orientação são:

         orientação pela observação do Sol;

         orientação pela observação do Cruzeiro do SuI;

         orientação pela observação da Lua;

         orientação por meio da bússola.

Os sargentos, os cabos e certos cavaleiros devem conhecer  o emprego da bússola.

ORIENTAÇÃO PELO SOL (fig. 4)

362. Este processo de orientação baseia-se na posição do Sol às diferentes horas (23) do dia, a saber:

         às 6 horas (tempo médio local) o Sol está a E;

         às 9 horas (tempo médio local) o Sol está a NE;

         às 12 horas (tempo médio local) o Sol está a N;

         às 15 horas (tempo médio local) o Sol está a NW;

         às 18 horas (tempo médio local) o Sol está a W.

Sendo assim, se ás 6 horas nos colocarmos de frente para o Sol, teremos a direção E, à nossa frente, e, se fizermos – esquerda volver – ficaremos voltados para o ponto N. Determinaremos facilmente os outros pontos cardiais se soubermos que, quando estamos de frente para o N., temos:

<<ANEXO >>CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 252 Figira.

         o ponto S. à nossa retaguarda;

         o ponto W. à nossa esquerda;

         o ponto E. à nossa direita;

         o ponto NE. á nossa direita e á frente;

         o ponto NW. à nossa esquerda e à frente;

         o ponto SW. à nossa esquerda e à retaguarda;

         o ponto SE. à nossa direita e à retaguarda.

(232 Ao meio-dia médio local o Sol está, praticamente ao N. verdadeiro (geográfico); convém, portanto, corrigir a diferença entre a hora legal própria da região considerada em tempo médio local.

ORIENTAÇÃO PELO SOL E UM RELÓGIO

363. Quando o Sol é visivel, por ele e com o auxílio de um relógio podemos nos orientar facilmente (fig. 5).

Para este fim, colocamos o relógio horizontalmente á nossa frente, girando-o, de modo que a marcação XII fique dirigida para o Sol. A direção do Sol (ou da marcação XII) e a do ponteiro das horas (pequeno) determinam um ângulo cuja bissetriz indica a direção do ponto N. (fig. 5) .

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 253 Figura.

ORIENTAÇÃO POR INFORMAÇÕES

364. Em tempo encoberto (durante o dia ou á noite), na impossibilidade de observar o Sol ou estrelas, podemos nos orientar por informações, interrogando os habitantes da região, afim de sabermos de que lado nasce o Sol ou de que lado ele se oculta. Uma vez informados nos colocamos de maneira a apresentarmos a direita para o nascente ou a esquerda para o poente: teremos então o N. à nassa frente.

CLBR Ano 1940 Vol. 06 Pág. 254 Figura.

365. Em nosso hemisfério, o Cruzeiro do Sul permite a determinação aproximada do Polo Sul, Para isto prolongamos a reta que une as estrelas – cabeça e pé – da Cruz no sentido da estrela – pé – e tomamos, sobre este prolongamento, cinco vezes a distância aparente entre as duas estrelas consideradas. Baixamos do ponto assim obtido (Polo Sul Celeste), uma perpendicular sobre o horizonte e teremos, aproximadamente, a direção do ponto S.

III – ORIENTAÇÃO PELA BÚSSOLA

366. A bússola consiste em uma barra imantada (com diversas formas), que se equilibra e gira livremente sobre um pino (quício). Este conjunto encerra-se em uma caixa metálica.

Uma das extremidades de barra (azul, com uma pequena barra transversal, ponteaguda), possue a propriedade de se orientar constantemente para o N.

O fundo da caixa contem um círculo cujo limbo (circunferência) é graduado. Estas graduações, crescentes no sentido do movimento dos ponteiros do relógio (ou contrário), vão, segundo a unidade de medida angular adotada, de:

– 0 a 360 graus;

– 0 a 400 grados;

– 0 a 6.400 milésimos.

Consoante a medida adotada, o limbo é dividido em 360 graus – 400 grados – 6.400 milésimos.

O grau, representado pelo sinal – º – subdivide-se em 60 minutos, que se subdividem por sua vez em 60 segundos sexagesimais.

O grado, representado pela letra G, subdivide-se em 100 minutos centesimais, que se subdividem por sua vez em 100 segundos centesimais.

No sistema sexagesimal o minuto é representado pelo sinal – ’ – e o segundo pelo sinal ”.

O milésimo é o ângulo sob o qual se vê um metro a mil metros ou um milímetro a um metro.

O N. indicado pela bússola chama-se Norte Magnético e não coincide exatamente com o Norte Geográfico ou Norte Verdadeiro.

A direção do Norte Magnético (NM) faz com a do Norte Geográfico (NG) um ângulo chamado declinação; o valor deste ângulo varia ligeiramente com o tempo e tem variações acentuadas de uma região para outra. Sendo fixa a direção do NG. e variável a do NM., pode acontecer que este esteja à direita ou à esquerda daquele (a E. ou a W.). Diz-se então que a declinação em tal lugar é E. ou W., isto é oriental ou ocidental. O valor da declinação nunca é superior a 13 graus (15 G ou 240”).

Devemos evitar cuidadosamente utilizar a bússola nas proximidades de objetos de ferro (capacetes, sabres, etc.) porque a influência magnética de tais objetos falseia suas indicações.

A) Emprego da bússola para obter o Norte geográfico (NG)

367. Para obtermos o NG. colocamos a bússola horizontalmente e girâmo-la de modo que a ponta N. da barra imantada coincida com o pequeno traço marcado sobre o limbo e que faz que a linha 0 – 180 (ou 0 – 200, ou 0 – 3.200), marcada igualmente no círculo graduado, um ângulo igual à declinação da região.

Nesta posição, a linha 0 – 180 que contem em suas extremidades a indicação N – S dá a direção do NG. É o que indica a figura seguinte, admitindo-se que a declinação magnética seja de 13 graus Oeste (fig. 7).

B) Determinação de uma direção

368. Uma direção é determinada pelo ângulo que ela faz com outra direção – direção de referência – tomada para origem.

O ângulo formado peta direção considerada e pela direção do NG. (tomada para origem), chama- se

 azimute geográfico (Az G) ou azimute verdadeiro (Az V.).

O ângulo formado pela direção considerada e pela direção do NM. (tomada para origem), chama-se azimute magnético (Az M).

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 256 Figura.

Medimos estes ângulos do seguinte modo:

Orientamos a bússola, isto é, fazemos a coincidência da ponta norte da barra imantada com a graduação 0º do limbo. Tomamos para direção-origem a linha que liga o centro do circulo à graduação 0º do limbo e lemos, sobre a graduação que corresponde á direção cujo azimute queremos medir. Temos deste modo o azimute magnético da direção dada.

Se, ao orientarmos a bússola, tivéssemos feito coincidir a ponta norte da barra imantada com a pequena referência traçada sobre a limbo, que marca o NM., o ângulo lido como acima seria o NG. da direção dada.

C) Orientação da carta

369. Orientar uma carta consiste em dispô-la de tal modo que suas linhas sejam paralelas às linhas correspondentes do terreno que  representa e dirigidas no mesmo sentido.

a) Orientação da carta com auxilio da bússola

370. 1º Para orientarmos uma carta comum, colocamos a bússola sobre ela de modo que a linha 0º – 180º do limbo (a graduação 0º voltada para o N. da carta) coincida com um dos meridianos da carta. Em seguida fazemos girar a carta, juntamente com a bússola, até que a ponta norte da barra imantada marque a declinação local.

A carta estará então orientada.

2º Para orientarmos uma carta referida ao NM. colocamos a bússola sobre a carta de modo que a linha 0º – 180º (a graduação 0º voltada para o alto da carta) coincida com a direção da flecha traçada na margem da carta e que tem a indicação NM.; depois levamos a ponta norte da barra imantada sôbre a graduação 0º do limbo girando a carta sem deslocar a bússola.

b) Orientação da carta por meio de detalhes do terreno

371. 1º Se pudermos estacional sobre uma linha reta do terreno, reconhecível na carta (rodovia, ferrovia, curso dágua, etc.), orientaremos a carta dirigindo esta linha de modo que a do terreno a prolongue ou lhe seja paralela. Esta linha (reta de orientação), pode tambem ser fictícia quando balizada por dois objetos do terreno, nitidamente representados na carta, dos quais um pode ser o ponto de estação.

2º Se não conhecermos o ponto de estação, precisamos procurar no terreno e identificar na carta dois pontos, Suficientemente afastados um do outro, cujo alinhamento passe pelo ponto de estação; feito isto, dirigimos a linha que na carta liga os dois pontos para um qualquer deles (do terreno).

Nota – De preferência o mais afastado.

c) Orientação da carta por meio de um meridiano

Para este fim precisamos determinar, por meio do Sol ou por outro processo, o norte geográfico.

Obtido o norte geográfico, dirigimos um dos meridianos da carta na sua direção, tendo o cuidado de conservar o alto da carta para o norte. Depois, para verificação, visamos alguns pontos do terreno representados na carta (fig. 8).

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 257 Figura.

D) Emprego da bússola diretriz

372. A bússola diretriz, cujo emprego deve ser ensinado a todos os graduados, facilita a solução dos diferentes problemas de orientação que possam se apresentar em campanha.

A mais usada é uma bússola comum que contem uma grande flecha diretriz negra (ou luminosa), concêntrica à barra imantada e cuja ponta podemos fazer coincidir, geralmente girando o fundo da caixa com qualquer das graduações do limbo.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 258 Figura.

1 – Seguir a direção ou o azimute de um ponto terreno

373. Seja A o ponto visado.

Fazemos francamente frente para o ponto A. Dirigimos a flecha para este ponto tão exatamente quanto possível e assim a conservamos enquanto fazemos girar o resto da bússola diretriz de modo que a ponta norte da barra imantada coincida com a graduação 0º do limbo.

Lemos sobre o limbo a graduação diante da qual se encontra a ponta da flecha; esta graduação dá o azimute magnético do ponto A (120º no exemplo da Fig. 10).

Se tivéssemos feito a ponta norte marcar a declinação 13: (suponhamos que esta é a declinação local) teríamos lido, no exemplo acima, 120º – 13º, isto é, 107º, valor do azimute geográfico do ponto A (Fig. 9)).

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 259 Figura.

2 – Conhecendo, na carta, o ponto (A) em que estacionamos, a ele referir a direção de um ponto  (B) visado, do terreno

374. Seja A o ponto da carta que representa o do terreno em que estacionamos. Seja B o ponto visado do terreno, cuja direção sobre a carta precisamos determinar.

Para isto tomamos o azimute do ponto B. Orientamos a carta e sobre ela colocamos a bússola de modo que o rebordo que corresponde à cauda da flecha diretriz coincida com o ponta A e que êste ponto fique no prolongamento da flecha. (Fig. 11). Conservando esta disposição fazemos girar a bússola em torno do ponto A (e não em torno do centro da bússola), até que a ponta norte da barra imantada esteja sobre o 0º da graduação do limbo. A ponta da flecha dará a direção do ponto B.

CLBR Vol. 06 Ano 1940  Pág. 260 Figura.

3 – Conhecendo a situação de em ponto (B) no terreno e na carta e ignorando a do ponto (A) de estação, traçar sobre a carta a linha que para por estes dois pontos.

Seja B o ponto cuja situação conhecemos no terreno e na carta.

Tomamos o azimute do ponto B. Orientamos a carta e sobre ela colocamos a bússola de modo que o rebordo que corresponde à ponta da flecha diretriz coincida com o ponto B e que este ponto fique no prolongamento da flecha (Fig. 12). Conservando esta disposição, fazemos girar a bússola em torno do ponto B (e não em torno do centro da bússola), até que a ponta norte da barra imantada esteja sobre o 0º da graduação do limbo. Do lado da cauda e na direção da flecha traçamos sobre a carta a reta ab; esta reta passará pelo ponto A em que estacionamos.

Efetuando duas operações desta natureza sobre dois pontos (B e C), identificados sobre o terreno, determinamos sobre a carta o ponto de Estação (a): ele estará no ponto de cruzamento das duas retas (ab – cd), obtidas por este processo.

Quando dispusermos do tempo necessário, é conveniente repetirmos esta operação sobre um terceiro ponto do terreno. Obteremos então uma terceira reta, que geralmente forma, com as duas outras, um triângulo, cujas dimensões dão uma idéia da precisão das visadas. O ponto A estará dentro ou nas proximidades deste triângulo (triângulo de erro).

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 261 Figura. 

4 – Problema do ângulo de marcha

375. Quando uma tropa progride através do terreno e não pode, em virtude das circunstâncias (marcha dentro de mata, à noite ou com nevoeiro), utilizar a carta ou balizar sua direção por pontos bem visíveis do terreno, ela mantém, sua direção pelo processo do ângulo de marcha, que exige o emprego da bússola diretriz.

Chama-se ângulo de marcha o ângulo formado pela direção a seguir (eixo de marcha) com a direção do NM.

O problema do ângulo de marcha consiste em:

– registar na bússola o ângulo dado;

– determinar sobre o terreno a direção que este ângulo indica em relação ao NM;

– assegurar durante o movimento a conservação da direção.

Para resolvê-lo opera-se do seguinte modo:

Dado o ângulo de marcha giramos a flecha de modo que sua ponta fique colocada sobre a graduação do limbo que corresponde ao valor do ângulo dado.

Estando assim preparada a bússola, girâmo-la até que a ponta norte da barra imantada coincida com a graduação 0º do limbo; nestas condições a ponta da flecha indica a direção a seguir.

Na direção indicada pela flecha observamos um ponto de referência afastado ou pontos de referência sucessivos, utilizando, se houver necessidade, balizadores, para nos conservarmos sobre a direção a seguir.

É prudente, neste caso, verificar frequentemente, por meio da bússola, se a direção se conserva boa.

Quando se apresentam obstáculos sobre a direção da marcha, procede-se do seguinte modo:

Primeiro caso – Obstáculo interceptando a marcha e não a vista.

Se houver alem do obstáculo um ponte de referência (balizamento) bem nítido, atingimos este ponto pelo caminho aplicável (Figura 13).

Se não existirem pontos de referência, utilizamos balizadores para fixar a direção seguida, contornar os obstáculos e retomar a marcha na direção dada pelo alinhamento dos balizadores.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 262 Figura.

Segundo caso – Obstáculo interceptando a marcha e a vista (fig. 14).

O orientador que se separa da tropa, enquadra em um retângulo o obstáculo que interpreta a marcha e a vista (o obstáculo é, por exemplo, constituído por um cerrado e impenetravel sobre a direção de marcha).

O orientador, chegando a A, soma ao ângulo de marcha 90º e marcha sobre este novo ângulo até A’, tendo o cuidado de calcular o comprimento AA'.

De A' até B’ marcha sobre o ângulo de marcha primitivo, de modo a ultrapassar o obstáculo. Chegando em B’ subtrai do ângulo de marcha 90º e marcha sobre este novo ângulo de B’ para B; a distância B’B deve ser igual à distância AA’.

Em B retoma o primitivo ângulo de marcha.

Finalmente, instala balizadores em pontos convenientes para guiarem a tropa.

Se o orientador tivesse enquadrado o obstáculo por A”B”, deveria subtrair 90º em lugar de somar e reciprocamente.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 263 Figura.

O processo do ângulo de marcha permite:

– Dirigir uma tropa, sem auxílio de carta, para um ponto não visível do terreno e em uma direção retilínea (instalação de uma tropa de ataque em presença de seu objetivo, marchar à noite, marchar através de bosques, etc. );

– Fazer uma tropa marchar paralelamente a uma outra;

– Fazer convergir tropas em um mesmo ponto.

O processo do ângulo de marcha é de frequente utilização nas marchas de aproximação e no decorrer dos ataques.

Todos os oficiais e comandantes de pelotões devem estar familiarizados com o seu emprego.

Designação de objetivos sobre cartas quadriculadas

376. Certas cartas e os planos diretores recebem uma quadriculagem quilométrica que tem para origem um ponto de região considerada.

Os lados dos quadrados da quadrícula são orientados de S. para N. e de O. para E. (para que todos os pontos da região fiquem no primeiro quadrante e sejam, portanto, positivas suas coordenadas), e têm a escala da carta (carta de 1:50.000 – um lado da quadrícula é igual a 1.000 metros).

Chama-se abcissa o comprimento contado sobre o eixo orientado de O. para E. (da esquerda para a direita), e ordenada o comprimento contado sobre o eixo orientado de S. para N. (de baixo para cima), a partir da origem.

Ao conjunto – abcissa e ordenada – dá-se o nome de coordenadas (Fig. 15).

Para designar um ponto da carta por meio desta quadriculagem obrigatório operar do seguinte modo:

Os pontos do terreno são designados por 6 ou 4 algarismos, dando suas coordenadas em relação à quadriculagem da carta (ou do plano diretor).

Quando se emprega a designação por seis algarismos:

– os três primeiros dão a abcissa em hectômetros;

– os três últimos dão a ordenada em hectômetros.

Quando se emprega a designação por quatro algarismos:

– os dois primeiros dão a abcissa em hectômetros;

– os dois últimos dão a ordenada em hectômetros.

Por exemplo (Fig. 16):

Coordenadas do ponto Q em hectômetros:

x 335 y 282

Elas são designadas sob as formas:

335.282 ou 3.582

A primeira forma fixa (com a aproximação de 100 metros) a posição do ponto se tivemos certeza do quadrado de 100 km. de lado em que ele se encontra.

A segunda forma fixa (com a aproximação de 100 metros) sua posição se tivermos a certeza do quadrado de 10 km. Em geral esta é suficiente.

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 264 e 265 Figuras.

Quando não dispomos de carta quadriculada, podemos designar a situação de um ponto em relação a uma referência notável da carta, do seguinte modo:

SERRARIA 500 NOR 400 OES.

Isto quer dizer: 500 metros ao norte, 400 metros a oeste da Serraria.

Nota – Nas localidades os pontos notaveis são as igrejas e, na falta delas, devemos nos amarrar ao centro da localidade.

Para assegurar o segredo das designações, especialmente nas transmissões pelo telégrafo sem fio, podemos empregar depois de prévio entendimento, coordenadas polares em vez de coordenadas retangulares.

Os dois correspondentes utilizam a mesma carta e transferidores graduados do mesmo modo combinam um ponto e uma reta-origem A reta-origem das coordenadas parte do ponto-origem e é traçada arbitrariamente sobre a carta da região interessada.

Para designarmos um ponto, locamos este ponto sobre a carta, colocamos o ráio origem do transferidor sobre a reta origem e o centro sobre o ponto-origem. O ângulo compreendido pela reta-origem e pelo raio-móvel e a distância, avaliada em milímetros, entre o ponto – origem e o ponto a designar, são as coordenadas polares do ponto (Fig. 17).

CLBR Vol. 06 Ano 1940 Pág. 265 Figura.

O ângulo é contado no sentido dos ponteiros do relógio a partir da reta-origem.

Para transmití-las, procedemos como com as coordenadas retangulares, fazendo preceder da letra P os dois grupos de três algarismos. Primeiro escreve-se o ângulo e depois o comprimento.

Exemplo de coordenadas polares:

As coordenadas polares do ponto Q são designadas do seguinte modo:

P 332 085

Todos os oficiais e comandantes de pelotão ou de secção devem poder:

– inserir em uma carta quadriculada um ponto dado por suas coordenadas;

– obter as coordenadas de um ponto ainda não determinadas sobre a carta quadriculada.

CAPÍTULO II

Conhecimento do terreno

377. Sob o ponto de vista militar, terreno é a superfície do solo com o conjunto dos variados acidentes que nela se encontram. Estes acidentes são naturais (montanhas, matas, águas, etc.), ou artificiais (habitações, rodovias, ferrovias, canais, etc.)

DEFINIÇÕES

Um terreno é descoberto quando nele nenhum obstáculo nos intercepta a vista; é coberto quando as matas, as habitações, as culturas, etc., nos impedem ver longe. Um terreno é cortado quando obstáculos nos impedem de percorrê-lo livremente.

Chama-se montanha uma elevação do solo de altura considerável; colina ou morro, uma elevação menos importante; mamelão, uma colina isolada, cuja parte superior é arredondada; garupa, uma superfície arredondada e inclinada; esporão é dobra de terreno, uma simples ondulação do solo.

Chama-se crista a parte mais alta de uma elevação, onde as vertentes se encontram; vertente, a parte inclinada compreendida entre a crista e a base duma elevação; colo ou sela, o ponto em que a crista se abaixa e permite uma passagem mais fácil de uma vertente para outra.

Chama-se vale a depressão do solo que separa duas elevações e em cujo fundo se reunem as águas; os vales mais importantes da região considerada chamam-se vales principais; os outros são chamados vales secundários; chama-se ravina um pequeno vale cujos lados são escarpados; garganta é uma passagem estreita entre duas elevações.

Chama-se planície uma certa extensão do solo que não apresenta à vista ondulações nem acidentes naturais ou artificiais.

Floresta é um arvoredo copado, denso, de grande porte e formado por árvores seculares, podendo ser facilmente transitavel ou não; neste último caso torna-se necessário abrir trilhos ou picadas. Em geral as florestas brasileiras são de árvores copadas ou pinheiros.

Os bosques são formados por árvores copadas ou palmeiras relativamente altas e ralamente dispostas de modo a deixar o interior accessivel, na maioria dos casos, a cavaleiros. Em geral cobrem áreas pouco extensas.

 As matas são, como as florestas, constituídas por uma vegetação densa ou rala em que predominam árvores copadas de parte mediano ou baixo; podem ser de fácil ou de difícil acesso a pedestres, sendo neste caso indispensável a abertura de veredas, trilhos ou picadas.

A macega (ou macegais) é uma vegetação densa ou rala formada de arbustos, capim alto e pequenas árvores. Os macegais são, em geral, accessiveis e podem encobrir homens e cavaleiros.

O cerrado é constituído por uma vegetação emaranhada, que oferece sérios obstáculos à passagem, mesmo de homens isolados. A vegetação do cerrado varia em porte, desde as grandes massas de emaranhados de taquarussú ou cipós até os pequenos arbustos de espinhos, que cobrem densamente certas regiões brasileiras e só permite o trânsito depois de trabalhos de destruição mais ou menos laboriosos e demorados.

A orla da floresta (bosque, mata, cerrado) é o seu limite, isto é, a linha onde a floresta termina.

A ponta de floresta é um prolongamento extenso, avançado e relativamente estreito, que se destaca da massa principal.

A entrada da floresta é, ao contrário, uma abertura para o interior.

A clareira é uma área no interior da floresta desprovida de árvores.

As águas se classificam em águas correntes e águas paradas.

As águas correntes ou cursos dágua são, segundo sua importância: rios, ribeiros, riachos, etc.

As águas paradas são, conforme sua extensão e volume: lagos, lagoas, banhados, charcos, atoleiros, etc.

Margens são os bordos dos cursos dágua; quando escarpados, tomam o nome de ribanceiras.

A largura dos cursos dágua é a distância que separa as margens.

A margem direita é a que fica à direita de um observador que se coloca de frente para o lado para onde corre a água; este observador terá a margem esquerda à sua esquerda e um ponto situado à sua frente estará abaixo ou à jusante; se estiver à sua retaguarda, acima ou à montante.

O leito é o fundo do curso dágua. Conforme sua natureza se diz: leito lodoso (de lodo, de vasa), marnoso, arenoso, pedregoso.

O nível da água é a superfície do curso dágua; a profundidade é a distância que há entre a superfície e o fundo.

Chama-se vau ou passo toda a porção de um curso dágua onde a água é suficientemente baixa para permitir atravessá-la marchando. O leito deve ser bem firme e coeso.

Diz-se que um curso dágua é vadeavel, quando se pode vadeá-lo em diversos pontos de seu curso. Diz-se que é navegavel, quando nele pode navegar um barco.

Chama-se canal um curso dágua artificial, isto é, feito pelo homem.

Os canais são muitas vezes marginados de obras de terra ou de alvenaria chamadas diques, que servem para conter as águas.

Comporta ou represa é uma construção de alvenaria, feita na curso dágua para conter ou soltar as águas.

Barragem é uma construção feita transversalmente ao curso dágua, para elevar o nível da água; oferece, geralmente, um meio de passagem.

As águas paradas ou estagnadas, conforme forem mais ou menos consideraveis e permanentes, formam os lagos, lagoas, banhados, charcos, brejos e atoleiros.

Os charcos são terrenos recobertos de um lençol dágua mais ou menos profundo, segundo a época do ano, e mais ou menos impraticaveis.

Para atravessarmos os cursos dágua, lançamos mão das pontes, que podem ser fixas, suspensas ou flutuantes e das balsas.

As pontes fixas são construídas de pedras, madeira, ferro ou destes materiais combinados, e lançadas de uma à outra margem dos cursos dágua. Nestas construções notam-se:

Os pilares – que são maciços de alvenaria ou colunas de madeira ou de ferro, enterradas no leito do curso dágua; os lances ou arcos – sob os quais a água passa livremente, ligam os pilares e por eles são sustentados; o estrado ou piso – que repousa sobre os lances ou arcos e serve para a passagem; os parapeitos – que guarnecem os lados do estrado, e os encontros – que são os pontos das margens em que a ponte se apóia.

As pontes suspensas (penseis) são pontes, que não repousam sobre pilares e têm seu estrado suspenso e sustentado por fios de ferro, correntes ou cordas.

As pontes flutuantes são pontes construídas sobre barcos, jangadas ou tonéis.

Existem ainda pontes construídas sobre cavaletes, que repousam sobre o fundo do curso dágua.

A balsa é um barco chato que se movimenta com o auxílio de um cabo estendido entre as margens.

Os lugares habitados, que servem para abrigar os homens, os animais e o material são: as habitações isoladas (capelas, estações, casas de campo, fábricas, estabelecimentos rurais, etc.); os agrupamentos de habitações; os povoados, as aldeias, as vilas e as cidades.

Entende-se por vias de comunicação as estradas de ferro, as estradas de rodagem, os caminhos e os trilhos.

Segundo sua importância, as estradas são classificadas, em: estradas reais, estradas carroçaveis, conservadas, estradas carroçaveis sem conservação, caminhos carroçaveis, caminhos para pequenas viaturas, trilhos (para cargueiros, cavaleiros, pedestres) e veredas.

Quando uma via de comunicação está no mesmo nivel do terreno adjacente, diz-se que está em nivel; quando está mais baixa, diz-se que está em desaterro ou em corte; quando está mais alta, diz-se que está em aterro.

Para indicar distâncias e direções, colocam-se marcos e taboletas nos entroncamentos das estradas ou às suas margens. As distâncias são expressas em quilômetros (km.) e hectômetros (hm.).

Quando duas estradas se encontram, formam um entroncamento. Conforme o sentido da marcha o entroncamento pode ser um entroncamento ou bifurcação. Quando se cruzam, formam um cruzamento.

Estradas de ferro são vias de comunicação de duas barras de metal, dispostas paralelamente, sobre as quais rodam as viaturas. Compõem-se, principalmente, de trilhos, dormentes e lastro de areia ou pedra britada.

Em um reconhecimento de terreno os detalhes importantes que devemos observar e anotar são os seguintes:

– estradas e caminhos;

– estradas de ferro.

Cursos dágua – Pontos de passagem mais favoráveis para as diferentes armas; largura, profundidade, natureza das margens, sua inclinação e altura relativa; posição das pontes e, seu modo de construção; balsas e vaus ou passos (os vaus são, geralmente, situados abaixo de um cotovelo do curso dágua a sua existência e posição são quase sempre indicadas por caminhos que vão ter à margem do rio e que continuam sempre do outro lado); direção, natureza do fundo e largura dos vaus; profundidade, que não poderá exceder para a artilharia, de 0m,65, para a infantaria de 1 metro (0m,80 se a correnteza é forte), e, para a cavalaria, 1m,20; lugares habitados e habitações existentes às margens; recursos em barcos e materiais diversos; estado e largura dos caminhos que margeiam, natureza do terreno nos arredores dos pontos de passagem.

Canais – Largura, pontos de passagem, comportas, vasadouros, barragens, estado e largura dos caminhos marginais.

Diques – Sua natureza, altura e espessura.

Passagens estreitas e obrigatórias – Comprimento, largura, viabilidade, natureza das alturas dominantes e das entradas e saídas; meios de interceptar ou de restabelecer a passagem.

Florestas, matas, bosques, etc – Extensão em relação a estrada seguida; vias de comunicação que as atravessam; natureza da vegetação e do solo; obstáculos que podem dificultar ou impossibilitar os movimentos das tropas no seu interior (caminhos esburacados, desmoronamentos, etc.).

Planícies – Extensão; povoados que se percebem e seus nomes; natureza do terreno e das culturas; agrupamentos de árvores; vedações, cursos dágua, pântanos, valas largas e profundas, caminhos e obstáculos que possam embaraçar os movimentos das tropas e as vistas.

Lugares habitados – Situação e importância; recursos de toda a natureza que existem para a alimentação, manutenção e estacionamento das tropas; meios de transporte que possam fornecer; estabelecimentos hospitalares; disposição das principais casas e igrejas; cemitérios, etc.; grandes construções, usinas, fábricas, estações de estradas de ferro; postos telegráficos e telefônicos; natureza das orlas (jardins, muros cercas vivas, de arame, valas profundas, etc.).

CARACTERÍSTICAS DOS DIVERSOS TERRENOS

Formas topográficas

378. Os terrenos uniformemente planos (terrenos chatos) não se prestam, salvo instalações especiais, à montagem de observatórios terrestres de grande raio de observação. Prestam-se muito bem para a observação aérea. São favoráveis à progressão das tropas, mas não lhes oferecem proteção contra as vistas e os tiros. Não favorecem a organização dos dispositivos de fogos escalonados.

Os terrenos acidentados facultam às tropas caminhamentos desenfiados e, geralmente, observatórios de grande alcance; mas apresentam depressões em cujo fundo os gases tóxicos se acumulam e permanecem.

Em regiões montanhosas as dificuldades provêm de escassez de vias de comunicações e da impraticabilidade de certos trechos.

As vertentes A B voltadas para o inimigo geralmente proporcionam um campo extenso de ação, mas são expostas às vistas e aos fogos; nelas o apoio de artilharia é tanto mais difícil quanto mais acentuado for a inclinação.

As contra-vertentes, isto é, as vertentes B C, opostas ao inimigo, oferecem vistas e campos de tiro limitados, mas escapam às vistas do adversário. Os elementos aí colocados são subtraídos ao efeito dos fogos de destruição do inimigo quando estes não podem ser controlados pela observação aérea. Por outro lado, o apoio da artilharia amiga é, aí, particularmente fácil. Os inconvenientes que apresentam são consideravelmente atenuados quando o terreno que os precede e que escapa as vistas dos observadores, nele instalados, pode ser vigiado por elementos colocados à frente da crista e batidos de flanco ou de escarpa por dispositivos de fogos estabelecidos atrás ou nos flancos.

As vertentes C D voltadas para o inimigo e mais abrigadas de suas vistas diretas por uma crista interposta, reunem para os  combatentes a pé as vantagens de um campo de ação extenso às da proteção e da surpresa; mas não se prestam melhor que as contra-vertentes para o apoio da artilharia.

Os movimentos de terreno paralelos à frente constituem abrigos para as tropas em movimento ou em estação; favorecem particularmente a preparação de organizações sucessivas e especialmente a instalação de baterias de artilharia ao abrigo das vistas diretas do inimigo.

Os movimentos de terreno perpendiculares à frente fornecem caminhamentos para o inimigo mas podem também favorecer sua marcha. Em compensação eles canalizam sua ação, são facilmente batidos de enfiada e permitem a cooperação das armas agindo em flanqueamento.

As escarpas, os cursos dágua, os lagos e lagoas, os terrenos pantanosos, banhados, etc., dificultam a progressão e constituem, em certas condições, obstáculos intransponíveis para a cavalaria.

Vestimentas e instalações existentes sobre o solo

379. Os terrenos descobertos facilitam a progressão longe do inimigo; no contacto expõem as tropas às suas vistas e tiros.

Os terrenos cobertos e matos furtam as tropas à observação terrestre e aérea, mas diminuem consideravelmente a velocidade de marcha. Nas matas a infecção pelos gases de combate é durável. Os bosques de pequenas dimensões (capões), atraem os fogos de artilharia.

As culturas modificam o aspecto do terreno; podem muitas vezes abrigar das vistas e ser um obstáculo ao movimento.

As localidades, particularmente as de pequena extensão, atraem e fogo inimigo. O efeito dos gases de combate é aí persistente; mas constituem obstáculo e coberta e oferecem aos ocupantes muitos recursos de sua organização, de seus aprovisionamentos (especialmente em água) e de seus materiais.

As vias de comunicação e, em geral, todas as grandes linhas do terreno, podem ser úteis como referências (balizamento) para cavaleiros desprovidos de cartas ou bússola e aos quais se indicou ao partir as linhas do terreno que deverão atingir, seguir ou ultrapassar em determinado momento, etc.

As vias de comunicação têm grande influência sôbre a conduta das operações; desempenham, para a guerra, papel importantíssimo, não só para o movimento das tropas como para seu aprovisionamento. Suas obras de arte constituem pontos particularmente delicados. Os aterros, cortes e a arborização que as margeiam interessam sobretudo à tática.

Natureza do solo

380. A natureza do solo influe sobre as facilidades de trânsito através do terreno construção e conservação das obras abertas no terreno.

Os terrenos moles permitem trabalho rápido, mas a conservação das obras neles feitas exigem grandes cuidados e fortes efetivos.

Os terrenos duros obrigam a trabalhos penosos e lentos; precisam muitas vezes do emprego de aparelhamento especial. Em compensação conservam-se facilmente os trabalhos neles executados.

Os terrenos argilosos, facilmente permeáveis, obrigam a previsão de dispositivos especiais para o esgotamento das aguas.

Os terrenos encharcados tornam penosa a vida das tropas que os ocupam; neles todas as obras devem ser feitas à superfície e elevadas.

Os terrenos calcáreos, ao mesmo tempo moles e consistentes, dão geralmente, sob o ponto de vista de organização do terreno, os melhores resultados.

Finalmente, a natureza do solo intervem nos resultados a esperar dos projetís, explosivos e gases.

CAPÍTULO III

Indícios

381. Os indícios são sinais deixados pelo inimigo no Terreno e outros vestígios ou pormenores que lhe digam respeito, pela observação dos quais pode-se deduzir sua presença, sua força, seus movimentos e até mesmo seus projetos.

A

382. Na guerra de movimentos os indícios que se encontram frequentes são os seguintes:

Atitude da população – A inquietação e insolência dos habitantes em território inimigo são provas quase certas da aproximação do adversário.

Poeira – A poeira que se destaca com regularidade ao longe denuncia geralmente uma coluna em marcha. De sua progressão deduz-se a direção de marcha da coluna; de sua espessura e altura, a natureza da tropa que a constitue; de sua profundidade, o efetivo aproximado da coluna. A poeira da infantaria é baixa; a da cavalaria é alta e pouco espessa; a da artilharia a cavalo ou montada e dos combóios, alta e espessa, apresentando interrupções.

Ruídos diversos – O rodar de viaturas, relinchar de animais, barulho de motores automóveis, latidos de cães em um povoado à noite, indicam geralmente uma passagem de tropa.

Rastros – Os rastros deixados pelos homens, pelos cavalos e pelas viaturas, pedaços de equipamento, as armas e o material abandonado, podem servir para reconhecer a direção, a composição, a formação de marcha e mesmo a força das colunas.

Assim, quando se encontram rastros apenas sobre uma faixa estreita da estrada deve-se supor que a tropa marchava em coluna: quando os rastros se estendem sobre toda a largura da estrada e os campos ou matos vizinhos estão pisados, provavelmente a tropa marchava em formação de aproximação.

Estacionamentos abandonados – O aspecto, as inscrições indicando a distribuição das diversas unidades, papéis e objetos abandonados, permitem reconhecer o efetivo e o estado moral das tropas que ocuparam o estacionamento. Indícios desse gênero encontram-se em uma tomada de contacto e principalmente durante uma perseguição e fornecem excelentes informações.

B

383. Em uma frente estabilizada ou simplesmente quando se estabelece um contacto de alguma duração, os indícios são numerosos e variados e às vezes contraditórios. Torna-se necessária uma observação permanente, de dia e à noite.

Fuzilaria e tiros de barragem – Fuzilarias frequentes e tiros de deter desencadeados fora de propósito denotam nervosismo do adversário e o receio e um ataque.

Foguetes luminosos – Indicam, no momento em que são lançados, que o adversário não trabalha em primeira linha, que ele não tem patrulha entre as linhas ou ainda que ele percebeu o barulho feito pelos trabalhadores adversários.

Defesas acessórias – Quando o inimigo as estabelece ou reforça, principalmente em várias linhas e com material sólido, tem a intenção de permanecer na defensiva ou receia um ataque.

As chicanas construídas nas redes do adversário indicam pontos de passagem das patrulhas ou dos trabalhadores. Aliás podem ser monmentaneamente fechadas por obstáculos móveis; quando são frequentadas há um caminho batido. A direção das redes pode servir para denunciar a posição das armas automáticas que as flanqueiam na maioria das vezes.

Metralhadoras – Podem ser assinaladas: na extremidade de um rede; quando estão mal dissimuladas; quando a terra que as protege fica revolvida; quando o campo de tiro é visivelmente preparado. O inimigo constrói muitas vezes falsos ninhos de armas automáticas.

Patrulhas – São tanto mais ativas e perigosas quanto maior é o valor da tropa a que pertencem. Quando elas se repetem sobre pontos precisos indicam geralmente a intenção de um golpe de mão.

Pequenos golpes de mão – O adversário os executa geralmente antes de um ataque que ele prepara ou de um ataque que espera, ou ainda quando quer fazer prisioneiros.

Convergência de pistas – Pode ser notada por observadores, mas quasi sempre se evidencia nas fotografias aéreas. Pode indicar em primeira linha – uma arma automática, um posto de vigilância; em segunda linha – uma arma automática, um posto de comando ou de remuniciamento de secção ou companhia, um pequeno depósito de material, etc.

Reaprovisionamentos – Escuta-se às vezes o rodar das viaturas ao anoitecer. Coincidem sempre com um período de calma do adversário.

Substituições – São geralmente anunciadas por barulho anormal, vozes altas, rodar do viaturas e uma mudança brusca nos hábitos do adversário (fogo, foguetes, trabalho, patrulha, etc.).

Organização do terreno – Duas tropas em contacto estreito e prolongado executam os trabalhos mais diversos. A terra revolvida do novo frequentemente os denuncia. Os baques surdos e repetidos indicam geralmente a fixação de estacas para instalação de redes de arame. Muitos ruídos metálicos na primeira linha podem indicar a preparação de um ataque pelos gases. Um barulho anormal em um ponto, acompanhado de rodar de vagonetes, pode indicar a instalação de artilharia de trincheira.

Construção de trincheiras e normais – Auxiliam o conhecimento da organização do inimigo e a interpretar suas intenções. O aumento do número de normais para a primeira linha e a preparação desta última, coincidindo com outros indícios, dão a entender que um ataque está iminente.

Regulação de tiro – Executadas sobre pontos vulneraveis, mostram o conhecimento que o inimigo tem das organizações do adversário, mas sem possuir certeza. Depois de um período de calma, essas regulações precedem, as mais das vezes, um ataque ou golpe de mão. Executam-se também quando ha substituição da artilharia inimiga.

Os tiros de granadas com gases de efeito permanente (gênero perite) indicam que não é provável um ataque, pelo menos em curto prazo contra os pontos bombardeados.

Prisioneiros – A notícia dada por prisioneiros sobre distribuição recente de víveres suplementares e munições é um indício seguro de ataque próximo.

Unicamente a aptidão dos chefes e da tropa para a guerra e um experiência progressiva permitem aproveitar integralmente os indícios, transformá-los em informações e interpretar as intenções do adversário.

N. 2

DIVERSOS MODOS DE PASSAGEM DOS CURSOS DÁGUA

384. Os diferentes modos de passagem dos cursos dágua usados pela Cavalaria são:

a) Passagem a vau.

A profundidade dos vaus utilizáveis não deve ultrapassar:

– 1 metro – para os homens e, mesmo 0m,80, se a correnteza é forte ou o fundo mole;

– 1m,20 – para os cavalos e para as viaturas cujo carregamento possa ser molhado sem inconveniente;

–0m,65 – para a artilharia de campanha e para as viaturas cujo carregamento não possa receber humidade.

É conveniente limitar o caminho de passagem com estacas fincadas de cada lado do vau e ligadas por uma corda na extremidade superior.

Os melhores vaus são aqueles que apresentam um fundo de cascalho duro e resistente.

Para a descoberta de vaus deve-se levar em conta as seguintes indicações:

– as veredas ou caminhos que vão ter a um rio, perpendicularmente ao seu curso, conduzem ordinariamente a um vau, sobretudo se eles se prolongam pela outra margem, e se são observados, nas imediações, sulcos ou vestígios de rodas;

– os cursos dágua são, na maior parte das vezes, mais vadeáveis nos lugares, onde a correnteza é rápida do que naqueles em que é lenta, nas partes retas mais do que nas curvas.

Quase sempre existem vaus a jusante dos moinhos, barragens, etc.

Nem sempre os vaus são perpendiculares às margens; entre dois cotovelos de um curso dágua, eles podem ser oblíquos.

Quando uma tropa executa uma passagem a vau, devem ser tomadas as seguintes precauções:

1º, fazer passar primeiramente um cavaleiro bom nadador;

2º, indicar aos cavaleiros um ponto de direção na margem oposta;

3º, deixar um cavaleiro balizando a entrada do vau;

4º, evitar qualquer reunião sobre a margem de chegada.

b) Passagem a nado.

Escolhem-se para passar a nado as partes do curso dágua onde as margens não sejam nem escarpadas nem pantanosas e onde a correnteza se apresente menos rápida, salvo nas regiões onde o curso dágua apresenta redemoinhos.

Evita-se igualmente escolher para ponto de partida os lugares onde a margem é barrancosa.

A passagem se executa seja fazendo nadar cavalos e cavaleiros, seja apenas os cavalos; os cavaleiros utilizando, neste caso, jangadas, barcos ou passadeiras ou mesmo meios improvisados.

Os cavalos são conduzidos para a água encilhados ou não, conforme o caso:

– por grupos, à vontade, atrás de um cavalo bom nadador e docil;

– por frações de tres ou quatro, seguros pela arreata, atrás do uma embarcação ou de uma jangada;

– por um conduzidos por seus cavaleiros, no caso destes utilizarem uma passadeira.

Os cavalos são conduzidos para a água a jusante da passadeira.

Quando os cavalos devem nadar encilhados, devem ser tomadas as seguintes precauções:

– afrouxar completamente a barrigueira;

– apertar a correia do peitoral;

– atar as rédeas na sísgola;

– desengatar a barbela.

Se o cavaleiro passa a nado com seu cavalo, deve entrar nágua montado; desde que o cavalo toma o nado, o cavaleiro deixa-se deslisar à superfície da água, a jusante, mantendo a mão sobre o garrote ou um pouco mais à frente.

Nada com uma das mãos ou simplesmente deixa-se deslisar sem fazer movimentos; dirige seu cavalo por meio de um leve acionamento das rédeas.

É recomendado tomar um ponto de direção sobre a margem oposta.

c) Passagem por meios de forma.

(Embarcações, jangadas, passadeiras, etc.).

As disposições a tomar são indicadas no Capítulo III do R.O.T.

Além dos meios de fortuna, indicados no citado Regulamento, as pequenas unidades de cavalaria podem utilizar vantajosamente, para franquear os cursos dágua, os sacos de distribuição do modelo regulamentar (em bom estado), cheios de palha, de ervas ou mesmo de papéis.

Cada saco formará, então, um flutuador.

Este flutuador é puxado de uma à outra margem com o auxílio de um duplo cabo de vai-vem previamente destendido por um bom nadador.

Cada cavaleiro que não saiba nadar, passa sucessivamente, de preferência despido.

Para isto, prende o flutuador sob seu peito, utilizando os suspensórios e, em seguida, entrando nágua.

Assim que atinge profundidade suficiente, aperta nos braços o flutuador e nas pernas o cabo que deve puxar o saco.

Nestas condições a força do flutuador é suficiente para manter a parte superior do corpo do cavaleiro fora dágua, durante a passagem.

No caso em que não seja possível estabelecer o cabo de vai-vem, pode-se constituir uma cadeia de três ou quatro cavaleiros, conduzida por um bom nadador.

Para obter tal resultado, os flutuadores devem ser ligados entre si por meio de cordas de forragem; cada cavaleiro utiliza um flutuador, como foi dito mais acima e o nadador puxa a cadeia amarrando em volta do seu corpo a extremidade livre da corda de forragem, afim de manter a liberdade de movimentos dos braços e das pernas.

d) Passagem utilizando a equipagem de ponte regulamentar.

Equipagem da ponte tipo D.C.

Este tipo de equipagem de ponte é aqui apenas indicado; as disposições de detalhe referentes a sua utilização são descritas em instrução particular concernente a este material.

A secção de equipagem de ponte da D.C. compreende:

– 30 pontões;

– 8 cavaletes;

– material para o taboleiro;

– material para encontros;

– ferramentas e acessórios;

– material de reserva.

Esta equipagem de ponte oferece as seguintes possibilidades:

a) lançamento de uma passadeira de 106 metros de comprimento e 2m,30 de via, permitindo a passagem dos cavaleiros e dos cavalos de mão, por um; de viaturas porta-metralhadoras e de viaturas vazias da equipagem de ponte, arrastados a braço pelos homens;

b) lançamento de uma ponte de 63 metros de comprimento por 2m,60 de via e mais dois passeios de 0m,30.

Esta ponte permite a passagem dos cavalos conduzidos a mão a dois de frente, das viaturas da artilharia e dos trens, cujo peso não ultrapasse 2.400 quilogramos sobre dois eixos e 1.300 quilogramos sobre um eixo;

c) organização de balsas, barcos a sirga e portadas;

d) lançamento simultâneo de uma ponte de 39 metros e de uma passadeira de 42 metros.

Passagem sobre pontes.

As unidades de cavalaria, para a passagem sobre as pontes, observam as disposições prescritas no Título IV, Capítulo I, Artigo XXIII do R.S.C.